07 a 13 de setembro de 2015
Ideia – Por falta de ideias
não me perco. A última tem relação com o futebol, que dá seus primeiros passos
nos Estados Unidos com o nome soccer, shortening
and alteration of association football.
Assunto que veio à balha depois que li, no provedor Terra, as confissões da senhora Monique Evans sobre suas atividades sexuais com Cacá. Ora, Cacá já foi o melhor jogador do mundo e foi devoto da bispa Sônia, casada com o apóstolo Hernandes, ramo evangélico dos mais originais que mereceu do craque 10% dos seus ganhos futebolísticos. Tive curiosidade de saber como se comporta o veterano craque na cama e li o texto transcrito no provedor Terra para descobrir que Cacá não é o jogador, mas a jovem Cacá Werneck, DJ, carioca de 28 anos que se define como sedutora, agitada, até bipolar, mantendo seu corpo bem definido pela prática de esportes. Monique, sua namorada, é o nome artístico de Monique Rezende Nery da Fonseca, modelo, atriz e apresentadora de tevê. Nasceu no Rio, RJ, tem 59 anos, dois filhos, e foi casada com Pedro Aguinaga, José Clark e Oswald Evans, antes de namorar Cacá Werneck e detalhar pela mídia o relacionamento amoroso das duas.
Os estádios norte-americanos têm tido média de público bem maior que a brasileira, o que se explica pelo futebolzinho que temos visto por aqui. Nossas séries C e D têm jogos divertidíssimos em que há muito mais gente nos gramados e nas cabines de tevê do que nas arquibancadas. Mesmo nas séries A e B temos visto arquibancadas vazias e comentaristas enchendo as respectivas bocas para dizer que o público pagante foi de 15 mil pessoas em cidades de seis ou doze milhões de habitantes.
E tem mais uma coisa: se o Bragantino joga com o Ituano e a partida termina 5 x 4 para o time de Bragança Paulista, ou para o esquadrão de Itu, não há um comentarista brasileiro que não diga que “foi um jogão de bola”.
Por quê? Pelo número de gols, que em Portugal chamam golos. Quando um jogo das ligas espanhola, alemã ou inglesa termina zero a zero, nossos analistas concordam em que foi um jogão de bola “apesar da falta de gols”.
Por aí se vê que o gol é a alma do negócio e quantos mais golos, melhor. Na faixa de sete ou oito contra por seis ou sete, em 90 minutos de jogo, dá para a assistência se divertir à beça e à bessa assistindo a uma partida entre dois bons times, com dois bons guarda-valas. Sim, porque os ótimos arqueiros também levam golos.
Sem modificar as regras do jogo, onde o segredo de minha brilhante ideia? É fácil: aumentando a distância entre as traves, que atualmente é de 7,32m. Nem precisa mexer na altura do travessão ao relvado. Basta aumentar a distância entre as traves, digamos, para 7,92 metros, que todas as partidas do soccer se transformarão em jogões de bola ainda mais animados que o love de Monique e Cacá.
Assunto que veio à balha depois que li, no provedor Terra, as confissões da senhora Monique Evans sobre suas atividades sexuais com Cacá. Ora, Cacá já foi o melhor jogador do mundo e foi devoto da bispa Sônia, casada com o apóstolo Hernandes, ramo evangélico dos mais originais que mereceu do craque 10% dos seus ganhos futebolísticos. Tive curiosidade de saber como se comporta o veterano craque na cama e li o texto transcrito no provedor Terra para descobrir que Cacá não é o jogador, mas a jovem Cacá Werneck, DJ, carioca de 28 anos que se define como sedutora, agitada, até bipolar, mantendo seu corpo bem definido pela prática de esportes. Monique, sua namorada, é o nome artístico de Monique Rezende Nery da Fonseca, modelo, atriz e apresentadora de tevê. Nasceu no Rio, RJ, tem 59 anos, dois filhos, e foi casada com Pedro Aguinaga, José Clark e Oswald Evans, antes de namorar Cacá Werneck e detalhar pela mídia o relacionamento amoroso das duas.
Os estádios norte-americanos têm tido média de público bem maior que a brasileira, o que se explica pelo futebolzinho que temos visto por aqui. Nossas séries C e D têm jogos divertidíssimos em que há muito mais gente nos gramados e nas cabines de tevê do que nas arquibancadas. Mesmo nas séries A e B temos visto arquibancadas vazias e comentaristas enchendo as respectivas bocas para dizer que o público pagante foi de 15 mil pessoas em cidades de seis ou doze milhões de habitantes.
E tem mais uma coisa: se o Bragantino joga com o Ituano e a partida termina 5 x 4 para o time de Bragança Paulista, ou para o esquadrão de Itu, não há um comentarista brasileiro que não diga que “foi um jogão de bola”.
Por quê? Pelo número de gols, que em Portugal chamam golos. Quando um jogo das ligas espanhola, alemã ou inglesa termina zero a zero, nossos analistas concordam em que foi um jogão de bola “apesar da falta de gols”.
Por aí se vê que o gol é a alma do negócio e quantos mais golos, melhor. Na faixa de sete ou oito contra por seis ou sete, em 90 minutos de jogo, dá para a assistência se divertir à beça e à bessa assistindo a uma partida entre dois bons times, com dois bons guarda-valas. Sim, porque os ótimos arqueiros também levam golos.
Sem modificar as regras do jogo, onde o segredo de minha brilhante ideia? É fácil: aumentando a distância entre as traves, que atualmente é de 7,32m. Nem precisa mexer na altura do travessão ao relvado. Basta aumentar a distância entre as traves, digamos, para 7,92 metros, que todas as partidas do soccer se transformarão em jogões de bola ainda mais animados que o love de Monique e Cacá.
Recuerdos – Certa feita, lá se
vão muitos anos, avistei Luiz Fernando Verissimo na livraria do Aeroporto
Salgado Filho, em Porto Alegre, comprei dois livros seus e lhe pedi que os
autografasse para querido amigo meu, gaúcho, militar, professor de Latim,
Francês, Redação & Estilística.
Esse amigo vivia elogiando os escritos do filho de Érico Verissimo. Li todos os livros do pai; nunca li uma linha escrita pelo filho e vou explicar por quê. Volto ao tempo de muito antigamente, quando estive em Porto Alegre a trabalho, conheci bela morena interessada em agropecuária, que havia lido textos meus nas revistas especializadas.
Rolou um clima. No esquisito tutear gaúcho, a moça disse: “Tu escreve igual ao Luiz Fernando”. Até então, confesso que nunca tinha ouvido falar do Luiz Fernando, que começava a fazer sucesso nos jornais do Sul. Se não o conhecia, nunca tinha lido uma linha escrita por ele e “escrevia igual” (sic), achei prudente fugir da leitura de seus textos para evitar a tacha de imitador ou plagiário.
Duas vezes por semana Verissimo escreve em jornais que assino. Evito ler até os títulos de suas crônicas. Contei o fato a pouquíssimas pessoas – e olhe que, por culpa da morena gaúcha, a evitação é velha de mais de 30 anos. Claro que o conheço das fotos nos jornais, tanto assim que o reconheci na livraria do aeroporto, mas nunca li um texto seu.
Temos agora na internet cópia da carta que a professora das filhas de Verissimo mandou ao pai de suas ex-alunas, depois que ele escreveu não ver diferença entre as manifestações de rua contra o governo lulopetista e as matilhas de vira-latas.
Antes de ler a primorosa carta da professora fico sabendo pelo sempre lúcido Augusto Nunes que Luiz Fernando Verissimo “é o patriarca dos humoristas estatizados”, que morre de medo do fim da era lulopetista, ele que tem a liderança na lista dos autores mais recomendados pelo Ministério da Educação. O possível rebaixamento na lista dos escritores federais oferece milhões de motivos para que um cachorrinho de madame vire pitbull de quadrilha. Donde se conclui que a memória de Érico Verissimo foi desonrada pela canalhice do filho. Fico triste.
Esse amigo vivia elogiando os escritos do filho de Érico Verissimo. Li todos os livros do pai; nunca li uma linha escrita pelo filho e vou explicar por quê. Volto ao tempo de muito antigamente, quando estive em Porto Alegre a trabalho, conheci bela morena interessada em agropecuária, que havia lido textos meus nas revistas especializadas.
Rolou um clima. No esquisito tutear gaúcho, a moça disse: “Tu escreve igual ao Luiz Fernando”. Até então, confesso que nunca tinha ouvido falar do Luiz Fernando, que começava a fazer sucesso nos jornais do Sul. Se não o conhecia, nunca tinha lido uma linha escrita por ele e “escrevia igual” (sic), achei prudente fugir da leitura de seus textos para evitar a tacha de imitador ou plagiário.
Duas vezes por semana Verissimo escreve em jornais que assino. Evito ler até os títulos de suas crônicas. Contei o fato a pouquíssimas pessoas – e olhe que, por culpa da morena gaúcha, a evitação é velha de mais de 30 anos. Claro que o conheço das fotos nos jornais, tanto assim que o reconheci na livraria do aeroporto, mas nunca li um texto seu.
Temos agora na internet cópia da carta que a professora das filhas de Verissimo mandou ao pai de suas ex-alunas, depois que ele escreveu não ver diferença entre as manifestações de rua contra o governo lulopetista e as matilhas de vira-latas.
Antes de ler a primorosa carta da professora fico sabendo pelo sempre lúcido Augusto Nunes que Luiz Fernando Verissimo “é o patriarca dos humoristas estatizados”, que morre de medo do fim da era lulopetista, ele que tem a liderança na lista dos autores mais recomendados pelo Ministério da Educação. O possível rebaixamento na lista dos escritores federais oferece milhões de motivos para que um cachorrinho de madame vire pitbull de quadrilha. Donde se conclui que a memória de Érico Verissimo foi desonrada pela canalhice do filho. Fico triste.
Economia – Só o agronegócio vai
de vento em popa na desastrosa situação em que o país foi metido pelos
petistas, mas o pilinegócio faz sucesso em nossa política: pilinegócio, o
negócio do plantio de cabelos. Normalmente tiro o som e me preocupo com
assuntos mais sérios, sempre que o ministro Edinho Silva aparece na tevê. Não
me parece figura que se deva olhar e ouvir, porque emana sujeira. Noite dessas,
inadvertidamente, descobri que também plantou cabelos no alto de sua triste
cabeça.
O Senado e a Câmara fazem a fortuna dos médicos que se dedicam ao pilinegócio, dos quais o melhor deve ser o cirurgião pernambucano que disfarçou as calvas do Renan, do Dirceu e daquele ministro do TCU, sujeito simpático que toca violão e canta nos jantares promovidos pelo deputado Fabinho Ramalho (PV-MG).
Sabatinado no Senado, Rodrigo Janot Monteiro de Barros (Belo Horizonte, 1956), procurador-geral da República, avistou diversos senadores de cabelos transplantados. O espetáculo televisivo demorou mais que 10 horas – o que configura uma imbecilidade em termos de resistência humana – com uma só passagem divertida, quando o presidente da Comissão de Constituição e Justiça passou a palavra, pela ordem, à senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB, AM), e o pedido “pela ordem” havia sido feito pelo senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).
Acontece que a voz de Randolfe é igualzinha à de Vanessa. Procurador-geral, presidente, relator, senadores, platéia, todos caíram na gargalhada, até Randolfe, justiça lhe seja feita. Senador que nasceu em Garanhuns, PE, onde foi registrado como Randolph Frederich Rodrigues Alves, nome esquisito para um garanhuense.
O Senado e a Câmara fazem a fortuna dos médicos que se dedicam ao pilinegócio, dos quais o melhor deve ser o cirurgião pernambucano que disfarçou as calvas do Renan, do Dirceu e daquele ministro do TCU, sujeito simpático que toca violão e canta nos jantares promovidos pelo deputado Fabinho Ramalho (PV-MG).
Sabatinado no Senado, Rodrigo Janot Monteiro de Barros (Belo Horizonte, 1956), procurador-geral da República, avistou diversos senadores de cabelos transplantados. O espetáculo televisivo demorou mais que 10 horas – o que configura uma imbecilidade em termos de resistência humana – com uma só passagem divertida, quando o presidente da Comissão de Constituição e Justiça passou a palavra, pela ordem, à senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB, AM), e o pedido “pela ordem” havia sido feito pelo senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).
Acontece que a voz de Randolfe é igualzinha à de Vanessa. Procurador-geral, presidente, relator, senadores, platéia, todos caíram na gargalhada, até Randolfe, justiça lhe seja feita. Senador que nasceu em Garanhuns, PE, onde foi registrado como Randolph Frederich Rodrigues Alves, nome esquisito para um garanhuense.
Terra – Fugitivos,
imigrantes, transmigrantes, refugiados ou lá os nomes aplicáveis aos quadros
que temos visto, milhões de pessoas de diversas etnias vivem um problema que me
parece insolúvel não só para elas como também para os países que têm procurado.
Fenômeno que não se compara às transmigrações do início do século passado,
quando havia terras e empregos de sobra e a população do planeta somava
1.650.000 pessoas, a Europa tinha 408.000 e a América Latina cerca de 74.000.
Transcorridos 115 anos, a população orça por 8 bilhões a caminho de 10 bilhões e a fatia habitável continua do mesmo tamanho. Para complicar o problema, a meu ver insolúvel, são 224.000 crianças nascidas a cada 24 horas.
Ainda que o quadro energético talvez seja solucionável com as energias solar e eólica, o resto é mais que complicado. Ainda outro dia, a internet nos mostrou novo sistema de energia eólica que tem tudo para ser um sucesso e rende, segundo seus inventores, 70% da energia produzida com as pás que giram tocadas pelos ventos. Ficam faltando somente comida, saúde, segurança, transportes, habitação e outros probleminhas.
Transcorridos 115 anos, a população orça por 8 bilhões a caminho de 10 bilhões e a fatia habitável continua do mesmo tamanho. Para complicar o problema, a meu ver insolúvel, são 224.000 crianças nascidas a cada 24 horas.
Ainda que o quadro energético talvez seja solucionável com as energias solar e eólica, o resto é mais que complicado. Ainda outro dia, a internet nos mostrou novo sistema de energia eólica que tem tudo para ser um sucesso e rende, segundo seus inventores, 70% da energia produzida com as pás que giram tocadas pelos ventos. Ficam faltando somente comida, saúde, segurança, transportes, habitação e outros probleminhas.
Showman – O paulista Luís Carlos d'Ugo
Miele é divertidíssimo nos shows e imbatível fora deles, quando conta coisas
que nos palcos não pode contar. Conheci-o há cerca de 30 anos na festa de
aniversário de uma amiga, terraço de um apartamento na Lagoa Rodrigo de
Freitas, ali perto da Curva do Calombo. Noite quente, que no Rio não chega a
ser novidade. Dez ou doze pessoas. Uísque da melhor supimpitude.
Miele tomou conta do pedaço e nos contou que, da cozinha de seu apartamento na Barra, avistava a cozinha do apartamento de famosa cantora casada com famosa atriz global – as duas vivas e operantes até hoje.
Na cozinha, enquanto a atriz se ocupava do fogão preparando o café da manhã, a cantora ficava sentada à mesa em pose marital. Do lado de cá, Miele se acostumou com cena conjugal.
Passam-se os meses e a cantora abandonou a atriz para experimentar casamento hétero com um cantor também famoso, sete anos mais novo que ela, pai de cinco filhos, hoje conhecido por seus dez casamentos.
De sua cozinha, quando viu o cantor e a cantora aos beijos e abraços, Miele não resistiu e gritou para os dois: “Olha esta pouca vergonha!”.
O episódio reforça a tese de que o lesbianismo em muitos casos é oscilante, enquanto o homossexualismo masculino tem a solidez, a firmeza dos monumentos romanos, e só acaba com a explosões criminosas do Estado Islâmico.
Miele tomou conta do pedaço e nos contou que, da cozinha de seu apartamento na Barra, avistava a cozinha do apartamento de famosa cantora casada com famosa atriz global – as duas vivas e operantes até hoje.
Na cozinha, enquanto a atriz se ocupava do fogão preparando o café da manhã, a cantora ficava sentada à mesa em pose marital. Do lado de cá, Miele se acostumou com cena conjugal.
Passam-se os meses e a cantora abandonou a atriz para experimentar casamento hétero com um cantor também famoso, sete anos mais novo que ela, pai de cinco filhos, hoje conhecido por seus dez casamentos.
De sua cozinha, quando viu o cantor e a cantora aos beijos e abraços, Miele não resistiu e gritou para os dois: “Olha esta pouca vergonha!”.
O episódio reforça a tese de que o lesbianismo em muitos casos é oscilante, enquanto o homossexualismo masculino tem a solidez, a firmeza dos monumentos romanos, e só acaba com a explosões criminosas do Estado Islâmico.
Tristeza – A ex-petista Marta
Suplicy deve ter 100 anos de vida pública, pariu e criou o Supla, largou o bobo
do pai do Supla, casou-se com um picareta internacional naquele espetáculo
deprimente, que envolveu a presença dos figurões desta República estercorosa,
fui chutada pelo picareta, quer ser prefeita de São Paulo e ainda não aprendeu
a diferença entre ir ao
encontro de e de encontro a. Foi o que vi na
tevê no dia em que a velha senhora, querendo elogiar, disse que o trabalho
sério do procurador-geral da República vai “de encontro” ao desejo do povo
brasileiro.
Ao encontro de significa “em procura de, no esforço por, em atendimento a, em favor de”. De encontro a significa “em direção contrária, em trajetória de colisão com, em desacordo com, em oposição a”. Ainda que da mãe do Supla, o mínimo que se pede de uma senadora é que saiba o significado daquelas locuções.
Ao encontro de significa “em procura de, no esforço por, em atendimento a, em favor de”. De encontro a significa “em direção contrária, em trajetória de colisão com, em desacordo com, em oposição a”. Ainda que da mãe do Supla, o mínimo que se pede de uma senadora é que saiba o significado daquelas locuções.
Imputabilidade – Como sabe o leitor,
em direito penal imputabilidade é a possibilidade
de se atribuir a autoria ou responsabilidade por fato criminoso a alguém, ou
por circunstâncias lógicas ou por ausência de impossibilidades jurídicas. No
mesmíssimo direito penal, culpa é o ato voluntário, proveniente de imperícia,
imprudência ou negligência, de efeito lesivo ao direito de outrem.
A partir dessas acepções, confesso minha dificuldade em atribuir a diversas pessoas a culpa dos crimes que praticaram e continuam praticando. Collor, Dilma, Lula, Rose, Erenice, Negromonte, Dirceu e centenas de outros, milhares deles, são o que sempre foram. Se culpa existe – e é claro que existe – é a de quem os pôs lá.
Dilma, Rose, Gleisi, Erenice, eleitas ou nomeadas, não se transformam em Madres Teresas de Calcutá: continuam sendo Erenice, Gleisi, Rose, Dilma.
Lula, Collor, Negromonte, Lobão e tantos outros, milhares de outros, são e sempre foram Negromonte, Lobão, Collor, Lula. Em rigor, pelo esplendor de sua inteligência, pela extensão de sua cultura, pelo seu aplomb, pelas virtudes dos seus ascendentes, só existe uma figura solar na política brasileira: o deputado Sarney Filho (PV-MA). Foi emocionante vê-lo na CPI da Petrobras defendendo a ex-governadora Roseana Sarney, por sinal sua irmã e neta de dona Kiola Ferreira de Araújo Costa, a pernambucana Kiola Leopoldina França Ferreira, doce criatura que nos deixou em 2004.
Contando com Roseana e Sarney Filho, o Brasil tem tudo para brilhar no concerto das nações civilizadas, desmentindo quem diz que não temos conserto.
A partir dessas acepções, confesso minha dificuldade em atribuir a diversas pessoas a culpa dos crimes que praticaram e continuam praticando. Collor, Dilma, Lula, Rose, Erenice, Negromonte, Dirceu e centenas de outros, milhares deles, são o que sempre foram. Se culpa existe – e é claro que existe – é a de quem os pôs lá.
Dilma, Rose, Gleisi, Erenice, eleitas ou nomeadas, não se transformam em Madres Teresas de Calcutá: continuam sendo Erenice, Gleisi, Rose, Dilma.
Lula, Collor, Negromonte, Lobão e tantos outros, milhares de outros, são e sempre foram Negromonte, Lobão, Collor, Lula. Em rigor, pelo esplendor de sua inteligência, pela extensão de sua cultura, pelo seu aplomb, pelas virtudes dos seus ascendentes, só existe uma figura solar na política brasileira: o deputado Sarney Filho (PV-MA). Foi emocionante vê-lo na CPI da Petrobras defendendo a ex-governadora Roseana Sarney, por sinal sua irmã e neta de dona Kiola Ferreira de Araújo Costa, a pernambucana Kiola Leopoldina França Ferreira, doce criatura que nos deixou em 2004.
Contando com Roseana e Sarney Filho, o Brasil tem tudo para brilhar no concerto das nações civilizadas, desmentindo quem diz que não temos conserto.
Despeito – Ando pior que o Dr.
Simão Bacamarte, psiquiatra do conto O
Alienista, de Machado de Assis, que botou toda a população de Itaguaí no
hospício. Ligo a tevê e acho que todos estão malucos; leio os jornais e fico
furioso, como na matéria sobre a morte de um operário atropelado pelo filho de
Ivo Pitanguy.
Conheço Ivo desde que ele voltou de uma temporada na Inglaterra, onde se especializou em cirurgia plástica. O jovem cirurgião tinha vinte e poucos anos e era notável causeur. Quase todos os domingos, depois do almoço, aparecia na casa de meu avô materno encantando a plateia com as histórias de suas viagens.
Em pouco tempo começou a se destacar no Rio. Perguntei o motivo de seu sucesso ao professor J. J. Velho da Silva, catedrático de Clínica Médica das duas melhores escolas de Medicina do Rio, e o doutor Velho explicou: “O Ivo conhece Medicina”.
Aí é que está: não basta ser hábil. Todo grande cirurgião deve conhecer Medicina para saber onde pode cortar e costurar. Namorei uma das primeiras secretárias de Pitanguy. Ela me contou que grande parte do trabalho de seu patrão era consertar ou tentar consertar as besteiras feitas pelos outros cirurgiões que surgiam no Rio. Não todos, é verdade, mas uma boa parte deles.
Ivo casou-se com Marilu, teve filhos e se transformou num dos maiores cirurgiões-plásticos do mundo. Operou rainhas, princesas, esportistas famosos e gente comum, comprou ilha em Angra, avião, lancha, ficou rico graças ao seu trabalho e ao seu imenso talento. Cirurgiões do mundo inteiro vinham estagiar em sua clínica.
Não tem culpa se um de seus filhos parece ter problemas, bebe, dirige bêbado, perde centenas de pontos na carteira, atropela e mata um pobre operário que andava pela calçada de uma rua da Gávea, no Rio. O filho chama-se Ivo Nascimento de Campos Pitanguy, tem 59 anos e está sendo processado por homicídio culposo, “quando não há intenção de matar”, como gostam de explicar os jornalistas televisivos. Claro que não havia intenção. Ninguém tromba num poste com a intenção de matar operário que não conhecia. Foi um acidente. Triste e condenável, mas acidente.
Aí entram dois repórteres de um jornal e aprontam matéria de uma canalhice revoltante. Descrevem a infância do operário numa família paupérrima do Nordeste e a infância do menino rico, que tinha ilha, lancha, avião e convidados ilustres em sua casa, esquiava na Europa, frequentava a chamada melhor sociedade internacional.
Texto imenso, invejoso, abjeto para descrever um acidente condenável, sim, mas notícia que se limita à esfera judicial. E se esquecem de dizer que o pai do bêbado, que atropelou o operário, já operou durante anos, de graça, sem cobrar um tostão, milhares de brasileiros tão ou mais pobres que o operário em sua clínica na Santa Casa de Misericórdia da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
Conheço Ivo desde que ele voltou de uma temporada na Inglaterra, onde se especializou em cirurgia plástica. O jovem cirurgião tinha vinte e poucos anos e era notável causeur. Quase todos os domingos, depois do almoço, aparecia na casa de meu avô materno encantando a plateia com as histórias de suas viagens.
Em pouco tempo começou a se destacar no Rio. Perguntei o motivo de seu sucesso ao professor J. J. Velho da Silva, catedrático de Clínica Médica das duas melhores escolas de Medicina do Rio, e o doutor Velho explicou: “O Ivo conhece Medicina”.
Aí é que está: não basta ser hábil. Todo grande cirurgião deve conhecer Medicina para saber onde pode cortar e costurar. Namorei uma das primeiras secretárias de Pitanguy. Ela me contou que grande parte do trabalho de seu patrão era consertar ou tentar consertar as besteiras feitas pelos outros cirurgiões que surgiam no Rio. Não todos, é verdade, mas uma boa parte deles.
Ivo casou-se com Marilu, teve filhos e se transformou num dos maiores cirurgiões-plásticos do mundo. Operou rainhas, princesas, esportistas famosos e gente comum, comprou ilha em Angra, avião, lancha, ficou rico graças ao seu trabalho e ao seu imenso talento. Cirurgiões do mundo inteiro vinham estagiar em sua clínica.
Não tem culpa se um de seus filhos parece ter problemas, bebe, dirige bêbado, perde centenas de pontos na carteira, atropela e mata um pobre operário que andava pela calçada de uma rua da Gávea, no Rio. O filho chama-se Ivo Nascimento de Campos Pitanguy, tem 59 anos e está sendo processado por homicídio culposo, “quando não há intenção de matar”, como gostam de explicar os jornalistas televisivos. Claro que não havia intenção. Ninguém tromba num poste com a intenção de matar operário que não conhecia. Foi um acidente. Triste e condenável, mas acidente.
Aí entram dois repórteres de um jornal e aprontam matéria de uma canalhice revoltante. Descrevem a infância do operário numa família paupérrima do Nordeste e a infância do menino rico, que tinha ilha, lancha, avião e convidados ilustres em sua casa, esquiava na Europa, frequentava a chamada melhor sociedade internacional.
Texto imenso, invejoso, abjeto para descrever um acidente condenável, sim, mas notícia que se limita à esfera judicial. E se esquecem de dizer que o pai do bêbado, que atropelou o operário, já operou durante anos, de graça, sem cobrar um tostão, milhares de brasileiros tão ou mais pobres que o operário em sua clínica na Santa Casa de Misericórdia da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
Besteirol – Entrevistado por Ilze
Scamparini sobre o seu novo livro Número
Zero , Umberto Eco disse que
a internet, através das redes sociais, deu voz ao imbecil, que, sabemos todos,
abunda por aí e se manifesta nas urnas votando no PT. Contudo, a imbecilidade
também se manifesta noutras áreas não necessariamente idiotas. Inda outro dia
tivemos o tablóide sensacionalista inglês The
Sun estampando foto da então
princesa Elizabeth em 1933, com 7 aninhos, fazendo a saudação nazista.
Ora, bolas, em 1933 a saudação nazista era somente um gesto exagerado e ridículo, quando ninguém podia adivinhar o nazismo e a Segunda Grande Guerra. Ridícula foi também a saudação do larápio José Dirceu preso na Papuda, aquela mão fechada levantada à moda Panteras Negras, quando habitualmente Dirceu usa a mão para embolsar dinheiro roubado.
Ridícula tem sido nossa publicidade, que já foi brilhante. Aproveitando a onda midiática “beba com moderação”, uma agência adotou “aprecie com moderação” na propaganda de sua cerveja.
Apreciar não significa beber. O sujeito deve apreciar com imoderação, com exagero, com louvação, se a cerveja for boa, e beber com moderação. Se for dirigir, não deve beber. Só isso.
Ora, bolas, em 1933 a saudação nazista era somente um gesto exagerado e ridículo, quando ninguém podia adivinhar o nazismo e a Segunda Grande Guerra. Ridícula foi também a saudação do larápio José Dirceu preso na Papuda, aquela mão fechada levantada à moda Panteras Negras, quando habitualmente Dirceu usa a mão para embolsar dinheiro roubado.
Ridícula tem sido nossa publicidade, que já foi brilhante. Aproveitando a onda midiática “beba com moderação”, uma agência adotou “aprecie com moderação” na propaganda de sua cerveja.
Apreciar não significa beber. O sujeito deve apreciar com imoderação, com exagero, com louvação, se a cerveja for boa, e beber com moderação. Se for dirigir, não deve beber. Só isso.
Trinta metros – No Dicionário InFormal
do Google vejo que Paranoá é uma variante de Paranaguá (Paraná, rio caudaloso ou mar + cuá, bacia
ou cavidade). Paraná
vem do tupi “semelhante ao mar”. Não encontrei cuá, mas o Houaiss tem cuada,
etimologia cu + -ada,
parte da calça, da cueca ou das ceroulas que corresponde ao assento; remendo
aplicado a essa parte da roupa; pancada ou batida com as nádegas, bundada,
nadegada.
Isto posto, sugiro que se mude o nome do Paranoá, em Brasília, para Lago Paranoia, termo psiquiátrico, diante da maluquice que estão aprontando naquela cidade com uma faixa de 30 metros entre as centenas de mansões “que dão para o Paranoá” e as margens do lago.
Vamos por partes e pelo bom senso. Se os projetistas de Brasília quisessem a tal faixa teriam feito as avenidas à beira do lago, como na Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte. A partir do momento em que as ruas têm os lotes entre elas e o Paranoá, parece evidente que as casas devem ser construídas voltadas para o lago e seus limites estendidos até às margens.
Não pensam assim as excelentíssimas autoridades que inventaram as faixas de 30 metros entre as margens e os lotes. Para quê? Para uso de toda a população de Brasília, Planaltina, Santa Bárbara, Barreiro, Jardim, Ceilândia, Gama, Samambaia, Cidade Eclética, Santo Antônio do Descoberto etc. sonhando com os ônibus que os levem à faixa de 30 metros com os frangos, os sons que consideram música e as farofas de praxe.
Há 30 anos passei com as filhas, a convite de amigos, dez dias numa bela casa do Lago Norte, quase vizinha da Casa da Dinda, onde residiam Rosane, Fernando Affonso e a pombajira. O terreno chegava ao Paranoá, mas só tomamos banhos de piscina.
Agora, entupida de brasileiros curtindo barulhos funk, rapp e sertanejo nas alturas, frangos, farofas, tiroteios e arrastões, a faixa de 30 metros vai se transformar numa cópia, sem mar, das praias do Rio aos sábados e domingos.
Isto posto, sugiro que se mude o nome do Paranoá, em Brasília, para Lago Paranoia, termo psiquiátrico, diante da maluquice que estão aprontando naquela cidade com uma faixa de 30 metros entre as centenas de mansões “que dão para o Paranoá” e as margens do lago.
Vamos por partes e pelo bom senso. Se os projetistas de Brasília quisessem a tal faixa teriam feito as avenidas à beira do lago, como na Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte. A partir do momento em que as ruas têm os lotes entre elas e o Paranoá, parece evidente que as casas devem ser construídas voltadas para o lago e seus limites estendidos até às margens.
Não pensam assim as excelentíssimas autoridades que inventaram as faixas de 30 metros entre as margens e os lotes. Para quê? Para uso de toda a população de Brasília, Planaltina, Santa Bárbara, Barreiro, Jardim, Ceilândia, Gama, Samambaia, Cidade Eclética, Santo Antônio do Descoberto etc. sonhando com os ônibus que os levem à faixa de 30 metros com os frangos, os sons que consideram música e as farofas de praxe.
Há 30 anos passei com as filhas, a convite de amigos, dez dias numa bela casa do Lago Norte, quase vizinha da Casa da Dinda, onde residiam Rosane, Fernando Affonso e a pombajira. O terreno chegava ao Paranoá, mas só tomamos banhos de piscina.
Agora, entupida de brasileiros curtindo barulhos funk, rapp e sertanejo nas alturas, frangos, farofas, tiroteios e arrastões, a faixa de 30 metros vai se transformar numa cópia, sem mar, das praias do Rio aos sábados e domingos.
Delícia – Atenuando o pavoroso
noticiário dos últimos dias, uma notícia divertida. Na noite do dia 1º de
setembro, o vereador Pedro Reis (PCdoB) reuniu 10 pessoas em seu escritório, no
bairro de Padre Eustáquio, para debater o problema da segurança naquela região
de Belo Horizonte. Deixou aberta
a porta para permitir a entrada de outras pessoas. Dois ladrões aproveitaram a
porta aberta e roubaram os pertences de todos os debatedores – dinheiro, jóias
e celulares, numa ação de 15 minutos em que as vítimas foram obrigadas a deitar
no chão.
31 de agosto a 06 de setembro de 2015
Dromomania – Na rubrica
psicopatologia, dromomania é impulso incontrolável e mórbido de perambular, de
viajar, especialmente de abandonar os lugares onde golpes emocionais foram
sofridos. Se o dromômano é pobre se transforma em andarilho e deambula errático
pelos caminhos da vida.
Pausa para curtir a última frase, que resultou da melhor supimpitude com o dromomaníaco sujo, desgrenhado, malvestido e malvisto, a deambular errático por aí.
Se têm recursos, as pessoas fazem a fortuna da indústria do turismo e me lembram o anarquista espanhol, aquele do “Hay gobierno? Soy contra!”, porque vivem dizendo “Hay avión? Me voy!” e partem no maior entusiasmo para qualquer lugar do planeta.
Metem-se na aeronave más pesada que el aire, provista de alas, cuya sustentación y avance son consecuencia de la acción de uno o varios motores, e vão conhecer o Vietnam, o Camboja, a China, o Afeganistão para voltar dizendo que a estada foi muito divertida.
Aliás, dizem estadia, que sempre foi termo de marinha mercante significando “prazo concedido para carga e descarga do navio surto em um porto” ou estalia, do italiano stallia 'estadia', do latim medieval de Ferrara (Itália) stallia provavelmente destallo 'demora' e, este, do frâncico stall idem.
Mas o pessoal moderno está abusando e a tendência é piorar, como temos visto no governo da incompetenta. A situação é tão grave que sucumbiram até os 29 fios de cabelo que o ministro Mercadante cultivava no alto da quenga. Hoje, não chegam a dúzia e meia. Salva-o a recente descoberta dos japoneses: plantar cabelos com células-tronco. São milhões de fios em poucos meses.
Pausa para curtir a última frase, que resultou da melhor supimpitude com o dromomaníaco sujo, desgrenhado, malvestido e malvisto, a deambular errático por aí.
Se têm recursos, as pessoas fazem a fortuna da indústria do turismo e me lembram o anarquista espanhol, aquele do “Hay gobierno? Soy contra!”, porque vivem dizendo “Hay avión? Me voy!” e partem no maior entusiasmo para qualquer lugar do planeta.
Metem-se na aeronave más pesada que el aire, provista de alas, cuya sustentación y avance son consecuencia de la acción de uno o varios motores, e vão conhecer o Vietnam, o Camboja, a China, o Afeganistão para voltar dizendo que a estada foi muito divertida.
Aliás, dizem estadia, que sempre foi termo de marinha mercante significando “prazo concedido para carga e descarga do navio surto em um porto” ou estalia, do italiano stallia 'estadia', do latim medieval de Ferrara (Itália) stallia provavelmente destallo 'demora' e, este, do frâncico stall idem.
Mas o pessoal moderno está abusando e a tendência é piorar, como temos visto no governo da incompetenta. A situação é tão grave que sucumbiram até os 29 fios de cabelo que o ministro Mercadante cultivava no alto da quenga. Hoje, não chegam a dúzia e meia. Salva-o a recente descoberta dos japoneses: plantar cabelos com células-tronco. São milhões de fios em poucos meses.
Sogrinhas – Tenho 19 livros
publicados, gosto de três ou quatro, especialmente de um romance que trata do
relacionamento sexual de genro e sogra, fato verídico que me foi contado pelo
genro, velho e querido amigo, num passeio a cavalo que fizemos na minha
fazendinha mineira. Tive a impressão de que ele precisava contar o segredo a
alguém e fiquei lisonjeado por ter sido o escolhido. Releitura recente deixou-me perplexo:
como explicar que um escritor limitado possa ter escrito livro tão bom?
“Isto é o que fazem todos os escritores, severíssimos com os defeitos alheios e benigníssimos com os próprios, como pais enfim” disse o padre Vieira sem me atingir, porque sou severíssimo com os meus muitos defeitos. Mas o romance resultou supimpa, devo admitir.
Mãe do marido em relação à mulher deste ou mãe da mulher em relação ao marido, sogra vem do latim vulgar socra,ae, do latim clássico socrus,us, que significava “sogra; avó do marido ou da mulher”.
Não tem sido comum, nos últimos anos, que genros e noras gostem de suas sogras. Ouçamos a opinião de Vieira, nascido em lar humilde na Rua do Cônego, perto da Sé, em Lisboa, primogênito de quatro filhos de Cristóvão Vieira Ravasco, de origem alentejana, cuja mãe era filha de uma mulata, e de Maria de Azevedo, lisboeta.
Cristóvão foi por dois anos escrivão da Inquisição. Mudou-se para o Brasil em 1614 para assumir o cargo de escrivão em Salvador, Bahia, mandando vir sua família em 1618. Vieira ingressou na Companhia de Jesus como noviço em maio de 1623 e morreu em Salvador em 1697 com 89 anos.
Passo a palavra ao admirável Ivan Lins, Ivan Monteiro de Barros Lins, saudoso amigo, jornalista, professor, pensador, ensaísta e conferencista nascido em Belo Horizonte no ano de 1904, morto no Rio em 1975, membro da Academia Brasileira de Letras, autor de Aspectos do Padre Antônio Vieira.
“Um ponto, porém, da moral de Vieira, que podia ser muito verdadeiro em seu tempo, mas não o é mais em nossos dias, é o atinente às sogras...
Conta o Evangelista São Lucas que a sogra de São Pedro, em cuja casa ele morava, estava ‘tão enferma e prostrada de umas gravíssimas febres, que nem para receber ao Senhor se pôde levantar. Socrus autem Simonis tenebatur magnis febribus. Quem haverá que não repare e note aqui muito a pouca providência de São Pedro, antes o demasiado descuido e negligência de atender ao remédio de sua casa e à necessidade de seus domésticos e parentes? A sogra de Pedro em casa ardendo em febres e sem cura, padecendo dores e sem alívio, atada tanto tempo a um leito, sem saúde, sem sequer melhoria? Não é este aquele mesmo Pedro, que passando pelas ruas e pelas praças, só com a sua sombra curava todos os enfermos? Como logo abusa de tal modo do seu poder, que curando a todos, só aos seus domésticos não cura? Tantos milagres para as casas dos outros, e para a sua casa nenhum milagre?”
“Pois se São Pedro passando pelas ruas sarava os enfermos estranhos, bastando só que os tocasse com a sua sombra, a enferma que tinha dentro de casa, tocando-lhe tão de perto no parentesco, por que não a curava?”
A explicação que, para tão grave anomalia, encontra Vieira é deixar São Pedro a sua sogra enferma “só por ser sogra...” E explica: “Uma sogra talvez é melhor deixar doente, que sã: porque doente a mesma doença a tem quieta a um canto da casa, e sã, rara é a que se não contente com menos que com todos os quatro cantos dela...”
“Isto é o que fazem todos os escritores, severíssimos com os defeitos alheios e benigníssimos com os próprios, como pais enfim” disse o padre Vieira sem me atingir, porque sou severíssimo com os meus muitos defeitos. Mas o romance resultou supimpa, devo admitir.
Mãe do marido em relação à mulher deste ou mãe da mulher em relação ao marido, sogra vem do latim vulgar socra,ae, do latim clássico socrus,us, que significava “sogra; avó do marido ou da mulher”.
Não tem sido comum, nos últimos anos, que genros e noras gostem de suas sogras. Ouçamos a opinião de Vieira, nascido em lar humilde na Rua do Cônego, perto da Sé, em Lisboa, primogênito de quatro filhos de Cristóvão Vieira Ravasco, de origem alentejana, cuja mãe era filha de uma mulata, e de Maria de Azevedo, lisboeta.
Cristóvão foi por dois anos escrivão da Inquisição. Mudou-se para o Brasil em 1614 para assumir o cargo de escrivão em Salvador, Bahia, mandando vir sua família em 1618. Vieira ingressou na Companhia de Jesus como noviço em maio de 1623 e morreu em Salvador em 1697 com 89 anos.
Passo a palavra ao admirável Ivan Lins, Ivan Monteiro de Barros Lins, saudoso amigo, jornalista, professor, pensador, ensaísta e conferencista nascido em Belo Horizonte no ano de 1904, morto no Rio em 1975, membro da Academia Brasileira de Letras, autor de Aspectos do Padre Antônio Vieira.
“Um ponto, porém, da moral de Vieira, que podia ser muito verdadeiro em seu tempo, mas não o é mais em nossos dias, é o atinente às sogras...
Conta o Evangelista São Lucas que a sogra de São Pedro, em cuja casa ele morava, estava ‘tão enferma e prostrada de umas gravíssimas febres, que nem para receber ao Senhor se pôde levantar. Socrus autem Simonis tenebatur magnis febribus. Quem haverá que não repare e note aqui muito a pouca providência de São Pedro, antes o demasiado descuido e negligência de atender ao remédio de sua casa e à necessidade de seus domésticos e parentes? A sogra de Pedro em casa ardendo em febres e sem cura, padecendo dores e sem alívio, atada tanto tempo a um leito, sem saúde, sem sequer melhoria? Não é este aquele mesmo Pedro, que passando pelas ruas e pelas praças, só com a sua sombra curava todos os enfermos? Como logo abusa de tal modo do seu poder, que curando a todos, só aos seus domésticos não cura? Tantos milagres para as casas dos outros, e para a sua casa nenhum milagre?”
“Pois se São Pedro passando pelas ruas sarava os enfermos estranhos, bastando só que os tocasse com a sua sombra, a enferma que tinha dentro de casa, tocando-lhe tão de perto no parentesco, por que não a curava?”
A explicação que, para tão grave anomalia, encontra Vieira é deixar São Pedro a sua sogra enferma “só por ser sogra...” E explica: “Uma sogra talvez é melhor deixar doente, que sã: porque doente a mesma doença a tem quieta a um canto da casa, e sã, rara é a que se não contente com menos que com todos os quatro cantos dela...”
Cultura – Brilhante e urgente a
ideia de acabar com o Ministério da Cultura, iniciativa dos próprios
funcionários alegando falta de verbas. Que se pode esperar de um Ministério que
tem, como titular da pasta, um cavalheiro que usa brinco na orelha? Um ministro
que se deixou benzer por um índio acreano da tribo ashininka? Um ministro que,
bento pelo ashininka, nomeou o
doutor Francisco Bosco presidente da Funarte, Fundação Nacional de Artes, órgão responsável pelo desenvolvimento
de políticas públicas de fomento às artes visuais, à música, ao teatro, à dança
e ao circo.
Batizado Francisco de Castro Mucci (Rio de Janeiro, 1976), adotou o nome Francisco Bosco por ser filho do cantor, violonista e compositor mineiro João Bosco de Freitas Mucci (Ponte Nova, 1946). Bela demonstração de amor filial – aproveitando a ensancha para se beneficiar do nome e da fama do cantor, violonista e compositor.
No texto em que se despediu do Globo, depois de cinco anos de colunas semanais, para assumir a presidência da Funarte, o Dr. Francisco de Castro Mucci, codinome Francisco Bosco, afirmou: “Daqui a três meses vão se completar cinco anos desde que estreei como colunista deste caderno, no bojo de sua reinvenção, concebida pela então editora Isabel De Luca. A reformulação teve um sentido de desprovincianização eaggiornamento de ideias. Foram chamadas figuras eminentes da cultura brasileira para as colunas da página 2”.
Existe maior exemplo de empáfia, de presunção, de imodéstia? O cavalheiro é chamado para fazer uma coluna semanal e diz que foi lembrado porque a editora do caderno convidou “figuras eminentes”. Triste país.
Batizado Francisco de Castro Mucci (Rio de Janeiro, 1976), adotou o nome Francisco Bosco por ser filho do cantor, violonista e compositor mineiro João Bosco de Freitas Mucci (Ponte Nova, 1946). Bela demonstração de amor filial – aproveitando a ensancha para se beneficiar do nome e da fama do cantor, violonista e compositor.
No texto em que se despediu do Globo, depois de cinco anos de colunas semanais, para assumir a presidência da Funarte, o Dr. Francisco de Castro Mucci, codinome Francisco Bosco, afirmou: “Daqui a três meses vão se completar cinco anos desde que estreei como colunista deste caderno, no bojo de sua reinvenção, concebida pela então editora Isabel De Luca. A reformulação teve um sentido de desprovincianização eaggiornamento de ideias. Foram chamadas figuras eminentes da cultura brasileira para as colunas da página 2”.
Existe maior exemplo de empáfia, de presunção, de imodéstia? O cavalheiro é chamado para fazer uma coluna semanal e diz que foi lembrado porque a editora do caderno convidou “figuras eminentes”. Triste país.
Orgulho –
A administração pública brasileira tem sido infeliz com os machos da espécie – Jânio, Jango, Sarney, Collor, Lula – mas pode orgulhar-se das mulheres extraordinárias que têm ajudado a conduzir a nação: Rosane Brandão Malta Collor de Mello, Dilma Vana Rousseff, Marisa Letícia Rocco Casa Lula da Silva, Erenice Guerra, Gleisi Helena Hoffman, Rosemary Nóvoa de Noronha, Roseana Sarney e tantas outras reservas morais e intelectuais de um país grande e bobo.
Dilma Vana vive repetindo que estamos numa travessia. Realmente, na travessia do mar de bosta aprontado pelo seu desgoverno.
A administração pública brasileira tem sido infeliz com os machos da espécie – Jânio, Jango, Sarney, Collor, Lula – mas pode orgulhar-se das mulheres extraordinárias que têm ajudado a conduzir a nação: Rosane Brandão Malta Collor de Mello, Dilma Vana Rousseff, Marisa Letícia Rocco Casa Lula da Silva, Erenice Guerra, Gleisi Helena Hoffman, Rosemary Nóvoa de Noronha, Roseana Sarney e tantas outras reservas morais e intelectuais de um país grande e bobo.
Dilma Vana vive repetindo que estamos numa travessia. Realmente, na travessia do mar de bosta aprontado pelo seu desgoverno.
Repeteco – No episódio “Comunidade
Evangélica Jesus, a verdade que marca”, é deliciosa a repetição dos fatos
que levam pessoas fragilizadas a embarcar nas canoas da picaretagem. Fragilizadas
emocionalmente, sim, mas também de uma idiotia congênita.
A imprensa optou pelo substantivo feminino seita para falar da Comunidade Evangélica Jesus, que teve seis dos seus líderes presos pela Polícia Federal na manhã do último dia 17 de agosto em Minas, Bahia e São Paulo.
Seita é tudo que a gente chama de seita: partido, escola filosófica, variedade de tendências religiosas dentro do judaísmo, sistema que se afasta da opinião geral, conjunto das pessoas que seguem esse sistema, dissidentes de uma religião, bando, facção, teoria de um mestre com inúmeros seguidores etc.
No episódio do dia 17 de agosto acho que a mídia recorreu à rubrica sociologia: sociedade cujos membros se agregam voluntariamente e que se mantém à parte do mundo. Ainda aí a definição é falha, porque o fragilizado, ilaqueado em sua boa-fé, que se confunde com a debilidade mental, não se agrega voluntariamente aos picaretas: é cooptado por eles, entrega todos os seus bens e é mantido em condições análogas às da escravidão.
Nas Serras do RJ, final da década de 60, houve episódio divertidíssimo no município de Petrópolis, região de sítios e casas de campo dos bambambãs, um dos maiores PIBs desta choldra que tem hino, bandeira e constituição cidadã.
Apareceu um pastor maluco anunciando o fim do mundo para dali a três ou quatro meses, reuniu todos os sitiantes das imediações numa casa velha de 200 anos, caindo aos pedaços, sede da fazenda original, e os convenceu a vender suas coisas. Se o mundo acabaria em 90 dias, não fazia sentido ter jipe velho, vacas, bois de carro, arados, grades, móveis, roupas, calçados e outras bobagens. Como também não adiantava continuar plantando.
Vendidos os bens, dinheiro transformado em alimentos, lá ficaram todos rezando nas ruínas do casarão secular esperando o dia do fim do mundo. A comida acabou. Sobrou um galo transformado em canja rala para dezenas de fiéis. Que acabaram conhecendo, mesmo, o anunciado fim do mundo, no dia em que alguém denunciou os fatos e o pastor à PM de Petrópolis.
Duas viaturas de bom tamanho, apinhadas de PMs, baixaram no terreiro do casarão e foi uma pancadaria de criar bicho, que a PM, quando autorizada, sabe bater. Durante meses havia crentes fugindo pelos altos das serras e o pastor acabou engaiolado.
Nessa época comprei a fazenda vizinha, tomei conhecimento da história e assisti à reconstrução das vidas daqueles pobres-diabos plantando, colhendo, comprando móveis, roupas, calçados, ferramentas, bois de carro.
A imprensa optou pelo substantivo feminino seita para falar da Comunidade Evangélica Jesus, que teve seis dos seus líderes presos pela Polícia Federal na manhã do último dia 17 de agosto em Minas, Bahia e São Paulo.
Seita é tudo que a gente chama de seita: partido, escola filosófica, variedade de tendências religiosas dentro do judaísmo, sistema que se afasta da opinião geral, conjunto das pessoas que seguem esse sistema, dissidentes de uma religião, bando, facção, teoria de um mestre com inúmeros seguidores etc.
No episódio do dia 17 de agosto acho que a mídia recorreu à rubrica sociologia: sociedade cujos membros se agregam voluntariamente e que se mantém à parte do mundo. Ainda aí a definição é falha, porque o fragilizado, ilaqueado em sua boa-fé, que se confunde com a debilidade mental, não se agrega voluntariamente aos picaretas: é cooptado por eles, entrega todos os seus bens e é mantido em condições análogas às da escravidão.
Nas Serras do RJ, final da década de 60, houve episódio divertidíssimo no município de Petrópolis, região de sítios e casas de campo dos bambambãs, um dos maiores PIBs desta choldra que tem hino, bandeira e constituição cidadã.
Apareceu um pastor maluco anunciando o fim do mundo para dali a três ou quatro meses, reuniu todos os sitiantes das imediações numa casa velha de 200 anos, caindo aos pedaços, sede da fazenda original, e os convenceu a vender suas coisas. Se o mundo acabaria em 90 dias, não fazia sentido ter jipe velho, vacas, bois de carro, arados, grades, móveis, roupas, calçados e outras bobagens. Como também não adiantava continuar plantando.
Vendidos os bens, dinheiro transformado em alimentos, lá ficaram todos rezando nas ruínas do casarão secular esperando o dia do fim do mundo. A comida acabou. Sobrou um galo transformado em canja rala para dezenas de fiéis. Que acabaram conhecendo, mesmo, o anunciado fim do mundo, no dia em que alguém denunciou os fatos e o pastor à PM de Petrópolis.
Duas viaturas de bom tamanho, apinhadas de PMs, baixaram no terreiro do casarão e foi uma pancadaria de criar bicho, que a PM, quando autorizada, sabe bater. Durante meses havia crentes fugindo pelos altos das serras e o pastor acabou engaiolado.
Nessa época comprei a fazenda vizinha, tomei conhecimento da história e assisti à reconstrução das vidas daqueles pobres-diabos plantando, colhendo, comprando móveis, roupas, calçados, ferramentas, bois de carro.
Estética – Por quaisquer
critérios que adotemos, o brasileiro é um povo feio: vemos na tevê. Os
repórteres são escolhidos por sua boa aparência, mas os entrevistados são quase
todos de uma feiúra de lascar. Matérias feitas ao vivo e em cores dos saguões
da Câmara e do Senado deram para incluir, como pano de fundo, um bando de
papagaios de pirata, idiotas exibindo cartazes de apoio ou desapoio a
determinados projetos. Gente feia catada a laço, mediante pagamento de meia
dúzia de reais, para mostrar os cartazes atrás do jornalista que noticia os
fatos: espetáculo deprimente. Resta perguntar por que os diretores das tevês
não filmam seus jornalistas tendo como pano de fundo as paredes dos saguões?
Com aquele monte de papagaios de pirata a filmagem pega mal.
Entrevistas nas ruas centrais, nas “comunidades”, nos parlamentos, em qualquer lugar, só nos mostram gente feia. Recente episódio filmado na Câmara Municipal de Mauá da Serra, PR, envolvendo os salários dos vereadores, mostrou-nos um lote de edis de uma feiúra sem cômpar no mundo civilizado. E o meu corretor de textos acaba de sublinhar cômpar em vermelho, mostrando que é corretor analfabeto, pois até o gato lá de casa, se houvesse, saberia que o adjetivo de dois gêneros é bom latim e significa “igual ou semelhante; que está a par de outro”.
Gato lá de casa é sintagma que serve para uma porção de assuntos, até para falar dos animais domésticos de estimação, gatos, cachorros, leitões & outros, fenômeno comum no mundo inteiro. E sintagma é unidade linguística composta de um núcleo (p.ex., um verbo, um nome, um adjetivo etc.) e de outros termos que a ele se unem, formando uma locução que entrará na formação da oração.
Em seu ótimo livro Sonhos rebobinados, reunindo crônicas publicadas na imprensa, o mineiro Humberto Werneck diz que nunca teve apreço pelos animais e cita frase do filósofo francês Jean-Paul Sartre (1905-1980): “Quem ama excessivamente os animais, ama contra os homens”.
Se me fosse dado palpitar, diria que o único animal amável é o cavalo. Gatos, cachorros, leitões, cacatuas, jabutis, periquitos... sei não.
Entrevistas nas ruas centrais, nas “comunidades”, nos parlamentos, em qualquer lugar, só nos mostram gente feia. Recente episódio filmado na Câmara Municipal de Mauá da Serra, PR, envolvendo os salários dos vereadores, mostrou-nos um lote de edis de uma feiúra sem cômpar no mundo civilizado. E o meu corretor de textos acaba de sublinhar cômpar em vermelho, mostrando que é corretor analfabeto, pois até o gato lá de casa, se houvesse, saberia que o adjetivo de dois gêneros é bom latim e significa “igual ou semelhante; que está a par de outro”.
Gato lá de casa é sintagma que serve para uma porção de assuntos, até para falar dos animais domésticos de estimação, gatos, cachorros, leitões & outros, fenômeno comum no mundo inteiro. E sintagma é unidade linguística composta de um núcleo (p.ex., um verbo, um nome, um adjetivo etc.) e de outros termos que a ele se unem, formando uma locução que entrará na formação da oração.
Em seu ótimo livro Sonhos rebobinados, reunindo crônicas publicadas na imprensa, o mineiro Humberto Werneck diz que nunca teve apreço pelos animais e cita frase do filósofo francês Jean-Paul Sartre (1905-1980): “Quem ama excessivamente os animais, ama contra os homens”.
Se me fosse dado palpitar, diria que o único animal amável é o cavalo. Gatos, cachorros, leitões, cacatuas, jabutis, periquitos... sei não.
Perspectivas – Admiráveis as
perspectivas abertas pela OAB-MG e pelo Conselho Federal da OAB com a
contratação da dupla Victor & Leo para o terceiro Congresso Nacional de
Direito Sindical, marcado para os dias 10 e 11 de setembro em Nova Lima, MG.
Os irmãos Vitor Chaves Zapalá Pimentel e Leonardo Chaves Zapalá Pimentel, que formam a dupla Victor & Leo, nasceram em Ponte Nova e foram criados em Abre Campo, cidades da Zona da Mata de Minas. São produtores, cantores, compositores, arranjadores e músicos, mas não se limitam ao sertanejo vulgar porque seu estilo mescla folk, pop, romantismo e sertanejo.
É inadmissível a realização de um congresso nacional jurídico sem uma dupla sertaneja. Sendo pop, folk e romântica, melhor ainda, pelas perspectivas que abre para os advogados regularmente inscritos na Ordem em todo o Brasil.
O leitor conhece o verbo reciprocar, em nosso idioma desde 1572. E puro latim e os advogados curtem um latinzinho. Reciprocando, a partir de agora todos os shows de música popular realizados no Brasil – sertaneja, pop, folk, romântica, funk, funk ostentação, rap e os mais gêneros que você queira acrescentar – deve incluir pelo menos uma palestra jurídica de 50 minutos, regiamente remunerada, sobre assuntos relacionados com os interesses da galera: constitucionalismo, tráfico de entorpecentes, Código Penal, Código de Processo Penal e quejandos. E tem mais uma coisa: um carro zero quilômetro deverá ser sorteado ao final de cada evento.
