HISTÓRIAS DE FETICHES
ENTRE O CÉU E O INFERNO
Vida miserável deve levar quem sofre de afefobia, o medo mórbido de tocar ou ser tocado por pessoas ou objetos. Afania, então, é com certeza um tormento: já imaginou o que sente alguém que passa 24 horas por dia com pânico de ficar impotente?
Como fonte de angústia talvez seja comparável à cipridofobia ou o medo mórbido de pegar uma doença venérea. Se, por cúmulo do azar, a vítima tiver também uma compulsão chamada pornolania (atração extrema por prostitutas e sexo com prostitutas), sua vida será um verdadeiro inferno.
Como fonte de angústia talvez seja comparável à cipridofobia ou o medo mórbido de pegar uma doença venérea. Se, por cúmulo do azar, a vítima tiver também uma compulsão chamada pornolania (atração extrema por prostitutas e sexo com prostitutas), sua vida será um verdadeiro inferno.
Toulouse-Lautrec foi um desses obsecados por prostitutas. E era o queridinho delas. Não só porque as imortalizou em seus quadros como por ser excepcionalmente bem dotado em outra coisa.
Fraturas mal calcificadas nos ossos das coxas deformaram-lhe as pernas e frearam seu crescimento. Em compensação, tinha um pênis de proporções invejáveis até para um gigante, o que lhe dava, segundo ele, a aparência de um bule de café – atarracado e com um bico comprido.
A primeira que viu semelhante prodígio, sua modelo Marie Charlet, ficou tão impressionada que saiu contando para todo mundo. As meninas imediatamente elegeram TC uma espécie de ídolo.
E ele retribuiu indo morar num bordel de alta classe na rue des Moulins, onde matava o apetite sexual com inquilinas da casa e das vizinhanças, muitas das quais tornou famosas, como Berthe La Sourde e, em especial, Rose La Rouge – esta, nem precisava fazer nada para deixá-lo em êxtase; era ruiva, e o homem tinha tara por cabelo vermelho. Mas, claro, Rose fez. E muito. E tanto que o infectou com sífilis.
Fraturas mal calcificadas nos ossos das coxas deformaram-lhe as pernas e frearam seu crescimento. Em compensação, tinha um pênis de proporções invejáveis até para um gigante, o que lhe dava, segundo ele, a aparência de um bule de café – atarracado e com um bico comprido.
A primeira que viu semelhante prodígio, sua modelo Marie Charlet, ficou tão impressionada que saiu contando para todo mundo. As meninas imediatamente elegeram TC uma espécie de ídolo.
E ele retribuiu indo morar num bordel de alta classe na rue des Moulins, onde matava o apetite sexual com inquilinas da casa e das vizinhanças, muitas das quais tornou famosas, como Berthe La Sourde e, em especial, Rose La Rouge – esta, nem precisava fazer nada para deixá-lo em êxtase; era ruiva, e o homem tinha tara por cabelo vermelho. Mas, claro, Rose fez. E muito. E tanto que o infectou com sífilis.
Lautrec, Marie, Berthe e Rose.
Lautrec poderia ter escapado desse destino cruel se fosse eritrofóbico, isto é, um sujeito que tem pavor de qualquer tonalidade de vermelho. Gente que estudou profundamente os desvios eróticos humanos – como o apreciador de xixi Havelock Ellis – explica tal fobia em termos sexuais como uma associação entre a cor e o medo que o fóbico sente de ficar vermelho de vergonha.
A perspectiva das rubras chamas do inferno deve ser, porém, as portas do paraíso para maníacos que sofrem de pirolagnia. Basta acontecer um incêndio para estarem lá, muitas vezes ajudando os bombeiros, porque para eles nada existe de mais sexualmente excitante do que observar o fogo.
Foi assim, mandando uma fiel dama de companhia incendiar a própria casa, que Catarina, a Grande, afastou o marido Pedro III – fanático por uma labareda – do palácio tempo suficiente para parir em paz o terceiro filho (que, como os outros dois, também não era dele).
Quando o camarada não se contém e provoca a catástrofe, aí já é piromaníaco– e geralmente masturbador emérito, o que acontece, aliás, com a grande maioria das pessoas dadas a esses estranhos prazeres.
A perspectiva das rubras chamas do inferno deve ser, porém, as portas do paraíso para maníacos que sofrem de pirolagnia. Basta acontecer um incêndio para estarem lá, muitas vezes ajudando os bombeiros, porque para eles nada existe de mais sexualmente excitante do que observar o fogo.
Foi assim, mandando uma fiel dama de companhia incendiar a própria casa, que Catarina, a Grande, afastou o marido Pedro III – fanático por uma labareda – do palácio tempo suficiente para parir em paz o terceiro filho (que, como os outros dois, também não era dele).
Quando o camarada não se contém e provoca a catástrofe, aí já é piromaníaco– e geralmente masturbador emérito, o que acontece, aliás, com a grande maioria das pessoas dadas a esses estranhos prazeres.
(Extraído de Uma História Universal da Fêmea.)