O QUE NUNCA ESTEVE LÁ
Placebo – lembra o que é?
Ernst Grafenberg – lembra quem é?
Vou refrescar sua memória. Placebo é aquele falso remédio que não tem efeito algum, a não ser o psicológico. Crente de que está se medicando, o paciente fica feliz da vida e imediatamente melhora de males dos quais às vezes nem sofre. Quanto ao tal de Ernst, foi um ginecologista alemão que ficou conhecido nos anos 50 pela inicial do sobrenome.
Pode ser considerado o pai do famigerado ponto G, embora este nome só começasse a ser usado em 1981, quando os pesquisadores John Perry e Beverly Whipple confirmaram, cheios de autoridade, a descoberta do alemão: existia, sim, um ponto altamente sensível na parede anterior da vagina ao longo da uretra.
Os três juntos fizeram estrago comparável ao que Freud fez sozinho no começo do século: encheram as cabeças femininas de minhocas a respeito do jeito certo de sentir prazer. Na melhor das hipóteses, levaram milhões de mulheres (que não tinham a menor ideia de onde ficava a uretra) a desconfiar de que havia alguma coisa muito errada com elas porque não conseguiam localizar a fabulosa fonte de êxtase sexual.
Ernst Grafenberg – lembra quem é?
Vou refrescar sua memória. Placebo é aquele falso remédio que não tem efeito algum, a não ser o psicológico. Crente de que está se medicando, o paciente fica feliz da vida e imediatamente melhora de males dos quais às vezes nem sofre. Quanto ao tal de Ernst, foi um ginecologista alemão que ficou conhecido nos anos 50 pela inicial do sobrenome.
Pode ser considerado o pai do famigerado ponto G, embora este nome só começasse a ser usado em 1981, quando os pesquisadores John Perry e Beverly Whipple confirmaram, cheios de autoridade, a descoberta do alemão: existia, sim, um ponto altamente sensível na parede anterior da vagina ao longo da uretra.
Os três juntos fizeram estrago comparável ao que Freud fez sozinho no começo do século: encheram as cabeças femininas de minhocas a respeito do jeito certo de sentir prazer. Na melhor das hipóteses, levaram milhões de mulheres (que não tinham a menor ideia de onde ficava a uretra) a desconfiar de que havia alguma coisa muito errada com elas porque não conseguiam localizar a fabulosa fonte de êxtase sexual.
O que o placebo tem a ver com esta história? Já chego lá. Antes, preciso contar que, segundo várias pesquisas, a maioria das mulheres diz acreditar piamente na existência do ponto G – inclusive, aquelas que nunca encontraram o dito cujo. Isto se deve principalmente ao fato de, através das décadas, muitas descreverem em excitantes e humilhantes detalhes as sensações mirabolantes que o G delas proporcionava. Tornaram-se uma espécie de seres ungidos pelos deuses, de raça superior, verdadeiros mulherões muito acima das restantes mortais.
Dito isto, entra em cena o placebo. Porque eu gostaria muito de saber destas privilegiadas como é que fazem para excitar um ponto que pura e simplesmente não existe! Já que falamos tanto de desconfiança, me parece que acontece com elas o mesmo que acontece com quem cura uma dor de cabeça depois de tomar vitamina C acreditando que se trata de um poderoso analgésico.
Dito isto, entra em cena o placebo. Porque eu gostaria muito de saber destas privilegiadas como é que fazem para excitar um ponto que pura e simplesmente não existe! Já que falamos tanto de desconfiança, me parece que acontece com elas o mesmo que acontece com quem cura uma dor de cabeça depois de tomar vitamina C acreditando que se trata de um poderoso analgésico.
O G é pura ilusão, conversa fiada, um conto do vigário erótico. E estou usando expressões do tempo do onça porque, afinal de contas, este papo furado já completou 62 anos. Até que, finalmente, um cientista resolveu descobrir por que tantas de nós nunca sentiram nada lá.
O dr. Amichai Kilchevsky, urologista do Yale-New Haven Hospital, e sua equipe analisaram todas as pesquisas feitas nas últimas seis décadas e revisaram 29 estudos, que incluíram inquéritos, biópsias do tecido vaginal, estudos do sistema nervoso, ultrassom – toda a parafernália disponível! – e não encontraram o menor vestígio de qualquer estrutura anatômica na parede anterior da vagina onde o bendito ponto supostamente se esconderia. Ao mesmo tempo, fizeram uma varredura no cérebro de mulheres que tiveram orgasmo quando estimuladas na região onde o ponto G deveria estar, mas não está.
Conclusão: o prazer – bombástico ou não – é fruto de auto-sugestão somada a velhos e sensíveis conhecidos como o clitóris. Portanto, não existe nenhum ponto mágico, mas uma zona erógena que sempre esteve lá ao nosso alcance e que não atende por nenhuma consoante (ou vogal) cabalística. Diante disto, esperemos que o G caia fora de uma vez por todas. E já vai tarde!
O dr. Amichai Kilchevsky, urologista do Yale-New Haven Hospital, e sua equipe analisaram todas as pesquisas feitas nas últimas seis décadas e revisaram 29 estudos, que incluíram inquéritos, biópsias do tecido vaginal, estudos do sistema nervoso, ultrassom – toda a parafernália disponível! – e não encontraram o menor vestígio de qualquer estrutura anatômica na parede anterior da vagina onde o bendito ponto supostamente se esconderia. Ao mesmo tempo, fizeram uma varredura no cérebro de mulheres que tiveram orgasmo quando estimuladas na região onde o ponto G deveria estar, mas não está.
Conclusão: o prazer – bombástico ou não – é fruto de auto-sugestão somada a velhos e sensíveis conhecidos como o clitóris. Portanto, não existe nenhum ponto mágico, mas uma zona erógena que sempre esteve lá ao nosso alcance e que não atende por nenhuma consoante (ou vogal) cabalística. Diante disto, esperemos que o G caia fora de uma vez por todas. E já vai tarde!