Os irmãos Vitor Chaves Zapalá Pimentel e Leonardo Chaves Zapalá Pimentel, que formam a dupla Victor & Leo, nasceram em Ponte Nova e foram criados em Abre Campo, cidades da Zona da Mata de Minas. São produtores, cantores, compositores, arranjadores e músicos, mas não se limitam ao sertanejo vulgar porque seu estilo mescla folk, pop, romantismo e sertanejo.
É inadmissível a realização de um congresso nacional jurídico sem uma dupla sertaneja. Sendo pop, folk e romântica, melhor ainda, pelas perspectivas que abre para os advogados regularmente inscritos na Ordem em todo o Brasil.
O leitor conhece o verbo reciprocar, em nosso idioma desde 1572. E puro latim e os advogados curtem um latinzinho. Reciprocando, a partir de agora todos os shows de música popular realizados no Brasil – sertaneja, pop, folk, romântica, funk, funk ostentação, rap e os mais gêneros que você queira acrescentar – deve incluir pelo menos uma palestra jurídica de 50 minutos, regiamente remunerada, sobre assuntos relacionados com os interesses da galera: constitucionalismo, tráfico de entorpecentes, Código Penal, Código de Processo Penal e quejandos. E tem mais uma coisa: um carro zero quilômetro deverá ser sorteado ao final de cada evento.
Implicância – Dirceus, Vaccaris,
Fernandos, Lulas – tantos políticos graúdos merecendo cadeia pelo resto de suas
vidas – e as redes de tevê perseguindo moça de 22 aninhos, prefeita de Bom
Jardim, MA, pelo crime de ter roubado pouco, mesmo porque seria difícil tunga
de vulto em município paupérrimo, um dos piores IDHs do Brasil, onde moram
cerca de 40 mil bom-qualquer-coisa. Cidade próxima de Buriticupu, o que diz
tudo. “Cidade das madeiras” é habitada por 80 mil felizes buriticupusenses.
Pelejei para encontrar o gentílico dos nascidos ou residentes em Bom Jardim, MG, e não encontrei. Deve ser bom-jardinense. Em compensação, aprendi o adjetivo gentílimo, extremamente gentil, que falta ao jornalismo televisivo ao tratar da prefeita Lidiane Leite (PP-MA), que fugiu da cidade acusada de desviar recursos das escolas municipais.
Foram presos Beto Rocha, seu marido, e Antônio Cesarino, ex-secretário de Agricultura, afastado da pasta desde o ano passado por denúncias de corrupção.
Como prefeita, Lidiane compartilhava fotos pelo Instagram em que aparecia segurando taças de champanhe em micaretas, posando com um personal trainer ou com amigos em um jet ski: “Antes de ser prefeita eu era pobre, tinha uma Land Rover. Agora estou numa SW4. Devia era comprar um carro mais luxuoso porque graças a Deus o dinheiro está sobrando. Eu compro o que eu quiser, gasto sim como eu quero. Não estou nem aí para o que acham. Beijinho no ombro para os recalcados”.
Vejo na internet que uma SW4 é Toyota e pode ser comprada em 36 prestações de RS$ 1.520,00 + 60% de entrada, com IPVA grátis. Portanto, é carro modesto diante do Lamborghini Aventador LP 700-4 do senador Fernando Collor, veículo que não deve circular com desembaraço pelas estradas do entorno de Bom Jardim, MA. Mesmo no asfalto de Brasília, DF, o Aventador é pura semostração de um cavalheiro que teve mulher, cunhados, sobrinhos e sogros da aristocracia de Canapi, AL, que já se chamou Cavalo Morto.
Nem pombajira dá jeito em Cavalo Morto. E pombajira, como sabe o leitor, na umbanda popular e na quimbanda é Exu-fêmea, enquanto na umbanda esotérica é cabeça de falange (subdivisão) da linha de Iemanjá.
Pelejei para encontrar o gentílico dos nascidos ou residentes em Bom Jardim, MG, e não encontrei. Deve ser bom-jardinense. Em compensação, aprendi o adjetivo gentílimo, extremamente gentil, que falta ao jornalismo televisivo ao tratar da prefeita Lidiane Leite (PP-MA), que fugiu da cidade acusada de desviar recursos das escolas municipais.
Foram presos Beto Rocha, seu marido, e Antônio Cesarino, ex-secretário de Agricultura, afastado da pasta desde o ano passado por denúncias de corrupção.
Como prefeita, Lidiane compartilhava fotos pelo Instagram em que aparecia segurando taças de champanhe em micaretas, posando com um personal trainer ou com amigos em um jet ski: “Antes de ser prefeita eu era pobre, tinha uma Land Rover. Agora estou numa SW4. Devia era comprar um carro mais luxuoso porque graças a Deus o dinheiro está sobrando. Eu compro o que eu quiser, gasto sim como eu quero. Não estou nem aí para o que acham. Beijinho no ombro para os recalcados”.
Vejo na internet que uma SW4 é Toyota e pode ser comprada em 36 prestações de RS$ 1.520,00 + 60% de entrada, com IPVA grátis. Portanto, é carro modesto diante do Lamborghini Aventador LP 700-4 do senador Fernando Collor, veículo que não deve circular com desembaraço pelas estradas do entorno de Bom Jardim, MA. Mesmo no asfalto de Brasília, DF, o Aventador é pura semostração de um cavalheiro que teve mulher, cunhados, sobrinhos e sogros da aristocracia de Canapi, AL, que já se chamou Cavalo Morto.
Nem pombajira dá jeito em Cavalo Morto. E pombajira, como sabe o leitor, na umbanda popular e na quimbanda é Exu-fêmea, enquanto na umbanda esotérica é cabeça de falange (subdivisão) da linha de Iemanjá.
24 a 30 de agosto de 2015
Celebridade – A compra do HSBC transformou o
sociólogo Luiz Carlos Trabuco Cappi numa celebridade ainda maior que Gisele
Bündchen, Chitãozinho & Xororó, Tarcísio Magalhães Sobrinho, que você
conhece como Tarcísio Meira, e Adriane Galisteu juntos. Numa única semana, o
mariliense de sobrenome original, 61 anos, foi entrevistado pelos maiores
jornais do país ocupando uma ou duas páginas inteiras, sem prejuízo das
demoradas entrevistas nas televisões.
Trabuco, no Houaiss, foi máquina de guerra com que se lançavam grandes pedras para abalar e destruir muralhas e torres, e hoje pode ser espingarda de um só cano, curto e de boca larga, bacamarte, revólver grande, cavalo de mau aspecto, mas firme e bom para trabalhar, como também pode ser grande charuto. E cappi, em italiano, significa lacetes, plural de pequenos laços, mas tem diversos outros significados.
Ao contrário do cavalo de mau aspecto, Trabuco é bem-apessoado. Conheci-o em São Paulo no almoço de aniversário de amigo comum, quando ele ainda era presidente da Bradesco Seguros, e constatei que é banqueiro original. Por quê? Ora, porque chora e declama poesias.
Cinquenta por cento dos convidados, terminado o almoço, estávamos num porre descomunal, antológico, de fazer história, quando acendi um trabuco, grande charuto, e fui fumar na sacada do salão de refeições para não incomodar a linda mulher de um imbecil, que era ministro da Educação.
Trabuco Cappi, sem charuto (quem fumava trabucos era o Márcio Cypriano, então presidente do Bradesco) associou-se a mim na sacada e começou a declamar chorando feito bezerro desmamado. A bem da verdade, diga-se que não falava de amor e se dirigia ao belo jardim interno do condomínio de luxo, onde morava nosso amigo.
Velho banqueiro, que conheci no Rio, certa feita me disse: “Eduardo, banqueiro tem olho de vidro”. Anotei a lição do profissional da agiotagem oficializada. Sim, porque conheci dezenas de onzenários, que agiotavam sem autorização do Estado, como também conheci dezenas de banqueiros de olhos de vidro, molas propulsoras do desenvolvimento nacional.
Declamar em prantos nunca foi característica de uns e outros, daí a originalidade do episódio Trabuco Cappi.
Trabuco, no Houaiss, foi máquina de guerra com que se lançavam grandes pedras para abalar e destruir muralhas e torres, e hoje pode ser espingarda de um só cano, curto e de boca larga, bacamarte, revólver grande, cavalo de mau aspecto, mas firme e bom para trabalhar, como também pode ser grande charuto. E cappi, em italiano, significa lacetes, plural de pequenos laços, mas tem diversos outros significados.
Ao contrário do cavalo de mau aspecto, Trabuco é bem-apessoado. Conheci-o em São Paulo no almoço de aniversário de amigo comum, quando ele ainda era presidente da Bradesco Seguros, e constatei que é banqueiro original. Por quê? Ora, porque chora e declama poesias.
Cinquenta por cento dos convidados, terminado o almoço, estávamos num porre descomunal, antológico, de fazer história, quando acendi um trabuco, grande charuto, e fui fumar na sacada do salão de refeições para não incomodar a linda mulher de um imbecil, que era ministro da Educação.
Trabuco Cappi, sem charuto (quem fumava trabucos era o Márcio Cypriano, então presidente do Bradesco) associou-se a mim na sacada e começou a declamar chorando feito bezerro desmamado. A bem da verdade, diga-se que não falava de amor e se dirigia ao belo jardim interno do condomínio de luxo, onde morava nosso amigo.
Velho banqueiro, que conheci no Rio, certa feita me disse: “Eduardo, banqueiro tem olho de vidro”. Anotei a lição do profissional da agiotagem oficializada. Sim, porque conheci dezenas de onzenários, que agiotavam sem autorização do Estado, como também conheci dezenas de banqueiros de olhos de vidro, molas propulsoras do desenvolvimento nacional.
Declamar em prantos nunca foi característica de uns e outros, daí a originalidade do episódio Trabuco Cappi.
Deficiência – Oligospermia e oligofrenia,
sabemos todos os que consultamos dicionários, são a secreção insuficiente de
esperma e a deficiência do desenvolvimento mental, congênita ou adquirida em
idade precoce, que abrange toda a personalidade, comprometendo sobretudo o
comportamento intelectual. Oligopólio é a situação de mercado em que poucas
empresas detêm o controle da maior parcela do mercado. E o negócio vai por aí
graças ao elemento de composição olig(o)- antepositivo, do grego olígos,ê,on 'pouco (em pequeno
número ou em quantidade insuficiente)'; ocorre já em vocábulos formados no
próprio grego, como oligocarpo (oligókarpos), oligarquia (oligarkhía),
oligorrhizo (oligórrizos), oligossarco (oligósarkos) e oligospermo
(oligóspermos), já em vários eruditismos do século XIX em diante, entre os
quais: oligacanto, oligandra, oligante, oligantera, oligantero, oliganto,
oligarrena, oligocéfalo, oligodendrócito, oligodendróglia, oligodinâmico,
oligoelemento, oligoemia, oligoêmico, oligofagia, oligófago, oligofarmácia,
oligófilo, oligofrenia, oligofrênico, oligomeria, oligoméride, oligômero,
oligonucleotídeo, oligossacárido, oligostêmone, oligótrico, oligotrofia,
oligozoospermia, oliguresia, oliguria, oligúrico.
Houaiss não anotou o quadro oligoinformático que tanto me aflige, deficiência para lidar com a ciência que se dedica ao tratamento da informação mediante o uso de computadores e demais dispositivos de processamento de dados.
Ainda ontem perdi um texto de 341 palavras sobre o presidente do Bradesco, de porre, chorando e declamando poesias, algo inimaginável na história universal dos estabelecimentos de crédito. Apertei uma tecla indevida e o texto sumiu do arquivo Rascunhos, onde capricho nestas bem traçadas.
Furioso é pouco para falar do meu estado. De vez em quando clico salvar nas coisas que vou escrevendo. Ainda assim o texto sumiu. Inconformado, continuei fuçando e o texto reapareceu não sei como. O fato é que reapareceu em condições de ser enviado para Marcia Lobo como acabo de fazer numa alegria que não tem mais tamanho.
Houaiss não anotou o quadro oligoinformático que tanto me aflige, deficiência para lidar com a ciência que se dedica ao tratamento da informação mediante o uso de computadores e demais dispositivos de processamento de dados.
Ainda ontem perdi um texto de 341 palavras sobre o presidente do Bradesco, de porre, chorando e declamando poesias, algo inimaginável na história universal dos estabelecimentos de crédito. Apertei uma tecla indevida e o texto sumiu do arquivo Rascunhos, onde capricho nestas bem traçadas.
Furioso é pouco para falar do meu estado. De vez em quando clico salvar nas coisas que vou escrevendo. Ainda assim o texto sumiu. Inconformado, continuei fuçando e o texto reapareceu não sei como. O fato é que reapareceu em condições de ser enviado para Marcia Lobo como acabo de fazer numa alegria que não tem mais tamanho.
Trabalho – Pelo fato de o verbo trabalhar
vir do latim tripalìum 'instrumento de tortura', muita gente leva a etimologia
a sério, entope as estradas nos feriadões e louva as férias de 30 dias,
esquecida de que trabalhar naquilo de que se gosta é das melhores coisas da
vida. Só perde para o sexo com a pessoa amada ou com a mulher dos outros,
sempre da melhor supimpitude.
Temos novidades no terreno laboral, como li num texto de Soraya Silveira Simões, professora da UFRJ e coordenadora do Observatório da Prostituição/Le Metro/IFCS-UFRJ: “Trabalho sexual não é crime”.
Trabalho sexual... homessa! Gigolôs, salvo engano, trabalham com o sexo na gigolotagem; caftens outrossim. Devem ser as molas propulsoras das economias de diversos países e de alguns muitos estados brasileiros.
Diz a coordenadora do Observatório da Prostituição/Le Metro/ que a proposta da Anistia Internacional em favor da descriminalização plena do trabalho sexual, às vésperas da Reunião Internacional do Conselho, está provocando uma série de reações e mobilizações em todo o mundo. E relaciona diversas associações de trabalhadoras e trabalhadores sexuais favoráveis ao documento, bem como centenas de organizações governamentais e não-governamentais voltadas para a promoção dos direitos humanos e da saúde.
Quer dizer: o leitor está preocupado com as crises política, hídrica, elétrica e econômica do Brasil, enquanto a Anistia Internacional quer descriminalizar a gigolotagem e a cafetinagem. Todas as vozes listadas se articulam na arena internacional a partir de uma lógica do reconhecimento dos principais agentes interessados nessa política – ou seja, pessoas adultas que compram serviços sexuais consensualmente – e o negócio vai por aí numa bagunça fácil de adivinhar.
Diz a coordenadora que a prostituição no Brasil é permitida aos maiores de 18 anos, mas os problemas causados pela criminalização das relações de trabalho nesse universo laboral colocam milhares de homens e mulheres à margem dos direitos garantidos a todo e qualquer trabalhador e expostos aos maiores arbítrios cometidos por agentes públicos e privados.
Por isso, conclui dona Soraya, defender a postura corajosa da Anistia Internacional em um cenário que parece começar a espetacularizar a vida de pessoas da ‘vida real’ torna-se urgente.
Ufa!, que cheguei até aqui perplexo com o espetaculoso texto sem entender absolutamente nada, salvo a nobreza e os elevados propósitos dos serviços laborais mantidos naquele mansão de Brasília – aquela do caseiro Francenildo – quando Palocci foi ministro do governo Lula da Silva.
Temos novidades no terreno laboral, como li num texto de Soraya Silveira Simões, professora da UFRJ e coordenadora do Observatório da Prostituição/Le Metro/IFCS-UFRJ: “Trabalho sexual não é crime”.
Trabalho sexual... homessa! Gigolôs, salvo engano, trabalham com o sexo na gigolotagem; caftens outrossim. Devem ser as molas propulsoras das economias de diversos países e de alguns muitos estados brasileiros.
Diz a coordenadora do Observatório da Prostituição/Le Metro/ que a proposta da Anistia Internacional em favor da descriminalização plena do trabalho sexual, às vésperas da Reunião Internacional do Conselho, está provocando uma série de reações e mobilizações em todo o mundo. E relaciona diversas associações de trabalhadoras e trabalhadores sexuais favoráveis ao documento, bem como centenas de organizações governamentais e não-governamentais voltadas para a promoção dos direitos humanos e da saúde.
Quer dizer: o leitor está preocupado com as crises política, hídrica, elétrica e econômica do Brasil, enquanto a Anistia Internacional quer descriminalizar a gigolotagem e a cafetinagem. Todas as vozes listadas se articulam na arena internacional a partir de uma lógica do reconhecimento dos principais agentes interessados nessa política – ou seja, pessoas adultas que compram serviços sexuais consensualmente – e o negócio vai por aí numa bagunça fácil de adivinhar.
Diz a coordenadora que a prostituição no Brasil é permitida aos maiores de 18 anos, mas os problemas causados pela criminalização das relações de trabalho nesse universo laboral colocam milhares de homens e mulheres à margem dos direitos garantidos a todo e qualquer trabalhador e expostos aos maiores arbítrios cometidos por agentes públicos e privados.
Por isso, conclui dona Soraya, defender a postura corajosa da Anistia Internacional em um cenário que parece começar a espetacularizar a vida de pessoas da ‘vida real’ torna-se urgente.
Ufa!, que cheguei até aqui perplexo com o espetaculoso texto sem entender absolutamente nada, salvo a nobreza e os elevados propósitos dos serviços laborais mantidos naquele mansão de Brasília – aquela do caseiro Francenildo – quando Palocci foi ministro do governo Lula da Silva.
Disforia – Estado caracterizado por
ansiedade, depressão e inquietude, do grego dysphoría 'sofrimento intolerável,
agitação extrema', o substantivo feminino disforia, rubrica psicopatologia,
entrou na moda midiática sempre que alguém trata da problemática sexual.
Domingo desses, descobri no televisor o canal E! no qual perdi boa hora de sono
assistindo a uma entrevista de Bruce Genner, três casamentos com mulheres, seis
filhos, ex-campeão olímpico de decatlon, conjunto de dez provas de atletismo
que tem por objetivo conhecer o decatleta, o atleta mais completo.
É prova mista em dez etapas realizadas em dois dias, cinco de cada vez, respectivamente: corrida de 100 m, salto em distância, lançamento de peso, salto em altura, corrida de 400 m, corrida de 110 m com barreiras, lançamento de disco, salto em altura com vara, lançamento de dardo e corrida de 1.500 m.
Pois muito bem: ao inteirar 65 anos, Bruce passou a chamar-se Caitlyn Jenner e fez por merecer do Google a seguinte descrição: “Caitlyn Jenner é uma atriz, modelo, socialite e ex-atleta e medalhista olímpica transexual norte-americana”.
Altura: 1,88m empatando com o autor destas bem traçadas, mas as semelhanças param por aí. Há cerca de 30 anos, Bruce tomou hormônios femininos durante cinco anos, antes de se casar com Kris Jenner de 1991 até 2015. Teve com ela dois filhos. Diz que gosta de transar com mulheres e é virgem de relacionamentos com homens, o que levou a entrevistadora a perguntar: “Você é lésbica?”.
Este foi somente um caso, dos mais famosos, de sexualidades estranhas. Hoje, sempre que os jornais publicam fotos de duas mulheres com a legenda “as amigas Fulana e Beltrana” o leitor fica sem saber se as duas formam um casal. O mesmo acontece quando os fotografados são dois homens.
Por seu admirável preparo físico, Bruce/Caitlyn deve continuar indo ao leito com regularidade. No princípio de agosto disse que “continua gostando de garotas”. Resta saber se vai mudar de opinião, assunto que não me diz respeito, mas que é estranho, é.
Os gregos tinham anômalos,os,on, significando desigual, maldisposto, desequilibrado, mal-arranjado, que resultou em nosso adjetivo anômalo. Em matéria de anomalia, a sexualidade de Bruce/Caitlyn vale por uma dúzia de decatlons olímpicos.
É prova mista em dez etapas realizadas em dois dias, cinco de cada vez, respectivamente: corrida de 100 m, salto em distância, lançamento de peso, salto em altura, corrida de 400 m, corrida de 110 m com barreiras, lançamento de disco, salto em altura com vara, lançamento de dardo e corrida de 1.500 m.
Pois muito bem: ao inteirar 65 anos, Bruce passou a chamar-se Caitlyn Jenner e fez por merecer do Google a seguinte descrição: “Caitlyn Jenner é uma atriz, modelo, socialite e ex-atleta e medalhista olímpica transexual norte-americana”.
Altura: 1,88m empatando com o autor destas bem traçadas, mas as semelhanças param por aí. Há cerca de 30 anos, Bruce tomou hormônios femininos durante cinco anos, antes de se casar com Kris Jenner de 1991 até 2015. Teve com ela dois filhos. Diz que gosta de transar com mulheres e é virgem de relacionamentos com homens, o que levou a entrevistadora a perguntar: “Você é lésbica?”.
Este foi somente um caso, dos mais famosos, de sexualidades estranhas. Hoje, sempre que os jornais publicam fotos de duas mulheres com a legenda “as amigas Fulana e Beltrana” o leitor fica sem saber se as duas formam um casal. O mesmo acontece quando os fotografados são dois homens.
Por seu admirável preparo físico, Bruce/Caitlyn deve continuar indo ao leito com regularidade. No princípio de agosto disse que “continua gostando de garotas”. Resta saber se vai mudar de opinião, assunto que não me diz respeito, mas que é estranho, é.
Os gregos tinham anômalos,os,on, significando desigual, maldisposto, desequilibrado, mal-arranjado, que resultou em nosso adjetivo anômalo. Em matéria de anomalia, a sexualidade de Bruce/Caitlyn vale por uma dúzia de decatlons olímpicos.
Traficantes – Quem tem Fu tem medo, pensavam
os moradores do Rio depois que o senhor Ricardo Chaves de Castro Lima, o Fu da
Mineira, condenado a mais de 80 cadeia, foi solto para visitar a família pelo
Dia das Mães, ou pelo Dia dos Pais, ou pela Páscoa, ou pelo Natal, e não voltou
para a penitenciária de segurança máxima (sic).
Junto com ele havia fugido Cláudio José de Souza Fontarigo, o Claudinho da Mineira, seu primo, condenado a mais de 50 anos de cadeia, solto por um juiz que é obrigado a observar leis idiotas votadas por legisladores idiotas num país riquíssimo em idiotias.
Fu, Claudinho e mais quatro bandidos foram presos em agosto numa casa modestíssima, em que dormiam no chão sobre trapos, fortemente armados, eles que eram considerados “os traficantes mais importantes do Rio”, rivais de um certo Playboy, que havia sido morto num confronto com a polícia dois dias antes.
Presume-se, ou pelo menos presumo, que o sujeito não trafique maconha, crack, cocaína, heroína pelo prazer de agradar aos drogados. Trafica e corre riscos para ganhar dinheiro. Cabem as perguntas: ganhar dinheiro para dormir naquela casa, no chão e na companhia de outros bandidos? Para viver fugindo da polícia? E o nosso belo ministro Mello, do Supremo, fala que a ressocialização dos presos não tem funcionado, sem explicar como seria possível ressocializar quem nunca foi socializado.
Traficantes colombianos e mexicanos vivem ou viviam como príncipes: mansões, mulheres bonitas, empregados domésticos, guardas, aviões, helicópteros, subornos. Traficante mineiro no Rio vive miseravelmente, prova de que além de bandido é burro. Aliás, o senhor Fu da Mineira tem o focinho torto fazendo justiça à interjeição fu, que exprime enfado, desprezo, nojo por alguém ou algo.
Junto com ele havia fugido Cláudio José de Souza Fontarigo, o Claudinho da Mineira, seu primo, condenado a mais de 50 anos de cadeia, solto por um juiz que é obrigado a observar leis idiotas votadas por legisladores idiotas num país riquíssimo em idiotias.
Fu, Claudinho e mais quatro bandidos foram presos em agosto numa casa modestíssima, em que dormiam no chão sobre trapos, fortemente armados, eles que eram considerados “os traficantes mais importantes do Rio”, rivais de um certo Playboy, que havia sido morto num confronto com a polícia dois dias antes.
Presume-se, ou pelo menos presumo, que o sujeito não trafique maconha, crack, cocaína, heroína pelo prazer de agradar aos drogados. Trafica e corre riscos para ganhar dinheiro. Cabem as perguntas: ganhar dinheiro para dormir naquela casa, no chão e na companhia de outros bandidos? Para viver fugindo da polícia? E o nosso belo ministro Mello, do Supremo, fala que a ressocialização dos presos não tem funcionado, sem explicar como seria possível ressocializar quem nunca foi socializado.
Traficantes colombianos e mexicanos vivem ou viviam como príncipes: mansões, mulheres bonitas, empregados domésticos, guardas, aviões, helicópteros, subornos. Traficante mineiro no Rio vive miseravelmente, prova de que além de bandido é burro. Aliás, o senhor Fu da Mineira tem o focinho torto fazendo justiça à interjeição fu, que exprime enfado, desprezo, nojo por alguém ou algo.
Revisão – É sabido que o autor é o pior revisor dos seus
textos. Lembrando-se da frase que escreveu, lê as primeiras palavras e
“entende” o resto, deixando passar cada erro que vou te contar. Algo lhe diz
que há alguma coisa esquisita na frase, coisa que ele só vai descobrir se
deixar para rever o texto dias depois. Num dos meus livros deixei passar “por
cada escravo”, porcada que me dói até hoje porque tenho bom ouvido. Não escrevo
“parece ser” de jeito e maneira, parequema que parece ser o preferido de nove
entre dez escribas.
Antes dos computadores, os textos de Guimarães Rosa nos chegavam ao Globo em laudas datilografadas. O Itamaraty era próximo do jornal e o genial cordisburguense mandava um boy levar seu escrito. Linotipado, impresso e conferido, o texto voltava ao Rosa para ser aprovado.
No mesmo dia ou na manhã seguinte recebíamos a prova inteiramente modificada pelo autor. Nova passagem pelo linotipista, outra prova impressa e conferida, o boy de volta ao Itamaraty para aprovação do autor. Resultado: prova de volta ao jornal toda mexida pelo filho de Florduardo Pinto Rosa, nome admirável. Não bastasse o Florduardo havia um Pinto Rosa em adimplência, em condições de adimplir, de executar o que as senhoras sérias esperam dos pintos de qualquer cor, sem olvidar os róseos.
As idas e voltas dos boys de ônibus, sem motocicletas, durariam semanas ou meses, se um dos irmãos do doutor Roberto não dissesse: “Publica assim mesmo”. Dia seguinte tínhamos o texto do João publicado no jornal.
João... Foi assim que o conheci, já embaixador, na fazenda de amigos comuns onde passávamos um feriadão, muita gente hospedada na sede, o embaixador hospedado numa casa de colono caiada e varrida, água encanada, à beira da Rio-Bahia, a um quilômetro da sede.
Contado, ninguém acredita: um gênio caminhando pela estrada para passar o dia e tomar as refeições na sede da fazenda. Naquele trecho a estrada já era asfaltada, pavimentação que terminava pouco adiante em Além Paraíba, MG.
O embaixador viajou escoteiro. Era namorador. Não digo que fosse garanhão insaciável, mas arrastava o charme rosiano para senhoras sozinhas, inclusivamente para a desquitada de um embaixador seu colega.
Ninguém me contou. Adolescente, passei o feriadão na tal fazenda. A embaixatriz desquitada era da pá-virada. Algum tempo depois encantou-se com os meus 19 aninhos: tempus fugit. Pois é, o tempo voa.
Antes dos computadores, os textos de Guimarães Rosa nos chegavam ao Globo em laudas datilografadas. O Itamaraty era próximo do jornal e o genial cordisburguense mandava um boy levar seu escrito. Linotipado, impresso e conferido, o texto voltava ao Rosa para ser aprovado.
No mesmo dia ou na manhã seguinte recebíamos a prova inteiramente modificada pelo autor. Nova passagem pelo linotipista, outra prova impressa e conferida, o boy de volta ao Itamaraty para aprovação do autor. Resultado: prova de volta ao jornal toda mexida pelo filho de Florduardo Pinto Rosa, nome admirável. Não bastasse o Florduardo havia um Pinto Rosa em adimplência, em condições de adimplir, de executar o que as senhoras sérias esperam dos pintos de qualquer cor, sem olvidar os róseos.
As idas e voltas dos boys de ônibus, sem motocicletas, durariam semanas ou meses, se um dos irmãos do doutor Roberto não dissesse: “Publica assim mesmo”. Dia seguinte tínhamos o texto do João publicado no jornal.
João... Foi assim que o conheci, já embaixador, na fazenda de amigos comuns onde passávamos um feriadão, muita gente hospedada na sede, o embaixador hospedado numa casa de colono caiada e varrida, água encanada, à beira da Rio-Bahia, a um quilômetro da sede.
Contado, ninguém acredita: um gênio caminhando pela estrada para passar o dia e tomar as refeições na sede da fazenda. Naquele trecho a estrada já era asfaltada, pavimentação que terminava pouco adiante em Além Paraíba, MG.
O embaixador viajou escoteiro. Era namorador. Não digo que fosse garanhão insaciável, mas arrastava o charme rosiano para senhoras sozinhas, inclusivamente para a desquitada de um embaixador seu colega.
Ninguém me contou. Adolescente, passei o feriadão na tal fazenda. A embaixatriz desquitada era da pá-virada. Algum tempo depois encantou-se com os meus 19 aninhos: tempus fugit. Pois é, o tempo voa.
Eleições – Antes de embarcar com entusiasmo na
candidatura da senhora Hillary Diane Rodham Clinton, penso que o eleitor
norte-americano deve estudar os governos exercidos nas Américas pelas senhoras
Maria Eva Duarte de Perón, Maria Estela Martínez, conhecida como Isabelita
Perón, Verónica Michelle Bachelet Jeria, Cristina Elisabet Fernández de
Kirchner e Dilma Vana Rousseff.
Cobertura – Não me lembro de ter visto nem
lido na mídia, noticiando as manifestações dos dias 16 e 20 de agosto, um só
comentário sobre os seguintes fatos. Nas manifestações do dia 16, 98% dos
manifestantes compareceram por vontade própria. Só os técnicos dos carros de
som e os fabricantes de bonecos infláveis receberam por seu trabalho.
Nas manifestações pró-ladroeira petista, todos foram uniformizados, transportados, alimentados e pagos pelos gatunos empoleirados em Brasília. Portanto, com o nosso dinheiro. E tem mais uma coisa: as manifestações do dia 16 levaram vinte ou trinta vezes mais gente às ruas do país inteiro. Os vídeos e as fotos não mentem.
Nas manifestações pró-ladroeira petista, todos foram uniformizados, transportados, alimentados e pagos pelos gatunos empoleirados em Brasília. Portanto, com o nosso dinheiro. E tem mais uma coisa: as manifestações do dia 16 levaram vinte ou trinta vezes mais gente às ruas do país inteiro. Os vídeos e as fotos não mentem.
Ruminanças – “Edinho Silva, Édison Lobão, Marcola, Humberto Costa, José Guimarães, José Dirceu, Fernandinho Beira-Mar, Lula da Silva, Fu da Mineira, Fernando Collor – ganha um doce quem escolher o pior” (R. Manso Neto).
17 a 23 de agosto de 2015
Jornalismo? – Invejoso dos
processos que correm em segredo de Justiça, certo jornalismo vem de inventar a
notícia secreta, que conta o milagre omitindo o nome do santo.
Peço ao leitor de Marcia Lobo que veja esta manchete: “Risco de saúde pública. Força-tarefa interdita 20 bares por falta de higiene. Fiscalização conjunta do MP, da Vigilância Sanitária e do Procon encontra ratos, baratas e alimentos estragados em estabelecimentos da área central. Página 3”.
Aí, o leitor vai à página 3 e não encontra o nome de um único dos 20 bares interditados na área central de uma cidade de 600 mil habitantes.
Tem sido assim, também, com as notícias dos crimes: “Um homem de 40 anos foi preso ontem depois de atirar num jovem de 18 no bairro Grajaú”. Você fica sem saber os nomes do atirador, do jovem e se o tiro foi mortal. No máximo, é informado de que o estado da vítima é “estável”, adjetivo que tem uma porção de significados. Vale notar que, omitindo os nomes dos estabelecimentos interditados, o jornal prejudica todos os bares da área central da cidade.
Mas, porém, todavia, contudo, apesar dos segundos, um a um, que a ciência de tempos em tempos acrescenta às 24 horas do dia, há sempre um dia depois do outro. No dia seguinte ao da manchete que transcrevi acima, o mesmo jornal deu suíte: “Legalmente, nomes deveriam ser públicos”. Com o seguinte bigode: “OAB diz que é direito do consumidor saber quais locais foram interditados”. Acompanhei o noticiário mais três ou quatro dias e até hoje não sei os nomes dos bares fechados.
Peço ao leitor de Marcia Lobo que veja esta manchete: “Risco de saúde pública. Força-tarefa interdita 20 bares por falta de higiene. Fiscalização conjunta do MP, da Vigilância Sanitária e do Procon encontra ratos, baratas e alimentos estragados em estabelecimentos da área central. Página 3”.
Aí, o leitor vai à página 3 e não encontra o nome de um único dos 20 bares interditados na área central de uma cidade de 600 mil habitantes.
Tem sido assim, também, com as notícias dos crimes: “Um homem de 40 anos foi preso ontem depois de atirar num jovem de 18 no bairro Grajaú”. Você fica sem saber os nomes do atirador, do jovem e se o tiro foi mortal. No máximo, é informado de que o estado da vítima é “estável”, adjetivo que tem uma porção de significados. Vale notar que, omitindo os nomes dos estabelecimentos interditados, o jornal prejudica todos os bares da área central da cidade.
Mas, porém, todavia, contudo, apesar dos segundos, um a um, que a ciência de tempos em tempos acrescenta às 24 horas do dia, há sempre um dia depois do outro. No dia seguinte ao da manchete que transcrevi acima, o mesmo jornal deu suíte: “Legalmente, nomes deveriam ser públicos”. Com o seguinte bigode: “OAB diz que é direito do consumidor saber quais locais foram interditados”. Acompanhei o noticiário mais três ou quatro dias e até hoje não sei os nomes dos bares fechados.
Pátria educadora – Todo brasileiro
palpita sobre futebol e educação. Nosso futebol tem sido isto que se vê e a
educação não vai lá das pernas: basta comparar o Brasil com os outros países.
Se não me falha a memória, ocupamos o 88º lugar no ranking da UNESCO.
Entre os brasileiros que entendem do assunto não tenho visto nenhum que aborde um problema basilar de nossas universidades públicas estaduais ou federais. Quase todas se queixam da falta de verbas e continuam permitindo que muitos alunos, filhos de famílias ricas, continuem estudando de graça. Educação gratuita para o aluno que chega ao campus dirigindo seu carro último tipo. Na Federal de Juiz de Fora o café da manhã custa 50 centavos e o almoço R$ 1,40.
Família de classe média alta pelos padrões daquele tempo, cursei faculdade de Direito sem pagar um tostão e tinha, desde os 18 anos, um puta salário numa sociedade de economia mista.
Fui um entre centenas de milhares de casos, que talvez se contem por milhões ao longo dos últimos 50 anos. Absurdo que continua existindo, o que me permite recomendar: além das diversas cotas inventadas recentemente é justo que exijamos a cota dos que podem e devem pagar. São milhares no Brasil inteiro. Não tem cabimento que continuem a estudar de graça.
Entre os brasileiros que entendem do assunto não tenho visto nenhum que aborde um problema basilar de nossas universidades públicas estaduais ou federais. Quase todas se queixam da falta de verbas e continuam permitindo que muitos alunos, filhos de famílias ricas, continuem estudando de graça. Educação gratuita para o aluno que chega ao campus dirigindo seu carro último tipo. Na Federal de Juiz de Fora o café da manhã custa 50 centavos e o almoço R$ 1,40.
Família de classe média alta pelos padrões daquele tempo, cursei faculdade de Direito sem pagar um tostão e tinha, desde os 18 anos, um puta salário numa sociedade de economia mista.
Fui um entre centenas de milhares de casos, que talvez se contem por milhões ao longo dos últimos 50 anos. Absurdo que continua existindo, o que me permite recomendar: além das diversas cotas inventadas recentemente é justo que exijamos a cota dos que podem e devem pagar. São milhares no Brasil inteiro. Não tem cabimento que continuem a estudar de graça.
Palavras – Num texto de José
Eduardo Agualusa, nascido em Huambo, Angola, no ano de 1960, encontro o
substantivo concúbito, em nosso idioma desde 1672, latim concubìtus,us de mesmo significado: união carnal,
cópula, coito.
Até aí, tudo bem, não fosse a esplendorosa ignorância que me impôs consulta ao dicionário para aprender o significado de concúbito. Aproveitei a pesquisa para ver na Wikipédia que a maioria da população de Huambo é de origem ovimbundo, que Wambo Kalunga fundou o reino de Wambo, que o Morro Moco tem mais de dois mil metros de altitude com muitos rios e riachos que descem para o litoral e países vizinhos.
José Eduardo Agualusa Alves da Cunha é branco, presumivelmente de família de colonizadores portugueses, muitos dos quais curtiam o concúbito com as ovimbundas num quadro que a Medicina Legal de antanho chamava de cromo-inversão sexual. Cromo, sabemos todos, vem do grego khrôma,atos 'cor' e um personagem do Eça já dizia: “Em a gente se acostumando, não se quer senão daquilo... A preta é uma grande mulher”.
Até aí, tudo bem, não fosse a esplendorosa ignorância que me impôs consulta ao dicionário para aprender o significado de concúbito. Aproveitei a pesquisa para ver na Wikipédia que a maioria da população de Huambo é de origem ovimbundo, que Wambo Kalunga fundou o reino de Wambo, que o Morro Moco tem mais de dois mil metros de altitude com muitos rios e riachos que descem para o litoral e países vizinhos.
José Eduardo Agualusa Alves da Cunha é branco, presumivelmente de família de colonizadores portugueses, muitos dos quais curtiam o concúbito com as ovimbundas num quadro que a Medicina Legal de antanho chamava de cromo-inversão sexual. Cromo, sabemos todos, vem do grego khrôma,atos 'cor' e um personagem do Eça já dizia: “Em a gente se acostumando, não se quer senão daquilo... A preta é uma grande mulher”.
Halputta – Se você sabe que halputta ou hulputta é jacaré, que alattchumpah é vivo e omulka é todos ou tudo, parabéns: o ilustrado
leitor de Marcia Lobo vai adiantado no vocabulário dos seminoles, índios que
ocupavam a região onde hoje fica a cidade de Orlando, na Flórida, que recebe 55
milhões de turistas/ano, contra 6 milhões do Brasil inteiro. É mole?
Na Primeira Guerra dos Seminoles, em 1836, o soldado Orlando Reeves foi morto e enterrado junto a uma árvore, na qual escreveram seu nome, daí o nome da cidade que, em 1890, tinha 2.896 habitantes, reduzidos para 2.841 em 1900, saltando para 80.000 quando passei por lá em 1956 e hoje tem cerca de 240.000. Sua área metropolitana passa de dois milhões de habitantes. O turismo emprega 230 mil pessoas na região, que tem 100 mil quartos de hotéis e 26 mil casas para alugar.
Clima subtropical quente e úmido, no verão os termômetros podem atingir 45ºC e no inverno podem chegar aos 5ºC. E o leitor tem o direito de perguntar por que, diabo, estou falando de Orlando, cidade incorporada em 1875, 25 anos depois da Terceira Guerra dos Seminoles, que, como vimos, chamam jacaré dehulputta.
Acontece que em Orlando há uma loja sueca de móveis decorada, sabe o leitor com quê? Se não sabia, fique sabendo: com livros de João Ubaldo Ribeiro em diversos idiomas. É ou não é de cabo de esquadra?
Na Primeira Guerra dos Seminoles, em 1836, o soldado Orlando Reeves foi morto e enterrado junto a uma árvore, na qual escreveram seu nome, daí o nome da cidade que, em 1890, tinha 2.896 habitantes, reduzidos para 2.841 em 1900, saltando para 80.000 quando passei por lá em 1956 e hoje tem cerca de 240.000. Sua área metropolitana passa de dois milhões de habitantes. O turismo emprega 230 mil pessoas na região, que tem 100 mil quartos de hotéis e 26 mil casas para alugar.
Clima subtropical quente e úmido, no verão os termômetros podem atingir 45ºC e no inverno podem chegar aos 5ºC. E o leitor tem o direito de perguntar por que, diabo, estou falando de Orlando, cidade incorporada em 1875, 25 anos depois da Terceira Guerra dos Seminoles, que, como vimos, chamam jacaré dehulputta.
Acontece que em Orlando há uma loja sueca de móveis decorada, sabe o leitor com quê? Se não sabia, fique sabendo: com livros de João Ubaldo Ribeiro em diversos idiomas. É ou não é de cabo de esquadra?
Coautoria – Na aceleração do
processo de extinção dos jornais impressos não se pode omitir a figura do
coautor, que ocupa cargos importantes nas redações.
Gente que ainda não entendeu o óbvio: não faz sentido noticiar um fato conhecido desde a véspera. O leitor já soube pela tevê, pela internet, pelo celular. Dir-se-á que há 50 anos o leitor de jornais sabia pelas rádios e pelas tevês, mas as fotos, os mapas, as listas, as comparações, os números, as tabelas não cabem nas telinhas ou nas rádios, hoje veículos ideais para assaltar bocós através dos pastores.
Jornal impresso pede opiniões, até para que o leitor possa discordar dos opinantes. Pede cronistas com os quais muitos leitores se identificam, afeição que pode chegar ao amor platônico, sempre que possível entre pessoas de sexos diferentes. Jornal impresso permite que o assinante evite a leitura dos textos escritos por pessoas com as quais não concorda. Assino quatro jornais e não leio uma porção de gente, porque já sei que, pela minha óptica, só escrevem asneiras.
Que fizeram os “gênios” que dirigem a maioria dos jornais impressos? Acabaram com os cronistas ou inventaram “cronistas” cujos textos, tentando ser originais, se distinguem da bosta pela falta de odor.
Sei que Bragas, Ubaldos e Sabinos já não abundam como abunda a pita, grande erva rosulada da família das agaváceas. Daí a contratar uma cantora, ou duas, ou três, que não têm nada para contar, é uma besteira que não atrai nem conserva os leitores. Equivale a contratar um Affonso Romano, uma Cora Rónai, para cantar num show sertanejo.
Impende notar que na Ilha de Lesbos os jornais são editados numa língua de origem indo-europeia falada pelo povo grego na Grécia e em Chipre.
Gente que ainda não entendeu o óbvio: não faz sentido noticiar um fato conhecido desde a véspera. O leitor já soube pela tevê, pela internet, pelo celular. Dir-se-á que há 50 anos o leitor de jornais sabia pelas rádios e pelas tevês, mas as fotos, os mapas, as listas, as comparações, os números, as tabelas não cabem nas telinhas ou nas rádios, hoje veículos ideais para assaltar bocós através dos pastores.
Jornal impresso pede opiniões, até para que o leitor possa discordar dos opinantes. Pede cronistas com os quais muitos leitores se identificam, afeição que pode chegar ao amor platônico, sempre que possível entre pessoas de sexos diferentes. Jornal impresso permite que o assinante evite a leitura dos textos escritos por pessoas com as quais não concorda. Assino quatro jornais e não leio uma porção de gente, porque já sei que, pela minha óptica, só escrevem asneiras.
Que fizeram os “gênios” que dirigem a maioria dos jornais impressos? Acabaram com os cronistas ou inventaram “cronistas” cujos textos, tentando ser originais, se distinguem da bosta pela falta de odor.
Sei que Bragas, Ubaldos e Sabinos já não abundam como abunda a pita, grande erva rosulada da família das agaváceas. Daí a contratar uma cantora, ou duas, ou três, que não têm nada para contar, é uma besteira que não atrai nem conserva os leitores. Equivale a contratar um Affonso Romano, uma Cora Rónai, para cantar num show sertanejo.
Impende notar que na Ilha de Lesbos os jornais são editados numa língua de origem indo-europeia falada pelo povo grego na Grécia e em Chipre.
Nihil novi – Baseado no Google,
informo ao caro e preclaro leitor que a expressão Nihil novi sub sole está no Eclesiastes (I. 10) e
significa “Nada de novo sob o Sol”.
Assim também com as reações do pessoal dos táxis contra a UBER, parecidíssima com as reações que acompanhei no Rio de muito antigamente. Os táxis eram todos pretos, geralmente Chevrolet, e o taxímetro Capelinha ficava do lado direito do painel com a indicação Livre se estavam desocupados. O tipo do negócio difícil de ver durante o dia e impossível à noite. Motoristas geralmente portugueses.
Então, um deles teve a ideia de botar uma luz iluminando a bandeirinha Livre para que fosse visível à noite. Sabe você o que os colegas fizeram com o inventor da luzinha? Apedrejaram seu táxi. E todos botaram luzinhas depois de alguns dias.
Mais tarde, outro novidadeiro adotou o bigorrilho, nome daquele negócio de plástico posto sobre a capota do carro, que, aceso, indica táxi livre. Foi agredido pelos colegas e teve seu carro quebrado a pauladas. Pouco tempo depois, todos tinham bigorrilhos nas capotas dos seus carros.
Não sei como vão se ajeitar com a UBER, mas já surgiram na praça diversos aplicativos, tipo easytaxi, waytaxi, para chamar os táxis normais. Vivemos a era dos aplicativos e o imbecil que lhe fala ainda não aprendeu a mexer com o smartphone adquirido há meses. Meu idoso Nokia não aceita aplicativos, nem posta bosta nenhuma.
O mundo inteiro deu para postar. Até aquele maluco de 16 anos, que matou um colega da mesma idade, não se esqueceu de postar sua foto nas redes sociais ao lado do defunto. Foi preso, mas postou.
Assisti a um programa televisivo do jornalista Jorge Pontual (Jorge Alexandre Faure Pontual, Belo Horizonte, 4 de novembro de 1948) entrevistando professor universitário nos Estados Unidos sobre “redes sociais”.
Aprendi uma porção de coisas. Uma delas é o risco de transmissão dos resfriados através das redes sociais. Um dos membros, que você não conhece, nunca viu e não faz parte de sua rede social, fica gripado e passa o vírus para um conhecido, que transmite para outro e o vírus vem sendo passado de mão em mão até chegar a um sujeito, ou uma sujeita, de sua rede social, que se encontra com você e bumba: é resfriado na certa, não porque se abracem ou se beijem, mas porque se cumprimentam com o maldito shake hands. Brasileiro não dispensa o shake hands.
Franceses se beijam no rosto. Não sei qual é o risco de transmissão do vírus através dos beijos no rosto, mas através do aperto de mão é quase certo, porque você acaba levando sua mão ao rosto, a não ser que se lave de cinco em cinco minutos.
Fumante de charutos, sempre beijei as mãos das senhoras que me são apresentadas para evitar que sintam o cheiro do tabaco enrolado na Bahia ou em Cuba. Em BH, não raras vezes ouvi: “Que bonitinho! Ele beija a mão...”
A explicação para esta febre das chamadas redes sociais nos chegou através de Umberto Eco: “A mídia social dá voz a uma legião de imbecis, que antes falava apenas no bar depois de beber uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade”.
E conclui dizendo que a legião de imbecis tem hoje o mesmo direito de palavra que um Prêmio Nobel: “É a invasão dos imbecis /.../ o drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade”.
Assim também com as reações do pessoal dos táxis contra a UBER, parecidíssima com as reações que acompanhei no Rio de muito antigamente. Os táxis eram todos pretos, geralmente Chevrolet, e o taxímetro Capelinha ficava do lado direito do painel com a indicação Livre se estavam desocupados. O tipo do negócio difícil de ver durante o dia e impossível à noite. Motoristas geralmente portugueses.
Então, um deles teve a ideia de botar uma luz iluminando a bandeirinha Livre para que fosse visível à noite. Sabe você o que os colegas fizeram com o inventor da luzinha? Apedrejaram seu táxi. E todos botaram luzinhas depois de alguns dias.
Mais tarde, outro novidadeiro adotou o bigorrilho, nome daquele negócio de plástico posto sobre a capota do carro, que, aceso, indica táxi livre. Foi agredido pelos colegas e teve seu carro quebrado a pauladas. Pouco tempo depois, todos tinham bigorrilhos nas capotas dos seus carros.
Não sei como vão se ajeitar com a UBER, mas já surgiram na praça diversos aplicativos, tipo easytaxi, waytaxi, para chamar os táxis normais. Vivemos a era dos aplicativos e o imbecil que lhe fala ainda não aprendeu a mexer com o smartphone adquirido há meses. Meu idoso Nokia não aceita aplicativos, nem posta bosta nenhuma.
O mundo inteiro deu para postar. Até aquele maluco de 16 anos, que matou um colega da mesma idade, não se esqueceu de postar sua foto nas redes sociais ao lado do defunto. Foi preso, mas postou.
Assisti a um programa televisivo do jornalista Jorge Pontual (Jorge Alexandre Faure Pontual, Belo Horizonte, 4 de novembro de 1948) entrevistando professor universitário nos Estados Unidos sobre “redes sociais”.
Aprendi uma porção de coisas. Uma delas é o risco de transmissão dos resfriados através das redes sociais. Um dos membros, que você não conhece, nunca viu e não faz parte de sua rede social, fica gripado e passa o vírus para um conhecido, que transmite para outro e o vírus vem sendo passado de mão em mão até chegar a um sujeito, ou uma sujeita, de sua rede social, que se encontra com você e bumba: é resfriado na certa, não porque se abracem ou se beijem, mas porque se cumprimentam com o maldito shake hands. Brasileiro não dispensa o shake hands.
Franceses se beijam no rosto. Não sei qual é o risco de transmissão do vírus através dos beijos no rosto, mas através do aperto de mão é quase certo, porque você acaba levando sua mão ao rosto, a não ser que se lave de cinco em cinco minutos.
Fumante de charutos, sempre beijei as mãos das senhoras que me são apresentadas para evitar que sintam o cheiro do tabaco enrolado na Bahia ou em Cuba. Em BH, não raras vezes ouvi: “Que bonitinho! Ele beija a mão...”
A explicação para esta febre das chamadas redes sociais nos chegou através de Umberto Eco: “A mídia social dá voz a uma legião de imbecis, que antes falava apenas no bar depois de beber uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade”.
E conclui dizendo que a legião de imbecis tem hoje o mesmo direito de palavra que um Prêmio Nobel: “É a invasão dos imbecis /.../ o drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade”.
Honesta? – De vez em quando vejo
nos jornais alguém dizendo que dona Dilma é honrada, é honesta. Discordo e vou
explicar por quê.
Desonesto não é somente aquele que furta, rouba ou se organiza em quadrilha. Não é somente aquele que achaca a Petrobras, a Eletrobrás, que subtrai coisa móvel pertencente a outrem, com ou sem violência, que se organiza em quadrilha ou o estelionatário e o ladrãozinho de celulares.
A honestidade é atributo daquele que apresenta probidade, honradez, segundo preceitos morais socialmente válidos. Exercer o cargo de ministra da Casa Civil, a presidência do Conselho de Administração da Petrobras, a presidência da República e não ver nada de “errado” em seus subordinados é, sim, uma desonestidade.
Exercer um cargo eletivo sem ter competência é, também, uma desonestidade. Afundar um país do jeito que dona Dilma afundou é a prova perfeita e acabada de sua desonestidade.
Honestidade é decência, é ser irrepreensível, e Dilma das Erenices, dos Mantegas e de tantos outros apaniguados nunca foi irrepreensível. Cada um dos reais que embolsou como salário no exercício de cargos para os quais não tem competência é dinheiro sujo. Não é possível que não tenha desconfiado, que não soubesse da ladroeira dos seus subordinados. Portanto, é desonesta.
Desonesto não é somente aquele que furta, rouba ou se organiza em quadrilha. Não é somente aquele que achaca a Petrobras, a Eletrobrás, que subtrai coisa móvel pertencente a outrem, com ou sem violência, que se organiza em quadrilha ou o estelionatário e o ladrãozinho de celulares.
A honestidade é atributo daquele que apresenta probidade, honradez, segundo preceitos morais socialmente válidos. Exercer o cargo de ministra da Casa Civil, a presidência do Conselho de Administração da Petrobras, a presidência da República e não ver nada de “errado” em seus subordinados é, sim, uma desonestidade.
Exercer um cargo eletivo sem ter competência é, também, uma desonestidade. Afundar um país do jeito que dona Dilma afundou é a prova perfeita e acabada de sua desonestidade.
Honestidade é decência, é ser irrepreensível, e Dilma das Erenices, dos Mantegas e de tantos outros apaniguados nunca foi irrepreensível. Cada um dos reais que embolsou como salário no exercício de cargos para os quais não tem competência é dinheiro sujo. Não é possível que não tenha desconfiado, que não soubesse da ladroeira dos seus subordinados. Portanto, é desonesta.
Bicicleteiros – Ciclismo profissional é esporte exaustivo e oTour de France é a prova mais difícil e importante do
mundo. Os 180 ciclistas que disputam a Volta da França terminam cada etapa em
pandarecos e seu cansaço físico contamina os narradores do canal ESPN, tanto
assim que uma comentarista, agora em julho, disse que determinado bicicletista
estava evoluando na prova. Fiquei sem saber se o evoluar do atleta permitiu-lhe algum prêmio no
final da prova.
10 a 16 de agosto de 2015
Venatórias – Homem caçador e
cavalo tropicador caçará e tropicará sempre, reza a velha sabedoria mineira.
Cavalo que tropica é o diabo e caçador é difícil de segurar. Cinegética – a arte da caça, hoje
especialmente com ajuda de cães, substantivo feminino na rubrica arte venatória
– é tão antiga quanto a
espécie humana, que caçava para se alimentar.
Presumo que ninguém saiba, como também não sei, o significado de venatória. Vou ao dicionário para aprender que é composição poética cujos personagens são caçadores. Aproveitando a consulta, aprendo que venatório é relativo à caça e seu universo.
Nariz de cera de 93 palavras para tratar da caça de um leão no Zimbábue por um dentista norte-americano, rico e maluco, que pagou 50 mil dólares para se aborrecer pelo resto da vida. Antes, cuidemos do Zimbábue, país de 390 mil km2, que já foi “o celeiro da África”, mas se chamava Rodésia, tinha agricultura e pecuária de primeiro mundo sob domínio dos ingleses.
A partir de 1980 tornou-se independente e teve a desventura, muito comum naquele continente, de ser conduzido pelo doutor Robert Gabriel Mugabe, no início como primeiro-ministro e desde 1986 como presidente.
Zimbabuano nascido em 1924, Robert Gabriel foi casado com Sally Hayfron (de 1961 a 1992) e tem como cônjuge, desde 1996, Grace Mugabe. É pai de Bona, Chatunga Bellamine, Robert Peter e Michael Nhamodzenyka Mugabe. Grace Mugabe é sul-africana bonita e tem 50 aninhos.
Presidente mais antigo do mundo ainda no poder, Robert G. Mugabe é muito criticado pelos que não conhecem a administração Dilma Vana Rousseff. Graças a ela, Robert G. não é o pior administrador do planeta. Ele destruiu um país de trezentos e noventa mil, ela um país de oito milhões e quinhentos mil quilômetros quadrados.
Para que o leitor faça ideia, em 2009 a inflação zimbabuana chegou a 9.000.000% ao ano, ou 98% ao dia. Destruiu o celeiro africano, sua produção agrícola e o dólar zimbabuano foi retirado de circulação. Sob administração do marido de Grace, o Zimbábue usa várias moedas: o euro, a libra esterlina, o rand sul-africano, o US$ e o pula de Botswana. No ano em que a inflação do dólar zimbabuano chegou a 9.000.000%, a meta anual talvez fosse de 4,5%. E os 98% ao dia desbancaram os 80% ao mês do nosso belo Sarney.
O dentista americano pagou 50 mil dólares para matar o leão a flechadas, mas o grande felino agonizou durante horas e foi abatido a tiros. Quanto vale um pula de Botswana? Sugiro ao leitor que procure na internet e pule de alegria se o pula valer menos que o real.
Impende notar que o Deserto de Kalahari ocupa 70% do território de Botswana. No Kalahari os cavalheiros se amarram nas bundas das cidadãs, enormíssimas, garantia de gordura para alimentar os herdeiros nos inevitáveis períodos de escassez. Paolla Oliveira, tadinha, morreria solteira e milionária com os pulas que fatura nas novelas.
Presumo que ninguém saiba, como também não sei, o significado de venatória. Vou ao dicionário para aprender que é composição poética cujos personagens são caçadores. Aproveitando a consulta, aprendo que venatório é relativo à caça e seu universo.
Nariz de cera de 93 palavras para tratar da caça de um leão no Zimbábue por um dentista norte-americano, rico e maluco, que pagou 50 mil dólares para se aborrecer pelo resto da vida. Antes, cuidemos do Zimbábue, país de 390 mil km2, que já foi “o celeiro da África”, mas se chamava Rodésia, tinha agricultura e pecuária de primeiro mundo sob domínio dos ingleses.
A partir de 1980 tornou-se independente e teve a desventura, muito comum naquele continente, de ser conduzido pelo doutor Robert Gabriel Mugabe, no início como primeiro-ministro e desde 1986 como presidente.
Zimbabuano nascido em 1924, Robert Gabriel foi casado com Sally Hayfron (de 1961 a 1992) e tem como cônjuge, desde 1996, Grace Mugabe. É pai de Bona, Chatunga Bellamine, Robert Peter e Michael Nhamodzenyka Mugabe. Grace Mugabe é sul-africana bonita e tem 50 aninhos.
Presidente mais antigo do mundo ainda no poder, Robert G. Mugabe é muito criticado pelos que não conhecem a administração Dilma Vana Rousseff. Graças a ela, Robert G. não é o pior administrador do planeta. Ele destruiu um país de trezentos e noventa mil, ela um país de oito milhões e quinhentos mil quilômetros quadrados.
Para que o leitor faça ideia, em 2009 a inflação zimbabuana chegou a 9.000.000% ao ano, ou 98% ao dia. Destruiu o celeiro africano, sua produção agrícola e o dólar zimbabuano foi retirado de circulação. Sob administração do marido de Grace, o Zimbábue usa várias moedas: o euro, a libra esterlina, o rand sul-africano, o US$ e o pula de Botswana. No ano em que a inflação do dólar zimbabuano chegou a 9.000.000%, a meta anual talvez fosse de 4,5%. E os 98% ao dia desbancaram os 80% ao mês do nosso belo Sarney.
O dentista americano pagou 50 mil dólares para matar o leão a flechadas, mas o grande felino agonizou durante horas e foi abatido a tiros. Quanto vale um pula de Botswana? Sugiro ao leitor que procure na internet e pule de alegria se o pula valer menos que o real.
Impende notar que o Deserto de Kalahari ocupa 70% do território de Botswana. No Kalahari os cavalheiros se amarram nas bundas das cidadãs, enormíssimas, garantia de gordura para alimentar os herdeiros nos inevitáveis períodos de escassez. Paolla Oliveira, tadinha, morreria solteira e milionária com os pulas que fatura nas novelas.
Perigo – O historiador Clóvis
Bulcão publicou um livro que é um perigo. Por quê? Ora, porque você começa a
leitura e não consegue parar enquanto não chegar ao fim das 252 páginas.
Título: Os Guinle, a história de uma dinastia, editora Intrínseca. Nos muitos anos em que morei na roça construí uma porção de coisas usando telhas e madeiras compradas nas demolições de obras dos Guinle. Tudo de primeiríssima qualidade. O telhado de uma casa que construí na Região Serrana do RJ se apoiava sobre peça de ipê de 14 metros, 3 por 9 polegadas, que comprei na demolição de uma cocheira dos Guinle no bairro de Botafogo.
Dos membros da família só conheci dois, Jorginho e Luiz Eduardo. Jorginho numa festa, muito simpático e educado, quando ainda não tinha perdido toda a fortuna que herdou. Operei Luiz Eduardo numa fazenda do MS utilizando como instrumentos cirúrgicos uma gilete nova, uma agulha esterilizada a fogo, algodão e álcool.
Interrompi meus estudos de Medicina antes do vestibular, mas a ocasião pedia cirurgia urgente, o paciente sentado sobre a mureta que separava um corredor revestido de lajotas do gramado da piscina. Terminada a cirurgia, o operado caiu desmaiado no corredor, mas se recuperou logo. Não perdeu uma gota de sangue e ficou livre de um inseto sifonáptero (Tungapenetrans) da família dos tungídeos, de presumida origem sul-americana. Relativamente comum nas zonas rurais, a fêmea fecundada penetra na pele do homem ou de outros animais, podendo causar ulceração.
Não chegou a ulcerar o heróico paciente, que ficou livre do bicho-de-pé graças à perícia do cirurgião improvisado. Luiz Eduardo Guinle foi jovem ousado ao deixar-se operar por mim. A história de sua família, contada por Clóvis Bulcão, é sensacional.
Arnaldo Guinle adorava esportes e foi o fundador do Fluminense. Em 1916, a seleção brasileira de futebol deveria disputar em Buenos Aires o 1º Campeonato Sul-Americano. Sugeriu-se que os atletas viajassem de carona no navio Júpiter, fretado pelo governo para levar missão diplomática brasileira a um congresso na Argentina.
Havia espaço suficiente, pois a missão só ocupava a terça parte do Júpiter. Quando o chefe da missão, o senador Rui Barbosa, foi consultado, sua resposta resumiu o que os melhores brasileiros pensavam dos jogadores de futebol: “Futebolista é sinônimo de vagabundo. Pode escolher imediatamente: ou eles ou eu”.
Por isso, os atletas levaram quatro dias e cinco noites viajando até Buenos Aires por terra, chegando à Argentina no dia do primeiro jogo. Não ganharam nenhuma partida.
Meu avô Mário Brant viajou no Júpiter como jornalista de O Paiz. Escreveu livro delicioso, Viagem a Buenos Aires, ele que era considerado o Mark Twain brasileiro. Quando o navio chegou à barra do Rio da Prata havia dois práticos numa embarcação. O primeiro subiu ao Júpiter para conduzi-lo ao porto buenairense, enquanto o segundo gritava pedindo notícias do “buque de guerra”. Buque: barco con cubierta que, por su tamaño, solidez y fuerza, es adecuado para navegaciones o empresas marítimas de importancia.
Era o navio de guerra mandado pelo Brasil para escoltar o Júpiter na viagem realizada em plena Primeira Grande Guerra. Sabe o caro, preclaro e intrigado leitor o que aconteceu com o buque de guerra? Se não sabia, fique sabendo: enguiçou no caminho.
Título: Os Guinle, a história de uma dinastia, editora Intrínseca. Nos muitos anos em que morei na roça construí uma porção de coisas usando telhas e madeiras compradas nas demolições de obras dos Guinle. Tudo de primeiríssima qualidade. O telhado de uma casa que construí na Região Serrana do RJ se apoiava sobre peça de ipê de 14 metros, 3 por 9 polegadas, que comprei na demolição de uma cocheira dos Guinle no bairro de Botafogo.
Dos membros da família só conheci dois, Jorginho e Luiz Eduardo. Jorginho numa festa, muito simpático e educado, quando ainda não tinha perdido toda a fortuna que herdou. Operei Luiz Eduardo numa fazenda do MS utilizando como instrumentos cirúrgicos uma gilete nova, uma agulha esterilizada a fogo, algodão e álcool.
Interrompi meus estudos de Medicina antes do vestibular, mas a ocasião pedia cirurgia urgente, o paciente sentado sobre a mureta que separava um corredor revestido de lajotas do gramado da piscina. Terminada a cirurgia, o operado caiu desmaiado no corredor, mas se recuperou logo. Não perdeu uma gota de sangue e ficou livre de um inseto sifonáptero (Tungapenetrans) da família dos tungídeos, de presumida origem sul-americana. Relativamente comum nas zonas rurais, a fêmea fecundada penetra na pele do homem ou de outros animais, podendo causar ulceração.
Não chegou a ulcerar o heróico paciente, que ficou livre do bicho-de-pé graças à perícia do cirurgião improvisado. Luiz Eduardo Guinle foi jovem ousado ao deixar-se operar por mim. A história de sua família, contada por Clóvis Bulcão, é sensacional.
Arnaldo Guinle adorava esportes e foi o fundador do Fluminense. Em 1916, a seleção brasileira de futebol deveria disputar em Buenos Aires o 1º Campeonato Sul-Americano. Sugeriu-se que os atletas viajassem de carona no navio Júpiter, fretado pelo governo para levar missão diplomática brasileira a um congresso na Argentina.
Havia espaço suficiente, pois a missão só ocupava a terça parte do Júpiter. Quando o chefe da missão, o senador Rui Barbosa, foi consultado, sua resposta resumiu o que os melhores brasileiros pensavam dos jogadores de futebol: “Futebolista é sinônimo de vagabundo. Pode escolher imediatamente: ou eles ou eu”.
Por isso, os atletas levaram quatro dias e cinco noites viajando até Buenos Aires por terra, chegando à Argentina no dia do primeiro jogo. Não ganharam nenhuma partida.
Meu avô Mário Brant viajou no Júpiter como jornalista de O Paiz. Escreveu livro delicioso, Viagem a Buenos Aires, ele que era considerado o Mark Twain brasileiro. Quando o navio chegou à barra do Rio da Prata havia dois práticos numa embarcação. O primeiro subiu ao Júpiter para conduzi-lo ao porto buenairense, enquanto o segundo gritava pedindo notícias do “buque de guerra”. Buque: barco con cubierta que, por su tamaño, solidez y fuerza, es adecuado para navegaciones o empresas marítimas de importancia.
Era o navio de guerra mandado pelo Brasil para escoltar o Júpiter na viagem realizada em plena Primeira Grande Guerra. Sabe o caro, preclaro e intrigado leitor o que aconteceu com o buque de guerra? Se não sabia, fique sabendo: enguiçou no caminho.
Casamentos – Cada vez mais raros,
em vias de extinção como as ararinhas azuis, os casamentos entre homem e mulher
ainda existem. Todos sabem ou pelo menos desconfiam do que procura o homem
quando se casa à moda antiga, e o que deseja a mulher nos casamentos
heterossexuais. Se me fosse permitido palpitar, recomendaria aos homens maiores
de 40 anos que procurassem companheira versada em informática, hoje
indispensável na vida de todos nós. Cozinhar, costurar, lavar e passar são virtudes
úteis, mas dispensáveis. Bom hálito, sovaquinhos não muito depilados e ótimos
conhecimentos de informática fazem a felicidade do maridão. O resto é piu-piu,
já dizia Ibrahim Sued, meu contemporâneo de redação no Globo.
No dia em que escrevo o Globo estampou matéria de meia página sobre Ricardo e Rogério Marinho, irmãos mais novos do doutor Roberto. A ambos dois saudosos amigos, que acrescentavam um “R” às minhas laudas datilografadas, impedindo que fossem copidescadas ou revisadas. Com o “R” desciam para o linotipista sem cortes ou revisões.
No dia em que pedi demissão para morar no mato sem luz, estrada e telefone, os dois e o doutor Moacyr Padilha, um dos mais brilhantes jornalistas da história do Brasil, perderam mais de uma hora tentando demover-me da decisão.
Burro que sempre fui, insisti no pedido e me mudei para a roça fluminense, mas continuamos amigos. Mais tarde, quando tive telefone, perdi a conta dos telefonemas que recebi do doutor Rogério para conversar sobre fazendas, ele que tinha bela propriedade rural em Corrêas, distrito de Petrópolis, RJ, que florestou em pínus, onde gostava de cavalgar nos finais de semana.
No dia em que escrevo o Globo estampou matéria de meia página sobre Ricardo e Rogério Marinho, irmãos mais novos do doutor Roberto. A ambos dois saudosos amigos, que acrescentavam um “R” às minhas laudas datilografadas, impedindo que fossem copidescadas ou revisadas. Com o “R” desciam para o linotipista sem cortes ou revisões.
No dia em que pedi demissão para morar no mato sem luz, estrada e telefone, os dois e o doutor Moacyr Padilha, um dos mais brilhantes jornalistas da história do Brasil, perderam mais de uma hora tentando demover-me da decisão.
Burro que sempre fui, insisti no pedido e me mudei para a roça fluminense, mas continuamos amigos. Mais tarde, quando tive telefone, perdi a conta dos telefonemas que recebi do doutor Rogério para conversar sobre fazendas, ele que tinha bela propriedade rural em Corrêas, distrito de Petrópolis, RJ, que florestou em pínus, onde gostava de cavalgar nos finais de semana.
Avistamentos – Depois de três noites
com uma estrelinha distante bailando no ar, sem os gemidos do inquieto
vaga-lume machadiano, philosophei: “Só me faltava, nesta altura do campeonato,
um disco-voador visível através da janela do quarto”.
Deve ser distorção do vidro, falta de óculos ou vista cansada, mas que a estrelinha pula, garanto que pula. E me obriga a perguntar ao leitor de Marcia Lobo: “Você acredita em discos-voadores?”.
Vou logo avisando que acredito piamente. Não que os tenha visto, mas porque acredito nos amigos que os viram. E são muitos cavalheiros e damas sérios, respeitáveis, que não gostam de falar dos seus avistamentos para não cair do ridículo.
Em maio de 1986, o engenheiro e coronel-aviador Osíres Silva, idealizador da Embraer, voando à noite para São José dos Campos relatou os objetos que viu depois de avisado pelos operadores do radar do aeroporto. Caças da FAB levantaram vôo e os pilotos também viram os objetos que apareciam nos radares, além de um piloto da ponte aérea confirmou o avistamento. Autorizado pela torre, Osíres voou na direção dos objetos, passou por cima deles e disse que só não baixou seu avião porque a região é montanhosa e ele já estava na altitude mínima indicada para aquela área.
Esse foi um avistamento testemunhado por profissionais insuspeitos, credenciados, com a confirmação dos operadores de diversos radares. Confesso que nunca vi nada parecido em minhas andanças pelo interior, mas tenho amigos que viram e me contaram. Estive no Mato Grosso na noite em que objetos estranhos sobrevoaram diversas cidades na região de Tangará da Serra, foram vistos por milhares de pessoas e provocaram fenômenos estranhos como o desligamento de geradores diesel que iluminavam os acampamentos de pioneiros.
Num deles, meu amigo, seu filho de 12 anos e um grupo de aventureiros. Sempre que falava do avistamento o amigo ficava “arrepiado” contando que o gerador desligou, seu filho chorava e um burro de um objeto em forma de charuto, janelas laterais deixando ver o interior iluminado, passou bons minutos parado sobre o acampamento.
Assim como esse, ouvi dezenas de depoimentos de gente respeitável, que evitava tocar no assunto para não cair no ridículo. Em 1966 ou 1967, um Electra da ponte aérea, que se aproximava do Aeroporto Santos Dumont, no Rio, por volta das dez da noite de uma sexta-feira, tendo entre os passageiros um jovem engenheiro-eletrônico, meu vizinho, e o então governador Lomanto Júnior, da Bahia, voou durante minutos ao lado de um objeto que aparecia nos radares do aeroporto. Mudava de um lado para o outro do Electra e os passageiros acompanhavam os movimentos através das janelas.
Ao desembarcar, o governador disse que não avistou nada, temendo o “ridículo” junto aos seus eleitores, mas o engenheiro-eletrônico relatou tudinho aos pais quando chegou a casa. Reação dos pais: “Você tem trabalhado demais, está muito cansado, temos algumas economias e sugerimos que você vá passear pela Europa”. Foi o que os pais me contaram no dia seguinte.
Deixei para o fim a cereja do bolo. Uma de minhas comadres foi das pessoas mais brilhantes que conheci. Profissional liberal de grande sucesso, mãe extremosa, palestrante, oradora inigualável. Pois muito bem, numa tarde de sábado a comadre estava no banho quando seu marido, meu saudoso compadre, soltou um grito no terreiro da fazenda onde conversava com o administrador.
Assustada, a comadre enrolou-se numa toalha e correu para a varanda a tempo de assistir, durante minutos, à passagem de um OVNI em forma de charuto que voava devagar sobre a estradinha rural, a um quilômetro da sede da fazenda.
À noite, comentando o avistamento com o fazendeiro vizinho, seu irmão, ouviu dele a notícia de que os OVNIs eram “moradores” da região e que ela poderia consultar qualquer peão da fazenda para confirmar o fenômeno.
Consultou-os e confirmou os avistamentos frequentes. A comadre e o compadre só contavam o fato aos amigos íntimos pelo receio de cair no ridículo.
Deve ser distorção do vidro, falta de óculos ou vista cansada, mas que a estrelinha pula, garanto que pula. E me obriga a perguntar ao leitor de Marcia Lobo: “Você acredita em discos-voadores?”.
Vou logo avisando que acredito piamente. Não que os tenha visto, mas porque acredito nos amigos que os viram. E são muitos cavalheiros e damas sérios, respeitáveis, que não gostam de falar dos seus avistamentos para não cair do ridículo.
Em maio de 1986, o engenheiro e coronel-aviador Osíres Silva, idealizador da Embraer, voando à noite para São José dos Campos relatou os objetos que viu depois de avisado pelos operadores do radar do aeroporto. Caças da FAB levantaram vôo e os pilotos também viram os objetos que apareciam nos radares, além de um piloto da ponte aérea confirmou o avistamento. Autorizado pela torre, Osíres voou na direção dos objetos, passou por cima deles e disse que só não baixou seu avião porque a região é montanhosa e ele já estava na altitude mínima indicada para aquela área.
Esse foi um avistamento testemunhado por profissionais insuspeitos, credenciados, com a confirmação dos operadores de diversos radares. Confesso que nunca vi nada parecido em minhas andanças pelo interior, mas tenho amigos que viram e me contaram. Estive no Mato Grosso na noite em que objetos estranhos sobrevoaram diversas cidades na região de Tangará da Serra, foram vistos por milhares de pessoas e provocaram fenômenos estranhos como o desligamento de geradores diesel que iluminavam os acampamentos de pioneiros.
Num deles, meu amigo, seu filho de 12 anos e um grupo de aventureiros. Sempre que falava do avistamento o amigo ficava “arrepiado” contando que o gerador desligou, seu filho chorava e um burro de um objeto em forma de charuto, janelas laterais deixando ver o interior iluminado, passou bons minutos parado sobre o acampamento.
Assim como esse, ouvi dezenas de depoimentos de gente respeitável, que evitava tocar no assunto para não cair no ridículo. Em 1966 ou 1967, um Electra da ponte aérea, que se aproximava do Aeroporto Santos Dumont, no Rio, por volta das dez da noite de uma sexta-feira, tendo entre os passageiros um jovem engenheiro-eletrônico, meu vizinho, e o então governador Lomanto Júnior, da Bahia, voou durante minutos ao lado de um objeto que aparecia nos radares do aeroporto. Mudava de um lado para o outro do Electra e os passageiros acompanhavam os movimentos através das janelas.
Ao desembarcar, o governador disse que não avistou nada, temendo o “ridículo” junto aos seus eleitores, mas o engenheiro-eletrônico relatou tudinho aos pais quando chegou a casa. Reação dos pais: “Você tem trabalhado demais, está muito cansado, temos algumas economias e sugerimos que você vá passear pela Europa”. Foi o que os pais me contaram no dia seguinte.
Deixei para o fim a cereja do bolo. Uma de minhas comadres foi das pessoas mais brilhantes que conheci. Profissional liberal de grande sucesso, mãe extremosa, palestrante, oradora inigualável. Pois muito bem, numa tarde de sábado a comadre estava no banho quando seu marido, meu saudoso compadre, soltou um grito no terreiro da fazenda onde conversava com o administrador.
Assustada, a comadre enrolou-se numa toalha e correu para a varanda a tempo de assistir, durante minutos, à passagem de um OVNI em forma de charuto que voava devagar sobre a estradinha rural, a um quilômetro da sede da fazenda.
À noite, comentando o avistamento com o fazendeiro vizinho, seu irmão, ouviu dele a notícia de que os OVNIs eram “moradores” da região e que ela poderia consultar qualquer peão da fazenda para confirmar o fenômeno.
Consultou-os e confirmou os avistamentos frequentes. A comadre e o compadre só contavam o fato aos amigos íntimos pelo receio de cair no ridículo.
Eucaliptos – Visitei uma fazenda,
ele há muitos anos, em que a jovem herdeira, loura e bonita, dinamarquesa de
primeira geração, passou a tarde falando mal do eucalipto, enquanto sua avó e o
visitante bebíamos gim. Era o segundo litro que a vó abria naquele dia. Fiquei
impressionado com a sua cozinha, corredor comprido de um metro de largura, com
todos os equipamentos de uma cozinha moderna. Dinamarquesas trabalham, mas a
netinha condenava o exotismo do eucalipto, como se dinamarquês de primeira
geração fosse brasileiro autóctone.
Mestre Aurélio abona o autoctonismo para os nossos indígenas, mas me permito discordar do saudoso amigo. Os nossos índios também vieram de longe. Foram, portanto, anteriores aos portugueses e às demais etnias que construíram o país destruído pela gerenta incompetenta. Pior que o governo Rousseff só mesmo o Estado Islâmico. E a governanta, ela sim, é brasileira de primeira geração, considerando que seu pai era alóctone, isto é, não originário do país em que se casou e produziu a rebenta. Não por acaso, rebentinha significa acesso de fúria, raiva, ira, comum na incompetenta com os ministros que se submetem às descomposturas com os respectivos rabos entre as pernas.
Volto ao eucalipto para informar ao leitor de Marcia Lobo que, numa fazenda, não há nada mais útil do que um eucaliptal. Creio desnecessário falar da importância do eucalipto na produção de celulose, placas de madeira, postes, mourões de cerca e as mais utilidades que você possa imaginar.
Já plantei café num terreno que foi eucaliptal durante 35 anos, o solo entre os tocos estava perfeito e o café produziu muito bem, desmentindo aquela conversa de que o eucalipto seca a terra. Nos primeiros anos pode ressecar pelo tanto que cresce, mas compensa a maldade depois de algum tempo com a camada de folhas que cobrem o terreno. Tão alta, que os cavalos têm dificuldade de transitar por ali.
A utilidade numa fazendola vem da lenha para o fogão e a lareira, e das toras para pequenas construções. Falei das dinamarquesas aí atrás e sei que a ciência da Dinamarca acusa o fogão a lenha de todos os males do planeta, informando que ele, fogão doméstico, equivale ao consumo de dois maços de cigarros, por dia, para cada um dos moradores da casa. Um pouco mais para as mulheres do que para os homens, que ficam menos tempo dentro das casas.
Explico: você nunca fumou um cigarro, mas sempre residiu numa casa que tem fogão a lenha. Por isso, fumou dois maços por dia desde o dia em que nasceu. Presumo que as consequências das lareiras sejam iguais ou piores, sem olvidar o fato de que uma casa com lareira e fogão a lenha tem dois fogos crepitando. Compete à ciência explicar se lareira e fogão equivalem a quatro maços fumados por dia.
Foi o que li no Estadão: 50% das mortes por poluição no Brasil têm relação com o uso do fogão de lenha. No planeta, três bilhões de almas usam a combustão da lenha e do carvão para cozinhar. O nome do perigo é PM2.5, partículas minúsculas, equivalentes a 2,5 mícrons (milionésimos de milímetros). A partir daí os cálculos são complicados, incluem casas que têm fogão a lenha sem chaminé ou com chaminé, cidades em que os níveis gerais de poluição variam de mínimos a muito altos, estudos feitos pelo pesquisador Ricardo Teles, da Universidade de Aalbrog, na Dinamarca, e as situações mais sérias foram anotadas na Índia (700 milhões de pessoas queimam combustível para cozinhar) e nos países da África subsaariana. No Brasil, 96% das residências têm fogões a gás, média que cai para 93% no Norte e para 91% no Nordeste.
A Universidade de Aalbrog se esqueceu de dizer que os 50%, se não morressem da PM2.5, morreriam de outra coisa como sói acontecer nas regiões que usam fogões elétricos ou a gás. E assim, depois do ele há, dos alóctones e dos autóctones, recorro ao verbo soer, do latim solere, para encerrar estas bem traçadas. Pela atenção, muitíssimo obrigado.
Mestre Aurélio abona o autoctonismo para os nossos indígenas, mas me permito discordar do saudoso amigo. Os nossos índios também vieram de longe. Foram, portanto, anteriores aos portugueses e às demais etnias que construíram o país destruído pela gerenta incompetenta. Pior que o governo Rousseff só mesmo o Estado Islâmico. E a governanta, ela sim, é brasileira de primeira geração, considerando que seu pai era alóctone, isto é, não originário do país em que se casou e produziu a rebenta. Não por acaso, rebentinha significa acesso de fúria, raiva, ira, comum na incompetenta com os ministros que se submetem às descomposturas com os respectivos rabos entre as pernas.
Volto ao eucalipto para informar ao leitor de Marcia Lobo que, numa fazenda, não há nada mais útil do que um eucaliptal. Creio desnecessário falar da importância do eucalipto na produção de celulose, placas de madeira, postes, mourões de cerca e as mais utilidades que você possa imaginar.
Já plantei café num terreno que foi eucaliptal durante 35 anos, o solo entre os tocos estava perfeito e o café produziu muito bem, desmentindo aquela conversa de que o eucalipto seca a terra. Nos primeiros anos pode ressecar pelo tanto que cresce, mas compensa a maldade depois de algum tempo com a camada de folhas que cobrem o terreno. Tão alta, que os cavalos têm dificuldade de transitar por ali.
A utilidade numa fazendola vem da lenha para o fogão e a lareira, e das toras para pequenas construções. Falei das dinamarquesas aí atrás e sei que a ciência da Dinamarca acusa o fogão a lenha de todos os males do planeta, informando que ele, fogão doméstico, equivale ao consumo de dois maços de cigarros, por dia, para cada um dos moradores da casa. Um pouco mais para as mulheres do que para os homens, que ficam menos tempo dentro das casas.
Explico: você nunca fumou um cigarro, mas sempre residiu numa casa que tem fogão a lenha. Por isso, fumou dois maços por dia desde o dia em que nasceu. Presumo que as consequências das lareiras sejam iguais ou piores, sem olvidar o fato de que uma casa com lareira e fogão a lenha tem dois fogos crepitando. Compete à ciência explicar se lareira e fogão equivalem a quatro maços fumados por dia.
Foi o que li no Estadão: 50% das mortes por poluição no Brasil têm relação com o uso do fogão de lenha. No planeta, três bilhões de almas usam a combustão da lenha e do carvão para cozinhar. O nome do perigo é PM2.5, partículas minúsculas, equivalentes a 2,5 mícrons (milionésimos de milímetros). A partir daí os cálculos são complicados, incluem casas que têm fogão a lenha sem chaminé ou com chaminé, cidades em que os níveis gerais de poluição variam de mínimos a muito altos, estudos feitos pelo pesquisador Ricardo Teles, da Universidade de Aalbrog, na Dinamarca, e as situações mais sérias foram anotadas na Índia (700 milhões de pessoas queimam combustível para cozinhar) e nos países da África subsaariana. No Brasil, 96% das residências têm fogões a gás, média que cai para 93% no Norte e para 91% no Nordeste.
A Universidade de Aalbrog se esqueceu de dizer que os 50%, se não morressem da PM2.5, morreriam de outra coisa como sói acontecer nas regiões que usam fogões elétricos ou a gás. E assim, depois do ele há, dos alóctones e dos autóctones, recorro ao verbo soer, do latim solere, para encerrar estas bem traçadas. Pela atenção, muitíssimo obrigado.
Mineiros – João Guimarães Rosa escreveu “Minas é muitas”, mas se esqueceu de informar que o mineiro também varia muito.
Como é possível que Pedro Aleixo, Milton Campos e Abgar Renault tenham sido coestaduanos de Dilma Rousseff, Ruy Falcão e José Dirceu?
Ruminanças – “É nojento o entusiasmo do prefeito Eduardo Paes ao aplaudir a senhora Rousseff”
(R. Manso Neto).
03 a 09 de agosto de 2015
Vascaínos – Marcia e Moacir são vascaínos. Milhões de pessoas também torcem pelo time de São Januário, que teve a subida honra de ser presidido pelo comendador João da Silva, entre outros cavalheiros originais como este Eurico Miranda, não por acaso ex-deputado.
João da Silva começou a vida no Rio vendendo suco de laranja na Praça da Bandeira. Risonho, saudável, de gorro e jaleco brancos, suco feito à frente da freguesia, que logo aumentou. Juntou um dinheirinho, não muito, que lhe permitiu associar-se a um marceneiro no aluguel de modesto galpão, onde começaram a fabricar carrocerias de madeira para lotações, veículos de transporte coletivo que fizeram sucesso nas ruas do Rio: levando cerca de 20 passageiros corriam muito, trombadas espetaculares, viagens pagas em dinheiro aos cavalheiros que os choferavam, verbo choferar, regionalismo brasileiro para o exercício da profissão de chofer.
João prosperou, montou indústria supimpa, salvo engano Carrocerias Metropolitanas, construiu moderno edifício às margens da Avenida Brasil. Depois de adquirir bela comenda transformou-se em comendador João da Silva, revendedor Mercedes na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, capital federal.
Vasco, fazenda e helicóptero foram suas conquistas seguintes, não necessariamente nessa ordem. A bela fazenda comprada no Estado do Rio antecedeu o helicóptero. Não posso jurar, mas a presidência do Vasco veio depois, porque o comendador ainda não era muito conhecido no dia do episódio que lhes conto.
Fazenda “faz parte”. Quase todos os brasileiros que enricaram no boom da Bolsa de 1970 compraram fazendas. Helicóptero também “faz parte”. De que vale ter fortuna se a plebe não souber? Novidade naquele tempo, helicóptero era bela demonstração de status. Avoava, fazia barulho, impressionava a patuleia. Tive um empregado que se referia ao helicóptero de um fazendeiro vizinho como “aquele trem que avoa”.
Criador de cavalos, o comendador foi de helicóptero a uma exposição de mangas-largas marchadores nas Serras do Estado do Rio, região de Cordeiro.
Como sabe o leitor, helicópteros dispensam pistas de mil, de dois mil metros, mas para pousar precisam de um quadradinho chamado heliponto. E a tal cidade, construída numa serra alcantilada em plena Mata Atlântica, só tinha um ponto de pouso: a pista circular onde se realizava a exposição de mangas-largas.
Naquela emergência gravíssima, o piloto perguntou ao comendador: “Posso?”. Autorizado pelo patrão, desceu no centro da pista provocando um estouro de mangas-largas como nunca se viu no planeta. Pelas ruas e pelas matas, durante meses dizia-se que havia mangas-largas perdidos nos alcantis de Mata Atlântica.
Como resultado da história, os donos dos cavalos partiram para matar a chicotadas o comendador, corado, sorridente, que descia da aeronave de asas rotativas. Só não foi morto porque um dos criadores, dono de Mercedes, reconheceu o comendador.
João da Silva começou a vida no Rio vendendo suco de laranja na Praça da Bandeira. Risonho, saudável, de gorro e jaleco brancos, suco feito à frente da freguesia, que logo aumentou. Juntou um dinheirinho, não muito, que lhe permitiu associar-se a um marceneiro no aluguel de modesto galpão, onde começaram a fabricar carrocerias de madeira para lotações, veículos de transporte coletivo que fizeram sucesso nas ruas do Rio: levando cerca de 20 passageiros corriam muito, trombadas espetaculares, viagens pagas em dinheiro aos cavalheiros que os choferavam, verbo choferar, regionalismo brasileiro para o exercício da profissão de chofer.
João prosperou, montou indústria supimpa, salvo engano Carrocerias Metropolitanas, construiu moderno edifício às margens da Avenida Brasil. Depois de adquirir bela comenda transformou-se em comendador João da Silva, revendedor Mercedes na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, capital federal.
Vasco, fazenda e helicóptero foram suas conquistas seguintes, não necessariamente nessa ordem. A bela fazenda comprada no Estado do Rio antecedeu o helicóptero. Não posso jurar, mas a presidência do Vasco veio depois, porque o comendador ainda não era muito conhecido no dia do episódio que lhes conto.
Fazenda “faz parte”. Quase todos os brasileiros que enricaram no boom da Bolsa de 1970 compraram fazendas. Helicóptero também “faz parte”. De que vale ter fortuna se a plebe não souber? Novidade naquele tempo, helicóptero era bela demonstração de status. Avoava, fazia barulho, impressionava a patuleia. Tive um empregado que se referia ao helicóptero de um fazendeiro vizinho como “aquele trem que avoa”.
Criador de cavalos, o comendador foi de helicóptero a uma exposição de mangas-largas marchadores nas Serras do Estado do Rio, região de Cordeiro.
Como sabe o leitor, helicópteros dispensam pistas de mil, de dois mil metros, mas para pousar precisam de um quadradinho chamado heliponto. E a tal cidade, construída numa serra alcantilada em plena Mata Atlântica, só tinha um ponto de pouso: a pista circular onde se realizava a exposição de mangas-largas.
Naquela emergência gravíssima, o piloto perguntou ao comendador: “Posso?”. Autorizado pelo patrão, desceu no centro da pista provocando um estouro de mangas-largas como nunca se viu no planeta. Pelas ruas e pelas matas, durante meses dizia-se que havia mangas-largas perdidos nos alcantis de Mata Atlântica.
Como resultado da história, os donos dos cavalos partiram para matar a chicotadas o comendador, corado, sorridente, que descia da aeronave de asas rotativas. Só não foi morto porque um dos criadores, dono de Mercedes, reconheceu o comendador.
Murídeos – Depois de afastar a geladeira para examinar uma tomada, o eletricista voltou à sala para perguntar: “O senhor tem medo de rato?”. Respondi que medo não tenho, mas não gosto dos ratos da família dos murídeos e tenho nojo dos ratos da família petista: que corja, hein?
No dia em que escrevo, o Jornal da Itatiaia informou que o Planalto tem os resultados de uma pesquisa em que as avaliações de bom e ótimo para o governo da incompetenta estão em 7%, o nível mais baixo desde os trambiques do Collor.
Volto aos ratos de quatro patas para falar de O Globo em que trabalhei. A redação ficava no segundo andar e as oficinas no térreo. Na flor dos seus 60 aninhos, o doutor Roberto chegava sozinho dirigindo seu fusca verde, sem qualquer tipo de segurança ou blindagem. Na redação havia uma “sala de televisão” sempre fechada: mesa, cadeiras e um televisor desligado. Lugar ótimo para escrever minhas matérias com os recortes e os diversos livros de consultas, cinzeiro e charuto. Quase todos os jornalistas fumavam cigarros, três fumávamos charutos. Pormenor curioso: as matérias não eram assinadas. Fiz matéria sobre ratos, página inteira com chamada de primeira página, não assinada.
Naquela tarde, pelo menos seis funcionários das oficinas subiram à redação metidos em seus macacões, as mãos sujas de tinta e graxa, “para conhecer o colega que entende de rato”. Digo “pelo menos” porque foram os seis que conheci quando não estava na rua fazendo outra reportagem. Um de cada vez, todos tinham problemas com os ratos em suas casas.
Realmente, estudei o assunto, consultei técnicos do departamento de zoonoses, li folhetos e livros. Havia coisas deliciosas que botei na matéria. Exemplo: “Se o observador vê fezes de ratos é sinal de que há ratos”. Antes dessa lição, o observador podia pensar que fossem fezes de onças ou de elefantes. Ao que tudo indica, o eletricista encontrou fezes de camundongos embaixo da geladeira.
No dia em que escrevo, o Jornal da Itatiaia informou que o Planalto tem os resultados de uma pesquisa em que as avaliações de bom e ótimo para o governo da incompetenta estão em 7%, o nível mais baixo desde os trambiques do Collor.
Volto aos ratos de quatro patas para falar de O Globo em que trabalhei. A redação ficava no segundo andar e as oficinas no térreo. Na flor dos seus 60 aninhos, o doutor Roberto chegava sozinho dirigindo seu fusca verde, sem qualquer tipo de segurança ou blindagem. Na redação havia uma “sala de televisão” sempre fechada: mesa, cadeiras e um televisor desligado. Lugar ótimo para escrever minhas matérias com os recortes e os diversos livros de consultas, cinzeiro e charuto. Quase todos os jornalistas fumavam cigarros, três fumávamos charutos. Pormenor curioso: as matérias não eram assinadas. Fiz matéria sobre ratos, página inteira com chamada de primeira página, não assinada.
Naquela tarde, pelo menos seis funcionários das oficinas subiram à redação metidos em seus macacões, as mãos sujas de tinta e graxa, “para conhecer o colega que entende de rato”. Digo “pelo menos” porque foram os seis que conheci quando não estava na rua fazendo outra reportagem. Um de cada vez, todos tinham problemas com os ratos em suas casas.
Realmente, estudei o assunto, consultei técnicos do departamento de zoonoses, li folhetos e livros. Havia coisas deliciosas que botei na matéria. Exemplo: “Se o observador vê fezes de ratos é sinal de que há ratos”. Antes dessa lição, o observador podia pensar que fossem fezes de onças ou de elefantes. Ao que tudo indica, o eletricista encontrou fezes de camundongos embaixo da geladeira.
Tribunais – Acompanhando o auê midiático sobre o TCU, Tribunal de Contas da União, me lembro da expressão faz de conta, que significa “o mundo imaginário; fantasia”. Municipais, estaduais, federal, só temos tribunais do faz de conta, que custam fortunas, empregam gente demais da conta, barnabés que nunca deram conta do recado. Isto não impede que alguns cavalheiros e damas estimabilíssimos sejam nomeados ministros ou conselheiros daqueles Tribunais junto com outros de variada natureza moral e intelectual. Entre funcionários concursados e apaniguados, o conjunto de cada obra é um espanto espantoso.
Quando me mudei para BH já era muito amigo do então presidente do TC-MG e de um ex-presidente do mesmo órgão. Afinidade moral e intelectual. Uma das primeiras observações do presidente aposentado foi: “O Fulano já devia ter arranjado uma colocação para você lá no Tribunal”. Continuei muito amigo dos dois, frequentei o Tribunal, o presidente em exercício nunca me ofereceu a tal “colocação” e tive, com a observação do aposentado, o retrato de como funcionam as coisas na capital de todos os mineiros: um imenso cabide de empregos públicos.
Ficou célebre um sujeito muito simpático, que conheci pessoalmente, suposto de ter 16 colocações em diversas repartições. Seu segredo era não aparecer em nenhuma delas. “Desconhecido”, ninguém dava por sua falta e os contracheques eram depositados nos finais dos meses.
Quando me mudei para BH já era muito amigo do então presidente do TC-MG e de um ex-presidente do mesmo órgão. Afinidade moral e intelectual. Uma das primeiras observações do presidente aposentado foi: “O Fulano já devia ter arranjado uma colocação para você lá no Tribunal”. Continuei muito amigo dos dois, frequentei o Tribunal, o presidente em exercício nunca me ofereceu a tal “colocação” e tive, com a observação do aposentado, o retrato de como funcionam as coisas na capital de todos os mineiros: um imenso cabide de empregos públicos.
Ficou célebre um sujeito muito simpático, que conheci pessoalmente, suposto de ter 16 colocações em diversas repartições. Seu segredo era não aparecer em nenhuma delas. “Desconhecido”, ninguém dava por sua falta e os contracheques eram depositados nos finais dos meses.
Turismo – Pois é, vosso país tem um Ministério do Turismo cujo titular se chama Henrique Eduardo Lyra Alves, o Henriquinho, que nasceu no Rio de Janeiro em 1948 e faz política no Rio Grande do Norte, onde foi eleito deputado federal por 11 mandatos consecutivos, presidiu a Câmara de 2013 a 2015 e foi derrotado quando disputou o governo norte-rio-grandense.
Consta que a incompetenta dá tanta importância ao turismo que, transcorridos cinco meses desde a nomeação do ministro, ainda não recebeu o Henriquinho para conversa de 10 minutos.
Tive a desventura de começar um domingo, muito cedo, ouvindo entrevista do ministro à rádio CBN. Claro que não anotei nada, porque Henriquinho entende tanto de turismo quanto nós de grego clássico. Importantíssima em grande parte do planeta, a indústria do turismo no Brasil é ridícula. A França recebe 84.7 milhões de turistas/ano contra 5.6 milhões do Brasil. Nas Américas ficamos em 4º lugar, perdendo para os Estados Unidos, o México e o Canadá, sendo que os EUA recebem 69.8 milhões de turistas/ano. A Tailândia, que fica longe à bessa, recebe 26.5 e a Turquia, referta de turcos, descola 37.8 milhões de turistas/ano.
Que levará uma pessoa a visitar a Turquia? Não consigo entender, mas duas filhas minhas já fizeram turismo por lá. Uma delas, resfriada, passeou de balão num dia em que a temperatura andava 15 graus abaixo de zero.
O planeta está cheio de lugares bonitos ou feios, agradáveis ou perigosos, acolhedores ou hostis – e sempre há gente fazendo turismo nessas regiões. Coisa curiosa: não se vê gente dizendo que detestou o turismo feito ali ou acolá, fenômeno que talvez tenha relação com o sentimento de simpatia que temos por nossas terras natais. E há terras, muitas terras, indignas de assistir ao nascimento de uma criança, mas a criança nasce, cresce e vai-se embora para melhorar de vida, sempre elogiando o torrão natal.
Com o turismo vê-se algo parecido: uma região passa a ter importância pelo fato de ser visitada por nós como turistas. Sim, porque se a visitamos a trabalho, não raras vezes voltamos dizendo cobras e lagartos. Certa feita passei cinco dias trabalhando em Salvador, Bahia, e voltei horrorizado. Foram cinco dias inteiros às voltas com os arquivos empoeirados da capital baiana para descobrir um trambique arquitetado por um diretor do BB, político baiano empenhado na aquisição de um edifício pelo banco. Ocorre que o prédio seria demolido com a construção de um viaduto, como descobri ajudado por um advogado do banco.
Só nas outras visitas que fiz à Bahia descobri os encantos soteropolitanos. Numa delas, a convite, tudo pago pelos organizadores de um congresso agropecuário, mostraram-me no hotel o apartamento em que ficaria dividindo o espaço com dois professores doutores. Grande honra: modesto fazendeiro e dois professores doutores.
O banheiro era tão pequeno que não havia espaço, em cima da pia, para três escovas de dentes. Voltei à portaria para protestar, quando estava de saída o então ministro da Agricultura. Diante do meu protesto, sua excelência passou-me a chave do seu apartamento dizendo: “Estou de saída. Você pode ficar no meu apartamento”. Fiquei e curti a temporada, que foi muito divertida. De vez em quando a gente conhece um ministro supimpa.
Consta que a incompetenta dá tanta importância ao turismo que, transcorridos cinco meses desde a nomeação do ministro, ainda não recebeu o Henriquinho para conversa de 10 minutos.
Tive a desventura de começar um domingo, muito cedo, ouvindo entrevista do ministro à rádio CBN. Claro que não anotei nada, porque Henriquinho entende tanto de turismo quanto nós de grego clássico. Importantíssima em grande parte do planeta, a indústria do turismo no Brasil é ridícula. A França recebe 84.7 milhões de turistas/ano contra 5.6 milhões do Brasil. Nas Américas ficamos em 4º lugar, perdendo para os Estados Unidos, o México e o Canadá, sendo que os EUA recebem 69.8 milhões de turistas/ano. A Tailândia, que fica longe à bessa, recebe 26.5 e a Turquia, referta de turcos, descola 37.8 milhões de turistas/ano.
Que levará uma pessoa a visitar a Turquia? Não consigo entender, mas duas filhas minhas já fizeram turismo por lá. Uma delas, resfriada, passeou de balão num dia em que a temperatura andava 15 graus abaixo de zero.
O planeta está cheio de lugares bonitos ou feios, agradáveis ou perigosos, acolhedores ou hostis – e sempre há gente fazendo turismo nessas regiões. Coisa curiosa: não se vê gente dizendo que detestou o turismo feito ali ou acolá, fenômeno que talvez tenha relação com o sentimento de simpatia que temos por nossas terras natais. E há terras, muitas terras, indignas de assistir ao nascimento de uma criança, mas a criança nasce, cresce e vai-se embora para melhorar de vida, sempre elogiando o torrão natal.
Com o turismo vê-se algo parecido: uma região passa a ter importância pelo fato de ser visitada por nós como turistas. Sim, porque se a visitamos a trabalho, não raras vezes voltamos dizendo cobras e lagartos. Certa feita passei cinco dias trabalhando em Salvador, Bahia, e voltei horrorizado. Foram cinco dias inteiros às voltas com os arquivos empoeirados da capital baiana para descobrir um trambique arquitetado por um diretor do BB, político baiano empenhado na aquisição de um edifício pelo banco. Ocorre que o prédio seria demolido com a construção de um viaduto, como descobri ajudado por um advogado do banco.
Só nas outras visitas que fiz à Bahia descobri os encantos soteropolitanos. Numa delas, a convite, tudo pago pelos organizadores de um congresso agropecuário, mostraram-me no hotel o apartamento em que ficaria dividindo o espaço com dois professores doutores. Grande honra: modesto fazendeiro e dois professores doutores.
O banheiro era tão pequeno que não havia espaço, em cima da pia, para três escovas de dentes. Voltei à portaria para protestar, quando estava de saída o então ministro da Agricultura. Diante do meu protesto, sua excelência passou-me a chave do seu apartamento dizendo: “Estou de saída. Você pode ficar no meu apartamento”. Fiquei e curti a temporada, que foi muito divertida. De vez em quando a gente conhece um ministro supimpa.
Ô loco meu! – Paulista de Porto Ferreira, filho da professora Cordélia e do economista Maury Correa Silva, Fausto Correa Silva, o Faustão, tem 65 anos e foi casado durante dez anos com Lucia Helena, depois se casou também durante 10 anos com a ex-modelo e artista plástica Magda Colares, com quem teve a filha Lara, e atualmente é casado com Luciana Cardoso, ex-modelo e jornalista, tendo com ela os filhos João Guilherme e Rodrigo.
Dialogando com Mario Sérgio Conti, no lúgubre cenário inventado pela GloboNews, o apresentador Luciano Huck disse ter por Fausto Correa Silva imensa admiração profissional, pelo número de anos de sucesso com o Domingão do Faustão. Até aí, tudo bem. O ferreirense não assalta a Petrobras, trabalha honestamente, ganha o seu dinheiro e se casa, de dez em dez anos, com as moças que escolhe. Ninguém é obrigado a assistir aos seus programas na televisão.
Às vezes, contudo, visitando pessoas amigas, estamos sujeitos ao Domingão do Faustão, ainda que de costas para o televisor. Nessas ocasiões, que felizmente são raras, causa espécie o baixo nível, a falta de graça, a imbecilidade do apresentador que faz tanto sucesso.
Claro que o filho da professora Cordélia com o economista Maury não é um idiota completo: Fausto Correa Silva tem cinco irmãs professoras, que cuidariam de adverti-lo, se não soubessem que o irmão faz um tipo, fala a língua da sua audiência e do seu sucesso. Aí é que está o drama: se faz sucesso com aquele besteirol é porque o nível de sua galera (sic), presencial ou televisiva, é um pavor. Como, de fato, é apavorante, elege o Congresso que aí está, vota em Lula, Dilma e outros da mesma laia.
Dialogando com Mario Sérgio Conti, no lúgubre cenário inventado pela GloboNews, o apresentador Luciano Huck disse ter por Fausto Correa Silva imensa admiração profissional, pelo número de anos de sucesso com o Domingão do Faustão. Até aí, tudo bem. O ferreirense não assalta a Petrobras, trabalha honestamente, ganha o seu dinheiro e se casa, de dez em dez anos, com as moças que escolhe. Ninguém é obrigado a assistir aos seus programas na televisão.
Às vezes, contudo, visitando pessoas amigas, estamos sujeitos ao Domingão do Faustão, ainda que de costas para o televisor. Nessas ocasiões, que felizmente são raras, causa espécie o baixo nível, a falta de graça, a imbecilidade do apresentador que faz tanto sucesso.
Claro que o filho da professora Cordélia com o economista Maury não é um idiota completo: Fausto Correa Silva tem cinco irmãs professoras, que cuidariam de adverti-lo, se não soubessem que o irmão faz um tipo, fala a língua da sua audiência e do seu sucesso. Aí é que está o drama: se faz sucesso com aquele besteirol é porque o nível de sua galera (sic), presencial ou televisiva, é um pavor. Como, de fato, é apavorante, elege o Congresso que aí está, vota em Lula, Dilma e outros da mesma laia.
Hospitalidad – Na biografia de Carlos Castello Branco escrita pelo jornalista Carlos Marchi leio que Castelinho, estudando Direito em Belo Horizonte e já trabalhando em jornal, ficou muito amigo de Otto Lara Resende. Tarde da noite, depois de um dia espichado de trabalho, os dois vinham conversando pelas ruas, Otto entrava em sua casa, subia para o segundo pavimento e, da sacada, continuava conversando com o amigo que deixara na calçada. Realmente, os mineiros sempre foram avaros dos convites para suas casas.
Em 1978, morando na fazenda fluminense, alugamos apartamento em Juiz de Fora pensando nos estudos das três filhas. Logo fizemos bela roda de amigos médicos, engenheiros, comerciantes e industriais, todos avaros de suas casas. Com o passar do tempo, frequentando nosso apartamento, concordaram em convidar-nos para conhecer e frequentar suas imensas casas. Essa desconfiança inicial deve datar do tempo das minas de ouros e diamantes, dos desvios para escapar dos cobradores de impostos, da geografia montanhesa, do clima de desconfiança em que vivia a mineiridade.
Em tudo e por tudo diferente dos largos campos do Sul, nos quais o gaúcho se destaca por sua hospitalidad. Numa das muitas guerras sulinas, o estado-maior do general derrotado fugia para o Uruguai, à noite, cavalos exaustos, chuva, pampeiro, frio de gelar os ossos.
Na fuga cruzavam os campos da estância do general vitorioso, quando um ajudante-de-ordens do derrotado ponderou: “General, vamos morrer de frio. A tropa está exausta. Vou pedir pousada ao dono da estância”. Autorizado, dirigiu-se à casa do general inimigo, identificou-se, explicou a situação. O estancieiro respondeu: “Na casa em que moram minhas filhas aquele filho da puta não entra. Vai dormir no galpão!”. Galpão gauchesco tem pronúncia típica, escandida: gal-pão!
Pois muito bem: quando os fugitivos chegaram ao galpão encontraram camas de jacarandá, lençóis de linho, cobertores, bacias, toalhas, água quente, mesa posta, louças e talheres, vinhos importados e um jantar magnífico, que chegava da cozinha da estância.
Nos muitos anos em que morei na capital de todos os mineiros comprovei o fenômeno, atenuado pelo passar do tempo. A mineiridade é muito simpática, mas continua fiel à desconfiança nascida nos séculos dos ouros e dos diamantes.
Em 1978, morando na fazenda fluminense, alugamos apartamento em Juiz de Fora pensando nos estudos das três filhas. Logo fizemos bela roda de amigos médicos, engenheiros, comerciantes e industriais, todos avaros de suas casas. Com o passar do tempo, frequentando nosso apartamento, concordaram em convidar-nos para conhecer e frequentar suas imensas casas. Essa desconfiança inicial deve datar do tempo das minas de ouros e diamantes, dos desvios para escapar dos cobradores de impostos, da geografia montanhesa, do clima de desconfiança em que vivia a mineiridade.
Em tudo e por tudo diferente dos largos campos do Sul, nos quais o gaúcho se destaca por sua hospitalidad. Numa das muitas guerras sulinas, o estado-maior do general derrotado fugia para o Uruguai, à noite, cavalos exaustos, chuva, pampeiro, frio de gelar os ossos.
Na fuga cruzavam os campos da estância do general vitorioso, quando um ajudante-de-ordens do derrotado ponderou: “General, vamos morrer de frio. A tropa está exausta. Vou pedir pousada ao dono da estância”. Autorizado, dirigiu-se à casa do general inimigo, identificou-se, explicou a situação. O estancieiro respondeu: “Na casa em que moram minhas filhas aquele filho da puta não entra. Vai dormir no galpão!”. Galpão gauchesco tem pronúncia típica, escandida: gal-pão!
Pois muito bem: quando os fugitivos chegaram ao galpão encontraram camas de jacarandá, lençóis de linho, cobertores, bacias, toalhas, água quente, mesa posta, louças e talheres, vinhos importados e um jantar magnífico, que chegava da cozinha da estância.
Nos muitos anos em que morei na capital de todos os mineiros comprovei o fenômeno, atenuado pelo passar do tempo. A mineiridade é muito simpática, mas continua fiel à desconfiança nascida nos séculos dos ouros e dos diamantes.
Torturas – Dor violenta que se inflige a alguém, sobretudo para lhe arrancar alguma confissão, a tortura existe desde tempos imemoriais apesar de abjeta. Um edito (decreto, ordem) da Idade Média, citado por Valesio e Loyseau, prescrevia: “No caso de dois individuas suspeitos, aplicar a tortura no mais feio”.
A senhora Rousseff diz que foi torturada quando presa pelo regime militar. Se foi verdade, seus torturadores conseguiram mais que lhe arrancar alguma confissão: arrancaram-lhe a capacidade de raciocinar, o que explica seu besteirol sempre que fala de improviso.
Mais que uma lavagem cerebral, reforma de pensamento ou reeducação, qualquer esforço constituído visando a mudar certas atitudes e crenças de uma pessoa, utilizando métodos agressivos como cansaço, substâncias químicas ou persuasão, para que o indivíduo passe a ter opiniões que não teria se não fosse submetido a lavagem, seus torturadores conseguiram algo que parecia impossível: suprimir, sem AVC, anestesia ou óbito, sua capacidade de raciocinar, se é que havia.
Aliás, falar em cérebro, quando cuidamos da senhora Rousseff, é força de expressão. Melhor seria falar do CCC, o Conteúdo da Caixa Craniana de uma criatura que presidiu o Conselho de Administração da Petrobras sem ver a ladroeira que existia sob o seu nariz.
Quando às lavagens cerebrais, vale notar que em 1987 a Câmara de Responsabilidade Social e Ética para a Psicologia (BSERP) da American Psychological Association (APA) recusou, provisoriamente, o reconhecimento da lavagem cerebral pela carência de sólidas informações científicas, embora o debate continue em curso.
A senhora Rousseff diz que foi torturada quando presa pelo regime militar. Se foi verdade, seus torturadores conseguiram mais que lhe arrancar alguma confissão: arrancaram-lhe a capacidade de raciocinar, o que explica seu besteirol sempre que fala de improviso.
Mais que uma lavagem cerebral, reforma de pensamento ou reeducação, qualquer esforço constituído visando a mudar certas atitudes e crenças de uma pessoa, utilizando métodos agressivos como cansaço, substâncias químicas ou persuasão, para que o indivíduo passe a ter opiniões que não teria se não fosse submetido a lavagem, seus torturadores conseguiram algo que parecia impossível: suprimir, sem AVC, anestesia ou óbito, sua capacidade de raciocinar, se é que havia.
Aliás, falar em cérebro, quando cuidamos da senhora Rousseff, é força de expressão. Melhor seria falar do CCC, o Conteúdo da Caixa Craniana de uma criatura que presidiu o Conselho de Administração da Petrobras sem ver a ladroeira que existia sob o seu nariz.
Quando às lavagens cerebrais, vale notar que em 1987 a Câmara de Responsabilidade Social e Ética para a Psicologia (BSERP) da American Psychological Association (APA) recusou, provisoriamente, o reconhecimento da lavagem cerebral pela carência de sólidas informações científicas, embora o debate continue em curso.
Ruminanças – “Duque, Zelada, Cerveró, mais que a desonestidade, o critério para indicação dos diretores da Petrobras era a feiúra” (R. Manso Neto).
27 de julho a 02 de agosto de 2015
Inglesismos – Puristas sofrem, coitados, e adoecem com a mania
brasileira de tudo inglesar. A onda food truck está perdendo a força,
li nos jornais. Fez um sucesso danado aquela comedoria servida nos
caminhões. No Rio, uma jovem inventou a food bike e vende guloseimas pedalando sua bicicleta pintada de rosa. O velho angu à baiana, que vendia à beça numa carroça na Praça 15, também no Rio, há 50 anos, hoje seria food waggon. E os milhares de vendedores de amendoim torrado, no Brasil inteiro, que trabalham de a pé, inventaram o food foot. Impende notar que “de a pé” não é coisa de roceiro como o autor destas bem traçadas: tem o abono do padre Vieira, que escrevia direitinho.
brasileira de tudo inglesar. A onda food truck está perdendo a força,
li nos jornais. Fez um sucesso danado aquela comedoria servida nos
caminhões. No Rio, uma jovem inventou a food bike e vende guloseimas pedalando sua bicicleta pintada de rosa. O velho angu à baiana, que vendia à beça numa carroça na Praça 15, também no Rio, há 50 anos, hoje seria food waggon. E os milhares de vendedores de amendoim torrado, no Brasil inteiro, que trabalham de a pé, inventaram o food foot. Impende notar que “de a pé” não é coisa de roceiro como o autor destas bem traçadas: tem o abono do padre Vieira, que escrevia direitinho.
Nomes – Acordo de leniência é tentativa de limpar um tiquinho da barra de grandes empresas envolvidas em malfeitos. Delação premiada atenua as penas dos malfeitores. Ação detergente talvez sirva para detergir uma parcela da imundície escrita por três conhecidos jornalistas, um dos quais esportivo, vendidos ao PT.
Política – Que é política? No Brasil a resposta é malcriada. Se você
perguntar a um brasileiro lúcido, decente, que trabalhe e pague
impostos regularmente, ele vai responder que política é a reunião de
um bando de ladrões, de pessoas que só pensam em roubar e não têm o menor interesse pelo país.
Mas o negócio não era assim. Houve tempo em que a maioria dos
políticos pensava no bem e no futuro do Brasil. Havia ladrões, é
certo, casos que se tornaram folclóricos como o daquele deputado federal sergipano, novo, solteiro, bem-apessoado, que resolveu se candidatar ao governo de Sergipe ali por volta de 1928, lá se vão quase 100 anos.
Interpelado por Gilberto Amado e um colega, que lhe faziam ver que no Rio de Janeiro, capital federal, ele poderia ser muito mais útil ao
seu estado arranjando verbas, enquanto namorava moças bonitas,
circulava em automóvel novo, tinha ótimo apartamento no tempo em que Sergipe demorava do Rio seis ou sete dias a bordo de um navio – o deputado escandiu as sílabas para confessar: “Eu quero rou-bar!”.
História sempre contada por Gilberto e seu colega. Um sergipano me
contou que foi ao enterro do coestaduano no Rio, década de 70. Não era amigo do defunto, mas se conheciam de vista e tinham nascido no mesmo estado. Pois muito bem: não havia ninguém no velório do ex-deputado.
Seu caixão foi transportado pelos coveiros do São João Batista.
Política com pê maiúsculo é coisa séria. Desde sempre, contudo, as
opiniões nem sempre foram favoráveis. Voltaire, que morreu em 1788,
disse que “a política tem a sua fonte antes na perversidade do que na
grandeza do espírito humano”. E disse mais: “Encontrou-se, em boa
política, o segredo de mandar matar de fome aqueles que, cultivando a terra, fazem viver os demais”. Não tem sido isso que vem sendo feito
no apoio governamental ao MST, que nunca teve trabalhadores rurais e não sabe o que fazer com a terra doada?
Michelet (1798-1874) era um otimista puro de intenções, a exemplo aqui do autor destas bem traçadas: “Qual é a primeira parte da política? A educação. A segunda? A educação. E a terceira? A educação”. Há um país, que o leitor conhece muito, em que a educação, os hospitais, as estradas, os aeroportos, o transporte público, tudo, mas tudo mesmo, destrambelhou no governo da incompetenta.
Napoleão III (1808-1873) pensou bem: “Em política, convém curar os
males, nunca vingá-los”. Prudhon (1809-1865) sonhava grande: “A
política é a ciência da liberdade”. Bismarck (1815-1898) constatou: “A
política não é uma ciência exata, como imaginam muitos dos senhores
professores, mas uma arte”. Infelizmente praticada por maus artistas,
aduzo.
Paul Valéry (1875-1941) matou a charada: “Toda política baseia-se na
indiferença dos interessados, sem a qual não há política possível”.
Penitencio-me da indiferença que me fez pensar durante muitos anos: o negócio não é comigo. Mas era, como também é com os leitores
bem-intencionados, que trabalham, pagam impostos, respeitam as leis.
Não digo que sejamos maioria, porque há milhões de eleitores votando pelo bolsa-família, mas poderíamos eleger bancadas decentes, que mudassem as coisas neste país grande e bobo.
perguntar a um brasileiro lúcido, decente, que trabalhe e pague
impostos regularmente, ele vai responder que política é a reunião de
um bando de ladrões, de pessoas que só pensam em roubar e não têm o menor interesse pelo país.
Mas o negócio não era assim. Houve tempo em que a maioria dos
políticos pensava no bem e no futuro do Brasil. Havia ladrões, é
certo, casos que se tornaram folclóricos como o daquele deputado federal sergipano, novo, solteiro, bem-apessoado, que resolveu se candidatar ao governo de Sergipe ali por volta de 1928, lá se vão quase 100 anos.
Interpelado por Gilberto Amado e um colega, que lhe faziam ver que no Rio de Janeiro, capital federal, ele poderia ser muito mais útil ao
seu estado arranjando verbas, enquanto namorava moças bonitas,
circulava em automóvel novo, tinha ótimo apartamento no tempo em que Sergipe demorava do Rio seis ou sete dias a bordo de um navio – o deputado escandiu as sílabas para confessar: “Eu quero rou-bar!”.
História sempre contada por Gilberto e seu colega. Um sergipano me
contou que foi ao enterro do coestaduano no Rio, década de 70. Não era amigo do defunto, mas se conheciam de vista e tinham nascido no mesmo estado. Pois muito bem: não havia ninguém no velório do ex-deputado.
Seu caixão foi transportado pelos coveiros do São João Batista.
Política com pê maiúsculo é coisa séria. Desde sempre, contudo, as
opiniões nem sempre foram favoráveis. Voltaire, que morreu em 1788,
disse que “a política tem a sua fonte antes na perversidade do que na
grandeza do espírito humano”. E disse mais: “Encontrou-se, em boa
política, o segredo de mandar matar de fome aqueles que, cultivando a terra, fazem viver os demais”. Não tem sido isso que vem sendo feito
no apoio governamental ao MST, que nunca teve trabalhadores rurais e não sabe o que fazer com a terra doada?
Michelet (1798-1874) era um otimista puro de intenções, a exemplo aqui do autor destas bem traçadas: “Qual é a primeira parte da política? A educação. A segunda? A educação. E a terceira? A educação”. Há um país, que o leitor conhece muito, em que a educação, os hospitais, as estradas, os aeroportos, o transporte público, tudo, mas tudo mesmo, destrambelhou no governo da incompetenta.
Napoleão III (1808-1873) pensou bem: “Em política, convém curar os
males, nunca vingá-los”. Prudhon (1809-1865) sonhava grande: “A
política é a ciência da liberdade”. Bismarck (1815-1898) constatou: “A
política não é uma ciência exata, como imaginam muitos dos senhores
professores, mas uma arte”. Infelizmente praticada por maus artistas,
aduzo.
Paul Valéry (1875-1941) matou a charada: “Toda política baseia-se na
indiferença dos interessados, sem a qual não há política possível”.
Penitencio-me da indiferença que me fez pensar durante muitos anos: o negócio não é comigo. Mas era, como também é com os leitores
bem-intencionados, que trabalham, pagam impostos, respeitam as leis.
Não digo que sejamos maioria, porque há milhões de eleitores votando pelo bolsa-família, mas poderíamos eleger bancadas decentes, que mudassem as coisas neste país grande e bobo.
Sampa – Êh São Paulo... êh São Paulo... São Paulo da Garoa... São
Paulo terra boa! Se não era assim, a letra era bem parecida.
Musiquinha cantada pelos paulistanos em Lindoia, no século e no
milênio passados.
Hoje, São Paulo tem 16 mil moradores de rua, 350 mil bolivianos, um
pastor boliviano operando quatro poderosas rádios-piratas, que
interferem nas comunicações aéreas, invasões, engarrafamentos
quilométricos, cracolândia-em-chefe, enchentes assustadoras,
subcracolândias itinerantes, água racionada nas torneiras, favelas,
máfia chinesa, trabalho escravo, rios poluídos e uma porção de
candidatos à prefeitura. A violência é tanta, que os moradores de rua,
em busca de proteção, estão de mudança para a famosa e movimentada Avenida Paulista. E os 350 mil bolivianos, hein? Ainda que se espalhem pela grande São Paulo é boliviano à beça e à bessa.
Que levaria uma pessoa a desejar o cargo de prefeito de São Paulo?
Vontade de servir? Esperança de melhorar as coisas? Noção de que
certos trabalhos, ainda que impossíveis, devem ser feitos? Vaidade?
Masoquismo? Desejo de roubar?
Paulo terra boa! Se não era assim, a letra era bem parecida.
Musiquinha cantada pelos paulistanos em Lindoia, no século e no
milênio passados.
Hoje, São Paulo tem 16 mil moradores de rua, 350 mil bolivianos, um
pastor boliviano operando quatro poderosas rádios-piratas, que
interferem nas comunicações aéreas, invasões, engarrafamentos
quilométricos, cracolândia-em-chefe, enchentes assustadoras,
subcracolândias itinerantes, água racionada nas torneiras, favelas,
máfia chinesa, trabalho escravo, rios poluídos e uma porção de
candidatos à prefeitura. A violência é tanta, que os moradores de rua,
em busca de proteção, estão de mudança para a famosa e movimentada Avenida Paulista. E os 350 mil bolivianos, hein? Ainda que se espalhem pela grande São Paulo é boliviano à beça e à bessa.
Que levaria uma pessoa a desejar o cargo de prefeito de São Paulo?
Vontade de servir? Esperança de melhorar as coisas? Noção de que
certos trabalhos, ainda que impossíveis, devem ser feitos? Vaidade?
Masoquismo? Desejo de roubar?
Camelódromos – Substantivo de dois gêneros, camelô pintou no pedaço em 1917 significando “comerciante de artigos diversos, geralmente miudezas e bugigangas, que se instala provisoriamente em ruas ou calçadas, muitas vezes sem permissão legal, e costuma anunciar em voz alta sua mercadoria” di-lo Houaiss. Por via de consequência, camelódromo passou a ser o “local, geralmente escolhido por autoridade municipal, em que camelôs têm licença para exercer a sua atividade” di-lo Aurélio.
Dia desses, enquanto a fiscalização carioca andava às voltas com
imenso camelódromo no centro do Rio, onde apreendeu toneladas de
produtos contrabandeados, dois brasileiros da família Camelo da Costa foram notícia nos jornais e nas tevês. Edvardo Camelo da Costa, com larga ficha criminal, ex-presidiário, matou um pobre coitado para roubar sua mochila numa estação do metrô.
As câmeras de segurança da estação filmaram o crime e o bandido foi
denunciado à polícia por seu irmão, Edivaldo Camelo da Costa, casado, dois filhos, coronel reformado da PM, ficha exemplar.
Não fosse o irmão, Edvardo seria identificado por outras pessoas ou
pela polícia, pois sua imagem é nítida nos vídeos divulgados. Isso não
impediu que a população e a família Camelo da Costa ficassem divididas sobre a denúncia do coronel: deve alguém denunciar um irmão criminoso?
Que pensa do fato o leitor de Marcia Lobo? Edvardo teria confessado ao pai que não tinha jeito, que nasceu para bandido, enquanto Edinaldo fez carreira irretocável na PM. Irmãos podem ser muito diferentes. Até mesmo entre os cavalos de corridas, que não falam e não cometem crimes, o craque pode ser irmão do matungo. Gêmeos univitelinos, profissionais do mesmo ofício, temos Chico e Paulo Caruso. No mercado de trabalho, Chico vale 100 vezes mais.
Dia desses, enquanto a fiscalização carioca andava às voltas com
imenso camelódromo no centro do Rio, onde apreendeu toneladas de
produtos contrabandeados, dois brasileiros da família Camelo da Costa foram notícia nos jornais e nas tevês. Edvardo Camelo da Costa, com larga ficha criminal, ex-presidiário, matou um pobre coitado para roubar sua mochila numa estação do metrô.
As câmeras de segurança da estação filmaram o crime e o bandido foi
denunciado à polícia por seu irmão, Edivaldo Camelo da Costa, casado, dois filhos, coronel reformado da PM, ficha exemplar.
Não fosse o irmão, Edvardo seria identificado por outras pessoas ou
pela polícia, pois sua imagem é nítida nos vídeos divulgados. Isso não
impediu que a população e a família Camelo da Costa ficassem divididas sobre a denúncia do coronel: deve alguém denunciar um irmão criminoso?
Que pensa do fato o leitor de Marcia Lobo? Edvardo teria confessado ao pai que não tinha jeito, que nasceu para bandido, enquanto Edinaldo fez carreira irretocável na PM. Irmãos podem ser muito diferentes. Até mesmo entre os cavalos de corridas, que não falam e não cometem crimes, o craque pode ser irmão do matungo. Gêmeos univitelinos, profissionais do mesmo ofício, temos Chico e Paulo Caruso. No mercado de trabalho, Chico vale 100 vezes mais.
ECA – O Estatuto da Criança e do Adolescente faz jus ao nome ECA, que significa coisa suja, porcaria. Basta ver os nomes dos que assinaram a Lei Nº 8.069, de 13 de julho de 1990: Fernando Collor, Bernardo Cabral, Carlos Chiarelli, Antônio Magri e Margarida Salomão.
Ficou faltando a ministra Zélia, que andava empenhada na leitura dos
bilhetinhos amorosos, infantis, imbecilóides, do Bernardo Cabral,
ministro da Justiça, com fama de sedutor, apelidado boto-tucuxi. É o
boto-cinza, Sotalia fluviatilis, ou assoprador, que deve ser comedor de fêmeas da família dos delfinídeos.
Vinte anos depois, Zélia contou à colunista Mônica Bergamo que foi
vítima de sexual harassment, como se diz em Inglaterra: “A pessoa em
questão não tem nada a ver comigo. Zero! Não teve hábitos, educação, cultura parecidos com os meus. É como se me apaixonasse hoje por um cara qualquer que estivesse passando aí na rua”.
Conhecido jornalista, até hoje nas folhas, gosta de contar do dia em
que foi convidado pela ministra para jantar em São Paulo no
apartamento dela. “Oba, vou comer uma ministra” pensou o jornalista,
compositor, escritor, roteirista, produtor musical e letrista.
Pelas cinco da tarde, perfumado, meteu-se num avião da ponte aérea
Rio-São Paulo, pegou um táxi, chegou ao apê de Zélia, mesa posta,
vinho, jantar à luz de velas. Jantaram. O jornalista, compositor, escritor, roteirista, produtor musical e letrista, que nunca foi de mandar para o bispo, já pensava na cama com a ministra, quando ela disse: “Espera um pouco, que eu quero te mostrar uma coisa”.
Uma coisa? Só pode ser ministra pelada pensou o jornalista,
compositor, escritor, roteirista, produtor musical e letrista,
enquanto sua excelência foi ao quarto, pegou um violão, voltou à sala,
sentou-se num banquinho e começou a cantar. Queria ouvir a opinião do convidado sobre seu plano de se transformar em cantora quando deixasse o ministério.
O ECA é mais absurdo que a tese do sexual harassment do assoprador. Como é possível que o brasileiro de 16 anos possa votar para escolher presidente, governador, deputados, senadores e seja inimputável quando comete um crime? É o tipo do negócio que só poderia ser assinado por Fernando Collor, Bernardo Cabral, Carlos Chiarelli, Antônio Magri e Margarida Salomão. Ficou faltando a vítima do boto-tucuxi. Pobre país.
Ficou faltando a ministra Zélia, que andava empenhada na leitura dos
bilhetinhos amorosos, infantis, imbecilóides, do Bernardo Cabral,
ministro da Justiça, com fama de sedutor, apelidado boto-tucuxi. É o
boto-cinza, Sotalia fluviatilis, ou assoprador, que deve ser comedor de fêmeas da família dos delfinídeos.
Vinte anos depois, Zélia contou à colunista Mônica Bergamo que foi
vítima de sexual harassment, como se diz em Inglaterra: “A pessoa em
questão não tem nada a ver comigo. Zero! Não teve hábitos, educação, cultura parecidos com os meus. É como se me apaixonasse hoje por um cara qualquer que estivesse passando aí na rua”.
Conhecido jornalista, até hoje nas folhas, gosta de contar do dia em
que foi convidado pela ministra para jantar em São Paulo no
apartamento dela. “Oba, vou comer uma ministra” pensou o jornalista,
compositor, escritor, roteirista, produtor musical e letrista.
Pelas cinco da tarde, perfumado, meteu-se num avião da ponte aérea
Rio-São Paulo, pegou um táxi, chegou ao apê de Zélia, mesa posta,
vinho, jantar à luz de velas. Jantaram. O jornalista, compositor, escritor, roteirista, produtor musical e letrista, que nunca foi de mandar para o bispo, já pensava na cama com a ministra, quando ela disse: “Espera um pouco, que eu quero te mostrar uma coisa”.
Uma coisa? Só pode ser ministra pelada pensou o jornalista,
compositor, escritor, roteirista, produtor musical e letrista,
enquanto sua excelência foi ao quarto, pegou um violão, voltou à sala,
sentou-se num banquinho e começou a cantar. Queria ouvir a opinião do convidado sobre seu plano de se transformar em cantora quando deixasse o ministério.
O ECA é mais absurdo que a tese do sexual harassment do assoprador. Como é possível que o brasileiro de 16 anos possa votar para escolher presidente, governador, deputados, senadores e seja inimputável quando comete um crime? É o tipo do negócio que só poderia ser assinado por Fernando Collor, Bernardo Cabral, Carlos Chiarelli, Antônio Magri e Margarida Salomão. Ficou faltando a vítima do boto-tucuxi. Pobre país.
Busca e apreensão – Por mais que me esforce, não consigo entender
estes mandados de busca e apreensão expedidos um mês, seis meses, um ano depois de iniciada uma operação como a Lava-Jato. Será que o corrupto é um imbecil completo? Parece claro, como também deve ser lógico e evidente, que nenhum dos envolvidos na ladroeira guarde computadores e documentos em casa ou no escritório. Desde a primeira hora tudo estará muito bem escondido num endereço improvável, que só o corrupto e pessoas muito chegadas sabem onde fica.
estes mandados de busca e apreensão expedidos um mês, seis meses, um ano depois de iniciada uma operação como a Lava-Jato. Será que o corrupto é um imbecil completo? Parece claro, como também deve ser lógico e evidente, que nenhum dos envolvidos na ladroeira guarde computadores e documentos em casa ou no escritório. Desde a primeira hora tudo estará muito bem escondido num endereço improvável, que só o corrupto e pessoas muito chegadas sabem onde fica.
Terror – Especialistas se reuniram para tentar entender por que o
brasileiro não se interessa pelos filmes de terror. Se me consultassem
teriam a resposta detalhada. O brasileiro não precisa deixar sua casa
para assistir nos cinemas aos filmes de terror, quando tem nas tevês,
nas rádios, nos jornais e nas calçadas uma porção de quadros
aterrorizantes.
O país beira os 56.000 homicídios/ano, número parecido com as mortes anuais nos acidentes do trânsito. Tem estupros a montões, pedofilia galopante, desemprego assustador, corrupção inimaginável e não há brasileiro ou estrangeiro que explique como pôde uma senhora, que presidiu o conselho de administração da Petrobras durante anos, dizer que não sabia da ladroeira que destruiu a petrolífera. Em matéria de filmes de terror bastam aos brasileiros os telejornais com as universidades federais em greve por falta de verbas, o INSS em greve, os hospitais públicos em pandarecos, o magistério em condições miseráveis, a inflação ascendente, o PIB negativo, as estradas intransitáveis, a presidente transformada em Rainha da Sucata que ela mesma sucateou.
brasileiro não se interessa pelos filmes de terror. Se me consultassem
teriam a resposta detalhada. O brasileiro não precisa deixar sua casa
para assistir nos cinemas aos filmes de terror, quando tem nas tevês,
nas rádios, nos jornais e nas calçadas uma porção de quadros
aterrorizantes.
O país beira os 56.000 homicídios/ano, número parecido com as mortes anuais nos acidentes do trânsito. Tem estupros a montões, pedofilia galopante, desemprego assustador, corrupção inimaginável e não há brasileiro ou estrangeiro que explique como pôde uma senhora, que presidiu o conselho de administração da Petrobras durante anos, dizer que não sabia da ladroeira que destruiu a petrolífera. Em matéria de filmes de terror bastam aos brasileiros os telejornais com as universidades federais em greve por falta de verbas, o INSS em greve, os hospitais públicos em pandarecos, o magistério em condições miseráveis, a inflação ascendente, o PIB negativo, as estradas intransitáveis, a presidente transformada em Rainha da Sucata que ela mesma sucateou.
Fazer amor – Velho amigo e brilhante confrade vivia elogiando
determinado gramático. Comprei o livro do encomiado e constatei que
criticava as locuções fazer amor e fazer sexo, dizendo que amor não se “faz” e sexo, no sentido de cópula, concúbito, união carnal, coito não é “feito”. Embora muitas vezes seja um feito, diz aqui o degas: feito = “ato de heroísmo, façanha”. Pausa para elogiar o encomiado que pintou no pedaço.
Houaiss abona fazer sexo no sentido de ter relações sexuais, copular,
e o fato é que impliquei com o gramático elogiado pelo confrade e
nunca mais abri seu livro, que nem sei onde está.
Se o encomiado não tivesse falecido, gostaria de lhe perguntar qual
seria o substituto para fazer amor e fazer sexo: ficou, trepou,
transou, fodeu? Este último tabuísmo teria sido usado por uma senhora que vocês conhecem, na véspera de embarcar para os Estados Unidos em viagem oficial, numa reunião do ministério que preside, dirigindo-se ao ministro da Justiça: “Você me fodeu”. Notícia publicada com todos os efes e erres por duas respeitadas jornalistas, que têm fontes no Palácio do Planalto.
Depondo na CPI da Petrobras, o ministro José Eduardo Cardozo desmentiu a notícia afirmando que não perpetrou o “feito” desmoralizante para todo e qualquer macho da espécie.
determinado gramático. Comprei o livro do encomiado e constatei que
criticava as locuções fazer amor e fazer sexo, dizendo que amor não se “faz” e sexo, no sentido de cópula, concúbito, união carnal, coito não é “feito”. Embora muitas vezes seja um feito, diz aqui o degas: feito = “ato de heroísmo, façanha”. Pausa para elogiar o encomiado que pintou no pedaço.
Houaiss abona fazer sexo no sentido de ter relações sexuais, copular,
e o fato é que impliquei com o gramático elogiado pelo confrade e
nunca mais abri seu livro, que nem sei onde está.
Se o encomiado não tivesse falecido, gostaria de lhe perguntar qual
seria o substituto para fazer amor e fazer sexo: ficou, trepou,
transou, fodeu? Este último tabuísmo teria sido usado por uma senhora que vocês conhecem, na véspera de embarcar para os Estados Unidos em viagem oficial, numa reunião do ministério que preside, dirigindo-se ao ministro da Justiça: “Você me fodeu”. Notícia publicada com todos os efes e erres por duas respeitadas jornalistas, que têm fontes no Palácio do Planalto.
Depondo na CPI da Petrobras, o ministro José Eduardo Cardozo desmentiu a notícia afirmando que não perpetrou o “feito” desmoralizante para todo e qualquer macho da espécie.
Um livro – O título imenso depõe contra a obra, mas o livro é muito interessante para os que conhecemos pessoalmente o biografado e o
tempo em que viveu, sem olvidar o fato de termos, entre os personagens citados, muita gente conhecida, vários amigos e uns poucos amigos-irmãos.
TODO AQUELE IMENSO MAR DE LIBERDADE – A dura vida do jornalista Carlos Castello Branco. Pergunto: é título que se dê a uma biografia de 557 páginas em letrinhas miúdas? O autor, jornalista Carlos Marchi, não esconde seu encanto pela esquerda e vai mais longe: “...enquanto Juscelino Kubitschek, símbolo da democracia brasileira, tinha uma inexplicável afeição pessoal por António de Oliveira Salazar, o sanguinário ditador que submeteu Portugal às trevas durante 38 anos”.
Ditador sanguinário? Se Juscelino tinha afeição pessoal por Salazar
era porque, inteligente e informado, sabia que o estadista nascido em
Santa Comba Dão no ano de 1889 conduziu os destinos de Portugal num dos períodos mais complicados da história da Europa, de paredes-meias com o nazismo, o fascismo, a guerra-civil espanhola, a expansão soviética – e sempre foi cidadão incorruptível, pessoalmente modesto e inatacável. Um dos seus sucessores, o socialista José Sócrates, está na cadeia por furto talqualmente alguns muitos petistas que roubaram a Petrobras.
A vida de Castelinho, nascido no Piauí, filho de um desembargador
pobre e honesto, teve episódios duros como a perda de um filho em
acidente de automóvel, mas foi um sucesso pelo brilho de sua pena e do seu trabalho, pelos muitos amigos que fez e uns poucos inimigos.
Deles, disse Vieira: “Mofino e miserável aquele que não os teve. Ter
inimigos parece um gênero de desgraça, mas não os ter é indício certo
de outra muito maior...” Sêneca caprichou: “Miserum te judico quia non
fuiste miser: transiisti sine adversario vitam”, algo assim como “eu
te julgo por infeliz e desgraçado, porque nunca o foste: passaste a
vida sem inimigos”. E Temístocles, em seus primeiros anos, andava
muito triste. Perguntado pela causa, quando era amado e estimado por toda a Grécia, respondeu: “Por isso mesmo; sinal é o ver-me amado por todos que ainda não tenho feito ação honrada que me granjeasse inimigos”.
O livro de Marchi é interessantíssimo: li-o em um dia, começando às
quatro e meia da tarde para acabar na noite seguinte, sem prejuízo de
minhas outras atividades. E o calhamaço, repito, tem 557 páginas.
Anotei alguns errinhos, como aquele em que o biógrafo diz que Maneco Brito foi advogado do Banco do Brasil “até se casar com Leda”, filha da condessa Pereira Carneiro, dona do Jornal do Brasil.
Maneco nunca deixou de ser advogado do BB, com a seguinte
característica: diretor do JB depois de se casar com Leda, nunca mais
apareceu no BB. Tinha uma advogada que apanhava os processos no
serviço jurídico do banco, fazia o trabalho, ele assinava e pronto:
não precisava frequentar o BB.
Quanto à condessa, nas três vezes em que lhe fui apresentado, disse:
“Neste eu preciso dar um beijo”. E me beijou. Explicação: em solteira,
Maurina Dunshee de Abranches (1899-1983) namorou parente meu. Ganhei três beijos, digamos, afetuosos; ficou faltando o convite para
cronicar no Jornal do Brasil.
tempo em que viveu, sem olvidar o fato de termos, entre os personagens citados, muita gente conhecida, vários amigos e uns poucos amigos-irmãos.
TODO AQUELE IMENSO MAR DE LIBERDADE – A dura vida do jornalista Carlos Castello Branco. Pergunto: é título que se dê a uma biografia de 557 páginas em letrinhas miúdas? O autor, jornalista Carlos Marchi, não esconde seu encanto pela esquerda e vai mais longe: “...enquanto Juscelino Kubitschek, símbolo da democracia brasileira, tinha uma inexplicável afeição pessoal por António de Oliveira Salazar, o sanguinário ditador que submeteu Portugal às trevas durante 38 anos”.
Ditador sanguinário? Se Juscelino tinha afeição pessoal por Salazar
era porque, inteligente e informado, sabia que o estadista nascido em
Santa Comba Dão no ano de 1889 conduziu os destinos de Portugal num dos períodos mais complicados da história da Europa, de paredes-meias com o nazismo, o fascismo, a guerra-civil espanhola, a expansão soviética – e sempre foi cidadão incorruptível, pessoalmente modesto e inatacável. Um dos seus sucessores, o socialista José Sócrates, está na cadeia por furto talqualmente alguns muitos petistas que roubaram a Petrobras.
A vida de Castelinho, nascido no Piauí, filho de um desembargador
pobre e honesto, teve episódios duros como a perda de um filho em
acidente de automóvel, mas foi um sucesso pelo brilho de sua pena e do seu trabalho, pelos muitos amigos que fez e uns poucos inimigos.
Deles, disse Vieira: “Mofino e miserável aquele que não os teve. Ter
inimigos parece um gênero de desgraça, mas não os ter é indício certo
de outra muito maior...” Sêneca caprichou: “Miserum te judico quia non
fuiste miser: transiisti sine adversario vitam”, algo assim como “eu
te julgo por infeliz e desgraçado, porque nunca o foste: passaste a
vida sem inimigos”. E Temístocles, em seus primeiros anos, andava
muito triste. Perguntado pela causa, quando era amado e estimado por toda a Grécia, respondeu: “Por isso mesmo; sinal é o ver-me amado por todos que ainda não tenho feito ação honrada que me granjeasse inimigos”.
O livro de Marchi é interessantíssimo: li-o em um dia, começando às
quatro e meia da tarde para acabar na noite seguinte, sem prejuízo de
minhas outras atividades. E o calhamaço, repito, tem 557 páginas.
Anotei alguns errinhos, como aquele em que o biógrafo diz que Maneco Brito foi advogado do Banco do Brasil “até se casar com Leda”, filha da condessa Pereira Carneiro, dona do Jornal do Brasil.
Maneco nunca deixou de ser advogado do BB, com a seguinte
característica: diretor do JB depois de se casar com Leda, nunca mais
apareceu no BB. Tinha uma advogada que apanhava os processos no
serviço jurídico do banco, fazia o trabalho, ele assinava e pronto:
não precisava frequentar o BB.
Quanto à condessa, nas três vezes em que lhe fui apresentado, disse:
“Neste eu preciso dar um beijo”. E me beijou. Explicação: em solteira,
Maurina Dunshee de Abranches (1899-1983) namorou parente meu. Ganhei três beijos, digamos, afetuosos; ficou faltando o convite para
cronicar no Jornal do Brasil.
Ruminanças – “Nasceu João, neto de João Vaccari Neto. É o João Vaccari Tetraneto. Pobre criança” (R.Manso Neto).
20 a 26 de julho de 2015
Ass
water – O mineiro Lucas Mendes, 71, recebeu a
paulista Maitê Proença, 57, em seu Manhattan Connection, edição de 5 de
julho passado. Atriz, apresentadora, escritora, Maitê está passando em Nova
York uma temporada sabática, repensando sua vida e seus valores, fazendo um
curso para roteirista televisiva.
Até aí, tudo bem: muitos elogios recíprocos, Maitê ainda é muito bonita e o programa caminhava para o fim quando o editor-chefe, nascido na Rua Padre Rolim, em Belo Horizonte, presenteou a convidada com um pote plástico, leve, que cabe na bolsa, chamado ass water, de grande sucesso nos Estados Unidos.
Vejo no Collins inglês-português que water é água e ass é jumento, burro, imbecil ou cu. Considerando que o editor-chefe é suficientemente educado para não chamar de jumenta, burra ou imbecil sua convidada, o presente dado no ar, em cores, diante de milhões de telespectadores, é uma espécie de bidê portátil: ass water ou “água para cu”.
Ufa!, que os norte-americanos levaram séculos para descobrir o óbvio: só a água evita a dilatação das veias varicosas do ânus e da parte inferior do reto, “florescimento” que atende pelo nome de hemorroidas ou almorreimas. Em latim tardio haemorrheuma, 'fluxo de sangue', é mais chique. Tanto assim que existe, próxima de Belo Horizonte, a Ponte das Almorreimas, por cima de um riacho em que os antigos lavavam suas partes baixas.
Em 1950, um tio meu foi a Nova York operar-se das almorreimas com famoso cirurgião, que lhe disse: “Se os Estados Unidos tivessem bidês eu mudava de profissão”.
Transcorridos 65 anos, os americanos conheceram o bidê através do japonês marca TOTO e dos portáteis ass water de vários fabricantes. O TOTO original (cerca de 800 dólares), instalado acima da borda do vaso de louça, esquenta as nádegas, esguicha, sopra, seca, toca Vivaldi, Mozart, Jobim, faz o utente conhecer a felicidade terráquea livre de almorreimas.
Utente é como se diz em Portugal: que ou aquele que usa, se serve de algo. Latim utens,éntis, particípio presente do velho latim útor,èris,úsus sum,úti 'usar de, servir-se de'. Muito mais chique do que usuário, que lembra usurário, agiota, onzenário.
Três semanas depois de ganhar o presente de Lucas Mendes, em longo e-mail ao colunista Ancelmo Gois, transcrito na edição de 10 de julho do Globo, Maitê explicou sua temporada nova-iorquina.
Entre outras coisas igualmente graves, informou: “É um ‘reset’, preciso ficar incógnita para me limpar e me preencher com algo novo”. Pronto: o presente foi explicado.
Até aí, tudo bem: muitos elogios recíprocos, Maitê ainda é muito bonita e o programa caminhava para o fim quando o editor-chefe, nascido na Rua Padre Rolim, em Belo Horizonte, presenteou a convidada com um pote plástico, leve, que cabe na bolsa, chamado ass water, de grande sucesso nos Estados Unidos.
Vejo no Collins inglês-português que water é água e ass é jumento, burro, imbecil ou cu. Considerando que o editor-chefe é suficientemente educado para não chamar de jumenta, burra ou imbecil sua convidada, o presente dado no ar, em cores, diante de milhões de telespectadores, é uma espécie de bidê portátil: ass water ou “água para cu”.
Ufa!, que os norte-americanos levaram séculos para descobrir o óbvio: só a água evita a dilatação das veias varicosas do ânus e da parte inferior do reto, “florescimento” que atende pelo nome de hemorroidas ou almorreimas. Em latim tardio haemorrheuma, 'fluxo de sangue', é mais chique. Tanto assim que existe, próxima de Belo Horizonte, a Ponte das Almorreimas, por cima de um riacho em que os antigos lavavam suas partes baixas.
Em 1950, um tio meu foi a Nova York operar-se das almorreimas com famoso cirurgião, que lhe disse: “Se os Estados Unidos tivessem bidês eu mudava de profissão”.
Transcorridos 65 anos, os americanos conheceram o bidê através do japonês marca TOTO e dos portáteis ass water de vários fabricantes. O TOTO original (cerca de 800 dólares), instalado acima da borda do vaso de louça, esquenta as nádegas, esguicha, sopra, seca, toca Vivaldi, Mozart, Jobim, faz o utente conhecer a felicidade terráquea livre de almorreimas.
Utente é como se diz em Portugal: que ou aquele que usa, se serve de algo. Latim utens,éntis, particípio presente do velho latim útor,èris,úsus sum,úti 'usar de, servir-se de'. Muito mais chique do que usuário, que lembra usurário, agiota, onzenário.
Três semanas depois de ganhar o presente de Lucas Mendes, em longo e-mail ao colunista Ancelmo Gois, transcrito na edição de 10 de julho do Globo, Maitê explicou sua temporada nova-iorquina.
Entre outras coisas igualmente graves, informou: “É um ‘reset’, preciso ficar incógnita para me limpar e me preencher com algo novo”. Pronto: o presente foi explicado.
Calma... – Na demorada matéria feita sobre os brasileiros que
compram produtos contrabandeados, edição das 18h do GloboNews no dia 25 de
maio, os telespectadores tiveram a impressão de que a compra de um rádio de
pilhas contrabandeado pode ser comparada ao assalto à Petrobras, que o crime
está no DNA de todos os brasileiros, que o comprador de um radinho paraguaio
não pode criticar Vaccari Neto, o tesoureiro do PT, e seus sócios na ladroeira
que vai por aí.
Calma, que o negócio não é bem assim. Há crimes e crimes, há contravenções e um programa de tevê não deve misturar alhos com bugalhos.
Tenho aqui o Código Penal de 1940 considerado velho, ultrapassado (sic). A Bíblia anda em torno de dois mil anos e está atualíssima, tanto assim que muita gente vive dela e nela diz acreditar. Muitos séculos antes de Cristo, escribas, sacerdotes, profetas, reis e poetas hebreus mantiveram registros de sua história e de seu relacionamento com Deus, registros que teriam resultado em três grandes conjuntos de livros finalizados durante o Concílio de Jamnia, ocorrido por volta de 95 d.C.
Já o Novo Testamento, nome dado aos livros que compõem a segunda parte da Bíblia, foi escrito depois da morte de Jesus. É um conjunto de 27 livros e o primeiro deles deve ter sido escrito no ano 42 d.C. É o que leio na Wikipédia e transcrevo porque nunca li a Bíblia, ocupado que sempre andei, desde menino, estudando gados e pastagens. Comprei a Bíblia, tentei ler e não me falou à alma.
No Código Penal ultrapassado (sic) você constata o seguinte: Art. 121. Matar alguém: Pena – reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos. Se o homicídio é qualificado a pena de reclusão é de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
Só aí, no crime de matar alguém, temos pena cinco vezes maior que a outra, prova provada de que comprar um rádio contrabandeado não é crime que se compare a roubar a Petrobras. Fiquei furioso com a matéria do GloboNews dando a entender que a compra de produtos contrabandeados é crime como os outros de que temos notícia. Se as penas são diferentes é porque há diferença entre os “crimes” cometidos por mim e por você, caro e preclaro leitor de Marcia Lobo, quando comparados com os 56 mil homicídios/ano anotados nesta República de merda, que já foi um país grande e bobo.
Calma, que o negócio não é bem assim. Há crimes e crimes, há contravenções e um programa de tevê não deve misturar alhos com bugalhos.
Tenho aqui o Código Penal de 1940 considerado velho, ultrapassado (sic). A Bíblia anda em torno de dois mil anos e está atualíssima, tanto assim que muita gente vive dela e nela diz acreditar. Muitos séculos antes de Cristo, escribas, sacerdotes, profetas, reis e poetas hebreus mantiveram registros de sua história e de seu relacionamento com Deus, registros que teriam resultado em três grandes conjuntos de livros finalizados durante o Concílio de Jamnia, ocorrido por volta de 95 d.C.
Já o Novo Testamento, nome dado aos livros que compõem a segunda parte da Bíblia, foi escrito depois da morte de Jesus. É um conjunto de 27 livros e o primeiro deles deve ter sido escrito no ano 42 d.C. É o que leio na Wikipédia e transcrevo porque nunca li a Bíblia, ocupado que sempre andei, desde menino, estudando gados e pastagens. Comprei a Bíblia, tentei ler e não me falou à alma.
No Código Penal ultrapassado (sic) você constata o seguinte: Art. 121. Matar alguém: Pena – reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos. Se o homicídio é qualificado a pena de reclusão é de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
Só aí, no crime de matar alguém, temos pena cinco vezes maior que a outra, prova provada de que comprar um rádio contrabandeado não é crime que se compare a roubar a Petrobras. Fiquei furioso com a matéria do GloboNews dando a entender que a compra de produtos contrabandeados é crime como os outros de que temos notícia. Se as penas são diferentes é porque há diferença entre os “crimes” cometidos por mim e por você, caro e preclaro leitor de Marcia Lobo, quando comparados com os 56 mil homicídios/ano anotados nesta República de merda, que já foi um país grande e bobo.
Fatos – Lester Brown, 81 anos, livros publicados em 42 línguas,
577 edições, único ambientalista preocupado com a explosão demográfica,
informa: são 216 mil crianças nascidas por dia. Repito: a cada 24 horas,
duzentas e dezesseis mil novas bocas para alimentar neste planeta.
Até que enfim encontrei um craque para fazer coro comigo sobre a maior das poluições, a humana. Ambientalistas histéricos vivem citando uma série de problemas gravíssimos – lixo, poluição dos rios e mares, esgotos sem tratamento, desmatamento, poluição atmosférica, garrafas pet, sacolinhas plásticas, aquecimento global, pesticidas – falam de tudo menos da mais grave das poluições: excesso de gente.
Lester Brown é otimista quando ao problema energético pelas vias eólicas e solares. Diz que no próximo decênio o planeta avançará 50 anos nos terrenos solar e eólico, apesar do poderoso lobby da indústria do petróleo.
Até que enfim encontrei um craque para fazer coro comigo sobre a maior das poluições, a humana. Ambientalistas histéricos vivem citando uma série de problemas gravíssimos – lixo, poluição dos rios e mares, esgotos sem tratamento, desmatamento, poluição atmosférica, garrafas pet, sacolinhas plásticas, aquecimento global, pesticidas – falam de tudo menos da mais grave das poluições: excesso de gente.
Lester Brown é otimista quando ao problema energético pelas vias eólicas e solares. Diz que no próximo decênio o planeta avançará 50 anos nos terrenos solar e eólico, apesar do poderoso lobby da indústria do petróleo.
Validade – O assunto era o prazo de validade impresso nos alimentos,
quando informei ao público presente, até porque seria impossível informar aos
que não estavam na sala, que o meu prazo de validade venceu em 2005. De lá para
cá produzi alguma coisa, mas o prazo continua vencido.
Abro um jornal, ligo a tevê e me pergunto: isto pode? Sexo oral sempre existiu; bestialismo, bestialidade, zooerastia – prática sexual com animais – outrossim. Daí a um programa de tevê, exibido às 9h30min da manhã do dia 9 de junho, canal GNT, reprise da Semana do Jô, apresentar um cavalheiro contando o sexo oral de seu casamento de seis anos com uma argentina e do próprio Jô repetindo a piada, que endereçou à mãe do entrevistado, vai uma distância que o meu prazo de validade não consegue percorrer nem entender. Humor e chulice não são inconhos. E o adjetivo inconho, que anda por aí desde 1858, significa fruto que nasce pegado a outro, coisas muito ligadas entre si.
No Jô, a plateia riu e aplaudiu – mas o fenômeno plateia, que leva pessoas a sair de casa para participar do Programa do Jô ou do Domingão do Faustão, onde atende pelo nome de galera – é coisa que nem Freud explicaria.
Que leva um grupo de pessoas, de diversas regiões desta República bostada, a viajar centenas de quilômetros para fazer parte da galera do Faustão? Sei que muita gente gosta de aparecer na tevê, mas na galera poucos são reconhecíveis: há um grupo imenso aplaudindo e pouquíssimos são identificáveis. Por falar em Domingão, noite dessas perdi 20 minutos assistindo ao Fantástico. Está conseguindo piorar. Parecia impossível, mas está.
Fiquei livre das entrevistas do Jô, repetidas aos domingos pelo GNT, depois que o gordo entrevistou a incompetenta em Brasília. Parei com ele. Nunca mais.
Abro um jornal, ligo a tevê e me pergunto: isto pode? Sexo oral sempre existiu; bestialismo, bestialidade, zooerastia – prática sexual com animais – outrossim. Daí a um programa de tevê, exibido às 9h30min da manhã do dia 9 de junho, canal GNT, reprise da Semana do Jô, apresentar um cavalheiro contando o sexo oral de seu casamento de seis anos com uma argentina e do próprio Jô repetindo a piada, que endereçou à mãe do entrevistado, vai uma distância que o meu prazo de validade não consegue percorrer nem entender. Humor e chulice não são inconhos. E o adjetivo inconho, que anda por aí desde 1858, significa fruto que nasce pegado a outro, coisas muito ligadas entre si.
No Jô, a plateia riu e aplaudiu – mas o fenômeno plateia, que leva pessoas a sair de casa para participar do Programa do Jô ou do Domingão do Faustão, onde atende pelo nome de galera – é coisa que nem Freud explicaria.
Que leva um grupo de pessoas, de diversas regiões desta República bostada, a viajar centenas de quilômetros para fazer parte da galera do Faustão? Sei que muita gente gosta de aparecer na tevê, mas na galera poucos são reconhecíveis: há um grupo imenso aplaudindo e pouquíssimos são identificáveis. Por falar em Domingão, noite dessas perdi 20 minutos assistindo ao Fantástico. Está conseguindo piorar. Parecia impossível, mas está.
Fiquei livre das entrevistas do Jô, repetidas aos domingos pelo GNT, depois que o gordo entrevistou a incompetenta em Brasília. Parei com ele. Nunca mais.
Educação – Às voltas com a falta de dinheiro e de professores, o
secretário de Educação do glorioso estado do Rio Grande do Norte, mal
classificado no ranking nacional, resolveu adotar o ensino a distância. Ideia
brilhante: um só professor pode dar aulas a milhares de alunos. Fiquei tão
entusiasmado com a notícia, que resolvi acender o segundo charuto matinal:
jovens potiguares, em suas casas, estudando matemática, física, química e
outras complicações. A população total do RN, em 2014, orçava pelos 3,4 milhões
de pessoas em 167 municípios. Na Wikipédia, o capítulo sobre educação no RN é
imenso e complicadíssimo, servindo apenas para bagunçar o fulcro deste belo
suelto: ensino on-line.
Aceso o segundo charuto, descobri que a educação on-line não seria feita com os alunos em suas casas, mas nas escolas públicas em que estão matriculados. Notícia alvissareira: todas têm internet. Notícia infausta: são raríssimas as escolas que têm computadores e não há verba para comprá-los. Conclusão: sem computadores, educação a distância é meio difícil.
Aceso o segundo charuto, descobri que a educação on-line não seria feita com os alunos em suas casas, mas nas escolas públicas em que estão matriculados. Notícia alvissareira: todas têm internet. Notícia infausta: são raríssimas as escolas que têm computadores e não há verba para comprá-los. Conclusão: sem computadores, educação a distância é meio difícil.
Amor
& Sexo – O último Dia nos
Namorados ensejou uma série de textos e depoimentos sobre o amor confundido com
a atração sexual, que liga pessoas de diversos sexos, eventualmente homem com
mulher heterossexuais. O psiquiatra Pamplona da Costa publicou, faz tempo, o
livro Os Onze Sexos.
Recentemente, alguém contou 72 e a maluquice foi publicada por aí. Tentei
localizá-la no Google e fui parar no Jardim Zoológico de Barcelona, mas Marcia
Lobo, que é craque em internet, saberá onde encontrar o texto.
Importa-nos o homem e a mulher que se atraem e fazem sexo. Minha tese, de resto indiscutível, é a seguinte: amor e sexo não têm relação direta. Todo homem normal ama suas irmãs, sua mãe, suas filhas sem que pense transar com elas. O mesmo se aplica às mulheres normais, que amam seus irmãos, seus filhos, seus pais, sem que lhes passe pelas cabeças transar com eles.
Amor e sexo podem, sim, coexistir em muitos casos, assim como as furiosas atrações sexuais existem sem que haja amor. O assunto é de uma complexidade que desborda os limites deste belo suelto. O importante é que o leitor tenha entendido, porque a comadre acaba de me avisar que o almoço está pronto, poupando-me do esforço de estender o assunto para confirmar o óbvio.
Importa-nos o homem e a mulher que se atraem e fazem sexo. Minha tese, de resto indiscutível, é a seguinte: amor e sexo não têm relação direta. Todo homem normal ama suas irmãs, sua mãe, suas filhas sem que pense transar com elas. O mesmo se aplica às mulheres normais, que amam seus irmãos, seus filhos, seus pais, sem que lhes passe pelas cabeças transar com eles.
Amor e sexo podem, sim, coexistir em muitos casos, assim como as furiosas atrações sexuais existem sem que haja amor. O assunto é de uma complexidade que desborda os limites deste belo suelto. O importante é que o leitor tenha entendido, porque a comadre acaba de me avisar que o almoço está pronto, poupando-me do esforço de estender o assunto para confirmar o óbvio.
Notícia – Seguro é pauta recorrente e cerimoniosa. Recorrente,
porque seguro no Brasil sempre foi vigarice organizada; cerimoniosa, porque as
seguradoras pertencem a poderosos grupos de anunciantes nos jornais e nas
tevês. Os donos desses veículos sabem que esmurrar ponta de faca é suicídio
empresarial, o que tem permitido a sucessão de crimes das seguradoras ao longo
das décadas.
Houve tempo, lá se vão muitos anos, em que a propaganda de uma delas prometia: “A Nictheroy não discute, paga”. Realmente, não discutia, pagava e a Nictheroy faliu. As outras, que aí estão cada vez mais poderosas e desonestas, discutem, não pagam ou só pagam um pouquinho do que deveriam pagar, mesmo assim depois de um tempão discutindo na Justiça. Seus administradores distinguem-se do pessoal do Comando Vermelho e do PCC por trabalhar de terno e gravata.
Agora é que vem a notícia que não pode ser contada nos jornais e tevês, mas cabe neste espaço imaculado da internet: Joaquim Levy, PhD em Economia pela Escola de Chicago, presidia a Bradesco Seguros quando foi chamado para ministro da Fazenda. Levou com ele dois ou três auxiliares de confiança, entre os quais Tarcísio Godoy, mineiro de Campo Belo. É mole?
Houve tempo, lá se vão muitos anos, em que a propaganda de uma delas prometia: “A Nictheroy não discute, paga”. Realmente, não discutia, pagava e a Nictheroy faliu. As outras, que aí estão cada vez mais poderosas e desonestas, discutem, não pagam ou só pagam um pouquinho do que deveriam pagar, mesmo assim depois de um tempão discutindo na Justiça. Seus administradores distinguem-se do pessoal do Comando Vermelho e do PCC por trabalhar de terno e gravata.
Agora é que vem a notícia que não pode ser contada nos jornais e tevês, mas cabe neste espaço imaculado da internet: Joaquim Levy, PhD em Economia pela Escola de Chicago, presidia a Bradesco Seguros quando foi chamado para ministro da Fazenda. Levou com ele dois ou três auxiliares de confiança, entre os quais Tarcísio Godoy, mineiro de Campo Belo. É mole?
Jumentos – Dia 10 de julho dois jumentos invadiram as dependências
do Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza, CE, fato que repercutiu
nas redes sociais e o provedor Terra mostrou o vídeo em que os mamíferos
perissodátilos, Equus asinus,
circulavam pelas instalações aeroportuárias.
Não consegui entender o auê provocado pelo episódio jumental num estado em que fazem sucesso no palácio do governo tantos jumentos, dois deles irmãos de pai e mãe, bem como num país em que a presidência e a maioria do seu ministério não se distingue dos perissodátilos semelhantes ao cavalo, mas geralmente de menor tamanho e orelhas mais longas.
Originalmente de distribuição africana, são hoje encontrados em todo o planeta como animais usados para trabalhos diversos, salvo no Brasil onde atuam na administração pública.
Não consegui entender o auê provocado pelo episódio jumental num estado em que fazem sucesso no palácio do governo tantos jumentos, dois deles irmãos de pai e mãe, bem como num país em que a presidência e a maioria do seu ministério não se distingue dos perissodátilos semelhantes ao cavalo, mas geralmente de menor tamanho e orelhas mais longas.
Originalmente de distribuição africana, são hoje encontrados em todo o planeta como animais usados para trabalhos diversos, salvo no Brasil onde atuam na administração pública.
13 a 19 de julho de 2015
Ponte Nova – Quem nasce em Ponte
Nova é ponte-novense. Tive por lá muitos leitores que se transformaram em bons
amigos. Conheço a cidade da Zona da Mata de Minas. Ano passado, os
ponte-novenses orçavam pelas 60 mil almas. Não sei se ainda produzem a melhor
goiabada cascão mineira, ipso
facto, a melhor do mundo. Duas vezes me mandaram latões de cinco quilos,
que devorei com ímpeto e aplauso.
Fiquei feliz com esse ipso facto, que tem sido pouco usado na mídia impressa. Significa “por isso mesmo” ou “por via de consequência”, locução muito do aprazimento do saudoso Aureliano Chaves.
Ex-produtor de goiabada cascão para doar aos amigos, conheço o doce de goiaba em pasta e sei que o meu nunca se comparou ao ponte-novense fabricado com açúcar especial produzido pelas usinas locais. Mas o meu era “simpático” e elogiado pelos donatários.
Com o passar dos anos, muitos anos, fiquei covarde e desliguei o rádio na manhã de 2 de julho durante a notícia de que a ponte-novense Gilmária Silva Patrocínio confessou o assassinato de Patrícia Xavier da Silva, 21 anos, grávida de nove meses.
Matou Patrícia com uma paulada na cabeça, retirou-lhe o filho cortando a barriga da moça com uma lâmina de barbear, procurou os bombeiros com o menino sem cortar o cordão umbilical, como se o tivesse parido. Foi levada ao hospital em que os médicos identificaram a farsa do parto.
Depois de inventar uma gravidez, Gilmária, assombrosamente gorda, pretendeu mostrar ao marido que a gestação era verdadeira. Os médicos não acreditaram na invenção e a Polícia Civil logo descobriu a autora do crime.
Desligando o rádio pensei livrar-me da notícia, que acabou publicada com fotos e detalhes nos jornais que assino e só recebo por volta das 8h, e nas tevês à noite. Escusado é dizer que Gilmária, autora confessa do bárbaro homicídio, foi apresentada pela mídia impressa como “suspeita”. E não aparece um editor, um diretor de redação, um dono de jornal para demitir por justa causa o repórter que chama de suspeita uma criminosa confessa, provada e fotografada.
Fiquei feliz com esse ipso facto, que tem sido pouco usado na mídia impressa. Significa “por isso mesmo” ou “por via de consequência”, locução muito do aprazimento do saudoso Aureliano Chaves.
Ex-produtor de goiabada cascão para doar aos amigos, conheço o doce de goiaba em pasta e sei que o meu nunca se comparou ao ponte-novense fabricado com açúcar especial produzido pelas usinas locais. Mas o meu era “simpático” e elogiado pelos donatários.
Com o passar dos anos, muitos anos, fiquei covarde e desliguei o rádio na manhã de 2 de julho durante a notícia de que a ponte-novense Gilmária Silva Patrocínio confessou o assassinato de Patrícia Xavier da Silva, 21 anos, grávida de nove meses.
Matou Patrícia com uma paulada na cabeça, retirou-lhe o filho cortando a barriga da moça com uma lâmina de barbear, procurou os bombeiros com o menino sem cortar o cordão umbilical, como se o tivesse parido. Foi levada ao hospital em que os médicos identificaram a farsa do parto.
Depois de inventar uma gravidez, Gilmária, assombrosamente gorda, pretendeu mostrar ao marido que a gestação era verdadeira. Os médicos não acreditaram na invenção e a Polícia Civil logo descobriu a autora do crime.
Desligando o rádio pensei livrar-me da notícia, que acabou publicada com fotos e detalhes nos jornais que assino e só recebo por volta das 8h, e nas tevês à noite. Escusado é dizer que Gilmária, autora confessa do bárbaro homicídio, foi apresentada pela mídia impressa como “suspeita”. E não aparece um editor, um diretor de redação, um dono de jornal para demitir por justa causa o repórter que chama de suspeita uma criminosa confessa, provada e fotografada.
Uber – A Câmara Municipal de São Paulo tem 55 vereadores, cada
um com 30 assessores. Só aí são 1650 cérebros privilegiados, fora os 55 dos
edis pensando o Brasil para conseguir a proeza de proibir o proibido.
Em março de 1968 Caetano, o filho de dona Canô, e Os Mutantes estouraram na praça com a música É proibido proibir. Agora, os vereadores paulistanos e seus 1650 assessores proibiram o que já era proibido, a Uber, uma startup americana do setor tecnológico fundada em 2009, na cidade de San Francisco, Califórnia, por Travis Kalanick e Garrett Camp, que em seis anos passou a valer 40 bilhões de dólares oferecendo serviços semelhantes aos dos táxis.
Não sei o que é uma startup. Fui ao Google e há milhares de explicações, motivo pelo qual continuo dizendo que a Uber tem um aplicativo através do qual você chama um automóvel particular, que o transporta mediante pagamento não raras vezes muito mais barato que o dos táxis convencionais.
O jornalista Jorge Pontual, que mora em Nova York, diz: “Não vivo sem o Uber”. A jornalista Cora Rónai, que mora no Rio, também adora o Uber. Ou a Uber, como queiram.
Nesta minha esplendorosa ignorância, pensei que Uber, startup (?) fundada na Califórnia, fosse palavra inglesa. Não é. Então, fui ao pequeno dicionário Michaelis alemão-português, que tem über à beça e à bessa, “sobre, acima de, além” e muitos outros significados. Alemão não vive sem über e Bunde. Bundeskriminalamt, na Alemanha, é Polícia Federal. Petistas brasileiros devem temer a Bundeskriminalamt, assim como nossos futebolistas amam a Bundesliga, primeira divisão dos campeonatos nacionais alemães.
Pertinax sum tamquam parta sus (sou teimoso feito porca parida) e fui ao latim-português para descobrir que uber é fertilidade, abundância, tanto assim que Cícero, ao escrever aqua uber (água abundante), não podia imaginar a situação da cidade São Paulo, dois mil anos mais tarde, com o Sistema Cantareira no volume morto e a Câmara Municipal proibindo o (a?) Uber, que já era proibido(a).
Impende notar que a cidade de São Paulo tem uma porção de empresas de táxis, cada uma com dezenas de carros, nas quais os motoristas já começam os seus dias de trabalho devendo dinheiro aos donos das empresas. Os fiscais do Ministério do Trabalho gostam de falar das condições análogas às da escravidão e os motoristas das empresas andam próximos das tais condições.
Você, leitor de Marcia Lobo, é contra o Uber? Na cidade em que moro não existe a startup. Se existisse, o autor destas bem traçadas não baixaria o aplicativo, porque ainda não aprendeu a mexer com o smartphone comprado há seis meses. Fiquei felicíssimo, dia 1º de julho, através do Jornal Nacional, diante da notícia de que no Japão milhões de pessoas, mesmo entre as jovens, preferem os celulares antigos, descomplicados.
Em março de 1968 Caetano, o filho de dona Canô, e Os Mutantes estouraram na praça com a música É proibido proibir. Agora, os vereadores paulistanos e seus 1650 assessores proibiram o que já era proibido, a Uber, uma startup americana do setor tecnológico fundada em 2009, na cidade de San Francisco, Califórnia, por Travis Kalanick e Garrett Camp, que em seis anos passou a valer 40 bilhões de dólares oferecendo serviços semelhantes aos dos táxis.
Não sei o que é uma startup. Fui ao Google e há milhares de explicações, motivo pelo qual continuo dizendo que a Uber tem um aplicativo através do qual você chama um automóvel particular, que o transporta mediante pagamento não raras vezes muito mais barato que o dos táxis convencionais.
O jornalista Jorge Pontual, que mora em Nova York, diz: “Não vivo sem o Uber”. A jornalista Cora Rónai, que mora no Rio, também adora o Uber. Ou a Uber, como queiram.
Nesta minha esplendorosa ignorância, pensei que Uber, startup (?) fundada na Califórnia, fosse palavra inglesa. Não é. Então, fui ao pequeno dicionário Michaelis alemão-português, que tem über à beça e à bessa, “sobre, acima de, além” e muitos outros significados. Alemão não vive sem über e Bunde. Bundeskriminalamt, na Alemanha, é Polícia Federal. Petistas brasileiros devem temer a Bundeskriminalamt, assim como nossos futebolistas amam a Bundesliga, primeira divisão dos campeonatos nacionais alemães.
Pertinax sum tamquam parta sus (sou teimoso feito porca parida) e fui ao latim-português para descobrir que uber é fertilidade, abundância, tanto assim que Cícero, ao escrever aqua uber (água abundante), não podia imaginar a situação da cidade São Paulo, dois mil anos mais tarde, com o Sistema Cantareira no volume morto e a Câmara Municipal proibindo o (a?) Uber, que já era proibido(a).
Impende notar que a cidade de São Paulo tem uma porção de empresas de táxis, cada uma com dezenas de carros, nas quais os motoristas já começam os seus dias de trabalho devendo dinheiro aos donos das empresas. Os fiscais do Ministério do Trabalho gostam de falar das condições análogas às da escravidão e os motoristas das empresas andam próximos das tais condições.
Você, leitor de Marcia Lobo, é contra o Uber? Na cidade em que moro não existe a startup. Se existisse, o autor destas bem traçadas não baixaria o aplicativo, porque ainda não aprendeu a mexer com o smartphone comprado há seis meses. Fiquei felicíssimo, dia 1º de julho, através do Jornal Nacional, diante da notícia de que no Japão milhões de pessoas, mesmo entre as jovens, preferem os celulares antigos, descomplicados.
Confusão – Enquanto o brasileiro confundir bunda com rabiça vosso
país vai continuar de mal a pior. Sei que rabiça vem de rabo + iça, mas rabo não é
necessariamente bunda; pode ser o par de asas de uma elegante casaca, a cauda
de um vestido ou de belo cavalo, o prolongamento de qualquer objeto ou de
imenso cometa, além de significarproblema na locução rabo de foguete.
“Pegar penosamente à rabiça dum arado de ferro, e i-lo empurrando desde a alva ao crepúsculo,... é labor doloroso” disse o Eça (Notas contemporâneas, pág. 157). Labor é trabalho, faina, tarefa árdua e demorada, muito diferente de falar da bunda de Paolla Oliveira, que agitou este pobre país há meses e caiu no olvido, o que sempre é melhor do que cair no ouvido, onde pode provocar uma otite.
“Pegar penosamente à rabiça dum arado de ferro, e i-lo empurrando desde a alva ao crepúsculo,... é labor doloroso” disse o Eça (Notas contemporâneas, pág. 157). Labor é trabalho, faina, tarefa árdua e demorada, muito diferente de falar da bunda de Paolla Oliveira, que agitou este pobre país há meses e caiu no olvido, o que sempre é melhor do que cair no ouvido, onde pode provocar uma otite.
Pechincha – Inflação em 10%, economia em pandarecos, desemprego,
crise galopante – o quadro do país administrado pelas mulheres sapiens Dilma,
Erenice, Gleise, Rosemary Nóvoa de Noronha & Cia. exige prudência, pesquisa
de preços e outras cautelas. As tevês nos mostraram remédios à venda, na mesma
rede de farmácias, com diferenças de preços da ordem de 900%. Nos supermercados
também há diferenças abissais. Daí a recomendação de que o consumidor pesquise,
o que implica perder dias inteiros visitando supermercados à procura dos
menores preços. Se o consumidor trabalha não pode perder tempo em pesquisas
demoradas. Se não trabalha está duro, sem um tostão para comprar no
supermercado barateiro. O quadro é muito pior do que os 7 a 1 aplicados pela
seleção da Alemanha.
É importante pechinchar, aproveitar descontos, negociar, regatear. Palavra de origem obscura, pechincha deve ser aproveitada, motivo pelo qual me permito recomendar ao leitor de Marcia Lobo a compra de um automóvel com desconto de R$ 149.100,00. Isso mesmo que você entendeu: cento e quarenta e nove mil e cem reais.
Pechincha que vi no Globo, edição de 1º de julho. Na Intercar do Rio, com lojas na Avenida Atlântica e em São Cristóvão, você pode comprar um Mercedes SL 400 14/15, que normalmente custa R$ 589.000,00, por R$ 439.900,00: “criado para conquistar corações”. No Rio atual, carro conversível...
É importante pechinchar, aproveitar descontos, negociar, regatear. Palavra de origem obscura, pechincha deve ser aproveitada, motivo pelo qual me permito recomendar ao leitor de Marcia Lobo a compra de um automóvel com desconto de R$ 149.100,00. Isso mesmo que você entendeu: cento e quarenta e nove mil e cem reais.
Pechincha que vi no Globo, edição de 1º de julho. Na Intercar do Rio, com lojas na Avenida Atlântica e em São Cristóvão, você pode comprar um Mercedes SL 400 14/15, que normalmente custa R$ 589.000,00, por R$ 439.900,00: “criado para conquistar corações”. No Rio atual, carro conversível...
Dengue – Frio cachorro, segunda semana do inverno, manchete do
principal jornal: Epidemia de
dengue em Juiz de Fora. Sai dessa, caro e preclaro leitor de Marcia Lobo.
Os mosquitos devem ter sido importados da Sibéria.
Em todos os campos o noticiário tem sido assustador. No dia em que escrevo, liguei o rádio na hora do almoço para saber que foi preso, num município mineiro, o cavalheiro que matou sua namorada com mais de 30 facadas, tirou um dos olhos da moça, cortou-lhe os cabelos e os enfiou na boca da morta, matou-lhe o gato de estimação, que também teve um olho removido, escreveu qualquer coisa numa porta com o sangue da moça ou do gato. Aí, a jornalista mineira informou ao perplexo Carlos Alberto Sardenberg: “Vai ser indiciado por tentativa de homicídio doloso”. Caraca! – tentativa de homicídio doloso... Sardenberg sofre, coitado; seus ouvintes, também.
Em todos os campos o noticiário tem sido assustador. No dia em que escrevo, liguei o rádio na hora do almoço para saber que foi preso, num município mineiro, o cavalheiro que matou sua namorada com mais de 30 facadas, tirou um dos olhos da moça, cortou-lhe os cabelos e os enfiou na boca da morta, matou-lhe o gato de estimação, que também teve um olho removido, escreveu qualquer coisa numa porta com o sangue da moça ou do gato. Aí, a jornalista mineira informou ao perplexo Carlos Alberto Sardenberg: “Vai ser indiciado por tentativa de homicídio doloso”. Caraca! – tentativa de homicídio doloso... Sardenberg sofre, coitado; seus ouvintes, também.
Bordão – Simón José Antonio de la Santísima Trinidad Bolívar y
Palacios Ponte-Andrade y Blanco não dava dois passos sem recorrer ao bordão Carajo!, que significa miembro viril.
Encadernados em couro vermelho, tenho aqui os dois volumes de suas obras completas. São mais de três mil páginas em letrinhas miúdas, papel-bíblia, produção espantosa para um sujeito que morreu tuberculoso em 1830, na flor dos seus 47 aninhos, e aprontou enquanto andava tossindo por aí. Tenho a certeza de que todos os bolivarianos atuais, de Maduro ao Lula, passando pela incompetenta, nunca leram uma só página dos escritos de Simón José Antonio de la Santísima Trinidad Bolívar y Palacios Ponte-Andrade y Blanco, que também não li, mas tenho os livros que eles não têm.
Nos resumos biográficos do Google vejo que Bolívar, nascido na Venezuela, casou-se aos 19 anos com uma espanhola que conheceu na Europa. A moça morreu de febre amarela logo que chegaram a Caracas e ele, apaixonadíssimo, jurou nunca mais se casar. Deve ter compensado a falta de sexo escrevendo feito um louco sem olvidar o Carajo! Lacan teria dito que a escrita substitui as estripulias horizontais.
Substituir, não substitui, mas escrever é atividade muito divertida para os que gostamos de lidar com a pena de pato, sobretudo e principalmente quando há gente que gosta das tolices que escrevemos.
Encadernados em couro vermelho, tenho aqui os dois volumes de suas obras completas. São mais de três mil páginas em letrinhas miúdas, papel-bíblia, produção espantosa para um sujeito que morreu tuberculoso em 1830, na flor dos seus 47 aninhos, e aprontou enquanto andava tossindo por aí. Tenho a certeza de que todos os bolivarianos atuais, de Maduro ao Lula, passando pela incompetenta, nunca leram uma só página dos escritos de Simón José Antonio de la Santísima Trinidad Bolívar y Palacios Ponte-Andrade y Blanco, que também não li, mas tenho os livros que eles não têm.
Nos resumos biográficos do Google vejo que Bolívar, nascido na Venezuela, casou-se aos 19 anos com uma espanhola que conheceu na Europa. A moça morreu de febre amarela logo que chegaram a Caracas e ele, apaixonadíssimo, jurou nunca mais se casar. Deve ter compensado a falta de sexo escrevendo feito um louco sem olvidar o Carajo! Lacan teria dito que a escrita substitui as estripulias horizontais.
Substituir, não substitui, mas escrever é atividade muito divertida para os que gostamos de lidar com a pena de pato, sobretudo e principalmente quando há gente que gosta das tolices que escrevemos.
Paranoia – Ortoépia ói, a paranoia é termo introduzido na
psiquiatria para designar os problemas psíquicos que tomam a forma de um
delírio sistematizado. Engloba sobretudo as formas crônicas de delírios de
relação, ciúmes e perseguição e a chamada esquizofrenia paranoide.
Manhã de domingo, noite muitíssimo bem dormida, café tomado, charuto aceso, abro a revista que acompanha um dos jornais que assino. Normalmente leio três ou quatro assuntos na revista, mas no dia 24 de maio tive a impressão paranoica de estar sendo perseguido pelos editores. Seria muita pretensão achar que se reúnem visando a produzir textos que me irritem, mas a edição estava de lascar. Cofres velhos, pesados, enferrujados, funcionando como mesas de centro não são bonitos nem práticos. Sei que gosto não se discute, mas a praticidade é inseparável da decoração. Por exemplo: quarto de cama nunca foi espaço destinado à visitação pública, daí a imbecilidade dos decoradores que enchem as camas de almofadas coloridas. Afinal, o casal vai dormir, transar ou caçar espaço para botar todas aquelas almofadas?
Cofre de ferro, pesadíssimo, enferrujado, não é bonito, não enfeita e não merece matéria numa revista de circulação nacional.
Manhã de domingo, noite muitíssimo bem dormida, café tomado, charuto aceso, abro a revista que acompanha um dos jornais que assino. Normalmente leio três ou quatro assuntos na revista, mas no dia 24 de maio tive a impressão paranoica de estar sendo perseguido pelos editores. Seria muita pretensão achar que se reúnem visando a produzir textos que me irritem, mas a edição estava de lascar. Cofres velhos, pesados, enferrujados, funcionando como mesas de centro não são bonitos nem práticos. Sei que gosto não se discute, mas a praticidade é inseparável da decoração. Por exemplo: quarto de cama nunca foi espaço destinado à visitação pública, daí a imbecilidade dos decoradores que enchem as camas de almofadas coloridas. Afinal, o casal vai dormir, transar ou caçar espaço para botar todas aquelas almofadas?
Cofre de ferro, pesadíssimo, enferrujado, não é bonito, não enfeita e não merece matéria numa revista de circulação nacional.
Escrever – Comprei o livro Por
que escrevo?, organizado por José Domingos de Brito, primeiro volume da
séria Mistérios da Criação
Literária. Prefácio do craque Fábio Lucas, meu amigo e confrade na Academia
Mineira de Letras. Depoimentos de inúmeros escritores nacionais e estrangeiros,
alguns notáveis, outros pretensiosos e uns poucos palatáveis, um genial como
este de Lawrence Durrell: “Para me vigiar. Uma pergunta idiota, uma resposta
idiota. Mas sim: para me vigiar”.
Durrell nasceu na Índia e adquiriu cidadania inglesa. Li em algum lugar que Durrell seria corruptela de Dayrell, portanto o admirável autor de O Quarteto de Alexandria deve ser aparentando com os Dayrell que vieram para o Brasil.
Millôr Fernandes disse: “Não sou escritor, nem nunca tive vocação para escrever. Sou jornalista, sempre escrevi por necessidade minha vida inteira”. Paulo Francis emendou: “Escrevo romances para me perpetuar, para ter fama, glória, dinheiro, amor, essas coisas comezinhas de vida”. Ignácio de Loyola Brandão resumiu: “Escrevo para me divertir e divertir os outros”.
Há respostas de gente ótima, imensas, que recomendam a compra do livro. Ninguém me perguntou por que escrevo, mesmo porque não sou escritor, mas simples autor de livros. Se me perguntassem, a resposta seria: “Porque gosto muito”.
Não me lembro se já toquei num assunto importante aqui no site de Marcia Lobo. Se toquei, peço licença para repetir: não procure conhecer o caráter do escritor, do escultor, do músico, do pintor que você admira. Uma coisa é admirar a obra, outra, muito diferente, é conhecer o artista. Limite-se à obra e fuja das informações sobre o caráter do artista.
Durrell nasceu na Índia e adquiriu cidadania inglesa. Li em algum lugar que Durrell seria corruptela de Dayrell, portanto o admirável autor de O Quarteto de Alexandria deve ser aparentando com os Dayrell que vieram para o Brasil.
Millôr Fernandes disse: “Não sou escritor, nem nunca tive vocação para escrever. Sou jornalista, sempre escrevi por necessidade minha vida inteira”. Paulo Francis emendou: “Escrevo romances para me perpetuar, para ter fama, glória, dinheiro, amor, essas coisas comezinhas de vida”. Ignácio de Loyola Brandão resumiu: “Escrevo para me divertir e divertir os outros”.
Há respostas de gente ótima, imensas, que recomendam a compra do livro. Ninguém me perguntou por que escrevo, mesmo porque não sou escritor, mas simples autor de livros. Se me perguntassem, a resposta seria: “Porque gosto muito”.
Não me lembro se já toquei num assunto importante aqui no site de Marcia Lobo. Se toquei, peço licença para repetir: não procure conhecer o caráter do escritor, do escultor, do músico, do pintor que você admira. Uma coisa é admirar a obra, outra, muito diferente, é conhecer o artista. Limite-se à obra e fuja das informações sobre o caráter do artista.
Besteirol – Nossa mídia afetou indignar-se diante da notícia de que
os americanos espionaram a toupeira que o Brasil elegeu em 2010. Saiu a lista
dos telefones grampeados e uma repórter destacou: “Ouviram até as conversas no
telefone especial do avião da presidência”.
Ora, bolas: desde que o mundo é mundo a espionagem existe, hoje refinada pela moderna tecnologia. Muito antes do plebiscito grego do último dia 5, Homero já citava na Odisseia um cavalo de madeira, oco, transportando soldados-espiões, que visavam a recuperar a raptada Helena, mulher de Menelau, rei da Espanha. Cavalo infiltrando espiões para abrir os portões de Troia, cidade resistente a um cerco de nove anos, só fez demonstrar a inortodoxia das relações entre os grupos humanos, sejam países, empresas, bairros, torcidas de futebol.
Pelo só fato de residir em bairros diferentes, jovens brasileiros se matam quando se encontram nas ruas, torcedores de futebol se matam, grandes empresas espionam as concorrentes – é a regra do jogo sujo.
Pena que nossa mídia não se atenha ao que há de importante e curioso em certa espionagem: só se preocupa com a pulga e não vê o elefante. Ninguém falou dos custos para contratar analistas que traduzam as falas da incompetenta. Como explicar em inglês o elogio da mandioca e o filosofar sobre a bola feita de folhas de bananeiras? Não basta traduzir. É preciso recorrer aos criptoanalistas para tentar decodificar a imbecilidade telefônica.
Ora, bolas: desde que o mundo é mundo a espionagem existe, hoje refinada pela moderna tecnologia. Muito antes do plebiscito grego do último dia 5, Homero já citava na Odisseia um cavalo de madeira, oco, transportando soldados-espiões, que visavam a recuperar a raptada Helena, mulher de Menelau, rei da Espanha. Cavalo infiltrando espiões para abrir os portões de Troia, cidade resistente a um cerco de nove anos, só fez demonstrar a inortodoxia das relações entre os grupos humanos, sejam países, empresas, bairros, torcidas de futebol.
Pelo só fato de residir em bairros diferentes, jovens brasileiros se matam quando se encontram nas ruas, torcedores de futebol se matam, grandes empresas espionam as concorrentes – é a regra do jogo sujo.
Pena que nossa mídia não se atenha ao que há de importante e curioso em certa espionagem: só se preocupa com a pulga e não vê o elefante. Ninguém falou dos custos para contratar analistas que traduzam as falas da incompetenta. Como explicar em inglês o elogio da mandioca e o filosofar sobre a bola feita de folhas de bananeiras? Não basta traduzir. É preciso recorrer aos criptoanalistas para tentar decodificar a imbecilidade telefônica.
Ruminanças – “OXI na Grécia significa não. No Brasil, OXI antecipa o
resultado de uma partida quando o Flamengo ou o Vasco são os mandantes” (R.
Manso Neto).
06 a 12 de julho de 2015
Dólares – O BB vendendo dólares falsos em Pernambuco e complicando
a vida de um pobre coitado, que foi visitar a filha estudante nos Estados
Unidos, só faz confirmar minha tese: vosso país é uma extensão do Paraguai
falando português. Em área, uma extensão oito vezes maior; em população, 29
vezes maior, mas uma extensão, um paraguaião.
Não por acaso, um dos últimos presidentes do BB teria sido indicado pela senhora Rosemary Nóvoa de Noronha, a Rose do Lula.
Não por acaso, um dos últimos presidentes do BB teria sido indicado pela senhora Rosemary Nóvoa de Noronha, a Rose do Lula.
Respeito – Dilma Vana Rousseff é uma senhora de 67 anos e, como tal,
merece o respeito de todos. Não tem culpa de sua incompetência e não tem noção
de sua ignorância. Sua notória falta de educação talvez se deva à reação
natural dos que se descobrem incompetentes para o exercício dos cargos a que
foram guindados. É o coice substituindo a competência. Ainda aí, com o devido
respeito, coice não é pancada própria dos quadrúpedes, mas agressão moral ou
tratamento agressivo.
Falta piedade humana aos que a criticam quando faz o elogio da mandioca: atos falhos, na rubrica psicologia, representam o aparecimento, na linguagem falada ou escrita, de termos inapropriados que supostamente remetem para conteúdos ou desejos recalcados referentes ao objeto, à pessoa ou ao fato em questão. Nada mais natural que a mulher, mesmo idosa, tenha desejos recalcados com a mandioca em posição de sentido, postura tensa em que o militar se mantém perfilado, com os calcanhares unidos, cabeça imóvel apontando para a frente, e palmas das mãos apoiadas nas laterais das coxas. Alfim e ao cabo, entre as laterais das coxas, ficam a esquecida e a sonhada mandioca.
Falta piedade humana aos que a criticam quando faz o elogio da mandioca: atos falhos, na rubrica psicologia, representam o aparecimento, na linguagem falada ou escrita, de termos inapropriados que supostamente remetem para conteúdos ou desejos recalcados referentes ao objeto, à pessoa ou ao fato em questão. Nada mais natural que a mulher, mesmo idosa, tenha desejos recalcados com a mandioca em posição de sentido, postura tensa em que o militar se mantém perfilado, com os calcanhares unidos, cabeça imóvel apontando para a frente, e palmas das mãos apoiadas nas laterais das coxas. Alfim e ao cabo, entre as laterais das coxas, ficam a esquecida e a sonhada mandioca.
Novelas – Acomodado, antiliberal, antiquado, atrasado, bolorento,
caduco, caturra, conservador, embolorado, mofado, passado, quadrado,
reacionário, sebastianista, tradicionalista e ultrapassado são alguns dos
sinônimos listados pelo Houaiss eletrônico para definir aqueles, como o autor
destas bem traçadas, que nos assustamos com as programações das tevês, com
ênfase para as novelas. Alegam que as aberrações mostradas sempre existiram,
mas se esquecem de dizer que a televisão tem pouquíssimos anos. Só agora se
fala no Brasil em tevê digital. A primeira das nossas tevês data de 1950
enquanto as aberrações têm milhares ou milhões de anos.
Consta que nos separamos dos grandes antropóides há seis ou sete milhões de anos e que a espécie Homo sapiens tem cerca de 200 mil anos, sendo coeva da espécie “mulher sapiens” inventada pela imbecil que vocês elegeram.
Volto às coisas que sempre existiram e devem ter sido “inventadas” junto com o nascimento de nossa espécie. Zooerastia, isto é, sexo de humanos com animais, sempre existiu. É justificativa para ser exibida na tevê? Homossexualismo também é contemporâneo do nascimento de nossa espécie e muito comum entre as fêmeas chimpanzés, que se esfregam e chegam aos múltiplos orgasmos. Bota na tevê?
Chimpanzés são promíscuos: transam dia e noite. Contudo, 40% dos nascidos num grupo de chimpanzés, como atestam os exames de DNA, são de filhos machos de outros grupos, evitando que a consanguinidade fechada acabe com o grupo. Se um macho do outro grupo procurar a fêmea fértil no grupo dela será morto pelos machos. Portanto, é ela que foge do seu grupo para procurar um macho do outro grupo, quando sente que é chegada a hora de produzir filhotes. Ela não estudou genética, consanguinidade e outras complicações: o negócio é instintivo, evita os males da consanguinidade fechada e está num livro que li há muitos anos. Autora: Jane Goodall, primatóloga, etóloga e antropóloga britânica, que estudou a vida social e familiar dos chimpanzés da Tanzânia ao longo de 40 anos.
Os acomodados, antiliberais, antiquados, atrasados, bolorentos, caducos, caturras, conservadores, embolorados, mofados, passados, quadrados, reacionários, sebastianistas, tradicionalistas, ultrapassados só perguntamos se é preciso fazer a louvação da zooerastia e de outras “opções” sexuais nas tevês.
Consta que nos separamos dos grandes antropóides há seis ou sete milhões de anos e que a espécie Homo sapiens tem cerca de 200 mil anos, sendo coeva da espécie “mulher sapiens” inventada pela imbecil que vocês elegeram.
Volto às coisas que sempre existiram e devem ter sido “inventadas” junto com o nascimento de nossa espécie. Zooerastia, isto é, sexo de humanos com animais, sempre existiu. É justificativa para ser exibida na tevê? Homossexualismo também é contemporâneo do nascimento de nossa espécie e muito comum entre as fêmeas chimpanzés, que se esfregam e chegam aos múltiplos orgasmos. Bota na tevê?
Chimpanzés são promíscuos: transam dia e noite. Contudo, 40% dos nascidos num grupo de chimpanzés, como atestam os exames de DNA, são de filhos machos de outros grupos, evitando que a consanguinidade fechada acabe com o grupo. Se um macho do outro grupo procurar a fêmea fértil no grupo dela será morto pelos machos. Portanto, é ela que foge do seu grupo para procurar um macho do outro grupo, quando sente que é chegada a hora de produzir filhotes. Ela não estudou genética, consanguinidade e outras complicações: o negócio é instintivo, evita os males da consanguinidade fechada e está num livro que li há muitos anos. Autora: Jane Goodall, primatóloga, etóloga e antropóloga britânica, que estudou a vida social e familiar dos chimpanzés da Tanzânia ao longo de 40 anos.
Os acomodados, antiliberais, antiquados, atrasados, bolorentos, caducos, caturras, conservadores, embolorados, mofados, passados, quadrados, reacionários, sebastianistas, tradicionalistas, ultrapassados só perguntamos se é preciso fazer a louvação da zooerastia e de outras “opções” sexuais nas tevês.
Cabelos – Diosdado Cabello Rondon, militar, engenheiro, político e
poderoso traficante venezuelano, ex-governador do estado de Miranda, atual
presidente da Assembleia Nacional, foi festivamente recebido em Brasília há
cerca de dois meses: gambá cheira gambá.
Cabello em espanhol é “cada uno de los pelos que nacen en la cabeza” e “conjunto de todos ellos”, o que me permite philosophar sobre los pelos que nacen en las cabezas de nuestros políticos.
Diverte-me sobremaneira observar na tevê os arranjos feitos por eles. O ministro Eduardo Braga tem uma proa de fios negros ocultando careca que fica à frente de bela cabeleira negra. Substituiu no Ministério de Minas e Energia a admirável cabeleira do senador Édison Lobão, ora alaranjada, ora negra como as asas da graúna.
Aloysio Mercadante Oliva conserva há mais de 15 anos, no alto da moleira, exatos 18 fios que têm a resistência dos cabos do bondinho do Pão de Açúcar. Nosso belo Alexandre Antônio Trombini, do Banco Central, tem no alto da testa um tufo de pelos que resiste aos juros estratosféricos e ao aumento da inflação. Já o ministro Carlos Eduardo Gabas, da Previdência Social, quando não está de capacete e moto curtindo as avenidas de Brasília, dá um jeito de pentear para a frente os parcos pelos que disfarçam o tamanho de sua testa.
José Renan Vasconcelos Calheiros recorreu ao cirurgião pernambucano para plantar milhares de pelos no seu quengo, mas a maldosa mídia, sempre que o fotografa de cima e por trás, revela uma das carecas mais reluzentes de quantas existem neste planeta.
Cabello em espanhol é “cada uno de los pelos que nacen en la cabeza” e “conjunto de todos ellos”, o que me permite philosophar sobre los pelos que nacen en las cabezas de nuestros políticos.
Diverte-me sobremaneira observar na tevê os arranjos feitos por eles. O ministro Eduardo Braga tem uma proa de fios negros ocultando careca que fica à frente de bela cabeleira negra. Substituiu no Ministério de Minas e Energia a admirável cabeleira do senador Édison Lobão, ora alaranjada, ora negra como as asas da graúna.
Aloysio Mercadante Oliva conserva há mais de 15 anos, no alto da moleira, exatos 18 fios que têm a resistência dos cabos do bondinho do Pão de Açúcar. Nosso belo Alexandre Antônio Trombini, do Banco Central, tem no alto da testa um tufo de pelos que resiste aos juros estratosféricos e ao aumento da inflação. Já o ministro Carlos Eduardo Gabas, da Previdência Social, quando não está de capacete e moto curtindo as avenidas de Brasília, dá um jeito de pentear para a frente os parcos pelos que disfarçam o tamanho de sua testa.
José Renan Vasconcelos Calheiros recorreu ao cirurgião pernambucano para plantar milhares de pelos no seu quengo, mas a maldosa mídia, sempre que o fotografa de cima e por trás, revela uma das carecas mais reluzentes de quantas existem neste planeta.
Fura-bolos – Devo ter sido precursor no uso do fura-bolos para tentar
confirmar a autenticidade de um quadro, bobagem minha porque as cópias das
telas famosas também contam com o relevo das tintas.
Hoje, tevê e internet nos mostram crianças muito pequenas passando os dedinhos indicadores sobre as fotos das revistas como se estivessem com um smartphone ou um tablet. Os fura-bolos são usados naqueles aparelhos, que também inventaram a digitação com os polegares de ambas as mãos: é impressionante a velocidade dos jovens digitando em mau português com os respectivos mata-piolhos.
Certa feita, lá se vão muitos anos, levado por um economista amigo, que supervisionava os negócios de poderosa senhora paulista, fui à ceia natalina em casa da milionária. Magro, dourado de sol, ainda louro, engravatado num jaquetão cinza de flanela inglesa, devo ter impressionado a anfitriã. O economista, vendo o entusiasmo recíproco, advertiu-me: “Cai fora. Ela bebe muito”. Efetivamente, a poderosa não se limitava a beber: comia com açúcar.
Sua casa ocupava um quarteirão inteiro no melhor bairro de São Paulo. A área construída cercava imenso pátio interno. Champanhe e uísque a rodo. Cascatas de camarões graúdos. Os três irmãos Diniz com as respectivas, no tempo em que ainda se davam e dirigiam o Grupo Pão de Açúcar, antes da brigalhada que os transformou em inimigos figadais.
A maravilhosa Eleonora Mendes Caldeira, então casada com o Cito, pai de Maria Christina Mendes Caldeira, que proporcionou ao Brasil o delicioso espetáculo de seu divórcio do político Valdemar da Costa Neto, ex-presidente do PL (hoje PR), condenado a sete anos de cadeia no processo do Mensalão, cumprindo pena em casa desde novembro de 2014. Eleonora é hoje a senhora Ivo Rosset e ainda impressiona. Há 30 anos era um fenômeno e lá estava no salão natalino bebendo seu champanhe.
Curioso (mal-educado?), inspecionei boa parte da casa e fui ter a um salão, que não estava sendo usado, onde havia um quadro de Jacopo Robusti (Veneza, 1518-1594), apelidado Il Furioso por sua energia ao pintar. Passei o fura-bolos na tela depois de conferir a plaquinha Tintoretto na moldura. Senti o relevo da tinta, mas podia ser cópia.
De outra feita, num apartamento da Barra, sol do meio-dia, trombei num famoso quadro de van Gogh. O dono da casa, italiano bilionário, tinha bala para Vincent Willem van Gogh e outros do mesmo naipe. Passei o indicador e perguntei ao anfitrião: “É dele?”. Fluente em português, o italiano explicou: “Cópia. Não posso ter no Brasil por causa do seguro”.
Hoje, tevê e internet nos mostram crianças muito pequenas passando os dedinhos indicadores sobre as fotos das revistas como se estivessem com um smartphone ou um tablet. Os fura-bolos são usados naqueles aparelhos, que também inventaram a digitação com os polegares de ambas as mãos: é impressionante a velocidade dos jovens digitando em mau português com os respectivos mata-piolhos.
Certa feita, lá se vão muitos anos, levado por um economista amigo, que supervisionava os negócios de poderosa senhora paulista, fui à ceia natalina em casa da milionária. Magro, dourado de sol, ainda louro, engravatado num jaquetão cinza de flanela inglesa, devo ter impressionado a anfitriã. O economista, vendo o entusiasmo recíproco, advertiu-me: “Cai fora. Ela bebe muito”. Efetivamente, a poderosa não se limitava a beber: comia com açúcar.
Sua casa ocupava um quarteirão inteiro no melhor bairro de São Paulo. A área construída cercava imenso pátio interno. Champanhe e uísque a rodo. Cascatas de camarões graúdos. Os três irmãos Diniz com as respectivas, no tempo em que ainda se davam e dirigiam o Grupo Pão de Açúcar, antes da brigalhada que os transformou em inimigos figadais.
A maravilhosa Eleonora Mendes Caldeira, então casada com o Cito, pai de Maria Christina Mendes Caldeira, que proporcionou ao Brasil o delicioso espetáculo de seu divórcio do político Valdemar da Costa Neto, ex-presidente do PL (hoje PR), condenado a sete anos de cadeia no processo do Mensalão, cumprindo pena em casa desde novembro de 2014. Eleonora é hoje a senhora Ivo Rosset e ainda impressiona. Há 30 anos era um fenômeno e lá estava no salão natalino bebendo seu champanhe.
Curioso (mal-educado?), inspecionei boa parte da casa e fui ter a um salão, que não estava sendo usado, onde havia um quadro de Jacopo Robusti (Veneza, 1518-1594), apelidado Il Furioso por sua energia ao pintar. Passei o fura-bolos na tela depois de conferir a plaquinha Tintoretto na moldura. Senti o relevo da tinta, mas podia ser cópia.
De outra feita, num apartamento da Barra, sol do meio-dia, trombei num famoso quadro de van Gogh. O dono da casa, italiano bilionário, tinha bala para Vincent Willem van Gogh e outros do mesmo naipe. Passei o indicador e perguntei ao anfitrião: “É dele?”. Fluente em português, o italiano explicou: “Cópia. Não posso ter no Brasil por causa do seguro”.
Sanguessugas – Minha geração conheceu uma porção de jovens apaixonadas
por Napoleão Bonaparte. Tinham livros, quadros, estátuas do corso, admiração
que não existe hoje em dia. Pelos festejos dos 200 anos da Batalha de Waterloo,
ainda agora em junho, muito se falou de Napoleão e da camisa vermelha que
usaria por baixo do uniforme para que, ferido numa batalha, os seus soldados
não vissem e continuassem lutando com o mesmo entusiasmo.
Na dependência do tamanho da camisa, a cor talvez tivesse outra explicação. No programa Manhattan Connection fiquei sabendo que Napoleão sofria de hemorroidas e tinha método curioso de lidar com as veias varicosas do ânus e da parte inferior do reto: recorria às sanguessugas, designação comum aos anelídeos da classe dos hirudíneos, marinhos, terrestres ou de água doce, geralmente sugadores de sangue de vertebrados; com corpo achatado, dividido externamente em anéis, sem cerdas ou parapódios e dotado de uma ventosa anterior e outra posterior, usada para fixação. Algumas espécies de água doce, como a Hirudo medicinalis, foram muito usadas no passado como forma de tratamento médico, para promover sangrias.
Napoleão recorria às sanguessugas e recomendava o tratamento aos amigos. Dá para imaginar a decepção das bonapartistas de minha geração se informadas sobre o seu ídolo com o rabo cheio de anelídeos da classe dos hirudíneos.
Na dependência do tamanho da camisa, a cor talvez tivesse outra explicação. No programa Manhattan Connection fiquei sabendo que Napoleão sofria de hemorroidas e tinha método curioso de lidar com as veias varicosas do ânus e da parte inferior do reto: recorria às sanguessugas, designação comum aos anelídeos da classe dos hirudíneos, marinhos, terrestres ou de água doce, geralmente sugadores de sangue de vertebrados; com corpo achatado, dividido externamente em anéis, sem cerdas ou parapódios e dotado de uma ventosa anterior e outra posterior, usada para fixação. Algumas espécies de água doce, como a Hirudo medicinalis, foram muito usadas no passado como forma de tratamento médico, para promover sangrias.
Napoleão recorria às sanguessugas e recomendava o tratamento aos amigos. Dá para imaginar a decepção das bonapartistas de minha geração se informadas sobre o seu ídolo com o rabo cheio de anelídeos da classe dos hirudíneos.
Capivaras – Os números são de 2014, mas devem continuar parecidos.
Ano passado vosso país tinha 5.570 municípios, dos quais 853 em Minas e 15 em
Roraima, e cerca de 57.000 vereadores. Um dos municípios, o de Altamira, no
Pará, tem área quase duas vezes maior que a de Portugal.
O assunto vem à balha, que continua sendo mais chique do que vir à baila, agora que ilustre vereador juiz-forano foi surpreendido numa lancha transportando os cadáveres de um jacu e de três capivaras. A OAB e os defensores dos animais querem tirar o couro do admirado homem público, não pelo jacu, ave galiforme da família dos cracídeos, gênero Penelope, arborícola, que se alimenta de frutas, folhas e brotos, mas pelas capivaras, tanto assim que o edil já foi cognominado vereador das capivaras.
A cidade-polo da Zona da Mata mineira tem velha afinidade com o maior dos roedores através do Tônico Capivarol, inventado em Juiz de Fora pelo farmacêutico Barbosa Leite, um composto de catuaba, guaraná e óleo de capivara.
Curava tudo, como atestava o Almanaque Capivarol de 1933. Morria gente, é certo, sobretudo e principalmente entre os que não recorriam ao elixir de extrato de óleo de capivara iodo-fosfatado, conforme recomendação do fabricante: “Ótimo medicamento para tuberculose em 1º grau e todas as moléstias ocasionadas pelo depauperamento orgânico, escrófulas, raquitismo, reumatismo e sífilis, anemia, debilidade, moléstias nervosas etc.” Parece que o remédio ainda é fabricado no Rio pela Farmabraz Beta Atalaia.
As três capivaras defuntas, que navegavam na Represa João Penido em companhia do edil, em vez de comover a OAB e as sociedades protetoras de animais deveriam assustar toda a região pelo risco de transmitir a febre maculosa brasileira através do carrapato-estrela, Amblyomma cajennese, infectado pela bactéria Rickettsia rickttsii, carrapato encontrado em animais de grande porte, como bois e cavalos, cães, aves domésticas e, especialmente, na capivara, o maior de todos os reservatórios naturais. Não existe transmissão da doença de uma pessoa para outra.
São Paulo, Minas, Rio, Espírito Santo, Bahia e Pernambuco lideram no Brasil os casos de febre maculosa. Não existe vacina. Na maioria dos casos os primeiros sintomas aparecem sete dias depois da picada do carrapato-estrela. A doença começa abruptamente com um conjunto de sintomas semelhantes aos de outras infecções: febre alta, dor no corpo, dor de cabeça, inapetência, desânimo. Depois, aparecem pequenas manchas avermelhadas, as máculas, que crescem e se tornam salientes, constituindo as maculopápulas. A erupção cutânea é generalizada e também se manifesta nas palmas das mãos e nas plantas dos pés. O diagnóstico precoce é importante para dar início ao tratamento porque – prestem atenção os defensores das capivaras – A TAXA DE LETALIDADE DA DOENÇA É ELEVADA.
Claro que estou resumindo a lição do Dr. Drauzio Varella, que copiei via Google. A infestação de carrapatos-estrela era muito grande nos jardins da fazenda de Candinha e Joaquim Guilherme da Silveira, queridos amigos nossos. A meu pedido, a Cooper-Welcome enviou seu melhor especialista em carrapatos para solucionar o problema, um veterinário português nascido em Angola, que apareceu com a mulher e dois filhos para passar o final de semana. Solucionou o problema e nos ensinou que o cavalheiro ou a dama, ao retirar um carrapato agarrado a sua pele, não deve puxar, deve torcer o ácaro. O ectoparasita hematófago é fascinante: basta dizer que a fêmea nasce virgem e o macho não tem pênis, mas tem nariz. E o negócio vai por aí, mas estou cuidando da febre maculosa, que tem cura desde que o tratamento com antibióticos (tetraciclina e cloranfenicol) seja introduzido nos primeiros dois ou três dias. O ideal, diz Drauzio Varella, é manter a medicação por dez a quatorze dias, mas logo nas primeiras doses o quadro começa e regredir e evolui para a cura total.
O atraso no diagnóstico e, consequentemente, no início do tratamento, pode provocar complicações graves como o comprometimento do sistema nervoso central, dos rins e pulmões, das lesões vasculares e levar a óbito. Portanto, evite o contato com os carrapatos. Se você estiver numa área em que eles podem existir graças à imbecilidade dos defensores das capivaras, Drauzio recomenda as seguintes precauções impraticáveis por pessoas normais: examine seu corpo cuidadosamente a cada três horas, porque o carrapato-estrela só transmite a bactéria responsável pela febre maculosa depois de pelo menos quatro horas grudado na pele.
Use roupas claras porque permitem ver melhor os carrapatos. Ponha a barra das calças dentro das meias e calce botas de cano mais alto. Retire, torcendo, o carrapato grudado em sua pele. Não se esqueça de que os primeiros sintomas da febre maculosa são semelhantes aos de outras infecções e requerem assistência médica imediata, de boa qualidade, diz aqui o philosopho, que aproveita esta oportunosa ensancha para philosophar: meia dúzia de caçadores, com seus barcos e cachorros, solucionam o problema das capivaras numa só noite.
Conheço o posto de gasolina onde os caçadores se reúnem: já me prestaram serviço semelhante, quando capivaras resolveram roer os troncos das seringueiras que plantei na região.
O assunto vem à balha, que continua sendo mais chique do que vir à baila, agora que ilustre vereador juiz-forano foi surpreendido numa lancha transportando os cadáveres de um jacu e de três capivaras. A OAB e os defensores dos animais querem tirar o couro do admirado homem público, não pelo jacu, ave galiforme da família dos cracídeos, gênero Penelope, arborícola, que se alimenta de frutas, folhas e brotos, mas pelas capivaras, tanto assim que o edil já foi cognominado vereador das capivaras.
A cidade-polo da Zona da Mata mineira tem velha afinidade com o maior dos roedores através do Tônico Capivarol, inventado em Juiz de Fora pelo farmacêutico Barbosa Leite, um composto de catuaba, guaraná e óleo de capivara.
Curava tudo, como atestava o Almanaque Capivarol de 1933. Morria gente, é certo, sobretudo e principalmente entre os que não recorriam ao elixir de extrato de óleo de capivara iodo-fosfatado, conforme recomendação do fabricante: “Ótimo medicamento para tuberculose em 1º grau e todas as moléstias ocasionadas pelo depauperamento orgânico, escrófulas, raquitismo, reumatismo e sífilis, anemia, debilidade, moléstias nervosas etc.” Parece que o remédio ainda é fabricado no Rio pela Farmabraz Beta Atalaia.
As três capivaras defuntas, que navegavam na Represa João Penido em companhia do edil, em vez de comover a OAB e as sociedades protetoras de animais deveriam assustar toda a região pelo risco de transmitir a febre maculosa brasileira através do carrapato-estrela, Amblyomma cajennese, infectado pela bactéria Rickettsia rickttsii, carrapato encontrado em animais de grande porte, como bois e cavalos, cães, aves domésticas e, especialmente, na capivara, o maior de todos os reservatórios naturais. Não existe transmissão da doença de uma pessoa para outra.
São Paulo, Minas, Rio, Espírito Santo, Bahia e Pernambuco lideram no Brasil os casos de febre maculosa. Não existe vacina. Na maioria dos casos os primeiros sintomas aparecem sete dias depois da picada do carrapato-estrela. A doença começa abruptamente com um conjunto de sintomas semelhantes aos de outras infecções: febre alta, dor no corpo, dor de cabeça, inapetência, desânimo. Depois, aparecem pequenas manchas avermelhadas, as máculas, que crescem e se tornam salientes, constituindo as maculopápulas. A erupção cutânea é generalizada e também se manifesta nas palmas das mãos e nas plantas dos pés. O diagnóstico precoce é importante para dar início ao tratamento porque – prestem atenção os defensores das capivaras – A TAXA DE LETALIDADE DA DOENÇA É ELEVADA.
Claro que estou resumindo a lição do Dr. Drauzio Varella, que copiei via Google. A infestação de carrapatos-estrela era muito grande nos jardins da fazenda de Candinha e Joaquim Guilherme da Silveira, queridos amigos nossos. A meu pedido, a Cooper-Welcome enviou seu melhor especialista em carrapatos para solucionar o problema, um veterinário português nascido em Angola, que apareceu com a mulher e dois filhos para passar o final de semana. Solucionou o problema e nos ensinou que o cavalheiro ou a dama, ao retirar um carrapato agarrado a sua pele, não deve puxar, deve torcer o ácaro. O ectoparasita hematófago é fascinante: basta dizer que a fêmea nasce virgem e o macho não tem pênis, mas tem nariz. E o negócio vai por aí, mas estou cuidando da febre maculosa, que tem cura desde que o tratamento com antibióticos (tetraciclina e cloranfenicol) seja introduzido nos primeiros dois ou três dias. O ideal, diz Drauzio Varella, é manter a medicação por dez a quatorze dias, mas logo nas primeiras doses o quadro começa e regredir e evolui para a cura total.
O atraso no diagnóstico e, consequentemente, no início do tratamento, pode provocar complicações graves como o comprometimento do sistema nervoso central, dos rins e pulmões, das lesões vasculares e levar a óbito. Portanto, evite o contato com os carrapatos. Se você estiver numa área em que eles podem existir graças à imbecilidade dos defensores das capivaras, Drauzio recomenda as seguintes precauções impraticáveis por pessoas normais: examine seu corpo cuidadosamente a cada três horas, porque o carrapato-estrela só transmite a bactéria responsável pela febre maculosa depois de pelo menos quatro horas grudado na pele.
Use roupas claras porque permitem ver melhor os carrapatos. Ponha a barra das calças dentro das meias e calce botas de cano mais alto. Retire, torcendo, o carrapato grudado em sua pele. Não se esqueça de que os primeiros sintomas da febre maculosa são semelhantes aos de outras infecções e requerem assistência médica imediata, de boa qualidade, diz aqui o philosopho, que aproveita esta oportunosa ensancha para philosophar: meia dúzia de caçadores, com seus barcos e cachorros, solucionam o problema das capivaras numa só noite.
Conheço o posto de gasolina onde os caçadores se reúnem: já me prestaram serviço semelhante, quando capivaras resolveram roer os troncos das seringueiras que plantei na região.
29 de junho a 05 de julho de 2015
Números – Números não mentem, o que não impede que os jornalistas
televisivos se confundam com eles. Nos recentes conflitos raciais em Baltimore,
a Guarda Nacional deslocada para a cidade do estado de Maryland ora tinha 200
policiais, ora 2.000 ou 200.000: duzentos mil! Achei muita polícia para conter
parte da população de 622 mil almas. É a 3ª cidade mais violenta dos Estados
Unidos e a 36ª do mundo, com uma taxa de 37,7 homicídios por 100 mil
habitantes.
Tevês brasileiras deslocaram seus correspondentes para Baltimore, próxima de Washington, DC. É chique ter correspondentes como Marcia Lobo com seu correspondente em Juiz de Fora. Só não dá para entender que nossas tevês consultem seus correspondentes em Buenos Aires sobre problemas ocorridos na Venezuela, ou a correspondente em Hong-Kong sobre fuzilamentos na Indonésia.
Quanto ao número de policiais nos “eventos”, o leitor de Marcia Lobo deve estar vendo que o público dos jogos de futebol no Brasil tem diminuído enquanto aumenta o número de policiais. Não vejo distante o dia em que se desloque um grupo de dois mil PMs para garantir uma partida com 800 pagantes nas arquibancadas.
Tevês brasileiras deslocaram seus correspondentes para Baltimore, próxima de Washington, DC. É chique ter correspondentes como Marcia Lobo com seu correspondente em Juiz de Fora. Só não dá para entender que nossas tevês consultem seus correspondentes em Buenos Aires sobre problemas ocorridos na Venezuela, ou a correspondente em Hong-Kong sobre fuzilamentos na Indonésia.
Quanto ao número de policiais nos “eventos”, o leitor de Marcia Lobo deve estar vendo que o público dos jogos de futebol no Brasil tem diminuído enquanto aumenta o número de policiais. Não vejo distante o dia em que se desloque um grupo de dois mil PMs para garantir uma partida com 800 pagantes nas arquibancadas.
Cenário – Pelos festejos dos seus 50 anos, a Globo nos mostrou como
são feitos os cenários de suas novelas, ruas, praças, trechos inteiros de
cidades artificiais.
Folhas finíssimas de plástico transparente, prensadas do jeito que tevê nos mostrou, se transformam em “paredes” de tijolos, portas e janelas com que se construem edifícios cenográficos. Pausa para lembrar que em Portugal, onde nasceu a língua portuguesa, se usa também a conjugação regular construem.
Em rigor, cenário é o conjunto de elementos visuais como telões, móveis, objetos, adereços e efeitos de luz, que compõem o espaço onde se apresenta um espetáculo teatral, cinematográfico, televisivo etc.
Os fatos que temos visto, ouvido e sabido me convenceram de que vivemos num cenário transformado em país. Ainda que as paredes sejam sólidas e muitos prédios bonitos (o Itamaraty de Brasília é cópia quase fiel de um prédio projetado pelos nazistas, que vi na tevê), o conjunto da obra funciona como cenário de novela idiota.
Senado e Câmara com os atores que lá estão, Supremo recheado de ministros, de ministros, de ministros – boca, cala a boca, boca –, Planalto e Alvorada presididos por brasileiros da mais baixa extração.
Folhas finíssimas de plástico transparente, prensadas do jeito que tevê nos mostrou, se transformam em “paredes” de tijolos, portas e janelas com que se construem edifícios cenográficos. Pausa para lembrar que em Portugal, onde nasceu a língua portuguesa, se usa também a conjugação regular construem.
Em rigor, cenário é o conjunto de elementos visuais como telões, móveis, objetos, adereços e efeitos de luz, que compõem o espaço onde se apresenta um espetáculo teatral, cinematográfico, televisivo etc.
Os fatos que temos visto, ouvido e sabido me convenceram de que vivemos num cenário transformado em país. Ainda que as paredes sejam sólidas e muitos prédios bonitos (o Itamaraty de Brasília é cópia quase fiel de um prédio projetado pelos nazistas, que vi na tevê), o conjunto da obra funciona como cenário de novela idiota.
Senado e Câmara com os atores que lá estão, Supremo recheado de ministros, de ministros, de ministros – boca, cala a boca, boca –, Planalto e Alvorada presididos por brasileiros da mais baixa extração.
Perfunctório – Que se pode esperar de um país que abandonou o adjetivo
perfunctório, em nosso idioma desde 1708, do latim perfunctorìus,a,um 'leve, ligeiro, superficial'.
Lembrei-me dele no banho de hoje, leve, ligeiro, superficial por culpa da crise hídrica, que já se chamou falta d’água ou risco iminente de faltar água, que a rapaziada confunde com eminente. Dá para aceitar a confusão porque o adjetivo eminente também significa alto, elevado – e o risco é alto.
Esfriou, parou de chover e a crise energética é outra que vem aí com a corda toda. Vale notar que em 1908, portanto há 107 aninhos, os jornais estampavam anúncios sobre a conveniência de instalar energia elétrica nas residências paulistanas.
Lampiões, fogões a lenha, água aquecida nas serpentinas dos fogões – o pessoal se virava. Vivi o problema em 1970 quando fui morar com a família numa fazendola sem luz e telefone, região muito fria, lareira da sala acesa o dia inteiro, chuveiro dependente da serpentina do fogão, lampiões vários, lanternas, televisão ligada na bateria do automóvel, 14 polegadas, de tubo, preta e branca, sexo de cabaninha.
Explico: metido numa cabaninha de cobertores e edredons, cheio de amor para dar, o herói se complica quando a cobertura escorrega e gela os pés. Gelou o pé, babau. Ursos polares hibernam. Os esquimós hibernavam antes de ganhar as casas aquecidas, que lhes permitem fornicar o ano inteiro, presumo que de banhos tomados.
Curioso, o leitor de Marcia Lobo perguntará por que não comprei um gerador: foi antes da crise do petróleo e o diesel era baratíssimo. Não comprei porque gerador faz barulho. Optei pela construção de pequena hidrelétrica, que levou meses para funcionar e nos proporcionou o conforto de 10 lâmpadas incandescentes de 100 velas, um liquidificador, uma batedeira de bolo, mas a água dos banhos continuou aquecida pela serpentina do fogão.
Este belo suelto, que começou com um banho perfunctório e foi parar no sexo de cabaninha suscita a congeminação dos assuntos banho e sexo. Quando existe real afinidade entre ele e ela, banhos podem ser desnecessários porque a sessão é movida a cheiros e o resto depende das sinapses, dos neurônios e outras complicações, que refogem deste singelo philosophar.Perfunctório – Que se pode esperar de um país que abandonou o adjetivo perfunctório, em nosso idioma desde 1708, do latim perfunctorìus,a,um 'leve, ligeiro, superficial'.
Lembrei-me dele no banho de hoje, leve, ligeiro, superficial por culpa da crise hídrica, que já se chamou falta d’água ou risco iminente de faltar água, que a rapaziada confunde com eminente. Dá para aceitar a confusão porque o adjetivo eminente também significa alto, elevado – e o risco é alto.
Esfriou, parou de chover e a crise energética é outra que vem aí com a corda toda. Vale notar que em 1908, portanto há 107 aninhos, os jornais estampavam anúncios sobre a conveniência de instalar energia elétrica nas residências paulistanas.
Lampiões, fogões a lenha, água aquecida nas serpentinas dos fogões – o pessoal se virava. Vivi o problema em 1970 quando fui morar com a família numa fazendola sem luz e telefone, região muito fria, lareira da sala acesa o dia inteiro, chuveiro dependente da serpentina do fogão, lampiões vários, lanternas, televisão ligada na bateria do automóvel, 14 polegadas, de tubo, preta e branca, sexo de cabaninha.
Explico: metido numa cabaninha de cobertores e edredons, cheio de amor para dar, o herói se complica quando a cobertura escorrega e gela os pés. Gelou o pé, babau. Ursos polares hibernam. Os esquimós hibernavam antes de ganhar as casas aquecidas, que lhes permitem fornicar o ano inteiro, presumo que de banhos tomados.
Curioso, o leitor de Marcia Lobo perguntará por que não comprei um gerador: foi antes da crise do petróleo e o diesel era baratíssimo. Não comprei porque gerador faz barulho. Optei pela construção de pequena hidrelétrica, que levou meses para funcionar e nos proporcionou o conforto de 10 lâmpadas incandescentes de 100 velas, um liquidificador, uma batedeira de bolo, mas a água dos banhos continuou aquecida pela serpentina do fogão.
Este belo suelto, que começou com um banho perfunctório e foi parar no sexo de cabaninha suscita a congeminação dos assuntos banho e sexo. Quando existe real afinidade entre ele e ela, banhos podem ser desnecessários porque a sessão é movida a cheiros e o resto depende das sinapses, dos neurônios e outras complicações, que refogem deste singelo philosophar.
Lembrei-me dele no banho de hoje, leve, ligeiro, superficial por culpa da crise hídrica, que já se chamou falta d’água ou risco iminente de faltar água, que a rapaziada confunde com eminente. Dá para aceitar a confusão porque o adjetivo eminente também significa alto, elevado – e o risco é alto.
Esfriou, parou de chover e a crise energética é outra que vem aí com a corda toda. Vale notar que em 1908, portanto há 107 aninhos, os jornais estampavam anúncios sobre a conveniência de instalar energia elétrica nas residências paulistanas.
Lampiões, fogões a lenha, água aquecida nas serpentinas dos fogões – o pessoal se virava. Vivi o problema em 1970 quando fui morar com a família numa fazendola sem luz e telefone, região muito fria, lareira da sala acesa o dia inteiro, chuveiro dependente da serpentina do fogão, lampiões vários, lanternas, televisão ligada na bateria do automóvel, 14 polegadas, de tubo, preta e branca, sexo de cabaninha.
Explico: metido numa cabaninha de cobertores e edredons, cheio de amor para dar, o herói se complica quando a cobertura escorrega e gela os pés. Gelou o pé, babau. Ursos polares hibernam. Os esquimós hibernavam antes de ganhar as casas aquecidas, que lhes permitem fornicar o ano inteiro, presumo que de banhos tomados.
Curioso, o leitor de Marcia Lobo perguntará por que não comprei um gerador: foi antes da crise do petróleo e o diesel era baratíssimo. Não comprei porque gerador faz barulho. Optei pela construção de pequena hidrelétrica, que levou meses para funcionar e nos proporcionou o conforto de 10 lâmpadas incandescentes de 100 velas, um liquidificador, uma batedeira de bolo, mas a água dos banhos continuou aquecida pela serpentina do fogão.
Este belo suelto, que começou com um banho perfunctório e foi parar no sexo de cabaninha suscita a congeminação dos assuntos banho e sexo. Quando existe real afinidade entre ele e ela, banhos podem ser desnecessários porque a sessão é movida a cheiros e o resto depende das sinapses, dos neurônios e outras complicações, que refogem deste singelo philosophar.Perfunctório – Que se pode esperar de um país que abandonou o adjetivo perfunctório, em nosso idioma desde 1708, do latim perfunctorìus,a,um 'leve, ligeiro, superficial'.
Lembrei-me dele no banho de hoje, leve, ligeiro, superficial por culpa da crise hídrica, que já se chamou falta d’água ou risco iminente de faltar água, que a rapaziada confunde com eminente. Dá para aceitar a confusão porque o adjetivo eminente também significa alto, elevado – e o risco é alto.
Esfriou, parou de chover e a crise energética é outra que vem aí com a corda toda. Vale notar que em 1908, portanto há 107 aninhos, os jornais estampavam anúncios sobre a conveniência de instalar energia elétrica nas residências paulistanas.
Lampiões, fogões a lenha, água aquecida nas serpentinas dos fogões – o pessoal se virava. Vivi o problema em 1970 quando fui morar com a família numa fazendola sem luz e telefone, região muito fria, lareira da sala acesa o dia inteiro, chuveiro dependente da serpentina do fogão, lampiões vários, lanternas, televisão ligada na bateria do automóvel, 14 polegadas, de tubo, preta e branca, sexo de cabaninha.
Explico: metido numa cabaninha de cobertores e edredons, cheio de amor para dar, o herói se complica quando a cobertura escorrega e gela os pés. Gelou o pé, babau. Ursos polares hibernam. Os esquimós hibernavam antes de ganhar as casas aquecidas, que lhes permitem fornicar o ano inteiro, presumo que de banhos tomados.
Curioso, o leitor de Marcia Lobo perguntará por que não comprei um gerador: foi antes da crise do petróleo e o diesel era baratíssimo. Não comprei porque gerador faz barulho. Optei pela construção de pequena hidrelétrica, que levou meses para funcionar e nos proporcionou o conforto de 10 lâmpadas incandescentes de 100 velas, um liquidificador, uma batedeira de bolo, mas a água dos banhos continuou aquecida pela serpentina do fogão.
Este belo suelto, que começou com um banho perfunctório e foi parar no sexo de cabaninha suscita a congeminação dos assuntos banho e sexo. Quando existe real afinidade entre ele e ela, banhos podem ser desnecessários porque a sessão é movida a cheiros e o resto depende das sinapses, dos neurônios e outras complicações, que refogem deste singelo philosophar.
Televisivas – Notícia é uma coisa, opinião é assaz diferente.
Notícia você analisa pela sua óptica, enquanto a opinião pode irritar o
telespectador, como fiquei furioso com Thaís Herédia e Eliane Cantanhêde no GloboNews
em Pauta sobre os protestos
de Baltimore em Maryland, costa leste dos Estados Unidos.
Costa leste entrou aqui por causa da mania telejornalística de tudo botar nos pontos cardeais das cidades, como se o telespectador soubesse onde fica a zona oeste de Goiânia ou a zona leste de São Paulo. Basta lembrar que a Barra da Tijuca virou zona oeste do Rio, sendo embora o prolongamento natural do Leblon, padrão de zona sul da cidade cheia de encantos mil, entre os quais avulta o meu nascimento no ano de mil novecentos e antigamente.
Seis policiais, três brancos e três negros (!!!), prenderam cavalheiro negro, que se machucou ou foi machucado no camburão a caminho da delegacia. Internado num hospital, foi a óbito alguns dias depois e parte da população se revoltou com o assassinato de um negro por policiais brancos, três de um grupo de seis, pois os outros são da cor do cidadão que morreu.
Durante os protestos, a mãe mulata de um jovem mascarado retirou seu filho, aos tapas, do grupo que protestava, cena filmada e exibida nas tevês do mundo inteiro. Senhora gorda, de cabelos alisados, batendo no filho encapuzado. Mais tarde, a mesma senhora explicou que retirou seu filho da confusão porque o quer vivo, sentimento materno da melhor supimpitude.
A gordura da mãe é comum nos Estados Unidos e o alisamento dos cabelos é questão de gosto pessoal. O baiano Dante Bonfim Costa Santos, beque do Bayern, adora exibir sua juba pixaim (do tupi apixa'i 'cabelo muito crespo, carapinha'), enquanto David Olatukunbo Alaba, natural de Viena, Áustria, também do Bayern, prefere alisar os seus.
Thaís Herédia e Eliane Cantanhêde criticaram a mãe ianque afirmando que, se o filho andava encapuzado nos protestos, foi porque apanhou dela na infância. Fiquei furioso com a opinião da dupla. Mesmo gorducha, a mãe mulata de cabelos lisos (e alourados), tornou-se minha ídola. Em Portugal, alguns filólogos aceitam a forma “ídola” como feminino de “ídolo”. No Brasil, que tem presidenta incompetenta, ídola tem hora e vez.
Costa leste entrou aqui por causa da mania telejornalística de tudo botar nos pontos cardeais das cidades, como se o telespectador soubesse onde fica a zona oeste de Goiânia ou a zona leste de São Paulo. Basta lembrar que a Barra da Tijuca virou zona oeste do Rio, sendo embora o prolongamento natural do Leblon, padrão de zona sul da cidade cheia de encantos mil, entre os quais avulta o meu nascimento no ano de mil novecentos e antigamente.
Seis policiais, três brancos e três negros (!!!), prenderam cavalheiro negro, que se machucou ou foi machucado no camburão a caminho da delegacia. Internado num hospital, foi a óbito alguns dias depois e parte da população se revoltou com o assassinato de um negro por policiais brancos, três de um grupo de seis, pois os outros são da cor do cidadão que morreu.
Durante os protestos, a mãe mulata de um jovem mascarado retirou seu filho, aos tapas, do grupo que protestava, cena filmada e exibida nas tevês do mundo inteiro. Senhora gorda, de cabelos alisados, batendo no filho encapuzado. Mais tarde, a mesma senhora explicou que retirou seu filho da confusão porque o quer vivo, sentimento materno da melhor supimpitude.
A gordura da mãe é comum nos Estados Unidos e o alisamento dos cabelos é questão de gosto pessoal. O baiano Dante Bonfim Costa Santos, beque do Bayern, adora exibir sua juba pixaim (do tupi apixa'i 'cabelo muito crespo, carapinha'), enquanto David Olatukunbo Alaba, natural de Viena, Áustria, também do Bayern, prefere alisar os seus.
Thaís Herédia e Eliane Cantanhêde criticaram a mãe ianque afirmando que, se o filho andava encapuzado nos protestos, foi porque apanhou dela na infância. Fiquei furioso com a opinião da dupla. Mesmo gorducha, a mãe mulata de cabelos lisos (e alourados), tornou-se minha ídola. Em Portugal, alguns filólogos aceitam a forma “ídola” como feminino de “ídolo”. No Brasil, que tem presidenta incompetenta, ídola tem hora e vez.
Heterose – Heterose ou vigor híbrido é o acasalamento entre animais
de raças ou linhagens diferentes, fenômeno pelo qual os filhos provenientes dos
cruzamentos apresentam melhor desempenho (mais vigor ou mais produção) do que a
média dos seus pais. Ensina a Embrapa CNPGL que a heterose será tão mais
pronunciada quanto mais divergentes, ou seja, quanto mais diferentes
geneticamente forem as raças ou linhagens envolvidas no cruzamento. O
conhecimento e o entendimento do conceito de heterose pode ajudar o produtor na
escolha do tipo de cruzamento conforme o sistema de produção adotado em sua
propriedade.
Todo mundo que mexe com vaca de leite estuda o assunto e sabe das qualidades das vacas meio-sangue holando-zebu. A partir delas, se você utiliza sêmen de touro holandês obtém bezerros 3/4 de sangue holandês e pode chegar ao holandês puro por cruza, como pode formar nova raça, que tem feito sucesso em nossos rebanhos, a girolanda, a partir de cruzamentos entre animais 5/8 holandês-zebu.
O americano Barak Obama e o inglês Lewis Hamilton, vitoriosos em suas profissões, resultam de acasalamentos entre negros e brancos, sendo portanto exemplos das virtudes da heterose.
Todo mundo que mexe com vaca de leite estuda o assunto e sabe das qualidades das vacas meio-sangue holando-zebu. A partir delas, se você utiliza sêmen de touro holandês obtém bezerros 3/4 de sangue holandês e pode chegar ao holandês puro por cruza, como pode formar nova raça, que tem feito sucesso em nossos rebanhos, a girolanda, a partir de cruzamentos entre animais 5/8 holandês-zebu.
O americano Barak Obama e o inglês Lewis Hamilton, vitoriosos em suas profissões, resultam de acasalamentos entre negros e brancos, sendo portanto exemplos das virtudes da heterose.
Fórmula 1 – Gosto de automobilismo de competição: ninguém é perfeito.
Sou do tempo em que o Circuito da Gávea, no Rio, descia a Rua Marquês de São
Vicente, piso de paralelepípedos ainda com os trilhos dos bondes e sem guard-rails. Ficávamos
nas calçadas “protegidos” pelos meios-fios de 15 cm. Depois, as baratinhas
pegavam a Visconde de Albuquerque ao longo do canal, passavam pela Avenida
Niemeyer e subiam uma ladeira onde hoje fica a favela da Rocinha.
Por falar nela, nossos telejornais ressuscitaram o sumiço do servente de pedreiro Amarildo, como se o país não tivesse 56 mil homicídios/ano.
Volto à Fórmula 1: mais tarde surgiram os autódromos, a tevê P&B, a colorida e as tais corridas transmitidas de madrugada, que assisti ao vivo e já não assisto. Estou gostando menos de Fórmula 1 e a Globo já percebeu que a audiência tem diminuído muito. Pena que não deixe a transmissão ao vivo por conta do SporTV, pois o comentarista Lito Cavalcanti é muito melhor que os analistas da Globo, onde o Galvão continua sendo cavalheiro duro de suportar.
Lito Cavalcanti e Reginaldo Leme dariam conta dos comentários. Ex-pilotos de Fórmula 1 também ajudam porque já participaram daquele show de insensatez tecnológica. Mas o belo Carlos Eduardo dos Santos Galvão Bueno, que reside em Mônaco e tem uma vinícola na serra gaúcha, deveria descansar de sua luta ganhando o triplo e poupando o telespectador.
Inda outro dia, um amigo que mora nos Estados Unidos me perguntou se é verdade que o Galvão ganha quatro milhões de reais por mês. Respondi que não sei, mas acho muito justo que ganhe cinco ou seis milhões, desde que não apareça no meu televisor.
Por falar nela, nossos telejornais ressuscitaram o sumiço do servente de pedreiro Amarildo, como se o país não tivesse 56 mil homicídios/ano.
Volto à Fórmula 1: mais tarde surgiram os autódromos, a tevê P&B, a colorida e as tais corridas transmitidas de madrugada, que assisti ao vivo e já não assisto. Estou gostando menos de Fórmula 1 e a Globo já percebeu que a audiência tem diminuído muito. Pena que não deixe a transmissão ao vivo por conta do SporTV, pois o comentarista Lito Cavalcanti é muito melhor que os analistas da Globo, onde o Galvão continua sendo cavalheiro duro de suportar.
Lito Cavalcanti e Reginaldo Leme dariam conta dos comentários. Ex-pilotos de Fórmula 1 também ajudam porque já participaram daquele show de insensatez tecnológica. Mas o belo Carlos Eduardo dos Santos Galvão Bueno, que reside em Mônaco e tem uma vinícola na serra gaúcha, deveria descansar de sua luta ganhando o triplo e poupando o telespectador.
Inda outro dia, um amigo que mora nos Estados Unidos me perguntou se é verdade que o Galvão ganha quatro milhões de reais por mês. Respondi que não sei, mas acho muito justo que ganhe cinco ou seis milhões, desde que não apareça no meu televisor.
Tätowierung – Em alemão, tatuagem é Tätowierung e wierung não tem no
pequeno dicionário Michaelis. O Google tem Sarah Wierung, Thomas von Wierung,
Julietta Wierung, Anne-Marie Wierung, somente 6.240 entradas para Wierung, isto
é, quase nada. Teimoso feito porca parida – pertinax
sum tamquam parta sus (em
latim) – vou ao Tradukka e descubro que Wierung, em alemão, é
Wierung no português do Brasil. Sai dessa, caro e preclaro leitor de Marcia
Lobo.
Belo nariz de cera para dizer que continuo sem entender o fenômeno tattoo (em inglês). No Houaiss é “arte de gravar na pele, por meio de pigmentos coloridos, ícones geralmente indeléveis que simbolizam forças da natureza, doutrinas etc.”.
E daí? Será que alguém, em seu juízo perfeito, acha aquilo bonito? Como explicar o boom tattoo? Se alguém souber, por favor me explique. Até entendo que muitas pessoas comam buchadas de bode, mocotós e dobradinhas: são alimentos, mas tatuagens...
Belo nariz de cera para dizer que continuo sem entender o fenômeno tattoo (em inglês). No Houaiss é “arte de gravar na pele, por meio de pigmentos coloridos, ícones geralmente indeléveis que simbolizam forças da natureza, doutrinas etc.”.
E daí? Será que alguém, em seu juízo perfeito, acha aquilo bonito? Como explicar o boom tattoo? Se alguém souber, por favor me explique. Até entendo que muitas pessoas comam buchadas de bode, mocotós e dobradinhas: são alimentos, mas tatuagens...
Sinergia – Durante dois anos, meu livro Zebu para principiantes foi o
segundo mais vendido pela editora O
Cruzeiro, perdendo apenas para A
Dieta Revolucionária do Dr. Atkins. A editora pertencia aos Associados,
também donos da TV-Tupi, onde fazia muito sucesso o Programa Flávio Cavalcânti.
Minha família sempre teve boas relações com a família do Flávio. Um dos seus sobrinhos era afilhado de meus pais. Seria a coisa mais natural do mundo que o nosso amigo falasse do meu livro em seu programa de tevê. Ele me disse que gostaria, mas não podia porque a editora teria que pagar pela divulgação do livrinho. Claro que a editora não pagava a ninguém. Várias vezes, no prédio dos Associados, cheguei ao caixa com a autorização para receber meus direitos autorais sobre 18 mil exemplares vendidos, autorização carimbada e assinada pela diretoria, e voltei para casa sem receber um tostão. Jamais recebi um ceitil e o livrinho vendeu à beça. Venderia o triplo se o Flávio me convidasse ou elogiasse o livro na TV-Tupi, mas não podia por falta de sinergia empresarial.
Venho notando a mesma falta de sinergia em outros imensos grupos brasileiros. Ela mesma, do grego sunergía,as 'cooperação, ajuda, assistência'. Cabe a pergunta: por que esses grupos não têm uma gerência de sinergia, uma diretoria que compatibilize as atividades de todas as empresas e evite providências que possam lançar umas contra as outras?
Admitamos, ab absurdo, que famosa cantora brasileira tomasse famosa apresentadora de tevê do marido e com ela vivesse tórrido romance lésbico durante alguns meses, as duas aparecendo juntas em diversos espetáculos, romance que teria acabado quando a cantora descolou uma jovem e com ela se casou de papel passado. Chamou a mídia para testemunhar seu casamento, de mesmo passo em que deixava a apresentadora inteiramente desorientada.
Ainda no terreno das absurdidades e da falta de sinergia empresarial, seria inadmissível que o principal jornal impresso do grupo, que engloba vários canais de tevê, contratasse a cantora para escrever crônicas semanais. Seria uma forma de hostilizar a apresentadora.
Claro que isso não poderia acontecer a não ser no terreno contrário à sensatez e ao bom senso. Ainda assim, continuo achando que os grandes conglomerados devem ter uma diretoria de sinergia.
Minha família sempre teve boas relações com a família do Flávio. Um dos seus sobrinhos era afilhado de meus pais. Seria a coisa mais natural do mundo que o nosso amigo falasse do meu livro em seu programa de tevê. Ele me disse que gostaria, mas não podia porque a editora teria que pagar pela divulgação do livrinho. Claro que a editora não pagava a ninguém. Várias vezes, no prédio dos Associados, cheguei ao caixa com a autorização para receber meus direitos autorais sobre 18 mil exemplares vendidos, autorização carimbada e assinada pela diretoria, e voltei para casa sem receber um tostão. Jamais recebi um ceitil e o livrinho vendeu à beça. Venderia o triplo se o Flávio me convidasse ou elogiasse o livro na TV-Tupi, mas não podia por falta de sinergia empresarial.
Venho notando a mesma falta de sinergia em outros imensos grupos brasileiros. Ela mesma, do grego sunergía,as 'cooperação, ajuda, assistência'. Cabe a pergunta: por que esses grupos não têm uma gerência de sinergia, uma diretoria que compatibilize as atividades de todas as empresas e evite providências que possam lançar umas contra as outras?
Admitamos, ab absurdo, que famosa cantora brasileira tomasse famosa apresentadora de tevê do marido e com ela vivesse tórrido romance lésbico durante alguns meses, as duas aparecendo juntas em diversos espetáculos, romance que teria acabado quando a cantora descolou uma jovem e com ela se casou de papel passado. Chamou a mídia para testemunhar seu casamento, de mesmo passo em que deixava a apresentadora inteiramente desorientada.
Ainda no terreno das absurdidades e da falta de sinergia empresarial, seria inadmissível que o principal jornal impresso do grupo, que engloba vários canais de tevê, contratasse a cantora para escrever crônicas semanais. Seria uma forma de hostilizar a apresentadora.
Claro que isso não poderia acontecer a não ser no terreno contrário à sensatez e ao bom senso. Ainda assim, continuo achando que os grandes conglomerados devem ter uma diretoria de sinergia.
Araxá – Prometi contar a uma das inúmeras fãs de Marcia Lobo,
leitora que mora no Araxá, de minhas aventuras naquela estância do Alto
Paranaíba. Foi há muito tempo, quando ainda se pensava que a cidade fosse
triangulina. O fato é que na flor dos meus 12 aninhos, passando por lá um mês
nas férias de verão, conheci um português que também gostava de cavalgar. Era
dono de uma luvaria no centrão do Rio de Janeiro, galego loquaz, luvaria
famosa.
Portugueses sempre foram ótimos navegadores e o luveiro explicava: se, pela manhã, a gente toma determinado caminho com o sol à nossa direita, na parte da tarde, ao voltar para o ponto de partida, o sol deve continuar à direita.
Nos campos araxaenses daqueles idos não havia cercas, ou, se havia, demoravam léguas umas das outras. Cavalgando animais de aluguel, saímos do Grande Hotel, no Barreiro, ali por volta das oito e meia da manhã, não me lembro se com o sol à direita ou à esquerda. Depois das onze horas, com o sol quase a prumo, direita e esquerda deixaram de fazer sentido e nos perdemos irremediavelmente nas terras do sem fim.
Uma hora, duas da tarde e nada de encontrarmos o caminho de volta. Naqueles dias, passava férias no Araxá o secretário estadual de Segurança Pública, que jogava pôquer com o meu pai. Dado o alarme, todo o esquema policial militar do município e dos municípios vizinhos saiu atrás do menino e do luveiro, enquanto regimentos maiores eram deslocados para a região por ordem expressa do senhor secretário. Em rigor, boa parte da PM de Minas saiu atrás de nós.
Resumindo a ópera, o menino e o luvista, por volta das oito da noite, chegamos à estrada que leva ao Araxá oito quilômetros para lá da cidade, que, por sua vez, demorava oito quilômetros do Barreiro, onde fica o Grande Hotel. Naquele ponto da estrada encontramos a primeira patrulha de PMs. É muito oito e parece mentira, mas foi a mais pura verdade.
Como cereja do bolo encantei-me, já rapazola, com uma jovem chamada Teresa, que também gostava muito de cavalgar. Passeamos alguns dias na fazenda de amigos. Voltando ao Rio de carona, paramos para jantar num restaurante da Rodovia Presidente Dutra. Apaixonado, comecei a escrever num guardanapo o sobrenome de Teresa e só então me dei conta de que era igual ao do luveiro. Claro que havia contado, durante os passeios, o episódio araxaense. Só então perguntei se a moça conhecia o luvista. E ela: “Conheço muito, é o meu pai. Você tem razão: papai é um chato”. Arrasado é pouco para definir o estado em que fiquei no resto da viagem.
Portugueses sempre foram ótimos navegadores e o luveiro explicava: se, pela manhã, a gente toma determinado caminho com o sol à nossa direita, na parte da tarde, ao voltar para o ponto de partida, o sol deve continuar à direita.
Nos campos araxaenses daqueles idos não havia cercas, ou, se havia, demoravam léguas umas das outras. Cavalgando animais de aluguel, saímos do Grande Hotel, no Barreiro, ali por volta das oito e meia da manhã, não me lembro se com o sol à direita ou à esquerda. Depois das onze horas, com o sol quase a prumo, direita e esquerda deixaram de fazer sentido e nos perdemos irremediavelmente nas terras do sem fim.
Uma hora, duas da tarde e nada de encontrarmos o caminho de volta. Naqueles dias, passava férias no Araxá o secretário estadual de Segurança Pública, que jogava pôquer com o meu pai. Dado o alarme, todo o esquema policial militar do município e dos municípios vizinhos saiu atrás do menino e do luveiro, enquanto regimentos maiores eram deslocados para a região por ordem expressa do senhor secretário. Em rigor, boa parte da PM de Minas saiu atrás de nós.
Resumindo a ópera, o menino e o luvista, por volta das oito da noite, chegamos à estrada que leva ao Araxá oito quilômetros para lá da cidade, que, por sua vez, demorava oito quilômetros do Barreiro, onde fica o Grande Hotel. Naquele ponto da estrada encontramos a primeira patrulha de PMs. É muito oito e parece mentira, mas foi a mais pura verdade.
Como cereja do bolo encantei-me, já rapazola, com uma jovem chamada Teresa, que também gostava muito de cavalgar. Passeamos alguns dias na fazenda de amigos. Voltando ao Rio de carona, paramos para jantar num restaurante da Rodovia Presidente Dutra. Apaixonado, comecei a escrever num guardanapo o sobrenome de Teresa e só então me dei conta de que era igual ao do luveiro. Claro que havia contado, durante os passeios, o episódio araxaense. Só então perguntei se a moça conhecia o luvista. E ela: “Conheço muito, é o meu pai. Você tem razão: papai é um chato”. Arrasado é pouco para definir o estado em que fiquei no resto da viagem.
Clima – Um aspecto que não tem sido considerado na Operação
Lava-Jato é o clima de Curitiba. Cavalheiro batizado como Bahia Odebrecht não
pode, pelo Bahia, suportar o inverno curitibano.
Poderoso industrial mineiro, dois anos atrás, visitou seus netos na capital do Paraná e me telefonou contando que não tomava banho havia três dias, tamanho o frio na casa de seu genro médico. Genro de industrial milionário, casado com médica filha de industrial milionário, tem casa muito melhor, mais luxuosa e aquecida do que uma cela no prédio da Justiça Federal.
Temo pela vida do doutor Marcelo Bahia Odebrecht, que já sofre de hipoglicemia e pode morrer de hipotermia.
Poderoso industrial mineiro, dois anos atrás, visitou seus netos na capital do Paraná e me telefonou contando que não tomava banho havia três dias, tamanho o frio na casa de seu genro médico. Genro de industrial milionário, casado com médica filha de industrial milionário, tem casa muito melhor, mais luxuosa e aquecida do que uma cela no prédio da Justiça Federal.
Temo pela vida do doutor Marcelo Bahia Odebrecht, que já sofre de hipoglicemia e pode morrer de hipotermia.
Ruminanças – “Não esquecer que
somos de um país em que já existiu
(ou existe ainda), no Ministério da Agricultura,
um órgão denominado
Comissão Executiva da Mandioca”
(Abgar Renault, 1901-1995).
22 a 28 de junho de 2015
Amizades – Tenho velho amigo, sujeito supimpa, que é amigo do Zé
Dirceu. Por força da profissão de jornalista frequentava o Palácio do Planalto
e conhecia o poderoso ministro do Lula. Eram vizinhos em Brasília. No dia em
que Zé Dirceu foi parcialmente defenestrado, sem deixar de mandar nesta
choldra, meu amigo estranhou o pequeno movimento de carros diante da casa do
vizinho. Deu um pulo até lá, havia pouquíssimas pessoas, beberam uísques
vários, fumaram charutos enviados pelo comandante Castro. Desde então, ficaram
amigos. Sai dessa, caro e preclaro leitor.
O mesmo amigo do Zé Dirceu, sem deixar de ser cavalheiro da melhor supimpitude, também ficou íntimo do general Stroessner (1912-2006), que foi morar em Brasília, DF, depois de apeado da presidência do Paraguai em 1989 pelo general Rodríguez, por sinal seu genro. Stroessner, acompanhado de um segurança, gostava de assentar-se numa cadeira de praia para ver o pôr do sol no Lago Paranoá. Como também era vizinho do meu amigo conversavam sobre diversos assuntos. Papo interessantíssimo, Stroessner contava episódios de seu governo entre 1954 e 1989, 35 anos de acordo aqui com a calculadora chinesa que me custou nove reais. O mineiro de Passa Quatro, o paraguaio de Encarnación e os demais bandidos de alto coturno tinham e têm coisas interessantes para contar, das que podem ser contadas.
Em 1996 mudei-me para BH e fui morar a dois metros da Favela do Cafezal, que chamei de Savassi Hills, brincadeira com o saudoso Roberto Drummond. Atleticano roxo, quando se mudou para um apê no Bairro Cruzeiro, Roberto escreveu que havia comprado apartamento de alto bordo no Alto Savassi. Sendo a Favela do Cafezal mais alta que o Cruzeiro, virou Hills, “montanhas” em inglês.
Dois ou três dias depois, ainda sem empregada, fui almoçar na churrascaria da moda, desabou um toró indescritível, passava das 4 da tarde e nada de táxi que me levasse para casa. Nisto, aproximam-se um senhor, sua mulher, os três filhos pequenos e o maridão me pergunta: “Condução para Savassi Hills? Não quer tomar um licor e fumar um charuto lá em casa?”. Aceitei o convite, embarquei no Mercedes último tipo do marido, enquanto sua mulher, com os três filhos, dirigia Mercedes igual.
Belo apartamento, ótimo licor, charuto magnífico, quando fui intimado a autografar três grossos livros encadernados em couro preto reunindo cerca de 1600 recortes de crônicas minhas para o jornal em que trabalhava. Autografei, bebi o licor, fumei o charuto e fui conduzido de Mercedes ao prédio vizinho da favela.
Claro que incluí o dono dos três livros encadernados em couro preto na lista dos amigos. De lá para cá nos encontramos poucas vezes em reuniões sociais. Não creio ter escrito nada que o pudesse irritar. Recentemente, transcorridos 18 anos, telefonei-lhe indicando o filho de um mecânico, que desejava fazer um estágio não-remunerado no clube presidido por ele. Na verdade, minha indicação era um presente ao time do mineiro, porque o menino leva jeito extraordinário para jogar futebol. Indicação que não me renderia um centavo, custou-me telefonemas interurbanos, porque continuo com a mania idiota de prestar serviços, de indicar pessoas, essas bobagens que rendem, no máximo, um agradecimento do tipo “fui indicada pelo senhor”.
Pois muito bem: o amigo do conhaque, do charuto, da carona e dos três livros de recortes encadernados em couro esnobou meu telefonema. Se Freud não explicar, ninguém explica.
O mesmo amigo do Zé Dirceu, sem deixar de ser cavalheiro da melhor supimpitude, também ficou íntimo do general Stroessner (1912-2006), que foi morar em Brasília, DF, depois de apeado da presidência do Paraguai em 1989 pelo general Rodríguez, por sinal seu genro. Stroessner, acompanhado de um segurança, gostava de assentar-se numa cadeira de praia para ver o pôr do sol no Lago Paranoá. Como também era vizinho do meu amigo conversavam sobre diversos assuntos. Papo interessantíssimo, Stroessner contava episódios de seu governo entre 1954 e 1989, 35 anos de acordo aqui com a calculadora chinesa que me custou nove reais. O mineiro de Passa Quatro, o paraguaio de Encarnación e os demais bandidos de alto coturno tinham e têm coisas interessantes para contar, das que podem ser contadas.
Em 1996 mudei-me para BH e fui morar a dois metros da Favela do Cafezal, que chamei de Savassi Hills, brincadeira com o saudoso Roberto Drummond. Atleticano roxo, quando se mudou para um apê no Bairro Cruzeiro, Roberto escreveu que havia comprado apartamento de alto bordo no Alto Savassi. Sendo a Favela do Cafezal mais alta que o Cruzeiro, virou Hills, “montanhas” em inglês.
Dois ou três dias depois, ainda sem empregada, fui almoçar na churrascaria da moda, desabou um toró indescritível, passava das 4 da tarde e nada de táxi que me levasse para casa. Nisto, aproximam-se um senhor, sua mulher, os três filhos pequenos e o maridão me pergunta: “Condução para Savassi Hills? Não quer tomar um licor e fumar um charuto lá em casa?”. Aceitei o convite, embarquei no Mercedes último tipo do marido, enquanto sua mulher, com os três filhos, dirigia Mercedes igual.
Belo apartamento, ótimo licor, charuto magnífico, quando fui intimado a autografar três grossos livros encadernados em couro preto reunindo cerca de 1600 recortes de crônicas minhas para o jornal em que trabalhava. Autografei, bebi o licor, fumei o charuto e fui conduzido de Mercedes ao prédio vizinho da favela.
Claro que incluí o dono dos três livros encadernados em couro preto na lista dos amigos. De lá para cá nos encontramos poucas vezes em reuniões sociais. Não creio ter escrito nada que o pudesse irritar. Recentemente, transcorridos 18 anos, telefonei-lhe indicando o filho de um mecânico, que desejava fazer um estágio não-remunerado no clube presidido por ele. Na verdade, minha indicação era um presente ao time do mineiro, porque o menino leva jeito extraordinário para jogar futebol. Indicação que não me renderia um centavo, custou-me telefonemas interurbanos, porque continuo com a mania idiota de prestar serviços, de indicar pessoas, essas bobagens que rendem, no máximo, um agradecimento do tipo “fui indicada pelo senhor”.
Pois muito bem: o amigo do conhaque, do charuto, da carona e dos três livros de recortes encadernados em couro esnobou meu telefonema. Se Freud não explicar, ninguém explica.
Ilações – Ilação, sabemos todos, é inferência, ação de inferir, de
concluir. Inferência é conclusão. Na tevê, sempre que vejo Nelma Kodama, Paulo
Roberto, Palocci, Dirceu, Vaccari e sua cunhada, Duque, Luiz Inácio, Rosemary,
essa turminha toda que o leitor conhece através da telinha, não posso deixar de
tirar uma ilação meditada: distinguem-se da primeira empregada que tive em Belo
Horizonte pelos valores roubados, mas a moça era linda e cheirosa.
Pois é, cristão-novo na capital de todos os mineiros, ano da graça de 1996, telefonei para uma agência de empregos e me mandaram a moça para trabalhar de carteira assinada. Lindíssima, cheirosa, 26 anos, mãe solteira de três filhas, morava num barraco na divisa dos municípios de BH e Contagem.
Devo confessar que pensei: “Estou feito!”. Nas idas ao supermercado todo mundo me olhava com inveja: o coroa e o avião, mas apesar de ateu tenho anjo da guarda muito melhor do que o anjo daquele comercial imbecilérrimo da Cemig. Anjo da guarda ou anjo custódio, como sabe o leitor, na angeologia cristã é o anjo encarregado por Deus de velar continuamente por uma alma humana em particular, defendendo-a e guiando-a.
Inda me lembro de um almoço em domicílio, num dia em que estava alegre e tomava uma garrafa de champanhe. Philosophei: “É hoje!”. Mas o anjo custódio buzinou qualquer coisa na obnubilação provocada pelo produto vinificado em Reims e adiei a missão para o dia seguinte. Missão, dizem os militares, não se discute: cumpre-se.
O inverno se aproximava, começou a esfriar e fui aos armários procurar toalha de banho extra larga, produto raro que comprei no Rio. Tinha três e não encontrei nenhuma. Na prateleira dos lençóis havia uma fronha, e só uma, de um conjunto colorido que havia desaparecido. E assim por diante: a moça linda e cheirosa, mãe solteira de três filhas, tinha roubado meu “enxoval” inteiro, inclusivamente copos, xícaras, essas coisas. Pouco inteligente, deixou sinais do furto como a tal fronha colorida ao levar os lençóis e a outra fronha.
Seria a coisa mais fácil do mundo chamar a polícia para recuperar os produtos furtados e dar um aperto na moça linda e cheirosa, providência que evitei aconselhado pelo anjo da guarda. Toalhas de banho, de mesa, lençóis e copos a gente compra outros. Resolvi o problema com a demissão sumária, baixa na carteira, recibos assinados e até hoje não consegui encontrar novas toalhas de banho daquelas imensas, ótimas no inverno.
Pois é, cristão-novo na capital de todos os mineiros, ano da graça de 1996, telefonei para uma agência de empregos e me mandaram a moça para trabalhar de carteira assinada. Lindíssima, cheirosa, 26 anos, mãe solteira de três filhas, morava num barraco na divisa dos municípios de BH e Contagem.
Devo confessar que pensei: “Estou feito!”. Nas idas ao supermercado todo mundo me olhava com inveja: o coroa e o avião, mas apesar de ateu tenho anjo da guarda muito melhor do que o anjo daquele comercial imbecilérrimo da Cemig. Anjo da guarda ou anjo custódio, como sabe o leitor, na angeologia cristã é o anjo encarregado por Deus de velar continuamente por uma alma humana em particular, defendendo-a e guiando-a.
Inda me lembro de um almoço em domicílio, num dia em que estava alegre e tomava uma garrafa de champanhe. Philosophei: “É hoje!”. Mas o anjo custódio buzinou qualquer coisa na obnubilação provocada pelo produto vinificado em Reims e adiei a missão para o dia seguinte. Missão, dizem os militares, não se discute: cumpre-se.
O inverno se aproximava, começou a esfriar e fui aos armários procurar toalha de banho extra larga, produto raro que comprei no Rio. Tinha três e não encontrei nenhuma. Na prateleira dos lençóis havia uma fronha, e só uma, de um conjunto colorido que havia desaparecido. E assim por diante: a moça linda e cheirosa, mãe solteira de três filhas, tinha roubado meu “enxoval” inteiro, inclusivamente copos, xícaras, essas coisas. Pouco inteligente, deixou sinais do furto como a tal fronha colorida ao levar os lençóis e a outra fronha.
Seria a coisa mais fácil do mundo chamar a polícia para recuperar os produtos furtados e dar um aperto na moça linda e cheirosa, providência que evitei aconselhado pelo anjo da guarda. Toalhas de banho, de mesa, lençóis e copos a gente compra outros. Resolvi o problema com a demissão sumária, baixa na carteira, recibos assinados e até hoje não consegui encontrar novas toalhas de banho daquelas imensas, ótimas no inverno.
Propaganda – Escrevendo em jornal impresso, o assunto propaganda é
delicado e só pode ser trilhado com toda a cautela do mundo. Não se deve
“ofender” as agências, que são anunciantes no jornal. Baixar o cacete nos
anunciantes que sustentam o jornal exige uma inteligência que me falta.
Na internet, contudo, a gente pode falar à vontade para comentar o nível de nossa propaganda, que vem caindo assustadoramente. Aqueles anúncios da Caixa sobre o poupançudo são de uma imbecilidade que merece o pódio da debilidade mental.
Ficamos sabendo pela Operação Lava-Jato que a Caixa entupiu de dinheiro uma agência de publicidade, que deve ter sido a responsável pelo comercial do poupançudo. Ricardo Hoffmann, operador da agência Borghi-Lowe, está preso e fechou um acordo de delação premiada. Se a Borghi-Lowe foi responsável pelo poupançudo, o comercial merece a pena aplicada na Indonésia aos traficantes de cocaína.
No boom das vendas de automóveis, uma empresa montadora anunciava seus veículos como capazes de escapar dos tiros de metralhadora disparados de um helicóptero. Tem cabimento? Será que alguém compra um automóvel normal para fugir das balas disparadas de um helicóptero?
E a Oi, hein? Que me diz o leitor de uma operadora de telefonia celular que, em sua fase de organização, anunciava telefoninhos que orientavam o comprador a alcançar uma UTI? Alguém compra um celular para descobrir o caminho que leva a uma unidade de terapia intensiva?
E a GM, coitada, que já recorreu aos seus presidentes no Brasil, nas Américas, na China, risonhos, engravatados, prometendo vender Chevrolet “a preço de funcionário”, demite à beça, tem milhares de funcionários em férias ou layoff, e as vendas não engrenam. Com uma novidade: Juiz de Fora, beirando os 700 mil habitantes, cidade-polo da Zona da Mata de Minas, semana passada (15 a 21 de junho) perdeu a última concessionária GM. Agora, se um Chevrolet enguiça, seu proprietário precisa alugar a um reboque e procurar concessionária noutras cidades.
Na internet, contudo, a gente pode falar à vontade para comentar o nível de nossa propaganda, que vem caindo assustadoramente. Aqueles anúncios da Caixa sobre o poupançudo são de uma imbecilidade que merece o pódio da debilidade mental.
Ficamos sabendo pela Operação Lava-Jato que a Caixa entupiu de dinheiro uma agência de publicidade, que deve ter sido a responsável pelo comercial do poupançudo. Ricardo Hoffmann, operador da agência Borghi-Lowe, está preso e fechou um acordo de delação premiada. Se a Borghi-Lowe foi responsável pelo poupançudo, o comercial merece a pena aplicada na Indonésia aos traficantes de cocaína.
No boom das vendas de automóveis, uma empresa montadora anunciava seus veículos como capazes de escapar dos tiros de metralhadora disparados de um helicóptero. Tem cabimento? Será que alguém compra um automóvel normal para fugir das balas disparadas de um helicóptero?
E a Oi, hein? Que me diz o leitor de uma operadora de telefonia celular que, em sua fase de organização, anunciava telefoninhos que orientavam o comprador a alcançar uma UTI? Alguém compra um celular para descobrir o caminho que leva a uma unidade de terapia intensiva?
E a GM, coitada, que já recorreu aos seus presidentes no Brasil, nas Américas, na China, risonhos, engravatados, prometendo vender Chevrolet “a preço de funcionário”, demite à beça, tem milhares de funcionários em férias ou layoff, e as vendas não engrenam. Com uma novidade: Juiz de Fora, beirando os 700 mil habitantes, cidade-polo da Zona da Mata de Minas, semana passada (15 a 21 de junho) perdeu a última concessionária GM. Agora, se um Chevrolet enguiça, seu proprietário precisa alugar a um reboque e procurar concessionária noutras cidades.
Compras – Ando numa fase comprista e os objetos de meu atual desejo
são uma bicicleta e uma poltrona de avião. Influenciável, vi na tevê que a
bicicleta evita derrames, enfartes, obesidade e é uma garantia de saúde eterna.
Quanto à poltrona é daquelas usadas, retiradas de aviões que não avoam mais.
Valem uma tuta e meia nas oficinas que desmancham aviões.
De corrida ou normal, a bicicleta pode ser usada e deve ser muito barata. Será pendurada na área de serviço: já não sei andar de bicicleta. Soube, mas passei da idade. A poltrona será entronizada num lugar do apê para ser vista o dia inteiro e me lembrar da felicidade de não estar sentado num avião. Detesto viajar. Fico feliz quando informado sobre aeroportos em que os aviões decolam com intervalos de 50 segundos e sei que não estou num deles, mas devo confessar que o clima no saguão de um aeroporto, dos grandes, muito me diverte.
Gente esquisita, malucos em profusão, filas imensas, malas despachadas, roubadas, alegrias e aflições, correria, discussões, atrasos, cancelamentos, clima dos mais divertidos quando a gente não vai embarcar.
Voei muito a trabalho, anos e anos, até em aviões de garimpo na Amazônia. Num deles, o piloto me disse: “Por aqui, doutor, instrumento não funciona. Se o sujeito confiar em instrumento, sifu. Quer ver?”. Entardecia e o piloto ajustou os instrumentos para chegar a Cuiabá, que já se avistava ao longe. Foi deixar o voo por conta dos instrumentos e o teco-teco tomou o rumo oposto.
De outra feita, teco-teco para cinco passageiros, a pista era tão curta que o pilotinho decolou com dois heróis, deixou-os numa pista maior e voltou para apanhar nós três. Só da pista maior conseguiu decolar com a lotação completa.
Com a velha poltrona entronizada num canto da sala vou ficar feliz sabendo que não estou entre os milhões de passageiros que voam todos os dias. A IATA, International Air Transport Association, divulgou relatório em que revela o transporte de 3.129 bilhões de passageiros em voos regulares em 2013. Somando os voos irregulares e os militares, metade da população do planeta anda avoando por aí. E a bicicleta pendurada na área de serviço deve ser garantia de saúde per omnia saecula, saeculorum.
De corrida ou normal, a bicicleta pode ser usada e deve ser muito barata. Será pendurada na área de serviço: já não sei andar de bicicleta. Soube, mas passei da idade. A poltrona será entronizada num lugar do apê para ser vista o dia inteiro e me lembrar da felicidade de não estar sentado num avião. Detesto viajar. Fico feliz quando informado sobre aeroportos em que os aviões decolam com intervalos de 50 segundos e sei que não estou num deles, mas devo confessar que o clima no saguão de um aeroporto, dos grandes, muito me diverte.
Gente esquisita, malucos em profusão, filas imensas, malas despachadas, roubadas, alegrias e aflições, correria, discussões, atrasos, cancelamentos, clima dos mais divertidos quando a gente não vai embarcar.
Voei muito a trabalho, anos e anos, até em aviões de garimpo na Amazônia. Num deles, o piloto me disse: “Por aqui, doutor, instrumento não funciona. Se o sujeito confiar em instrumento, sifu. Quer ver?”. Entardecia e o piloto ajustou os instrumentos para chegar a Cuiabá, que já se avistava ao longe. Foi deixar o voo por conta dos instrumentos e o teco-teco tomou o rumo oposto.
De outra feita, teco-teco para cinco passageiros, a pista era tão curta que o pilotinho decolou com dois heróis, deixou-os numa pista maior e voltou para apanhar nós três. Só da pista maior conseguiu decolar com a lotação completa.
Com a velha poltrona entronizada num canto da sala vou ficar feliz sabendo que não estou entre os milhões de passageiros que voam todos os dias. A IATA, International Air Transport Association, divulgou relatório em que revela o transporte de 3.129 bilhões de passageiros em voos regulares em 2013. Somando os voos irregulares e os militares, metade da população do planeta anda avoando por aí. E a bicicleta pendurada na área de serviço deve ser garantia de saúde per omnia saecula, saeculorum.
Números – Há que tomar cuidado com os números noticiados pela
televisão. No primeiro terremoto de Katmandu, Catmandu ou Kathmandu, por
exemplo, o noticiário começou com 9,9 na Escala Richter, equivalente a centenas
de milhares de bombas atômicas, e foi baixando até 7,8 ou 7,9 na mesma escala.
O Nepal tem uma das maiores densidades demográficas do mundo e centenas de milhares de turistas. Com 9,9 na Richter, naquele trecho do planeta, teria destruído boa parte da Ásia matando centenas de milhões de pessoas além do diretor do Google, coitado, que efetivamente morreu tentando escalar o Everest.
Enquanto isso, nota pequena do Globo informava que um cavalheiro vindo de Angola foi internado em Juiz de Fora, a poucos quarteirões aqui do tugúrio, com suspeita de Ebola. Data: 24 de abril de 2015. Dores de estômago e febre felizmente transformadas em caganeira, substantivo feminino que entrou em nosso idioma no ano de 1562, embora a humanidade cagasse desde sempre, verbo cagar, datado do século XIII, do latim cáco,as,ávi,átum,áre 'cagar, evacuar o ventre, defecar'.
Escrevo furioso com o Aurélio eletrônico vendido pela paranaense Positivo Informática, presidida pelo senhor Helio Bruck Rotenberg, que me obriga de tempos em tempos a rodar o CD do dicionário para provar que foi comprado por mim e o tenho em domicílio. Ora, bolas, o Houaiss eletrônico também foi comprado e não me pede que insira o CD regularmente.
A Positivo Informática só pode ser do ramo paranaense da senadora petista Gleise Helena Hoffmann e do ex-vice-presidente da Câmara André Vargas (PT-PR). Felizmente, o Paraná tem um Sérgio Moro.
O Nepal tem uma das maiores densidades demográficas do mundo e centenas de milhares de turistas. Com 9,9 na Richter, naquele trecho do planeta, teria destruído boa parte da Ásia matando centenas de milhões de pessoas além do diretor do Google, coitado, que efetivamente morreu tentando escalar o Everest.
Enquanto isso, nota pequena do Globo informava que um cavalheiro vindo de Angola foi internado em Juiz de Fora, a poucos quarteirões aqui do tugúrio, com suspeita de Ebola. Data: 24 de abril de 2015. Dores de estômago e febre felizmente transformadas em caganeira, substantivo feminino que entrou em nosso idioma no ano de 1562, embora a humanidade cagasse desde sempre, verbo cagar, datado do século XIII, do latim cáco,as,ávi,átum,áre 'cagar, evacuar o ventre, defecar'.
Escrevo furioso com o Aurélio eletrônico vendido pela paranaense Positivo Informática, presidida pelo senhor Helio Bruck Rotenberg, que me obriga de tempos em tempos a rodar o CD do dicionário para provar que foi comprado por mim e o tenho em domicílio. Ora, bolas, o Houaiss eletrônico também foi comprado e não me pede que insira o CD regularmente.
A Positivo Informática só pode ser do ramo paranaense da senadora petista Gleise Helena Hoffmann e do ex-vice-presidente da Câmara André Vargas (PT-PR). Felizmente, o Paraná tem um Sérgio Moro.
Suspeito – Puro latim, o adjetivo e substantivo masculino suspeito
foi transformado pela mídia em palavra-ônibus, palavra quase sempre de uso
coloquial, cujas acepções são tantas que não comportam delimitação semântica
formal (por exemplo:troço, legal, bacana, coisa, negócio).
Vejamos um entre milhares de casos que nos servem nas rádios e nas tevês. Um cavalheiro residente em boa casa na Baixada Fluminense, com jardim e piscina, instalou uma porção de câmeras em seu chatô. Noivo de uma jovem goiana de alevantadas qualidades glúteas, foi filmado por suas próprias câmeras espancando a noiva no jardim, antes de lhe dar diversos tiros que a levaram a óbito, como se diz hoje em dia. Em seguida, o referido cavalheiro foi filmado roubando o carro de um vizinho.
A partir de então, a polícia passou a procurar o suspeito... Ora, bolas, se havia o vídeo do espancamento, dos tiros mortais e do roubo do carro, não seria mais lógico procurar o autor dos crimes, que tem nome, CPF e carteira de identidade?
Vejamos um entre milhares de casos que nos servem nas rádios e nas tevês. Um cavalheiro residente em boa casa na Baixada Fluminense, com jardim e piscina, instalou uma porção de câmeras em seu chatô. Noivo de uma jovem goiana de alevantadas qualidades glúteas, foi filmado por suas próprias câmeras espancando a noiva no jardim, antes de lhe dar diversos tiros que a levaram a óbito, como se diz hoje em dia. Em seguida, o referido cavalheiro foi filmado roubando o carro de um vizinho.
A partir de então, a polícia passou a procurar o suspeito... Ora, bolas, se havia o vídeo do espancamento, dos tiros mortais e do roubo do carro, não seria mais lógico procurar o autor dos crimes, que tem nome, CPF e carteira de identidade?
Luzinhas – Através do vidro da janela do quarto, à noite, quando o
tempo está limpo, gosto de ver estrelas, a lua, as luzinhas piscantes dos
aviões que avoam rumo oeste e um astro que deve ser o planeta Marte. Pois muito
bem: em abril instalaram luzinha vermelha, que pisca a intervalos regulares, no
alto de um edifício em fase de acabamento. Deve ser exigência aeronáutica para
orientar os aviões no fundo de um vale cercado de montanhas de bom tamanho.
É curioso notar que o prédio vizinho, habitado há muitos anos, não tem luzinha piscando. Presumo que os pilotos de helicópteros se orientem pelas luzes das janelas dos prédios, pelas ruas e avenidas, com os seus conhecimentos da região: voam mais devagar, podem parar no ar e têm recursos de manobrabilidade que faltam aos aviões.
Não tenho e nunca tive paranóias persecutórias, mas estou desconfiado de que a luzinha vermelha só foi instalada para me aborrecer, como tem aborrecido. Situação agravada quando este belo suelto já estava pronto e revisado: a luzinha vermelha parou de piscar e o tal prédio vizinho, que não teve luz nos últimos três anos, instalou lâmpada amarelada. Tenho, portanto, a vista de uma luz vermelha acesa que não pisca e de uma amarelada também não piscante. Está salva a pátria educadora.
É curioso notar que o prédio vizinho, habitado há muitos anos, não tem luzinha piscando. Presumo que os pilotos de helicópteros se orientem pelas luzes das janelas dos prédios, pelas ruas e avenidas, com os seus conhecimentos da região: voam mais devagar, podem parar no ar e têm recursos de manobrabilidade que faltam aos aviões.
Não tenho e nunca tive paranóias persecutórias, mas estou desconfiado de que a luzinha vermelha só foi instalada para me aborrecer, como tem aborrecido. Situação agravada quando este belo suelto já estava pronto e revisado: a luzinha vermelha parou de piscar e o tal prédio vizinho, que não teve luz nos últimos três anos, instalou lâmpada amarelada. Tenho, portanto, a vista de uma luz vermelha acesa que não pisca e de uma amarelada também não piscante. Está salva a pátria educadora.
Manias – Não sei se o leitor se lembra do tempo em que tudo estava
a nível de. Depois, os operadores de telemarketing adotaram o gerundismo.
Vivemos hoje a era do vai que. Vai que dure meses ou anos, até ser substituída
por outra mania legal, ou joia, ou falou, que já andaram em voga.
Benfeito é uma de minhas atuais antipatias, pelo seguinte: o som de ben é diferente de bem. Será que o brasileiro já se esqueceu do filme Ben-Hur? Benfeito foi invenção do Acordo Ortográfico do Lula, que Marcia Lobo não adota, no que faz muitíssimo bem. No Brasil e em Portugal a forma da tradição lexicográfica sempre foi bem-feito. Devem ter inventado o benfeito para São Tomé e Príncipe ou para as vênus vulgívagas que os pariram.
Benfeito é uma de minhas atuais antipatias, pelo seguinte: o som de ben é diferente de bem. Será que o brasileiro já se esqueceu do filme Ben-Hur? Benfeito foi invenção do Acordo Ortográfico do Lula, que Marcia Lobo não adota, no que faz muitíssimo bem. No Brasil e em Portugal a forma da tradição lexicográfica sempre foi bem-feito. Devem ter inventado o benfeito para São Tomé e Príncipe ou para as vênus vulgívagas que os pariram.
Esculturas – Pegue mil escultores e dê a cada um grande chapa de
ferro. Duvido que algum consiga esculpir peça tão bela, tão inspirada, tão
escultural como as obras de Amílcar de Castro, mineiro de Paraisópolis
(1920-2002).
O assunto vem à balha por causa das esculturas que tenho visto nas fotos dos jornais. Qualquer imbecil, sem a menor aptidão para esculpir, esculpe, é exposto e sua obra de arte (sic) é fotografada para sair nos jornais.
Ninguém diz nada, todos aceitam a empulhação e têm medo de opinar passando por ignorantes. As “obras de arte” são cada vez mais malucas e menos artísticas. Você deve estar lembrado daquele tubarão metido num tanque de formol, que foi vendido por milhões de dólares.
Em rigor, o sujeito que pega uma porção de estantes de aço e as distribui “artisticamente” numa exposição não faz mal a ninguém. Comprou e montou cada estante, fez a arrumação que lhe pareceu artística, mas o jornalista que publica a foto da “escultura” no jornal ofende os leitores.
Assunto que me recorda as esculturas do Dr. Fausto Alvim (1900-1995), de quem tive a honra de ser amigo durante anos. Duas de suas esculturas continuam na família depois do meu primeiro divórcio.
Em seus passeios pelas roças, o Dr. Fausto recolhia raízes que transformava em lindas esculturas para presentear seus amigos. Foi prefeito do Araxá durante 10 anos, depois de cena divertida num almoço oferecido pelos araxaenses ao ditador Getúlio Vargas.
Servida a travessa de picadinho com quiabo, quando Getúlio ameaçou servir-se, o jovem Fausto puxou a travessa e “rosnou” para o ditador. Getúlio morreu de rir e tratou de nomear o rapaz prefeito da estação de águas. Durante 10 anos o prefeito sofreu, coitado, porque um amigo dele, muito moleque, espalhou na cidade que os pratos prediletos de Fausto Alvim eram mocotó e dobradinha, alimentos detestáveis. Desde então, sempre que um araxaense oferecia uma refeição ao prefeito era inevitável a dupla de mocotó e dobradinha.
O assunto vem à balha por causa das esculturas que tenho visto nas fotos dos jornais. Qualquer imbecil, sem a menor aptidão para esculpir, esculpe, é exposto e sua obra de arte (sic) é fotografada para sair nos jornais.
Ninguém diz nada, todos aceitam a empulhação e têm medo de opinar passando por ignorantes. As “obras de arte” são cada vez mais malucas e menos artísticas. Você deve estar lembrado daquele tubarão metido num tanque de formol, que foi vendido por milhões de dólares.
Em rigor, o sujeito que pega uma porção de estantes de aço e as distribui “artisticamente” numa exposição não faz mal a ninguém. Comprou e montou cada estante, fez a arrumação que lhe pareceu artística, mas o jornalista que publica a foto da “escultura” no jornal ofende os leitores.
Assunto que me recorda as esculturas do Dr. Fausto Alvim (1900-1995), de quem tive a honra de ser amigo durante anos. Duas de suas esculturas continuam na família depois do meu primeiro divórcio.
Em seus passeios pelas roças, o Dr. Fausto recolhia raízes que transformava em lindas esculturas para presentear seus amigos. Foi prefeito do Araxá durante 10 anos, depois de cena divertida num almoço oferecido pelos araxaenses ao ditador Getúlio Vargas.
Servida a travessa de picadinho com quiabo, quando Getúlio ameaçou servir-se, o jovem Fausto puxou a travessa e “rosnou” para o ditador. Getúlio morreu de rir e tratou de nomear o rapaz prefeito da estação de águas. Durante 10 anos o prefeito sofreu, coitado, porque um amigo dele, muito moleque, espalhou na cidade que os pratos prediletos de Fausto Alvim eram mocotó e dobradinha, alimentos detestáveis. Desde então, sempre que um araxaense oferecia uma refeição ao prefeito era inevitável a dupla de mocotó e dobradinha.
15 a 21 de junho de 2015
Votações – Ninguém aguenta voto de ministro do Supremo mais que
cinco minutos, seis no máximo. Todos jogam para a arquibancada presencial ou
televisiva. Na votação das biografias lembrei-me de episódio ocorrido na Câmara
Municipal de Lambari há muitos e muitos anos. Não assisti, mas conheci o
vereador que não se dava com os calçados, chegava à Câmara em sua charrete,
trocava os chinelos pelas botinas ao começar a sessão e logo pedia autorização
ao presidente para descalçar as botinas e voltar aos chinelos.
Certa feita, como os debates se arrastavam, o ilustre homem público pediu a palavra: “Vossas excelências ficam neste mija remija, não resolvem nada e já passou da hora da minha janta”.
Na votação do Supremo, leitor amigo me garantiu que um dos ministros pronunciou gratuíto. Acredito. Muitos foram indicados pelo Lula.
Certa feita, como os debates se arrastavam, o ilustre homem público pediu a palavra: “Vossas excelências ficam neste mija remija, não resolvem nada e já passou da hora da minha janta”.
Na votação do Supremo, leitor amigo me garantiu que um dos ministros pronunciou gratuíto. Acredito. Muitos foram indicados pelo Lula.
Maridos-ETA – Tenho um caminhão de amigos separatistas. Não fossem
brasileiros, seriam do ETA, Euskadi
Ta Askatasuna, que em basco significa “Pátria Basca e Liberdade”, ou de um
dos inúmeros movimentos separatistas que se veem de Quebec à Catalunha passando
pela Chechênia com todo o respeito, naturalmente. Com uma diferença: em
vez da separação territorial só pensam na separação conjugal, sonhando
encontrar na próxima o paraíso que não conheceram com a última de uma série
imensa.
Cabe a pergunta: por que se casam? Têm inteligência e instrução suficientes para saber que o casamento hétero é o tipo do negócio complicado. Envolve famílias diferentes, educações diferentes, sexos diferentes.
E o certo é que me sentei diante do computador para falar de dois dias que suscitam alto philosophar. Adoro o verbo suscitar, que deve estar no português desde o século XIV, di-lo Houaiss. O dia dos namorados e o mundial sem tabaco, sozinhos, permitem que a gente escreva dezenas de páginas. Vivi muitos dias dos namorados com aquela dificuldade de arranjar mesa nos restaurantes para jantar.
Em BH, jornalista famoso e deputado estadual muito rico, amigos que cultivam a mania de se divorciar, recém-divorciados saíram para jantar no restaurante da moda. Só então, vendo as outras mesas ocupadas por casais in love, perceberam que era o dia dos namorados. Foi quando o jornalista disse para o parlamentar riquíssimo: “Se você pedir champanha, me levanto e vou embora”.
O dia mundial sem tabaco, muito louvado pela mídia, decreta a falência irremediável do Brasil. Com tabaco e agrotóxicos, a expectativa de vida do brasileiro chegou aos 74 anos e há muita gente na casa dos 90. Sem tabaco e agrotóxicos a média vai alcançar os 90 e muitos. Onde arranjar dinheiro para sustentar tanta gente?
Se é verdade que o tabaco e os agrotóxicos matam, como parece que é, precisamos contabilizar os lucros da Previdência Social com a partida precoce de milhões e milhões de brasileiros. A violência tem ajudado. Ano passado, foram 150 homicídios por dia e mais 150, também por dia, nos acidentes de trânsito, 550 mil patrícios em cinco anos.
E o pessoal acha tudo muito natural. Basta dizer que no dia 1º de junho a BR-040 (Rio-BH-Brasília) esteve paralisada durante oito horas pelos moradores de Ewbank da Câmara, pequena cidade próxima de Juiz de Fora. Tocaram fogo em árvores e pneus, incendiaram dois ônibus depois de sugerir que os passageiros descessem dos veículos. Tudo muito civilizado: interromper durante oito horas o fluxo de veículos de uma das estradas mais importantes do país, tanto assim que as tevês noticiaram: “Não houve violência”.
Cabe a pergunta: por que se casam? Têm inteligência e instrução suficientes para saber que o casamento hétero é o tipo do negócio complicado. Envolve famílias diferentes, educações diferentes, sexos diferentes.
E o certo é que me sentei diante do computador para falar de dois dias que suscitam alto philosophar. Adoro o verbo suscitar, que deve estar no português desde o século XIV, di-lo Houaiss. O dia dos namorados e o mundial sem tabaco, sozinhos, permitem que a gente escreva dezenas de páginas. Vivi muitos dias dos namorados com aquela dificuldade de arranjar mesa nos restaurantes para jantar.
Em BH, jornalista famoso e deputado estadual muito rico, amigos que cultivam a mania de se divorciar, recém-divorciados saíram para jantar no restaurante da moda. Só então, vendo as outras mesas ocupadas por casais in love, perceberam que era o dia dos namorados. Foi quando o jornalista disse para o parlamentar riquíssimo: “Se você pedir champanha, me levanto e vou embora”.
O dia mundial sem tabaco, muito louvado pela mídia, decreta a falência irremediável do Brasil. Com tabaco e agrotóxicos, a expectativa de vida do brasileiro chegou aos 74 anos e há muita gente na casa dos 90. Sem tabaco e agrotóxicos a média vai alcançar os 90 e muitos. Onde arranjar dinheiro para sustentar tanta gente?
Se é verdade que o tabaco e os agrotóxicos matam, como parece que é, precisamos contabilizar os lucros da Previdência Social com a partida precoce de milhões e milhões de brasileiros. A violência tem ajudado. Ano passado, foram 150 homicídios por dia e mais 150, também por dia, nos acidentes de trânsito, 550 mil patrícios em cinco anos.
E o pessoal acha tudo muito natural. Basta dizer que no dia 1º de junho a BR-040 (Rio-BH-Brasília) esteve paralisada durante oito horas pelos moradores de Ewbank da Câmara, pequena cidade próxima de Juiz de Fora. Tocaram fogo em árvores e pneus, incendiaram dois ônibus depois de sugerir que os passageiros descessem dos veículos. Tudo muito civilizado: interromper durante oito horas o fluxo de veículos de uma das estradas mais importantes do país, tanto assim que as tevês noticiaram: “Não houve violência”.
Encontros – Ibrahim Sued, meu contemporâneo no Globo, vivia dizendo que “em
sociedade tudo se sabe”. Nem tudo, mas o que chega ao nosso conhecimento já é
de assustar.
Risco enormíssimo corremos nos encontros sociais, quando somos apresentados a uma porção de cavalheiros e damas, alguns deles simpáticos, muitos dos quais são da pesada.
Claro que são simpáticos. Os estelionatários são envolventes, encantadores e sempre reincidem no crime. Não há precedente de estelionatário regenerado, dizem os criminólogos.
Outro risco é o bandido gostar de você, admirar as coisas que você escreve, achar que você é um sujeito supimpa. Numa caçada norte-mineira, há mais de 40 anos, conheci um dos maiores matadores daquela região, excelente patrício que não matava para roubar, mas para se vingar dos que roubaram sua família: questões de terras. Matou mais de 40 e era procurado pela polícia havia anos. Seu nome não consta do Google, que não existia há 45 anos. É muito provável que tenha morrido.
O certo é que, a partir daquela caçada, sempre que fui a Montes Claros ele dava um jeito de aparecer no hotel, à noite, para me visitar. Tive um caminhão de leitores em MOC e minhas visitas eram anunciadas nos jornais da cidade. Foi pelos primeiros anos da década de 90 e o bom amigo, dos seus esconderijos, tinha notícia das minhas incursões montes-clarenses. Nunca me contou das suas matanças, de resto famosas em todo o norte de Minas.
Escrevo num dia em que a imprensa divulga as estripulias de um político petista, que sempre me fez muita festa. Certa feita, voltei de Brasília para BH no último assento de um avião da TAM em que viajava, na primeira fila de poltronas, o famoso petista. Pois muito bem: na Pampulha, quando levantei meu 1,88m da poltrona, o político me reconheceu e começou a gritar: “Olha lá! Olha lá!”. Quase morri de vergonha. Fraternizamos na fila de espera das malas e só o reencontrei duas ou três vezes em solenidades belo-horizontinas. Fiquei triste com o que dele se diz no dia em que componho estas bem traçadas. Espero que não seja verdade, mas em se tratando de petista tudo é possível.
Risco enormíssimo corremos nos encontros sociais, quando somos apresentados a uma porção de cavalheiros e damas, alguns deles simpáticos, muitos dos quais são da pesada.
Claro que são simpáticos. Os estelionatários são envolventes, encantadores e sempre reincidem no crime. Não há precedente de estelionatário regenerado, dizem os criminólogos.
Outro risco é o bandido gostar de você, admirar as coisas que você escreve, achar que você é um sujeito supimpa. Numa caçada norte-mineira, há mais de 40 anos, conheci um dos maiores matadores daquela região, excelente patrício que não matava para roubar, mas para se vingar dos que roubaram sua família: questões de terras. Matou mais de 40 e era procurado pela polícia havia anos. Seu nome não consta do Google, que não existia há 45 anos. É muito provável que tenha morrido.
O certo é que, a partir daquela caçada, sempre que fui a Montes Claros ele dava um jeito de aparecer no hotel, à noite, para me visitar. Tive um caminhão de leitores em MOC e minhas visitas eram anunciadas nos jornais da cidade. Foi pelos primeiros anos da década de 90 e o bom amigo, dos seus esconderijos, tinha notícia das minhas incursões montes-clarenses. Nunca me contou das suas matanças, de resto famosas em todo o norte de Minas.
Escrevo num dia em que a imprensa divulga as estripulias de um político petista, que sempre me fez muita festa. Certa feita, voltei de Brasília para BH no último assento de um avião da TAM em que viajava, na primeira fila de poltronas, o famoso petista. Pois muito bem: na Pampulha, quando levantei meu 1,88m da poltrona, o político me reconheceu e começou a gritar: “Olha lá! Olha lá!”. Quase morri de vergonha. Fraternizamos na fila de espera das malas e só o reencontrei duas ou três vezes em solenidades belo-horizontinas. Fiquei triste com o que dele se diz no dia em que componho estas bem traçadas. Espero que não seja verdade, mas em se tratando de petista tudo é possível.
Fatos – Afamanado âncora de tevê criticou as pessoas que vaiaram
Guido Mantega num hospital paulista, onde a senhora Mantega se tratava de um
câncer. Acontece que apuparam na lanchonete do hospital de alto luxo, não
sabiam do tratamento da senhora Mantega e só fizeram o que outras pessoas
repetiram, semanas depois, num restaurante italiano da capital paulista.
Não cuspiram no autor da desastrada condução de nossa política econômica durante anos, nem o caçaram a pauladas: limitaram-se a vaiá-lo. A interpretação do âncora foi maldosa.
Ao comentar um fato, o jornalista deve ter honestidade profissional e um mínimo de bom senso. Dia 28 de maio faleceu o alemão Markus Muller depois de dez dias agonizando numa UTI, respirando por aparelhos, com o corpo todo queimado. Aquele alemão do apartamento que explodiu no Rio. Informada, uma repórter perguntou à colega: “Já foi divulgada a causa da morte?”. Caso típico de demissão por burrice.
Não é novidade para ninguém que a situação econômica (e social) do Brasil é catastrófica, mercê do Mantega e da gerenta incompetenta. Aí, entra um repórter televisivo noticiando que 10.800 trabalhadores perderam o emprego em abril numa determinada região de São Paulo. Os telespectadores ficamos arrasados até ouvir o mesmo repórter informar que no mesmo período foram admitidos 10.620 trabalhadores na mesma região com a invariável empulhação da carteira assinada. Sensacionalismo desonesto, pois o correto seria informar que 180 trabalhadores perderam o emprego. Aritmética elementar.
Não cuspiram no autor da desastrada condução de nossa política econômica durante anos, nem o caçaram a pauladas: limitaram-se a vaiá-lo. A interpretação do âncora foi maldosa.
Ao comentar um fato, o jornalista deve ter honestidade profissional e um mínimo de bom senso. Dia 28 de maio faleceu o alemão Markus Muller depois de dez dias agonizando numa UTI, respirando por aparelhos, com o corpo todo queimado. Aquele alemão do apartamento que explodiu no Rio. Informada, uma repórter perguntou à colega: “Já foi divulgada a causa da morte?”. Caso típico de demissão por burrice.
Não é novidade para ninguém que a situação econômica (e social) do Brasil é catastrófica, mercê do Mantega e da gerenta incompetenta. Aí, entra um repórter televisivo noticiando que 10.800 trabalhadores perderam o emprego em abril numa determinada região de São Paulo. Os telespectadores ficamos arrasados até ouvir o mesmo repórter informar que no mesmo período foram admitidos 10.620 trabalhadores na mesma região com a invariável empulhação da carteira assinada. Sensacionalismo desonesto, pois o correto seria informar que 180 trabalhadores perderam o emprego. Aritmética elementar.
Pergunta – Que lei autoriza um filho de vênus vulgívaga a sair pelas
ruas num carro de som anunciando os preços praticados num supermercado? Pouco
importa se às duas da tarde. Moro num apê dos mais silenciosos, mas posso ouvir
a barulheira feita pelo filho da puta, que deve ser contratado por outro filho
de vênus vulgívaga, o dono do supermercado. Se ouço daqui a gritaria posso
imaginar o barulho nas outras ruas. Só a pau.
Dependência – Fiquei três dias sem televisão e fiz um quadro de
dependência que muito me preocupou. Vale notar que bebi cavalarmente durante
meio século, parei de livre e espontânea, reincidindo nos uisquinhos de três em
três meses sem qualquer problema. Donde se conclui que bebendo quase
diariamente nunca fui dependente do álcool. Parei há mais de três anos.
Que diabo haverá com a dependência televisiva? Em rigor ligo o LG de 47 polegadas três vezes por dia, manhã, tarde e noite. Futebol europeu, corridas de automóveis, GloboNews às 10 e às 18 horas, Jornal Nacional, salvo nos dias em que há escândalos graúdos, como aquele da prisão dos ladrões da FIFA, quando fico horas diante do televisor. Já gostei mais do Estúdio i, que deu uma piorada ou é implicância minha. Tiraram o Balbio, craque em tecnologia, mas continua o Galeno com a lucidez dos seus comentários, se bem que prejudicado pela mania de chamar de presidenta a incompetenta. O médico é muito bom, mas assuntos médicos me assustam. Hematofóbico, fujo dos assuntos sanguíneos. Maria Beltrão é ótima, não fosse filha da arqueóloga Maria da Conceição de Morais Coutinho Beltrão e do saudoso Hélio Beltrão, que tentou desburocratizar esta choldra que tem hino, bandeira e Constituição.
Que diabo haverá com a dependência televisiva? Em rigor ligo o LG de 47 polegadas três vezes por dia, manhã, tarde e noite. Futebol europeu, corridas de automóveis, GloboNews às 10 e às 18 horas, Jornal Nacional, salvo nos dias em que há escândalos graúdos, como aquele da prisão dos ladrões da FIFA, quando fico horas diante do televisor. Já gostei mais do Estúdio i, que deu uma piorada ou é implicância minha. Tiraram o Balbio, craque em tecnologia, mas continua o Galeno com a lucidez dos seus comentários, se bem que prejudicado pela mania de chamar de presidenta a incompetenta. O médico é muito bom, mas assuntos médicos me assustam. Hematofóbico, fujo dos assuntos sanguíneos. Maria Beltrão é ótima, não fosse filha da arqueóloga Maria da Conceição de Morais Coutinho Beltrão e do saudoso Hélio Beltrão, que tentou desburocratizar esta choldra que tem hino, bandeira e Constituição.
Lua – Depois de vários dias nublados, chuviscosos, frio danado,
tivemos dois dias de sol ainda frios. À noite, através das janelas do meu
quarto de cama, namorei a lua crescente. Lua que sempre me encantou nos muitos
anos em que morei na roça. As luzes das cidades não permitem que se tenha ideia
do espetáculo da lua nas roças.
Devo padecer de selenofilia, se me permitem a ousadia de recorrer ao antepositivo grego selene,es ‘lua’, que ocorre em cultismos do século XIX em diante como aprendo no Houaiss.
Ainda me lembro do dia em que Neil Armstrong pisou na lua porque estava fechando o negócio da compra de nossa primeira fazendinha com o Nelson, batizado Chozi, filho do Sr. Fukuda, que fora motorista do barão Smith de Vasconcellos, ascendente da senadora Marta Teresa Smith de Vasconcellos Suplicy. Naqueles dias a baronesa ainda vivia e tinha como cuidadora uma das filhas do Sr. Fukuda.
Nelson (Chozi) consultou o pai. Japoneses e seus descendentes respeitam os mais velhos, hábito desconhecido no Brasil. O velho Fukuda jamais acreditou na alunissagem dos americanos. Sua fazendinha, que passou para o filho, tinha a bandeira do Japão ocupando todo o teto da pequena sala de jantar.
Todas as frases ditas na lua por Neil Armstrong repercutiram na mídia mundial, menos uma, “Good luck, Mr. Gorsky”, que continuou misteriosa durante anos, até ser explicada pelo astronauta.
Em menino, vizinho do casal Gorsky, Armstrong brincava com os seus amigos quando a bola que jogavam foi parar embaixo da janela dos Gorsky. Ao apanhá-la, o menino ouviu a vizinha dizer para o marido: “Sexo oral? Só farei sexo oral com você no dia em que um dos filhos do vizinho estiver caminhando na lua”.
O episódio e a frase tiveram diversas versões, mas, em síntese, só fizeram demonstrar o desapreço da senhora Gorsky pelo seu marido e senhor.
Devo padecer de selenofilia, se me permitem a ousadia de recorrer ao antepositivo grego selene,es ‘lua’, que ocorre em cultismos do século XIX em diante como aprendo no Houaiss.
Ainda me lembro do dia em que Neil Armstrong pisou na lua porque estava fechando o negócio da compra de nossa primeira fazendinha com o Nelson, batizado Chozi, filho do Sr. Fukuda, que fora motorista do barão Smith de Vasconcellos, ascendente da senadora Marta Teresa Smith de Vasconcellos Suplicy. Naqueles dias a baronesa ainda vivia e tinha como cuidadora uma das filhas do Sr. Fukuda.
Nelson (Chozi) consultou o pai. Japoneses e seus descendentes respeitam os mais velhos, hábito desconhecido no Brasil. O velho Fukuda jamais acreditou na alunissagem dos americanos. Sua fazendinha, que passou para o filho, tinha a bandeira do Japão ocupando todo o teto da pequena sala de jantar.
Todas as frases ditas na lua por Neil Armstrong repercutiram na mídia mundial, menos uma, “Good luck, Mr. Gorsky”, que continuou misteriosa durante anos, até ser explicada pelo astronauta.
Em menino, vizinho do casal Gorsky, Armstrong brincava com os seus amigos quando a bola que jogavam foi parar embaixo da janela dos Gorsky. Ao apanhá-la, o menino ouviu a vizinha dizer para o marido: “Sexo oral? Só farei sexo oral com você no dia em que um dos filhos do vizinho estiver caminhando na lua”.
O episódio e a frase tiveram diversas versões, mas, em síntese, só fizeram demonstrar o desapreço da senhora Gorsky pelo seu marido e senhor.
Entendi? – Certa publicidade a gente lê, relê e não entende
absolutamente nada. Foi assim com o anúncio do Leilão 12 Marcas realizado em Brasilândia de Minas dia
13 de junho, sábado, às 12 horas. Anunciava 4.000 animais nelore de alta
qualidade. E um prêmio que me intrigou: “Os dois maiores compradores (de machos
e fêmeas) ganharão 1 automóvel 0 km. (50% para cada um). Venha conferir”.
Já pensaram? Não consta a marca do automóvel, tudo bem. Difícil, mesmo, deve ser dividir o veículo ao meio, 50% para cada ganhador.
Por falar em automóvel, o Peugeot é muito bom. Julgo por um que comprei zerinho, usei durante três anos e nunca deu oficina, a não ser para as revisões de praxe. Sei que não se pode julgar a montadora por um só veículo, mas o meu funcionou muito bem. Eis senão quando, bumba!, pintou no pedaço televisivo a publicidade da Peugeot, vídeo caprichado, em que o carro vem por uma estrada e, de repente, cai num buraco da mesma estrada reaparecendo noutra pista asfaltada ou de terra. Para encerrar o show de imbecilidade comercial o Peugeot cai num buraco aberto numa ponte sobre o mar.
Que é aquilo? Será que alguém compra um carro para desaparecer nas águas do mar? No dia em que escrevo o imbecilérrimo comercial dos poupançudos da Caixa continua sendo veiculado na maioria dos canais de tevê. Que é aquilo? É publicidade?
Já pensaram? Não consta a marca do automóvel, tudo bem. Difícil, mesmo, deve ser dividir o veículo ao meio, 50% para cada ganhador.
Por falar em automóvel, o Peugeot é muito bom. Julgo por um que comprei zerinho, usei durante três anos e nunca deu oficina, a não ser para as revisões de praxe. Sei que não se pode julgar a montadora por um só veículo, mas o meu funcionou muito bem. Eis senão quando, bumba!, pintou no pedaço televisivo a publicidade da Peugeot, vídeo caprichado, em que o carro vem por uma estrada e, de repente, cai num buraco da mesma estrada reaparecendo noutra pista asfaltada ou de terra. Para encerrar o show de imbecilidade comercial o Peugeot cai num buraco aberto numa ponte sobre o mar.
Que é aquilo? Será que alguém compra um carro para desaparecer nas águas do mar? No dia em que escrevo o imbecilérrimo comercial dos poupançudos da Caixa continua sendo veiculado na maioria dos canais de tevê. Que é aquilo? É publicidade?
08 a 14 de junho de 2015
Alvíssaras – Na obsessão de divulgar notícias trágicas – terremotos no
Nepal, naufrágios no Mediterrâneo & Cia. – a mídia não destaca os fatos
auspiciosos como o reaparecimento de Rosemary, qual Fênix ressurgida das
cinzas.
Rosemary Noronha, a Rose, agora é citada como amiga do Lula, enquanto a senhora Nelma Kodama foi durante nove anos amante de Alberto Youssef. Rose tinha passaporte diplomático, mandava e desmandava nesta República de merda, viajando no Aerolula sempre que senhora Marisa Letícia Rocco Casa Lula da Silva, a Galega, que tem passaporte italiano pensando nos filhos, não viajava com o seu marido e senhor.
A mesma Rose que se hospedava no quarto vermelho de uma de nossas embaixadas e o embaixador continua solto. Rose que vem de ser denunciada pelo Ministério Público Federal por improbidade, ela que já era alvo de ação criminal por corrupção passiva, tráfico de influência e falsidade ideológica.
As denúncias vão terminar em águas de bacalhau. Rose, madurona, nunca foi uma Elizabeth Taylor, muito antes pelo contrário, aliás. Seu amigo beira os 70: daquele mato já não sai coelho. É muito de desejar que a referida senhora tenha alguns trocados aqui ou lá fora para sustentar-se nesta encarnação e garantir o futuro dos seus filhos.
Presumo que o caro e preclaro leitor se tenha assustado com a República de merda no texto de um cavalheiro que só recorria ao país grande e bobo, bem como ao Piscinão de Ramos.
Divulguei, é certo, o país grande e bobo, que hoje passa como coisa minha. Não é e já expliquei, um sem conto de vezes, que a frase é do jornalista Octávio Thyrso de Andrade. Aprendi e adotei-a numa tarde em que fui visitar o Dr. José Barreto Filho.
Lá estava o acadêmico Arnaldo Niskier contando de uma visita que fizera, em França, ao embaixador Antônio Delfim Netto. Quando os demais visitantes se retiraram da sala, o embaixador trancou a porta e perguntou ao acadêmico: “Então, que notícias você me dá daquela merda?”. Creio desnecessário explicar a merda, substantivo que ganhou curso em nossa melhor imprensa escrita.
Em nosso idioma desde 1255, merda só tinha curso normal nos espetáculos teatrais, operísticos e outros do gênero. Explicação curiosa: nos espetáculos de antanho, quando as pessoas chegavam aos teatros em veículos de tração animal, que ficavam à espera nas ruas do entorno do teatro, se houvesse muita bosta dos cavalos na manhã seguinte era sinal do sucesso do espetáculo. Vai daí que os amigos começaram a desejar “merda” aos atores quando entravam nos teatros.
Se a merda é hoje comum na mídia, não faz sentido continuar dizendo que o país é grande e bobo, pois os governos da incompetenta e os de seu antecessor, namorado da Rose, são a prova perfeita e acabada da merda em que foi transformado o país grande e bobo.
Rosemary Noronha, a Rose, agora é citada como amiga do Lula, enquanto a senhora Nelma Kodama foi durante nove anos amante de Alberto Youssef. Rose tinha passaporte diplomático, mandava e desmandava nesta República de merda, viajando no Aerolula sempre que senhora Marisa Letícia Rocco Casa Lula da Silva, a Galega, que tem passaporte italiano pensando nos filhos, não viajava com o seu marido e senhor.
A mesma Rose que se hospedava no quarto vermelho de uma de nossas embaixadas e o embaixador continua solto. Rose que vem de ser denunciada pelo Ministério Público Federal por improbidade, ela que já era alvo de ação criminal por corrupção passiva, tráfico de influência e falsidade ideológica.
As denúncias vão terminar em águas de bacalhau. Rose, madurona, nunca foi uma Elizabeth Taylor, muito antes pelo contrário, aliás. Seu amigo beira os 70: daquele mato já não sai coelho. É muito de desejar que a referida senhora tenha alguns trocados aqui ou lá fora para sustentar-se nesta encarnação e garantir o futuro dos seus filhos.
Presumo que o caro e preclaro leitor se tenha assustado com a República de merda no texto de um cavalheiro que só recorria ao país grande e bobo, bem como ao Piscinão de Ramos.
Divulguei, é certo, o país grande e bobo, que hoje passa como coisa minha. Não é e já expliquei, um sem conto de vezes, que a frase é do jornalista Octávio Thyrso de Andrade. Aprendi e adotei-a numa tarde em que fui visitar o Dr. José Barreto Filho.
Lá estava o acadêmico Arnaldo Niskier contando de uma visita que fizera, em França, ao embaixador Antônio Delfim Netto. Quando os demais visitantes se retiraram da sala, o embaixador trancou a porta e perguntou ao acadêmico: “Então, que notícias você me dá daquela merda?”. Creio desnecessário explicar a merda, substantivo que ganhou curso em nossa melhor imprensa escrita.
Em nosso idioma desde 1255, merda só tinha curso normal nos espetáculos teatrais, operísticos e outros do gênero. Explicação curiosa: nos espetáculos de antanho, quando as pessoas chegavam aos teatros em veículos de tração animal, que ficavam à espera nas ruas do entorno do teatro, se houvesse muita bosta dos cavalos na manhã seguinte era sinal do sucesso do espetáculo. Vai daí que os amigos começaram a desejar “merda” aos atores quando entravam nos teatros.
Se a merda é hoje comum na mídia, não faz sentido continuar dizendo que o país é grande e bobo, pois os governos da incompetenta e os de seu antecessor, namorado da Rose, são a prova perfeita e acabada da merda em que foi transformado o país grande e bobo.
Explicação – Sempre foi difícil explicar o Brasil. Os maiores de 60
anos conhecemos os governos Jânio, Jango, Collor, Sarney, Lula, Dilma, que
explicam boa parte do que se vê por aí, mas o problema remonta aos primeiros
seres humanos que se estabeleceram por aqui.
Quantos anos tem a espécie humana? Ao que tudo indica cerca de 200 mil. Os primeiros brasileiros devem datar de 12 mil anos, se bem que certos estudiosos respeitáveis falem de 40 mil a partir de sítios arqueológicos encontrados no Piauí.
Fiquemos nos 12 mil. Os primeiros habitantes do arquipélago japonês, os jomon, devem ter pintado naquele pedaço há 16 mil anos. Que encontraram os portugueses quando chegaram por aqui? Em rigor, nada. Há quem fale em cinco milhões de índios, que também podiam ser dois milhões ou um milhão.
Releva notar que as Américas já conheciam a cultura maia com as suas pirâmides e os seus calendários. Os Andes tiveram a cultura inca. Do lado de cá, muito arco, muita flecha, muita gente nua, orelhas e lábios furados: mais nada.
Nunca estudei os índios norte-americanos, certamente anteriores aos nossos, a não ser nos filmes coloridos e no melhor livro jamais escrito, opinião do Fernando Sabino, que assino de cruz: Winnetou, de Karl May (1842-1912).
Mulato inzoneiro (sonso, manhoso, enredador), o Brasil aí está. Lula e Dilma são as cerejas de um bolo que não fermentou. O resto é piu-piu, já dizia Ibrahim Sued, meu contemporâneo no Globo.
Quantos anos tem a espécie humana? Ao que tudo indica cerca de 200 mil. Os primeiros brasileiros devem datar de 12 mil anos, se bem que certos estudiosos respeitáveis falem de 40 mil a partir de sítios arqueológicos encontrados no Piauí.
Fiquemos nos 12 mil. Os primeiros habitantes do arquipélago japonês, os jomon, devem ter pintado naquele pedaço há 16 mil anos. Que encontraram os portugueses quando chegaram por aqui? Em rigor, nada. Há quem fale em cinco milhões de índios, que também podiam ser dois milhões ou um milhão.
Releva notar que as Américas já conheciam a cultura maia com as suas pirâmides e os seus calendários. Os Andes tiveram a cultura inca. Do lado de cá, muito arco, muita flecha, muita gente nua, orelhas e lábios furados: mais nada.
Nunca estudei os índios norte-americanos, certamente anteriores aos nossos, a não ser nos filmes coloridos e no melhor livro jamais escrito, opinião do Fernando Sabino, que assino de cruz: Winnetou, de Karl May (1842-1912).
Mulato inzoneiro (sonso, manhoso, enredador), o Brasil aí está. Lula e Dilma são as cerejas de um bolo que não fermentou. O resto é piu-piu, já dizia Ibrahim Sued, meu contemporâneo no Globo.
Hídricas – Diversos municípios norte-mineiros andam às voltas com a
crise hídrica, problema que não é recente naquela região. Há mais de 40
anos andei pelo nortão do estado montanhês pensando comprar fazenda. Visitei a
maioria dos municípios, alguns deles a cavalo. Pois é, sempre gostei de
cavalgar atento à frase de Churchill: “Nenhuma hora passada em cima de um
cavalo é uma hora perdida”.
Mesmo nas fazendas que não estavam à venda, os donos eram simpáticos, acolhedores, com a seguinte característica: antes de apresentar a família ou mostrar o gado, todos falavam da água disponível nos poços e nas pequenas represas. Nos poços as águas costumam ser calcárias: gosto horrível, não fazem espuma quando a gente toma banho.
Certa feita, visitei a fazenda de um amigo que ficava do lado de lá de um rio seco. Explicação do velho amigo, açoriano da Ilha do Pico: “Foi um vizinho que plantou feijão”. O vizinho plantou feijão rio acima, irrigou sua lavourinha e secou o curso de água natural que constava dos mapas.
Incomum é o fato de a capital de Minas andar às voltas com uma crise hídrica. Nos 16 anos que passei por lá nunca soube de falta de água. Comprei bela casa, que não tinha cisterna e só contava com a água que entrava todos os dias para encher as caixas do teto. Pormenor: casa construída por um casal de professores de hidrologia da universidade federal. Escaldado desde sempre – no Rio, morei num prédio que tinha cisterna para 250 mil litros – pensei fazer no jardim imensa caixa subterrânea para segurar as pontas quando faltasse água. Disseram-me que a obra era desnecessária, como realmente foi. Transcorridos poucos anos, seria hoje utilíssima.
Escrevo numa segunda-feira depois de ler os jornais que assino. Nada encontrei sobre o assassinato em Brasília do tenente-coronel do Exército, Sérgio Murilo de Almeida Cerqueira Filho, de 43 anos, crime espantoso e inacreditável mesmo no Brasil.
O oficial foi morto com um tiro na cabeça na madrugada de sábado, 16 de maio, e a Polícia Civil do DF informa que o crime teria sido encomendado pela mulher do tenente-coronel ajudada pela irmã.
Em processo de divórcio, a mulher sonhava com a pensão de viúva, cerca de R$ 10 mil, e teria contratado, ajudada pela irmã, quatro bandidos para matar o marido. Mesmo num país com 56 mil homicídios/ano, o crime tinha tudo para dar suítes nesta segunda-feira, chamadas de primeira página nos jornais e demoradas matérias na tevê, considerando que os domingos são dedicados ao Brasileirão 2015 – tatuagem muita, futebol nenhum – e ao Faustão. Pois bem: o assassinato de um oficial do Exército encomendado por sua mulher e pela irmã dela não deu suíte na mídia.
Evidenciou-se, ainda neste caso, o conhecimento das polícias civil e militar: sabem quase tudo. Apesar de mal equipadas, acabam identificando e prendendo os criminosos, soltos em seguida pelas leis de uma República de merda, que vive soltando bandidos pelo Dia das Mães. Bandido não tem mãe. E o tenente-coronel, coitado, tinha uma cunhada desmentindo a atração cunhadia, que todos os homens sérios têm pelas cunhadinhas, desde que palatáveis. Freud explicava, mesmo porque viveu o doce fenômeno com Minna Bernays, irmã de sua mulher Martha Freud.
Mesmo nas fazendas que não estavam à venda, os donos eram simpáticos, acolhedores, com a seguinte característica: antes de apresentar a família ou mostrar o gado, todos falavam da água disponível nos poços e nas pequenas represas. Nos poços as águas costumam ser calcárias: gosto horrível, não fazem espuma quando a gente toma banho.
Certa feita, visitei a fazenda de um amigo que ficava do lado de lá de um rio seco. Explicação do velho amigo, açoriano da Ilha do Pico: “Foi um vizinho que plantou feijão”. O vizinho plantou feijão rio acima, irrigou sua lavourinha e secou o curso de água natural que constava dos mapas.
Incomum é o fato de a capital de Minas andar às voltas com uma crise hídrica. Nos 16 anos que passei por lá nunca soube de falta de água. Comprei bela casa, que não tinha cisterna e só contava com a água que entrava todos os dias para encher as caixas do teto. Pormenor: casa construída por um casal de professores de hidrologia da universidade federal. Escaldado desde sempre – no Rio, morei num prédio que tinha cisterna para 250 mil litros – pensei fazer no jardim imensa caixa subterrânea para segurar as pontas quando faltasse água. Disseram-me que a obra era desnecessária, como realmente foi. Transcorridos poucos anos, seria hoje utilíssima.
Escrevo numa segunda-feira depois de ler os jornais que assino. Nada encontrei sobre o assassinato em Brasília do tenente-coronel do Exército, Sérgio Murilo de Almeida Cerqueira Filho, de 43 anos, crime espantoso e inacreditável mesmo no Brasil.
O oficial foi morto com um tiro na cabeça na madrugada de sábado, 16 de maio, e a Polícia Civil do DF informa que o crime teria sido encomendado pela mulher do tenente-coronel ajudada pela irmã.
Em processo de divórcio, a mulher sonhava com a pensão de viúva, cerca de R$ 10 mil, e teria contratado, ajudada pela irmã, quatro bandidos para matar o marido. Mesmo num país com 56 mil homicídios/ano, o crime tinha tudo para dar suítes nesta segunda-feira, chamadas de primeira página nos jornais e demoradas matérias na tevê, considerando que os domingos são dedicados ao Brasileirão 2015 – tatuagem muita, futebol nenhum – e ao Faustão. Pois bem: o assassinato de um oficial do Exército encomendado por sua mulher e pela irmã dela não deu suíte na mídia.
Evidenciou-se, ainda neste caso, o conhecimento das polícias civil e militar: sabem quase tudo. Apesar de mal equipadas, acabam identificando e prendendo os criminosos, soltos em seguida pelas leis de uma República de merda, que vive soltando bandidos pelo Dia das Mães. Bandido não tem mãe. E o tenente-coronel, coitado, tinha uma cunhada desmentindo a atração cunhadia, que todos os homens sérios têm pelas cunhadinhas, desde que palatáveis. Freud explicava, mesmo porque viveu o doce fenômeno com Minna Bernays, irmã de sua mulher Martha Freud.
Noticiário
I – Em dez minutos de tevê matinal são
tantas as notícias, que o comentarista tem assuntos para um mês escrevendo dez
horas por dia. Balearam o prefeito de Paraty poucos dias antes de começar a
Flip, feira literária famosa no mundo inteiro. Parece que o rapaz passa bem,
mas dá para imaginar o clima entre os convidados para a feira.
Na Lagoa Rodrigo de Freitas mataram a facadas um médico que andava de bicicleta. Roubaram a bicicleta. Os noticiaristas televisivos criticam a falta de policiamento no local, de mesmo passo em que acusam a polícia de matar uma senhora noutro local. E uma pesquisa séria, entrevistando cinco mil policiais militares do Rio, constatou de 7% deles pensam cometer suicídio.
Fui nascido e criado numa casa às margens da Lagoa, vivo repetindo, entre as duas maiores favelas da zona sul carioca: a Catacumba e a Praia do Pinto. O muro de nossa casa tinha um metro de altura. Durante a Segunda Guerra, todo mundo andava de bicicleta, de bonde ou em raros automóveis movidos a gasogênio. Acho que os ônibus tinham cota especial de gasolina como também acho que os espertos, para enganar a patuleia, montavam a traquitana do gasogênio na traseira dos seus carros, que continuavam movidos a gasolina. Pequenino, pouco me lembro das coisas daquele tempo. Nadei na Lagoa ainda não poluída e ajudei a apedrejar o Bar Berlim, quando o Brasil entrou na guerra. Transformou-se em Bar Lagoa, comprado outro dia pelo empresário mineiro Omar Resende Peres, o nosso Catito, sobrinho de minha saudosa comadre Nilza Peres de Resende. Adulto, quitei minha dívida com o Bar Lagoa jantando lá várias vezes por semana durante anos. Tomava 18 chopes antes de ir ao banheiro. Havia jovem alemã que tomava 22 antes do primeiro xixi noturno. Seu Rodrigues, o garçom, queria me casar com a alemoa. Noutra mesa, o então diretor do Colégio Pedro II entornava 84 chopes todas as noites, mas recorria regularmente ao banheiro. Bons tempos. Todos achávamos o chope da Brahma o melhor do mundo, salvo os adeptos do chope da Antártica.
Conheci um dos donos da Brahma, alemão puro de origem ou de primeira geração metido num terno de casimira, sem esquecer o colete, numa noite de Rio 40 graus. O excelente industrial suava em bicas e me contava: “Normalmente, não sinto calor. Tenho ar-condicionado em casa, no carro e na indústria”. Naquela noite, ao ar livre, o cervejeiro sofreu.
E dizer que me sentei diante do computador para falar de um pastor evangélico que encanta Juiz de Fora, MG, cabeludo, à frente do templo Caverna do Rock. Pseudônimo Simon, filho do radialista Vanor de França. Tenho 440 palavras e o pastor merece texto especial. Chama-se Vanderson Supimpa França de Souza e morde a Bíblia para ser fotografado pelos jornais. Vale um suelto caprichado.
Na Lagoa Rodrigo de Freitas mataram a facadas um médico que andava de bicicleta. Roubaram a bicicleta. Os noticiaristas televisivos criticam a falta de policiamento no local, de mesmo passo em que acusam a polícia de matar uma senhora noutro local. E uma pesquisa séria, entrevistando cinco mil policiais militares do Rio, constatou de 7% deles pensam cometer suicídio.
Fui nascido e criado numa casa às margens da Lagoa, vivo repetindo, entre as duas maiores favelas da zona sul carioca: a Catacumba e a Praia do Pinto. O muro de nossa casa tinha um metro de altura. Durante a Segunda Guerra, todo mundo andava de bicicleta, de bonde ou em raros automóveis movidos a gasogênio. Acho que os ônibus tinham cota especial de gasolina como também acho que os espertos, para enganar a patuleia, montavam a traquitana do gasogênio na traseira dos seus carros, que continuavam movidos a gasolina. Pequenino, pouco me lembro das coisas daquele tempo. Nadei na Lagoa ainda não poluída e ajudei a apedrejar o Bar Berlim, quando o Brasil entrou na guerra. Transformou-se em Bar Lagoa, comprado outro dia pelo empresário mineiro Omar Resende Peres, o nosso Catito, sobrinho de minha saudosa comadre Nilza Peres de Resende. Adulto, quitei minha dívida com o Bar Lagoa jantando lá várias vezes por semana durante anos. Tomava 18 chopes antes de ir ao banheiro. Havia jovem alemã que tomava 22 antes do primeiro xixi noturno. Seu Rodrigues, o garçom, queria me casar com a alemoa. Noutra mesa, o então diretor do Colégio Pedro II entornava 84 chopes todas as noites, mas recorria regularmente ao banheiro. Bons tempos. Todos achávamos o chope da Brahma o melhor do mundo, salvo os adeptos do chope da Antártica.
Conheci um dos donos da Brahma, alemão puro de origem ou de primeira geração metido num terno de casimira, sem esquecer o colete, numa noite de Rio 40 graus. O excelente industrial suava em bicas e me contava: “Normalmente, não sinto calor. Tenho ar-condicionado em casa, no carro e na indústria”. Naquela noite, ao ar livre, o cervejeiro sofreu.
E dizer que me sentei diante do computador para falar de um pastor evangélico que encanta Juiz de Fora, MG, cabeludo, à frente do templo Caverna do Rock. Pseudônimo Simon, filho do radialista Vanor de França. Tenho 440 palavras e o pastor merece texto especial. Chama-se Vanderson Supimpa França de Souza e morde a Bíblia para ser fotografado pelos jornais. Vale um suelto caprichado.
Noticiário
II – Prometi falar do pastor Simon, dono do
templo Caverna do Rock, cavalheiro registrado como Vanderson Supimpa França de
Souza. O Google tem 102 mil resultados para supimpa, adjetivo de dois gêneros,
brasileirismo, “muito bom, ótimo, excelente”. Supimpitude só tem 2.560
resultados. Acho que foi invenção do philosopho que compõe estas bem traçadas.
Como também acho que a distinção entre homoafetividade e homossexualidade foi
descoberta minha. Homoafetividade não é homossexualidade. Toda pessoa séria tem
afeto por algumas pessoas do mesmo sexo, sem que sinta atração sexual por elas.
Deu para entender?
Volto ao pastor Simon e ao fenômeno evangélico. Algo me diz que os evangélicos são interesseiros e têm nos dízimos a esperança de enricar. É a loteria federal, a mega-sena das religiões. Quem compra um bilhete da federal ou joga na mega-sena sonha ganhar dinheiro.
O brasileiro vai adiantado no fenômeno evangélico para fortuna dos pastores donos de templos, rádios e redes de televisão. Nosso cabeludo Simon, registrado como Vanderson Supimpa França de Souza, que se veste de preto, conta que encontrou Jesus através do Paulinho Bang Bang, que matou muita gente até aceitar Jesus e sair pregando.
José Paulo Ventura foi evangelizado no presídio e tem mais de 100 mil resultados no Google. Dizem que cometeu crimes bárbaros. Ventura e Supimpa, sobrenomes incomuns. Supimpa resolveu passar o Carnaval num retiro espiritual “sem camisa e de bermudão, fedendo igual a um gambá, estava na fila do banheiro público do Caic de Linhares”, quando conheceu Bang Bang, que estava pregando de terno e gravata.
E sua história vai por aí até ouvir uma voz saindo do alto, falando outra língua. Saiu dali “piradaço por Jesus”. Fez Teologia pela Assembleia de Deus e hoje faz curso superior em Teologia na escola Rhema Brasil.
Há oito anos montou o templo Caverna do Rock, paredes forradas com espuma para isolamento acústico e uma bateria logo atrás do púlpito: “É rock cristão, tem metal core, punk, trash, black metal, heavy metal, hip-hop, reggae”.
Entre os fiéis, jovens de cabelos compridos vestidos de preto, piercings e tatuagens: “Achava que era doido, mas fiquei mais doido quando encontrei alguém mais doido que eu. Esse é Jesus e ele mudou minha vida. No Coríntios I, versículo 25, fala: ‘Deus usa os loucos para confundir os sábios. E nem os loucos errarão o caminho do céu’. Se ser louco é isso, sem bebidas, sem drogas e sem prostituição, a melhor coisa do mundo é ser assim”. diz o pastor, que morde, balança e folheia a Bíblia enquanto posa, com cara de mau, para as fotos. (Créditos para o repórter Mauro Morais, do jornal Tribuna de Minas).
Volto ao pastor Simon e ao fenômeno evangélico. Algo me diz que os evangélicos são interesseiros e têm nos dízimos a esperança de enricar. É a loteria federal, a mega-sena das religiões. Quem compra um bilhete da federal ou joga na mega-sena sonha ganhar dinheiro.
O brasileiro vai adiantado no fenômeno evangélico para fortuna dos pastores donos de templos, rádios e redes de televisão. Nosso cabeludo Simon, registrado como Vanderson Supimpa França de Souza, que se veste de preto, conta que encontrou Jesus através do Paulinho Bang Bang, que matou muita gente até aceitar Jesus e sair pregando.
José Paulo Ventura foi evangelizado no presídio e tem mais de 100 mil resultados no Google. Dizem que cometeu crimes bárbaros. Ventura e Supimpa, sobrenomes incomuns. Supimpa resolveu passar o Carnaval num retiro espiritual “sem camisa e de bermudão, fedendo igual a um gambá, estava na fila do banheiro público do Caic de Linhares”, quando conheceu Bang Bang, que estava pregando de terno e gravata.
E sua história vai por aí até ouvir uma voz saindo do alto, falando outra língua. Saiu dali “piradaço por Jesus”. Fez Teologia pela Assembleia de Deus e hoje faz curso superior em Teologia na escola Rhema Brasil.
Há oito anos montou o templo Caverna do Rock, paredes forradas com espuma para isolamento acústico e uma bateria logo atrás do púlpito: “É rock cristão, tem metal core, punk, trash, black metal, heavy metal, hip-hop, reggae”.
Entre os fiéis, jovens de cabelos compridos vestidos de preto, piercings e tatuagens: “Achava que era doido, mas fiquei mais doido quando encontrei alguém mais doido que eu. Esse é Jesus e ele mudou minha vida. No Coríntios I, versículo 25, fala: ‘Deus usa os loucos para confundir os sábios. E nem os loucos errarão o caminho do céu’. Se ser louco é isso, sem bebidas, sem drogas e sem prostituição, a melhor coisa do mundo é ser assim”. diz o pastor, que morde, balança e folheia a Bíblia enquanto posa, com cara de mau, para as fotos. (Créditos para o repórter Mauro Morais, do jornal Tribuna de Minas).
Força&Luz – Térmicas, hidrelétricas, solares, eólicas, apaguinhos,
apagões, distribuidoras, bandeiras verdes, amarelas, vermelhas – desconfio de
que o brasileiro ainda não se aculturou no campo da energia elétrica.
Antes de explicar essa desconfiança, deixe-me contar de grande amigo que tive no Mato Grosso, grande em cultura, mínimo em altura, pois não chegava ao metro e sessenta. Amigo que vivia repetindo: “O brasileiro ainda não se aculturou para dirigir automóveis”. Dono de um Fiat 147, trombou numa carreta e saiu sem um arranhão do carrinho que foi esmagado. Dizia-se que o bom amigo escapou escondido no porta-luvas. Nas ocasiões em que foi me apanhar no aeroporto de Cuiabá com o novo 147, constatei que ele tinha mestrado e doutorado em barbeiragens.
Volto ao fulcro deste belo comentário. Muitos anos atrás, mudei-me em BH para um dúplex de cobertura e constatei que a conta mensal, de tão pequena, era incompatível com o consumo do imenso apê. Encontrei Arlindo Porto numa missa de 7º dia e pedi ao então vice-presidente da Cemig para mandar examinar o medidor do dúplex.
Acho que já falei sobre esse episódio, mas ando repetitivo. Paciência. O fato é que a Cemig trocou o medidor, examinou o aparelho retirado, descobriu um gato feito por profissional e... me processou na Justiça! Depois se desculpou e disse que o processo era automático, sempre que a empresa descobria um gato.
Tempos depois aluguei apê menor, mas ainda muito grande, e descobri que tinha luz sem que tivesse conta. Liguei para a Cemig reclamando a conta e fui informado de que a luz estava “desligada”. Desligada como, se tudo funcionava nas tomadas: computador, tevê, geladeira, microondas, ferro elétrico, máquina de lavar?
Aí a empresa mandou ligar o que estava ligado, apresentou uma conta de 50 centavos de real, trocou o medidor, tudo bonitinho. E começaram a chegar as contas mensais de 18 reais, 16 reais, sempre em torno de 10% do que deveria ser pago. Bobo que sou, resolvi processar a Cemig badalando o assunto na imprensa: Consumidor processa distribuidora de energia para pagar preço justo!
Percebendo que o trabalho seria dele para transformar o seu amigo em celebridade nacional, meu advogado desaconselhou o processo, motivo pelo qual até hoje não alcancei a milionésima parte do prestígio midiático de um Roberto Justus.
Antes de explicar essa desconfiança, deixe-me contar de grande amigo que tive no Mato Grosso, grande em cultura, mínimo em altura, pois não chegava ao metro e sessenta. Amigo que vivia repetindo: “O brasileiro ainda não se aculturou para dirigir automóveis”. Dono de um Fiat 147, trombou numa carreta e saiu sem um arranhão do carrinho que foi esmagado. Dizia-se que o bom amigo escapou escondido no porta-luvas. Nas ocasiões em que foi me apanhar no aeroporto de Cuiabá com o novo 147, constatei que ele tinha mestrado e doutorado em barbeiragens.
Volto ao fulcro deste belo comentário. Muitos anos atrás, mudei-me em BH para um dúplex de cobertura e constatei que a conta mensal, de tão pequena, era incompatível com o consumo do imenso apê. Encontrei Arlindo Porto numa missa de 7º dia e pedi ao então vice-presidente da Cemig para mandar examinar o medidor do dúplex.
Acho que já falei sobre esse episódio, mas ando repetitivo. Paciência. O fato é que a Cemig trocou o medidor, examinou o aparelho retirado, descobriu um gato feito por profissional e... me processou na Justiça! Depois se desculpou e disse que o processo era automático, sempre que a empresa descobria um gato.
Tempos depois aluguei apê menor, mas ainda muito grande, e descobri que tinha luz sem que tivesse conta. Liguei para a Cemig reclamando a conta e fui informado de que a luz estava “desligada”. Desligada como, se tudo funcionava nas tomadas: computador, tevê, geladeira, microondas, ferro elétrico, máquina de lavar?
Aí a empresa mandou ligar o que estava ligado, apresentou uma conta de 50 centavos de real, trocou o medidor, tudo bonitinho. E começaram a chegar as contas mensais de 18 reais, 16 reais, sempre em torno de 10% do que deveria ser pago. Bobo que sou, resolvi processar a Cemig badalando o assunto na imprensa: Consumidor processa distribuidora de energia para pagar preço justo!
Percebendo que o trabalho seria dele para transformar o seu amigo em celebridade nacional, meu advogado desaconselhou o processo, motivo pelo qual até hoje não alcancei a milionésima parte do prestígio midiático de um Roberto Justus.
Vozes – Há psicoses em que os loucos ouvem vozes. Prefiro lidar
com a voz tranquila da minha consciência e analisar as vozes dos entrevistados nas
tevês. Voz é credencial importantíssima: alguém acredita no que diz o senador
Humberto Costa (PT-PE)? Com aquela voz deveria ser obrigado por lei a calar a
boca. Nasceu em Campinas, SP, e foi fazer política em Pernambuco, estado que
não merecia tal figura.
No capítulo das vozes há exceções, é certo. Tenho amigo fanho que encanta a platéia porque é um Gênio com gê maiúsculo e tem humour extraordinário. Não tem culpa de fanhosear desde criança. Mulheres levemente fanhas, desde que bonitas, mexem com a libido de alguns homens sérios. Dizem que o proverbial “Me mata!” gritado por elas é afrodisíaco.
Há vozes horríveis. Advogada lindíssima, elegantíssima, entrevistada num programa de tevê, tem uma voz que horroriza o telespectador. Tratada por fonoaudiólogo deve melhorar muito sem deixar de continuar linda e elegante.
No capítulo das vozes há exceções, é certo. Tenho amigo fanho que encanta a platéia porque é um Gênio com gê maiúsculo e tem humour extraordinário. Não tem culpa de fanhosear desde criança. Mulheres levemente fanhas, desde que bonitas, mexem com a libido de alguns homens sérios. Dizem que o proverbial “Me mata!” gritado por elas é afrodisíaco.
Há vozes horríveis. Advogada lindíssima, elegantíssima, entrevistada num programa de tevê, tem uma voz que horroriza o telespectador. Tratada por fonoaudiólogo deve melhorar muito sem deixar de continuar linda e elegante.
01 a 07 de junho de 2015
Problemão – Advérbio, conjunção e substantivo masculino, mal, em
nosso idioma desde 1255, e o seu parônimo mau, adjetivo, interjeição e
substantivo masculino, em nosso idioma desde a mesma época, fazem que muita
gente boa escorregue nos textos jornalísticos. Inda outro dia, brilhante
comentarista política escreveu: “Ficou mau para o governo”. Deve ter pensado no
mau governo da gerenta incompetenta e trocou mal por mau.
Todo santo dia dou graças aos deuses por não saber português. Isto porque não há nada mais chato do que texto de gramático. O sujeito sabe tanto, estudou tanto, que se confunde e me faz lembrar de um amigo, recém-formado em agronomia, que resolveu plantar roça de milho na fazenda do sogro. O velho administrador plantou pelo método tradicional, enquanto o jovem agrônomo usou todos os conhecimentos da moderna Agronomia.
Na colheita, o administrador obteve o rendimento normal e o agrônomo não colheu a metade. Arrasado, foi consultar o velho administrador sobre os seus erros no plantio e na condução da lavoura, ouvindo a seguinte explicação: “É que o senhor, doutor, botou muita ciência naquela roça”.
Texto com muita gramática perde a palatabilidade, mas há coisas básicas: mau e mal, ao encontro e de encontro, a distância e à distância de 100 quilômetros etc. É por isso que existe o ensino a distância em que a faculdade fica à distância de mil quilômetros do estudante.
Do milho à pipoca devo constatar que os leitores cartesianos são chatos. Se você não gosta de um partido político ou de um governo, meu caso com o PT, tudo que recebe contra o partido e o governo deve ser repassado via e-mail. Verdade ou não, pouco importa: é receber e repassar. Aí o cartesiano constata que a crítica foi “montada”, que a professora do vídeo repassado não pode ser tão analfabeta. É, bebé? O analfabetismo plantado no vídeo é pinto diante da ladroeira verdadeira, sem disfarces, sem ambages, aprontada pelo pessoal ligado ao pai do Lulinha e à mãe da Paula.
Todo santo dia dou graças aos deuses por não saber português. Isto porque não há nada mais chato do que texto de gramático. O sujeito sabe tanto, estudou tanto, que se confunde e me faz lembrar de um amigo, recém-formado em agronomia, que resolveu plantar roça de milho na fazenda do sogro. O velho administrador plantou pelo método tradicional, enquanto o jovem agrônomo usou todos os conhecimentos da moderna Agronomia.
Na colheita, o administrador obteve o rendimento normal e o agrônomo não colheu a metade. Arrasado, foi consultar o velho administrador sobre os seus erros no plantio e na condução da lavoura, ouvindo a seguinte explicação: “É que o senhor, doutor, botou muita ciência naquela roça”.
Texto com muita gramática perde a palatabilidade, mas há coisas básicas: mau e mal, ao encontro e de encontro, a distância e à distância de 100 quilômetros etc. É por isso que existe o ensino a distância em que a faculdade fica à distância de mil quilômetros do estudante.
Do milho à pipoca devo constatar que os leitores cartesianos são chatos. Se você não gosta de um partido político ou de um governo, meu caso com o PT, tudo que recebe contra o partido e o governo deve ser repassado via e-mail. Verdade ou não, pouco importa: é receber e repassar. Aí o cartesiano constata que a crítica foi “montada”, que a professora do vídeo repassado não pode ser tão analfabeta. É, bebé? O analfabetismo plantado no vídeo é pinto diante da ladroeira verdadeira, sem disfarces, sem ambages, aprontada pelo pessoal ligado ao pai do Lulinha e à mãe da Paula.
Estugarda – Magistrados são humanos. Alguns delinquem, outros podem
ficar malucos, alguns já eram malucos quando aprovados nos exames que avaliam
os conhecimentos jurídicos sem filtrar os casos psiquiátricos. Sendo humanos
podem errar, mas há mecanismos que corrigem os erros nas instâncias superiores. Last but not least, são obrigados a julgar
de acordo com as leis, que não foram escritas por eles e sim pelos senhores e
senhoras do poder legislativo, não necessariamente versados nos assuntos sobre
os quais legislam.
No Google, o dicionário Linguee tem uma porção de traduções de last but not least para o português: “finalmente”, “por último”, “em último lugar, mas não menos importante”, “também” e as mais que o leitor queira pensar, quando o importante, o fulcro deste alto philosophar, é o seguinte: muitas leis são idiotas e os magistrados são obrigados a julgar por elas.
Há juízes, desembargadores e ministros, alguns do Supremo Tribunal Federal, assaz originais. No Tribunal de Justiça do Rio há um desembargador notabilizado por sua vocação absolvente: absolvente feminino, masculino e neutro. Marqueteiro, fez carreira absolvendo todo mundo. Tivemos outro dia o caso de um juiz federal que dirigiu um Porsche, deu uma voltinha num veículo fabricado em Estugarda, Alemanha, pela Dr. Ing. h.c. F. Porsche AG, geralmente abreviada para PORSCHE AG ou somente PORSCHE, uma das principais marcas de automóveis esportivos do mundo criada na Áustria e, hoje, sediada na Alemanha em Stuttgart, que os portugueses chamam de Estugarda.
Pelo “crime” de dar uma voltinha no carro apreendido na sala de visitas da residência do mineiro Eike F. Batista, desejo de nove entre dez brasileiros portadores de Carteira Nacional de Habilitação, o juiz federal foi crucificado pela mídia e pelas “redes sociais”. É verdade que também surrupiou algum dinheiro que estava guardado em sua vara, isto é, na vara federal. Menos que um milhão de reais, uma espécie de troco diante dos roubos descobertos pela Operação Lava-Jato. Donde se conclui que é melhor não concluir nada e deixar como está para ver como é que fica.
No Google, o dicionário Linguee tem uma porção de traduções de last but not least para o português: “finalmente”, “por último”, “em último lugar, mas não menos importante”, “também” e as mais que o leitor queira pensar, quando o importante, o fulcro deste alto philosophar, é o seguinte: muitas leis são idiotas e os magistrados são obrigados a julgar por elas.
Há juízes, desembargadores e ministros, alguns do Supremo Tribunal Federal, assaz originais. No Tribunal de Justiça do Rio há um desembargador notabilizado por sua vocação absolvente: absolvente feminino, masculino e neutro. Marqueteiro, fez carreira absolvendo todo mundo. Tivemos outro dia o caso de um juiz federal que dirigiu um Porsche, deu uma voltinha num veículo fabricado em Estugarda, Alemanha, pela Dr. Ing. h.c. F. Porsche AG, geralmente abreviada para PORSCHE AG ou somente PORSCHE, uma das principais marcas de automóveis esportivos do mundo criada na Áustria e, hoje, sediada na Alemanha em Stuttgart, que os portugueses chamam de Estugarda.
Pelo “crime” de dar uma voltinha no carro apreendido na sala de visitas da residência do mineiro Eike F. Batista, desejo de nove entre dez brasileiros portadores de Carteira Nacional de Habilitação, o juiz federal foi crucificado pela mídia e pelas “redes sociais”. É verdade que também surrupiou algum dinheiro que estava guardado em sua vara, isto é, na vara federal. Menos que um milhão de reais, uma espécie de troco diante dos roubos descobertos pela Operação Lava-Jato. Donde se conclui que é melhor não concluir nada e deixar como está para ver como é que fica.
Orientação – Saber onde está e o caminho que deve seguir é preocupação
das mais louváveis do homem sério. Antes de o GPS ter sido vulgarizado, famoso
jornalista mineiro, casado com uma senhora francesa que dirige muitíssimo bem,
viajava no banco do carona com duas bússolas: uma americana, outra alemã. São
hilariantes as histórias contadas pelos amigos que viajaram com o casal nos
Estados Unidos, sempre que as bússolas do jornalista não concordavam com as
ruas das cidades divididas conforme os pontos cardeais. Tanto quanto o conheço,
desconfio de que hoje viaja orientado por três GPS dos mais caros à venda no
mercado.
No hipercentro de São Paulo, lá se vão alguns anos, dia quente, automóvel sem ar-refrigerado, vidros abertos, sinal fechado, a mulher ao volante e o jornalista com duas bússolas e vários mapas, um assaltante encostou a moto, apontou o revólver e levou o relógio Cartier da conductrice. Seu marido e senhor só deu pelo assalto depois que já estavam longe, mas foi tranquilizado com a notícia de que o Cartier era falso e tinha custado 60 reais.
Nesta minha espantosa ignorância, pensei que feminino
de chauffeur fosse chauffeuse. Chauffeuse existe, mas significa fauteuil, chaise basse très confortable, poltrona. Talqualmente aquela que me aguarda na sala para fumar o primeiro charutinho do dia.
No hipercentro de São Paulo, lá se vão alguns anos, dia quente, automóvel sem ar-refrigerado, vidros abertos, sinal fechado, a mulher ao volante e o jornalista com duas bússolas e vários mapas, um assaltante encostou a moto, apontou o revólver e levou o relógio Cartier da conductrice. Seu marido e senhor só deu pelo assalto depois que já estavam longe, mas foi tranquilizado com a notícia de que o Cartier era falso e tinha custado 60 reais.
Nesta minha espantosa ignorância, pensei que feminino
de chauffeur fosse chauffeuse. Chauffeuse existe, mas significa fauteuil, chaise basse très confortable, poltrona. Talqualmente aquela que me aguarda na sala para fumar o primeiro charutinho do dia.
Comparações – É chato transcrever tabelas que falam mal dos
brasileiros, quando se sabe que fomos eficientíssimos em várias áreas como no
futebol de antigamente, no arco e flecha e ainda somos no frevo e no samba.
Temos agora o estudo feito pela organização americana The Conference Board que reparte o PIB, conjunto de bens e
serviços, por pessoas ocupadas, mostrando que nas Américas só estamos à frente
da Bolívia, glorioso país superiormente presidido pelo cocalero Juan Evo Morales Ayma.
Em US$ por paridade de poder de compra, o boliviano produz 10.786 contra os admiráveis 19.833 do brasileiro. Infelizmente a comparação não se limita à Bolívia. Vejamos os 19.833 do brasileiro comparados com os 20.105 do colombiano, com os 22.242 do peruano, com os 31.284 do uruguaio, com os 42.113 do chileno e com os 114.014 do norte-americano. Dividindo 114.014 por 19.833 minha calculadora chinesa de nove reais informa: 5.748. Sinal de que multiplicando o PIB do brasileiro por 5.784 temos a produtividade das pessoas que trabalham nos Estados Unidos.
Dez anos atrás estive hospedado na casa de amigos em Miami, Flórida. Os donos da casa saíam para trabalhar e o philosopho estava quieto numa poltrona, fumando seu primeiro charuto do dia, quando “adentrou” o recinto uma faxineira colombiana, que fazia a faxina da casa dúplex uma vez por semana, das 8h às 16h.
Chegou de carro, cumprimentou-me em inglês, respondi em portunhol, e a moça começou a trabalhar: US$ 80 por dia, que os donos da casa deixaram em cima de uma cômoda. Nem lhe conto, caro e preclaro leitor, o que vi a colombiana fazendo enquanto não saí para almoçar num shopping próximo. Lavou, secou e passou toda a roupa da casa, aspirou, espanejou, alimpou vidros, louças, talheres, banheiros, aguou as plantas, um fenômeno.
Em US$ por paridade de poder de compra, o boliviano produz 10.786 contra os admiráveis 19.833 do brasileiro. Infelizmente a comparação não se limita à Bolívia. Vejamos os 19.833 do brasileiro comparados com os 20.105 do colombiano, com os 22.242 do peruano, com os 31.284 do uruguaio, com os 42.113 do chileno e com os 114.014 do norte-americano. Dividindo 114.014 por 19.833 minha calculadora chinesa de nove reais informa: 5.748. Sinal de que multiplicando o PIB do brasileiro por 5.784 temos a produtividade das pessoas que trabalham nos Estados Unidos.
Dez anos atrás estive hospedado na casa de amigos em Miami, Flórida. Os donos da casa saíam para trabalhar e o philosopho estava quieto numa poltrona, fumando seu primeiro charuto do dia, quando “adentrou” o recinto uma faxineira colombiana, que fazia a faxina da casa dúplex uma vez por semana, das 8h às 16h.
Chegou de carro, cumprimentou-me em inglês, respondi em portunhol, e a moça começou a trabalhar: US$ 80 por dia, que os donos da casa deixaram em cima de uma cômoda. Nem lhe conto, caro e preclaro leitor, o que vi a colombiana fazendo enquanto não saí para almoçar num shopping próximo. Lavou, secou e passou toda a roupa da casa, aspirou, espanejou, alimpou vidros, louças, talheres, banheiros, aguou as plantas, um fenômeno.
Ferocidade – Quatro da matina, depois de seis horas bem dormidas, o
philosopho diante do computador. E-mails lidos e respondidos, lembrei-me de que
Houaiss aventava a hipótese de ter existido o verbo convinhar quando abonou o
adjetivo de dois gêneros convinhável, datado de 1278, que significa
conveniente. Fui ao Google, cliquei convinhar e há pouco mais de 100 entradas,
algumas em blogs transcrevendo textos meus de 2010, uma empresa chamada
Convinhar Cia. Ltd., acho que mexicana, e uma entrevista de Ana Salgado à SIC,
televisão portuguesa.
Pois muito bem: são inimagináveis a ferocidade, os palavrões, o xingatório dos cavalheiros e damas, presumivelmente portugueses, à moça entrevistada pela SIC. Antes da internet, como é que as pessoas extravasavam essa ferocidade? Sim, porque sempre existiu um sem conto de pessoas que se manifestam, por exemplo, nos loucos ferocíssimos que aderem ao Estado Islâmico.
Assustado com o que li nos tais comentários, liguei a tevê a tempo de ouvir que a senhora Cristina Elisabet Fernández de Kirchner estava completando 12 anos de kirchnerismo na Argentina. Seu marido e senhor, Néstor Carlos Kirchner, presidiu o país de 25 de maio de 2003 até 10 de dezembro 2007 e ela a partir de 10 de dezembro de 2007.
Fico imaginando a senhora Juan Evo Morales Ayma ocupando a presidência da Bolívia e a advogada e deputada Cilia Flores, que “contrajo matrimonio” em 2013 com Nicolás Maduro Moro, conduzindo os destinos da Venezuela. O Brasil, como sempre, deixou passar o cavalo arreado sem aproveitar a ótima oportunidade. Poderíamos ter à frente do governo a senhora Marisa Letícia Lula da Silva, nascida Marisa Letícia Rocco Casa, que tem passaporte italiano, é mãe de lindos filhos e tem, di-lo a Wikipédia, as seguintes condecorações: Grã-Cruz da Ordem do Mérito Real, durante a visita do rei Haroldo V e da rainha Sônia da Noruega, a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade e a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo. Duvido que não tenha a Medalha da Inconfidência: todo mundo tem.
Pois muito bem: são inimagináveis a ferocidade, os palavrões, o xingatório dos cavalheiros e damas, presumivelmente portugueses, à moça entrevistada pela SIC. Antes da internet, como é que as pessoas extravasavam essa ferocidade? Sim, porque sempre existiu um sem conto de pessoas que se manifestam, por exemplo, nos loucos ferocíssimos que aderem ao Estado Islâmico.
Assustado com o que li nos tais comentários, liguei a tevê a tempo de ouvir que a senhora Cristina Elisabet Fernández de Kirchner estava completando 12 anos de kirchnerismo na Argentina. Seu marido e senhor, Néstor Carlos Kirchner, presidiu o país de 25 de maio de 2003 até 10 de dezembro 2007 e ela a partir de 10 de dezembro de 2007.
Fico imaginando a senhora Juan Evo Morales Ayma ocupando a presidência da Bolívia e a advogada e deputada Cilia Flores, que “contrajo matrimonio” em 2013 com Nicolás Maduro Moro, conduzindo os destinos da Venezuela. O Brasil, como sempre, deixou passar o cavalo arreado sem aproveitar a ótima oportunidade. Poderíamos ter à frente do governo a senhora Marisa Letícia Lula da Silva, nascida Marisa Letícia Rocco Casa, que tem passaporte italiano, é mãe de lindos filhos e tem, di-lo a Wikipédia, as seguintes condecorações: Grã-Cruz da Ordem do Mérito Real, durante a visita do rei Haroldo V e da rainha Sônia da Noruega, a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade e a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo. Duvido que não tenha a Medalha da Inconfidência: todo mundo tem.
Milagre! – Sei que minha proeza é absolutamente
idiota e pode ser feita, mais depressa, por meninos de sete anos, mas fiquei
tão orgulhoso da tarefa que me lembrei de um filme do Fernandel contrabandeando
vinho em tonéis transportados por um quadrúpede.
Fernand Joseph Désiré Contandin (1903-1971), o Fernandel, disse ao fiscal da alfândega que havia água nos tonéis. Descoberto o vinho, exclamou: “Miracolo!”. Foi o grito que dei na manhã do dia 22 de fevereiro, ao acabar de mudar para o horário normal todos os relógios eletrônicos aqui de casa, que são três, mais os dois de pulso e os dois da cozinha.
Os quatro últimos sempre estiveram à altura do meu saber, que é nenhum, mas os eletrônicos são complicadíssimos. Pensei chamar o técnico em informática, sempre ocupado, que leva dias para aparecer. Seriam dias sem os eletrônicos, que fazem falta nos lugares em que foram entronizados. Daí a ousadia de tentar ajustá-los na manhã do dia 22.
Só me falta, agora, aprender a fazer ovos mexidos. Fi-los a vida inteira, é certo, sempre horríveis: qualquer idiota faz. Tenho observado a comadre trabalhando, agora que aprendeu a fazer os ovos que aprecio. É craque na cozinha, ama cozinhar, mas empacava nos ovos mexidos porque mexia muito e os pedacinhos não tinham a dignidade requerida pelo prato. Qualquer dia tento imitá-la, temendo, de antemão, os respingos inevitáveis.
Fernand Joseph Désiré Contandin (1903-1971), o Fernandel, disse ao fiscal da alfândega que havia água nos tonéis. Descoberto o vinho, exclamou: “Miracolo!”. Foi o grito que dei na manhã do dia 22 de fevereiro, ao acabar de mudar para o horário normal todos os relógios eletrônicos aqui de casa, que são três, mais os dois de pulso e os dois da cozinha.
Os quatro últimos sempre estiveram à altura do meu saber, que é nenhum, mas os eletrônicos são complicadíssimos. Pensei chamar o técnico em informática, sempre ocupado, que leva dias para aparecer. Seriam dias sem os eletrônicos, que fazem falta nos lugares em que foram entronizados. Daí a ousadia de tentar ajustá-los na manhã do dia 22.
Só me falta, agora, aprender a fazer ovos mexidos. Fi-los a vida inteira, é certo, sempre horríveis: qualquer idiota faz. Tenho observado a comadre trabalhando, agora que aprendeu a fazer os ovos que aprecio. É craque na cozinha, ama cozinhar, mas empacava nos ovos mexidos porque mexia muito e os pedacinhos não tinham a dignidade requerida pelo prato. Qualquer dia tento imitá-la, temendo, de antemão, os respingos inevitáveis.
Manicomiais – No Brasil, obram muitíssimo bem aqueles
que combatem as internações manicomiais, isto é, relativas a manicômio, hospital, estabelecimento para internação e
tratamento de loucos, hospício. São hoje desnecessárias, a partir do momento em
que todas as formas de loucura reconhecidas pela American Psychiatric Association passaram a ser louvadas, neste país
grande e bobo, pela mídia impressa, falada e televisada. Se o sujeito ouve
vozes é sensitivo, se lava as mãos de cinco em cinco minutos é limpo, se tem a
certeza de ser perseguido é prudente, dizendo-se mestre em rituais ancestrais é
um iluminado – e o negócio vai por aí. Temos agora no bairro carioca de
Laranjeiras um grupo que resgatou rituais ancestrais, venera um líder, adota a
poligamia e vive num casarão “como no deserto – mas sem abrir mão de
ar-condicionado e wi-fi”, como li na revista O
Globo.
Impossível resumir a matéria de Joana Dale, por isso me limito à chamada da editora Gabriela Goulart: “A Tribo Navi foi criada há quatro anos a partir da Academia da Cabala, uma escola conceituada na cidade nos anos 90. O fundador (de ambas) é Mario Meir, 42 anos, neto do imortal Álvaro Moreyra (morto em 1964), nascido e criado na Zona Sul carioca, duas faculdades particulares incompletas no caminho. Professor de música e terapeuta espiritual, ele, sua família e alguns integrantes do seu grupo vivem num imponente casarão em Laranjeiras, onde resgatam rituais ancestrais. Explica-se: dançam em redor da fogueira, aprendem a usar arco e flecha, praticam a poligamia”.
Constato que morrendo em 1964, Álvaro Moreyra foi poupado de conhecer o neto gordo e tatuado, cabeludo, que pratica o “ritual da carne” comprando a carne no supermercado. E o meu espaço felizmente zé fini.
Impossível resumir a matéria de Joana Dale, por isso me limito à chamada da editora Gabriela Goulart: “A Tribo Navi foi criada há quatro anos a partir da Academia da Cabala, uma escola conceituada na cidade nos anos 90. O fundador (de ambas) é Mario Meir, 42 anos, neto do imortal Álvaro Moreyra (morto em 1964), nascido e criado na Zona Sul carioca, duas faculdades particulares incompletas no caminho. Professor de música e terapeuta espiritual, ele, sua família e alguns integrantes do seu grupo vivem num imponente casarão em Laranjeiras, onde resgatam rituais ancestrais. Explica-se: dançam em redor da fogueira, aprendem a usar arco e flecha, praticam a poligamia”.
Constato que morrendo em 1964, Álvaro Moreyra foi poupado de conhecer o neto gordo e tatuado, cabeludo, que pratica o “ritual da carne” comprando a carne no supermercado. E o meu espaço felizmente zé fini.
Bacalhoadas – Resolvi escrever sobre mala diplomática – envelope,
caixa, contentor ou qualquer outro volume utilizado pelas missões diplomáticas
para envio e recebimento de documentos e objetos destinados ao uso oficial
coberto pelas imunidades diplomáticas. A Convenção
de Viena sobre Relações Diplomáticas rege
as normas de utilização da mala, que não pode ser aberta ou retida, e o negócio
vai por aí sem que seja respeitado. Na alfândega brasileira há mercadorias
retidas, aguardando julgamento, de um país que tem por aqui 10 diplomatas: são
100 toneladas de produtos supostamente “diplomáticos”, enquanto os EUA, com mil
funcionários, trouxeram somente 10 toneladas no mesmo período.
Foi o que vi no Google junto com as fotos de um monte de dinheiro no blog do Garotinho, que suponho seja o esposo da senhora Rosinha Garotinho, a ambos dois ex-governadores do Rio de Janeiro. Em seu blog, o ilustre homem público informa que “uma montanha de euros entrou em Portugal na mala diplomática de Rosemary Noronha”.
Se me não falha a memória, Rosemary Noronha, a Rose, foi aquela que se hospedou no quarto vermelho de uma de nossas embaixadas na Europa (o embaixador continua solto), tinha passaporte diplomático e só viajava no avião presidencial deste país grande, bobo e corrupto quando a excelentíssima senhora dona Marisa Letícia não embarcava com o seu marido e senhor.
Por aqui tudo termina em águas de bacalhau e o peixe teleósteo, no caso daquele bagulho, não deve ter bom cheiro, mas vale o ditado: Para quem é, bacalhau basta. Em latim macarrônico fica melhor: Cui datum erit, baccalaureus sufficit. Compete ao leitor, se latinista, corrigir a frase.
Horroriza-me o jornalismo preocupado em divulgar quem dormiu com quem, onde, quando, como e por quê. Essa última explicação é dispensável: dormiu por dinheiro. Mesmo um bagulho como a senhora citada não se deitaria com um bêbado corrupto se o lubrificante do relacionamento não fosse o dinheiro.
Procurei bacalhau no tradukka.com, que informa: em alemão é kabeljau, em búlgaro tpecka e em galês penfras. Cheguei às 331 palavras sem falar da Val e do novo presidente da Petrobras. Em rigor, tudo que Val e Rose façam não nos diz respeito, salvo pelo fato de ser feito com o dinheiro dos nossos impostos, em aviões oficiais, embaixadas et cetera.
Foi o que vi no Google junto com as fotos de um monte de dinheiro no blog do Garotinho, que suponho seja o esposo da senhora Rosinha Garotinho, a ambos dois ex-governadores do Rio de Janeiro. Em seu blog, o ilustre homem público informa que “uma montanha de euros entrou em Portugal na mala diplomática de Rosemary Noronha”.
Se me não falha a memória, Rosemary Noronha, a Rose, foi aquela que se hospedou no quarto vermelho de uma de nossas embaixadas na Europa (o embaixador continua solto), tinha passaporte diplomático e só viajava no avião presidencial deste país grande, bobo e corrupto quando a excelentíssima senhora dona Marisa Letícia não embarcava com o seu marido e senhor.
Por aqui tudo termina em águas de bacalhau e o peixe teleósteo, no caso daquele bagulho, não deve ter bom cheiro, mas vale o ditado: Para quem é, bacalhau basta. Em latim macarrônico fica melhor: Cui datum erit, baccalaureus sufficit. Compete ao leitor, se latinista, corrigir a frase.
Horroriza-me o jornalismo preocupado em divulgar quem dormiu com quem, onde, quando, como e por quê. Essa última explicação é dispensável: dormiu por dinheiro. Mesmo um bagulho como a senhora citada não se deitaria com um bêbado corrupto se o lubrificante do relacionamento não fosse o dinheiro.
Procurei bacalhau no tradukka.com, que informa: em alemão é kabeljau, em búlgaro tpecka e em galês penfras. Cheguei às 331 palavras sem falar da Val e do novo presidente da Petrobras. Em rigor, tudo que Val e Rose façam não nos diz respeito, salvo pelo fato de ser feito com o dinheiro dos nossos impostos, em aviões oficiais, embaixadas et cetera.
Tevê – Dia 20 de abril, dez da manhã, GloboNews. Magros,
bem-apessoados, o rapaz e a moça anunciam: “Edição das dez horas com o melhor
desta segunda-feira”.
Encanta-me começar a semana com as notícias sobre o que há de melhor no mundo, mas a primeira é de assustar: fala da reunião da União Europeia para tratar dos fugitivos norte-africanos que estão chegando à Itália nos barcos que não afundam no Mediterrâneo. E o apresentador informa que sobe de 700 para 900 mil o número de mortos no naufrágio da véspera.
Putzgrila! Uma embarcação com 900 mil passageiros só pode ser a maior do mundo: são seis Maracanãs dos bons tempos. Pouco depois, no mesmo TP, os apresentadores reduzem o número de afogados para 900 pessoas.
TP é o diminutivo televisivo para TelePrompTer, dispositivo formado por tela ou rolo de papel rotativo, adaptável à câmara, usado para expor um texto em letras grandes e permitir, assim, que um locutor ou ator o leia com facilidade.
Depois dessa melhor notícia, os apresentadores informam que a polícia de São Paulo continua procurando os suspeitos da chacina da noite de sábado, quando oito torcedores do Corinthians foram mortos com tiros de pistolas de uso privativo das Forças Armadas.
Homessa! Não seria mais inteligente, em vez de procurar os suspeitos, procurar os autores da chacina? Faz diferença um tiro disparado de arma “privativa” ou de revólver calibre .38?
Em seguida, no mesmo noticiário, uma sucessão de desastres nas estradas do Brasil inteiro com o respectivo número de mortos e feridos, as enchentes em Belém do Pará e nos rios amazônicos mostrando que a turma sabe selecionar o que há de melhor para o noticiário de segunda-feira.
Encanta-me começar a semana com as notícias sobre o que há de melhor no mundo, mas a primeira é de assustar: fala da reunião da União Europeia para tratar dos fugitivos norte-africanos que estão chegando à Itália nos barcos que não afundam no Mediterrâneo. E o apresentador informa que sobe de 700 para 900 mil o número de mortos no naufrágio da véspera.
Putzgrila! Uma embarcação com 900 mil passageiros só pode ser a maior do mundo: são seis Maracanãs dos bons tempos. Pouco depois, no mesmo TP, os apresentadores reduzem o número de afogados para 900 pessoas.
TP é o diminutivo televisivo para TelePrompTer, dispositivo formado por tela ou rolo de papel rotativo, adaptável à câmara, usado para expor um texto em letras grandes e permitir, assim, que um locutor ou ator o leia com facilidade.
Depois dessa melhor notícia, os apresentadores informam que a polícia de São Paulo continua procurando os suspeitos da chacina da noite de sábado, quando oito torcedores do Corinthians foram mortos com tiros de pistolas de uso privativo das Forças Armadas.
Homessa! Não seria mais inteligente, em vez de procurar os suspeitos, procurar os autores da chacina? Faz diferença um tiro disparado de arma “privativa” ou de revólver calibre .38?
Em seguida, no mesmo noticiário, uma sucessão de desastres nas estradas do Brasil inteiro com o respectivo número de mortos e feridos, as enchentes em Belém do Pará e nos rios amazônicos mostrando que a turma sabe selecionar o que há de melhor para o noticiário de segunda-feira.
25 a 31 de maio de 2015
Fatos – Não adianta protestar, criticar, menosprezar os fatos,
tentar modificar as pessoas: quando algum fenômeno toma conta do pedaço, o
máximo que uma criatura lúcida consegue fazer é apertar o botão mute do televisor, trocar de canal ou
deixar de ler a notícia impressa.
Por exemplo: a música sertaneja. Desejo que os sertanejos sejam felizes, como também desejo continuar fugindo de sua caipirice musical.
Na literatura é mais fácil porque basta fugir do papel impresso: Paulo Coelho caiu no goto do planeta. Um de seus livros está há meses na lista dos mais vendidos do New York Times. Se há milhões de pessoas, no mundo inteiro, comprando os livros de Paulo Coelho, ótimo para ele, sua família e seus editores. Fico feliz desde que não me obriguem a ler seus livros. Na fazenda de um amigo, há muitos e muitos anos, peguei um exemplar de um dos livros do autor que estava ficando famoso. Parei nas primeiras páginas depois que o jovem Coelho contou de sua espada embarafustando o sovaco de sua mulher – espada mesmo, arma branca de lâmina comprida – e do sonoro beijo que teria dado na boca da companheira. Sonoro beijo na boca? Só se o artista sincronizar o beijo com um peido.
Não bastassem Coelho e os sertanejos, o Brasil já seria objeto da admiração universal por uma série de motivos. Exemplos: Dilma Vana Rousseff na presidência da República, Renan Calheiros, ex-namorado de Mônica Velloso, presidindo o Senado Federal, e o índio ianomâmi Matake Terany estuprando uma menina de 9 anos em Búzios, RJ.
Conheci pessoalmente a jornalista numa festa belo-horizontina. É bonita e simpática. Dá o que tem de melhor e depois cobra, às vezes na Justiça. O recipiendário paga tentando evitar que sua mulher fique sabendo da aventura. Aí é que está: recipiendário, adjetivo e substantivo masculino, “pessoa que é solenemente recebida numa instituição”. E a jornalista é uma instituição: “Estrutura humana que serve à realização de ações de interesse social ou coletivo”.
Quanto ao índio Matake Terany não é ianomâmi e se chama Carlos Alberto Monteiro da Silva. Neste imenso Piscinão de Ramos, em que abundam Lulas e Calheiros, Carlos Alberto espetou um pedaço de pau no nariz para discrepar dos milhões que se fazem tatuar e não dispensam piercings metálicos.
Nariz espetado e cocar de penas, voou de parapente para ser filmado pelo Jornal Nacional, passou a ministrar palestras como índio e aproveitou a embalagem para estuprar a menina. Foi preso em Alfredo Chaves, ES. Talvez seja julgado e condenado a pouquíssimos anos de cadeia. O país é grande e bobo.
Por exemplo: a música sertaneja. Desejo que os sertanejos sejam felizes, como também desejo continuar fugindo de sua caipirice musical.
Na literatura é mais fácil porque basta fugir do papel impresso: Paulo Coelho caiu no goto do planeta. Um de seus livros está há meses na lista dos mais vendidos do New York Times. Se há milhões de pessoas, no mundo inteiro, comprando os livros de Paulo Coelho, ótimo para ele, sua família e seus editores. Fico feliz desde que não me obriguem a ler seus livros. Na fazenda de um amigo, há muitos e muitos anos, peguei um exemplar de um dos livros do autor que estava ficando famoso. Parei nas primeiras páginas depois que o jovem Coelho contou de sua espada embarafustando o sovaco de sua mulher – espada mesmo, arma branca de lâmina comprida – e do sonoro beijo que teria dado na boca da companheira. Sonoro beijo na boca? Só se o artista sincronizar o beijo com um peido.
Não bastassem Coelho e os sertanejos, o Brasil já seria objeto da admiração universal por uma série de motivos. Exemplos: Dilma Vana Rousseff na presidência da República, Renan Calheiros, ex-namorado de Mônica Velloso, presidindo o Senado Federal, e o índio ianomâmi Matake Terany estuprando uma menina de 9 anos em Búzios, RJ.
Conheci pessoalmente a jornalista numa festa belo-horizontina. É bonita e simpática. Dá o que tem de melhor e depois cobra, às vezes na Justiça. O recipiendário paga tentando evitar que sua mulher fique sabendo da aventura. Aí é que está: recipiendário, adjetivo e substantivo masculino, “pessoa que é solenemente recebida numa instituição”. E a jornalista é uma instituição: “Estrutura humana que serve à realização de ações de interesse social ou coletivo”.
Quanto ao índio Matake Terany não é ianomâmi e se chama Carlos Alberto Monteiro da Silva. Neste imenso Piscinão de Ramos, em que abundam Lulas e Calheiros, Carlos Alberto espetou um pedaço de pau no nariz para discrepar dos milhões que se fazem tatuar e não dispensam piercings metálicos.
Nariz espetado e cocar de penas, voou de parapente para ser filmado pelo Jornal Nacional, passou a ministrar palestras como índio e aproveitou a embalagem para estuprar a menina. Foi preso em Alfredo Chaves, ES. Talvez seja julgado e condenado a pouquíssimos anos de cadeia. O país é grande e bobo.
Turismo – Guardo para ler mais tarde todos os cadernos de Turismo
dos jornais que assino, que acabo não lendo porque não gosto de viajar. Durante
séculos, a trabalho, viajei muito de carro, trem e avião. Adolescente, viajando
de trem para o Mato Grosso em companhia do meu futuro padrinho de casamento,
aprendi a viajar vendo. São inúmeras as pessoas capazes de ir do Rio a Corumbá,
a pé ou a cavalo, sem ver absolutamente nada. No turismo atual muita gente
viaja para contar que viajou, sem que a viagem acrescente algo às suas vidas
além dos carimbos e vistos nos passaportes.
Noite dessas passei a vista no caderno Boa Viagem, doGlobo, interessado num capítulo sobre “exclusividade sem ostentação”. Aprendi que por R$ 8.707,00 você pode passar 10 dias hospedado em barco-hotel e no Mirante do Gavião (?) em expedição pelas Anavilhanas fazendo caminhadas, sessões de ioga, visitando comunidades, tomando banhos em igarapés, excursionando em canoas, vendo botos cor-de-rosa e – maravilha suprema! – na focagem noturna de jacarés.
Putzgrila!, focagem noturna de jacarés... Você liga a lanterna e aparecem os dois olhinhos vermelhos de cada jacaré. Como pode uma pessoa continuar vivendo, trabalhando, tentando fazer algo por sua família e seu país, sem ter focado jacarés?
Há outras coisas interessantíssimas para ver longe das Anavilhanas, como por exemplo: árvores derrubadas pelos castores na Tierra del Fuego, extremidade sul da Argentina. Imagino o drama dos ambientalistas histéricos: como proteger castores que derrubam árvores?
E o pior, o mais grave, o mais assustador sobre a Tierra del Fuego ocorreu há cerca de 15 anos, quando estive para passar por lá metido num navio que partia de Santiago do Chile para o Rio de Janeiro, parando em Ushuaia. Ganhei passagem da TAM para o Chile e quase fiz a besteira de voltar de navio, mas tenho acessos de lucidez e dispensei até as passagens de avião sorteadas num congresso jornalístico realizado no Araxá, MG.
Noite dessas passei a vista no caderno Boa Viagem, doGlobo, interessado num capítulo sobre “exclusividade sem ostentação”. Aprendi que por R$ 8.707,00 você pode passar 10 dias hospedado em barco-hotel e no Mirante do Gavião (?) em expedição pelas Anavilhanas fazendo caminhadas, sessões de ioga, visitando comunidades, tomando banhos em igarapés, excursionando em canoas, vendo botos cor-de-rosa e – maravilha suprema! – na focagem noturna de jacarés.
Putzgrila!, focagem noturna de jacarés... Você liga a lanterna e aparecem os dois olhinhos vermelhos de cada jacaré. Como pode uma pessoa continuar vivendo, trabalhando, tentando fazer algo por sua família e seu país, sem ter focado jacarés?
Há outras coisas interessantíssimas para ver longe das Anavilhanas, como por exemplo: árvores derrubadas pelos castores na Tierra del Fuego, extremidade sul da Argentina. Imagino o drama dos ambientalistas histéricos: como proteger castores que derrubam árvores?
E o pior, o mais grave, o mais assustador sobre a Tierra del Fuego ocorreu há cerca de 15 anos, quando estive para passar por lá metido num navio que partia de Santiago do Chile para o Rio de Janeiro, parando em Ushuaia. Ganhei passagem da TAM para o Chile e quase fiz a besteira de voltar de navio, mas tenho acessos de lucidez e dispensei até as passagens de avião sorteadas num congresso jornalístico realizado no Araxá, MG.
Face – Você está no Face? Claro que está! Não há ninguém que não
esteja no Facebook com a honrosa exceção do autor destas bem traçadas, que se
inscreveu outro dia, passou duas semanas e caiu fora. Nos 15 dias em que estive
no Face abri aquela bobagem duas ou três vezes e acabei de me desiludir com a
humanidade. Senhoras que tinha na conta de inteligentes e trabalhadoras passam
os dias postando fotos ou comentando tolices ditas por “amigos”, num espetáculo
de entristecer.
Que é aquilo? Que pretendem os “amigos”? Amizade é postar fotos e comentários no Face? Só me faltam, agora, o Twitter e o Instagram. O Google tem 2.480.000.000 de entradas para Instagram “a fast, beautiful and fun way to share your life with friends and family”.
Celebridades têm milhares, milhões de seguidores no Face, no Twitter, no Instagram. No Brasil, esta conversa de seguidor é perigosa. Antônio Vicente Mendes Maciel teve a mulher roubada por um sargento no final do século 19. Incomodado pelos chifres, sumiu do mapa durante anos e reapareceu como Antônio Conselheiro, cabeludo, metido num camisolão azul, abordoado ao clássico bastão em que se apoia o passo tardo dos peregrinos. Dali para o arraial de Canudos e a Guerra de Canudos foi um pulo.
Que é aquilo? Que pretendem os “amigos”? Amizade é postar fotos e comentários no Face? Só me faltam, agora, o Twitter e o Instagram. O Google tem 2.480.000.000 de entradas para Instagram “a fast, beautiful and fun way to share your life with friends and family”.
Celebridades têm milhares, milhões de seguidores no Face, no Twitter, no Instagram. No Brasil, esta conversa de seguidor é perigosa. Antônio Vicente Mendes Maciel teve a mulher roubada por um sargento no final do século 19. Incomodado pelos chifres, sumiu do mapa durante anos e reapareceu como Antônio Conselheiro, cabeludo, metido num camisolão azul, abordoado ao clássico bastão em que se apoia o passo tardo dos peregrinos. Dali para o arraial de Canudos e a Guerra de Canudos foi um pulo.
Acreditáveis – Não sou de acreditar piamente em nada, tanto assim que
não creio em nenhuma religião. Contudo, acredito no que dizem os
delatores da Lava-Jato, que viveram a ladroeira e não têm motivos para mentir.
É claro que omitem certos episódios que não devem ser contados, sob pena de
complicar suas relações familiares. Trancado em casa, de tornozeleira
eletrônica, tudo que um delator não quer é a família implicando com ele. Dá
para imaginar a farra sexual vivida por um diretor da Petrobras, na flor dos
seus 45 aninhos, faturando milhões de dólares além do “modesto” salário mensal
de 60 mil reais. Se uma namorada do doleiro Youssef foi capa de Playboy é de se
presumir que os diretores da petroleira tenham namorado outras capas de várias
revistas.
Não faz sentido embolsar muito dinheiro esquecendo a filantropia, que é o “profundo amor pela humanidade”, mas é também “desprendimento, generosidade para com outrem, caridade”. O pronome indefinido outrem, no caso, significa namoradas ou nova companheira.
George Soros nasceu em 1930 na Hungria e se naturalizou norte-americano. Ganhou rios de dinheiro sem deixar de se dedicar à filantropia. Ainda outro dia, o pai de Alexander, Andrea, Gregory, Jonathan e Robert Soros, depois de ter sido casado com Annaliese Witschak e Susan Weber Soros, casou-se na flor dos seus 83 aninhos com Tamiko Bolton, 41 anos mais moça, magra, morena, bonita, cheia de amor para dar. Amor sincero custa caro.
Cada um dos primeiros casamentos de Soros durou 22 anos. É muito de desejar que Tomiko possa curtir os próximos 20 anos, pois se casou em 2013. O filantropo não usa tornozeleira eletrônica.
Não faz sentido embolsar muito dinheiro esquecendo a filantropia, que é o “profundo amor pela humanidade”, mas é também “desprendimento, generosidade para com outrem, caridade”. O pronome indefinido outrem, no caso, significa namoradas ou nova companheira.
George Soros nasceu em 1930 na Hungria e se naturalizou norte-americano. Ganhou rios de dinheiro sem deixar de se dedicar à filantropia. Ainda outro dia, o pai de Alexander, Andrea, Gregory, Jonathan e Robert Soros, depois de ter sido casado com Annaliese Witschak e Susan Weber Soros, casou-se na flor dos seus 83 aninhos com Tamiko Bolton, 41 anos mais moça, magra, morena, bonita, cheia de amor para dar. Amor sincero custa caro.
Cada um dos primeiros casamentos de Soros durou 22 anos. É muito de desejar que Tomiko possa curtir os próximos 20 anos, pois se casou em 2013. O filantropo não usa tornozeleira eletrônica.
Smartelderly – Contei-lhes do smartphone que repousa na mesa da sala há
meses, sem que o proprietário saiba mexer com ele. O adjetivo elderly (idoso) talvez sirva para explicar que
os smartphones não foram feitos para maiores de 60 anos. Outro adjetivo inglês, aged, também pega bem.
Compatibilizado com a internet domiciliar, o smartphone ficou quieto durante semanas, quando vi que não me ajeitava com ele. Vai daí que, ligado, mostrava dia e hora corretos, mas o tempo ficou parado no dia 29 de março. Contratei uma professora, moça educada, simpática, eficiente, cujos horários disponíveis não conjuminam com os meus. Trabalhadeira como ela só, a moça dispõe de uma hora às terças-feiras, que coincide com a minha siesta. É duro aprender qualquer coisa lutando contra o sono. E o certo é que depois de três lições em que a moça pelejou com o Samsung o tempo continuava firme no dia 29 de março.
Já me disseram que a gente aprende a operar um smartphone mexendo nele. É, bebé? Cavalheiros de certa idade só apertam um botão quando sabem o que vai acontecer. Aprender mexendo é coisa de jovem.
Acontece que o Samsung estava à mão e resolvi mexer nele. Ligado, passei o dedão na tela (conforme recomendação do próprio aparelho) numa bolinha à direita do tempo que fazia no dia 29 de março, coisa que a professora havia feito sem sucesso dezenas de vezes.
Aí, sabe o leitor o que aconteceu? Se não sabia, fique sabendo: a data e o tempo consertaram no ato. Algo me diz que vou continuar mexendo naquele Samsung. Hoje se diz “naquela merda”, mesmo nas colunas mais lidas dos melhores jornais, mas sou do tempo antigo e continuo sem escrever merda, palavra que uso a três por dois sempre que algo não sai como desejo.
Compatibilizado com a internet domiciliar, o smartphone ficou quieto durante semanas, quando vi que não me ajeitava com ele. Vai daí que, ligado, mostrava dia e hora corretos, mas o tempo ficou parado no dia 29 de março. Contratei uma professora, moça educada, simpática, eficiente, cujos horários disponíveis não conjuminam com os meus. Trabalhadeira como ela só, a moça dispõe de uma hora às terças-feiras, que coincide com a minha siesta. É duro aprender qualquer coisa lutando contra o sono. E o certo é que depois de três lições em que a moça pelejou com o Samsung o tempo continuava firme no dia 29 de março.
Já me disseram que a gente aprende a operar um smartphone mexendo nele. É, bebé? Cavalheiros de certa idade só apertam um botão quando sabem o que vai acontecer. Aprender mexendo é coisa de jovem.
Acontece que o Samsung estava à mão e resolvi mexer nele. Ligado, passei o dedão na tela (conforme recomendação do próprio aparelho) numa bolinha à direita do tempo que fazia no dia 29 de março, coisa que a professora havia feito sem sucesso dezenas de vezes.
Aí, sabe o leitor o que aconteceu? Se não sabia, fique sabendo: a data e o tempo consertaram no ato. Algo me diz que vou continuar mexendo naquele Samsung. Hoje se diz “naquela merda”, mesmo nas colunas mais lidas dos melhores jornais, mas sou do tempo antigo e continuo sem escrever merda, palavra que uso a três por dois sempre que algo não sai como desejo.
iMundo – Dia 12 de abril, primeira página do Globo, foto de um grupo de
cavalheiros da minoria muçulmana rohingya, oriundos de Bangladesh, com passagem
por Mianmar, resgatados pelos governos da Indonésia e da Malásia. Nos primeiros
meses de 2015, vinte e cinco mil fugiram da “perseguição de budistas”. Confesso
que até ontem pensei que budista não perseguia ninguém. Deve ter sido engano do
redator da matéria. Os rohingya não têm passaportes e “não existem” como
cidadãos. Em Bangladesh o budismo só tem 0,6% da população, contra 86,6% do
islamismo e 12% do hinduísmo. Como é possível que 0,6% de budistas expulsem
muçulmanos de um país com 86,6% de fãs de Maomé? Em Mianmar, sim, o budismo
soma 89% dos mianmarenses, mas continuo sem acreditar em perseguições budistas.
Aí começa o programa Bom Dia-Brasil e nos mostra 800 haitianos e alguns senegaleses e dominicanos refugiados no Acre de governo petista, que deve 5 milhões de reais às empresas de ônibus através das quais despachou haitianos para São Paulo. Pouco depois, uma reunião da CEE sem saber o que fazer com os milhares de árabes e africanos que fogem para a Europa em barcos precários operados por traficantes de gente. Só este ano os analistas estimam que dois mil fugitivos tenham morrido em naufrágios no Mar Mediterrâneo.
Aquela conversa de imigrantes e emigrantes confunde a gente. É mais simples falar de fugitivos e perguntar como é que a Europa vai sair da entalada. São centenas de milhares, milhões de pessoas fugindo ou querendo fugir para a Europa, que não vai lá das pernas em termos de empregos e crescimento econômico. A Alemanha de Angela Merkel já tem um milhão de curdos fugidos do Curdistão, região cultural e geográfica majoritariamente habitada por eles. Tem cerca de 500.000 km2 e se concentra, em sua maior parte, na Turquia, distribuindo-se também entre o Iraque, o Irã, a Síria, a Armênia e o Azerbaijão.
Estima-se que a população curda oscile entre 27 e 36 milhões de muçulmanos sunitas, que falam curdo, zazaki, gorani, turco, árabe, persa e... alemão.
iPhone, iPad, iPod e outros is tecnológicos nos permitem falar do iMundo em que vivemos. Sem o eme maiúsculo fica imundo, latim immúndus,a,um 'sujo, impuro' e, acrescento, ‘insolúvel’. Tenho dito e philosophado.
Aí começa o programa Bom Dia-Brasil e nos mostra 800 haitianos e alguns senegaleses e dominicanos refugiados no Acre de governo petista, que deve 5 milhões de reais às empresas de ônibus através das quais despachou haitianos para São Paulo. Pouco depois, uma reunião da CEE sem saber o que fazer com os milhares de árabes e africanos que fogem para a Europa em barcos precários operados por traficantes de gente. Só este ano os analistas estimam que dois mil fugitivos tenham morrido em naufrágios no Mar Mediterrâneo.
Aquela conversa de imigrantes e emigrantes confunde a gente. É mais simples falar de fugitivos e perguntar como é que a Europa vai sair da entalada. São centenas de milhares, milhões de pessoas fugindo ou querendo fugir para a Europa, que não vai lá das pernas em termos de empregos e crescimento econômico. A Alemanha de Angela Merkel já tem um milhão de curdos fugidos do Curdistão, região cultural e geográfica majoritariamente habitada por eles. Tem cerca de 500.000 km2 e se concentra, em sua maior parte, na Turquia, distribuindo-se também entre o Iraque, o Irã, a Síria, a Armênia e o Azerbaijão.
Estima-se que a população curda oscile entre 27 e 36 milhões de muçulmanos sunitas, que falam curdo, zazaki, gorani, turco, árabe, persa e... alemão.
iPhone, iPad, iPod e outros is tecnológicos nos permitem falar do iMundo em que vivemos. Sem o eme maiúsculo fica imundo, latim immúndus,a,um 'sujo, impuro' e, acrescento, ‘insolúvel’. Tenho dito e philosophado.
Mute – Acrescentei a figura do piauiense Sebastião Machado de
Oliveira, geógrafo que faz política no Acre, à lista das criaturas que merecem
o botão mute (mudo) no televisor LG LED de 47
polegadas, que exorna a parede aqui da sala. Exornando, põe ornamento na
parede, enfeita, adorna a obra de alvenaria que tem por cima uma gravura de
Inimá de Paula. Portanto, tevê não pode ser conspurcada pelas falas do
piauiense, que se mudou para São Paulo aos 20 anos e lá trabalhou como cobrador
de ônibus. Em 1986 fixou residência no Acre, filiou-se ao PT e à onipresente
Comissão Pastoral da Terra, elegeu-se presidente seccional da CUT e se bacharelou
em Geografia pela Universidade Federal do Acre.
Até aí, tudo bem. Só não dá para entender que um partido político, que deputou dezenas de cavalheiros e damas à Câmara Federal, eleja seu líder o geógrafo Sebastião Machado de Oliveira, codinome Sibá Machado.
Valhacouto de cavalheiros e damas nem sempre muito honestos, o PT deve ter alguns deputados alfabetizados. É impossível que não vejam a figura do geógrafo piauiense e não ouçam suas opiniões sobre os mais diversos assuntos. Ainda bem que o mute me salva do doutor Sibá, siba oxítono. O molusco proparoxítono siba, cefalópode nadador do gênero Sepia, produz um líquido negro, chamado sépia, usado para defesa e utilizado também como pigmento na confecção de tintas.
De repente, ao escolher o geógrafo, o PT pensou na produção de sépia que possa esconder a ladroeira do partido, sem precedentes na história deste país grande e bobo. João Vaccari Neto, sem a prática de cobrador de ônibus, sabia cobrar propinas vultosas.
Enquanto isso, o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) tentava desmoralizar a delação do doleiro Alberto Youssef dizendo que se trata de um criminoso condenado. Luiz Sérgio queria o quê? Naquele valhacouto de bandidos é impossível colher depoimentos de alunas do Sion, do velho Sion que educava meninas no tempo de antigamente.
Até aí, tudo bem. Só não dá para entender que um partido político, que deputou dezenas de cavalheiros e damas à Câmara Federal, eleja seu líder o geógrafo Sebastião Machado de Oliveira, codinome Sibá Machado.
Valhacouto de cavalheiros e damas nem sempre muito honestos, o PT deve ter alguns deputados alfabetizados. É impossível que não vejam a figura do geógrafo piauiense e não ouçam suas opiniões sobre os mais diversos assuntos. Ainda bem que o mute me salva do doutor Sibá, siba oxítono. O molusco proparoxítono siba, cefalópode nadador do gênero Sepia, produz um líquido negro, chamado sépia, usado para defesa e utilizado também como pigmento na confecção de tintas.
De repente, ao escolher o geógrafo, o PT pensou na produção de sépia que possa esconder a ladroeira do partido, sem precedentes na história deste país grande e bobo. João Vaccari Neto, sem a prática de cobrador de ônibus, sabia cobrar propinas vultosas.
Enquanto isso, o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) tentava desmoralizar a delação do doleiro Alberto Youssef dizendo que se trata de um criminoso condenado. Luiz Sérgio queria o quê? Naquele valhacouto de bandidos é impossível colher depoimentos de alunas do Sion, do velho Sion que educava meninas no tempo de antigamente.
Origâmi – Em latim, pertinax
sum tamquam parta sus é isto
mesmo que você entendeu: sou teimoso feito porca parida. O sistema do
computador não se conforma com sus, que muda para SUS naturalmente inspirado no
Sistema Único de Saúde, maravilhosa instituição nacional baseada na interjeição
sus, em nosso idioma desde 1537, expressão para infundir ânimo, eia, coragem
que o paciente deve ter para encarar o SUS. Reservo-me o direito de continuar
teimoso e fiel ao meu gosto, sem me deixar influenciar pelos modismos.
Em questões de móveis e demais petrechos caseiros, origami é a moda atual, do japonês oru, “dobrar” e kami, “papel”, arte e brincadeira secular japonesa de dobrar o papel, criando representações de determinados seres ou objetos com as dobras geométricas de uma folha de papel sem cortá-la ou colá-la, como aprendo na Wikipédia.
Neste país grande e bobo, a partir da ideia japonesa, produzimos mesa lateral Pétala 04, de Jorge Zalszupin, à venda na Arquivo Contemporâneo por R$ 10.284,00. Na Velha Bahia você pode encontrar o revisteiro em madeira de demolição por R$ 1.156,00 e no Studio Ignez Ferraz a mesa Slim, em madeira tauari, por 6.358,00.
É madeira amazônica abundante também nas Guianas, mas deu um treco aqui no computador e não consigo copiar do Google detalhes sobre o cheiro da madeira, desagradável quando perceptível, e o gosto levemente amargo. Suponho que ninguém compre mesa Slim para cheirá-la ou comê-la. É baixa, tem um buraco quadrado no meio, deve ser mesa de centro.
Pois muito bem: não tenho dinheiro para comprar as três peças, se tivesse não compraria e se me dessem não aceitaria. Por quê? Ora, porque não agradei delas e continuo pertinax sum tamquam parta sus. É isso aí, bicho.
Em questões de móveis e demais petrechos caseiros, origami é a moda atual, do japonês oru, “dobrar” e kami, “papel”, arte e brincadeira secular japonesa de dobrar o papel, criando representações de determinados seres ou objetos com as dobras geométricas de uma folha de papel sem cortá-la ou colá-la, como aprendo na Wikipédia.
Neste país grande e bobo, a partir da ideia japonesa, produzimos mesa lateral Pétala 04, de Jorge Zalszupin, à venda na Arquivo Contemporâneo por R$ 10.284,00. Na Velha Bahia você pode encontrar o revisteiro em madeira de demolição por R$ 1.156,00 e no Studio Ignez Ferraz a mesa Slim, em madeira tauari, por 6.358,00.
É madeira amazônica abundante também nas Guianas, mas deu um treco aqui no computador e não consigo copiar do Google detalhes sobre o cheiro da madeira, desagradável quando perceptível, e o gosto levemente amargo. Suponho que ninguém compre mesa Slim para cheirá-la ou comê-la. É baixa, tem um buraco quadrado no meio, deve ser mesa de centro.
Pois muito bem: não tenho dinheiro para comprar as três peças, se tivesse não compraria e se me dessem não aceitaria. Por quê? Ora, porque não agradei delas e continuo pertinax sum tamquam parta sus. É isso aí, bicho.
Belo Horizonte – Depois de idoso morei
16 anos na capital de todos os mineiros, período em que tive dois casamentos à
moda antiga, daqueles de homem com mulher. Um durou três meses e dezoito dias,
outro durou vários anos e a ex até hoje é minha amiga.
A primeira tinha problemas, a começar pelos cinco casamentos com o mesmo marido: um, dois, três, quatro e cinco recaídas com um só médico. De família ilustre – seu pai foi o único brasileiro elogiado por um ex-presidente da República, culto e honesto, num livro/depoimento de 780 páginas – a moça detestava minhas filhas, que nunca viu de perto, e implicava com as fotos das três que tive nas paredes do apê belo-horizontino.
Comigo sofria de anosgarmia, pois sacrifiquei regularmente no altar de Afrodite sem sucesso. Diz o Google que mais de 50% das mulheres podem sofrer de anosgarmia e a disfunção orgástica da moça era do subtipo chato, maçante, preocupante. Basta dizer que lia, mas não guardava um só livro em seu apartamento. Comprava, lia e doava.
Ao cabo de três meses e dezoito dias, numa tarde em que almoçávamos em Ibirité no sítio de amigos, quando foi aberta a quinta ou sexta garrafa de vinho, um Bordeaux da melhor supimpitude, elogiei o produto e ela fez observação que muito me ofendeu, digna de surra antológica, que me arrependo de não ter dado. Mas é a tal coisa: na mulher não se bate nem com uma flor. Levantei-me da mesa, esfriei a cabeça numa torneira de água fria, voltei para casa mudo e nunca mais a procurei nem lhe dirigi uma palavra. Como tínhamos apartamentos próximos, o dela próprio e o meu alugado, foi fácil consumar a separação.
O leitor de Marcia Lobo tem o direito de saber do motivo do meu encantamento inicial pela jovem senhora. Explico: no Monza de uma amiga, viajamos em grupo para o Triângulo Mineiro e nos perdemos numa encruzilhada asfaltada, quando a divorciada anosgármica retirou da bolsa um Guia Quatro-Rodas. Imbecil que sempre fui, encantei-me com o fato de uma passageira levar na bolsa aquele guia.
Falávamos de BH e me perdi num casamento. Volto ao tema de nossa conversa. Clima admirável, quase tão bom quanto o de Vassouras no Vale do Paraíba. Em 1996 o trânsito era tolerável. Bares a montões, alguns restaurantes bons, mineiras bonitas refertas de amor para dar, posto que barulhentas numa roda de desquitadas. Mulheres refertas de amor para dar fazem a felicidade de um philosopho.
Em 16 anos de estada (estadia é coisa de navio surto em um porto) vi e soube de tanta coisa, mas tanta coisa, que um livro de memórias teria 10 mil páginas. A vida é muito complicada e tem coisas assaz divertidas, salvo quando um idiota se encanta por uma jovem senhora pelo só fato de transportar um Guia Quatro-Rodas. Vou parando por aqui. Sempre foram 477 palavras que não deram para contar um milionésimo das coisas que vi, vivi e soube em 16 aninhos.
A primeira tinha problemas, a começar pelos cinco casamentos com o mesmo marido: um, dois, três, quatro e cinco recaídas com um só médico. De família ilustre – seu pai foi o único brasileiro elogiado por um ex-presidente da República, culto e honesto, num livro/depoimento de 780 páginas – a moça detestava minhas filhas, que nunca viu de perto, e implicava com as fotos das três que tive nas paredes do apê belo-horizontino.
Comigo sofria de anosgarmia, pois sacrifiquei regularmente no altar de Afrodite sem sucesso. Diz o Google que mais de 50% das mulheres podem sofrer de anosgarmia e a disfunção orgástica da moça era do subtipo chato, maçante, preocupante. Basta dizer que lia, mas não guardava um só livro em seu apartamento. Comprava, lia e doava.
Ao cabo de três meses e dezoito dias, numa tarde em que almoçávamos em Ibirité no sítio de amigos, quando foi aberta a quinta ou sexta garrafa de vinho, um Bordeaux da melhor supimpitude, elogiei o produto e ela fez observação que muito me ofendeu, digna de surra antológica, que me arrependo de não ter dado. Mas é a tal coisa: na mulher não se bate nem com uma flor. Levantei-me da mesa, esfriei a cabeça numa torneira de água fria, voltei para casa mudo e nunca mais a procurei nem lhe dirigi uma palavra. Como tínhamos apartamentos próximos, o dela próprio e o meu alugado, foi fácil consumar a separação.
O leitor de Marcia Lobo tem o direito de saber do motivo do meu encantamento inicial pela jovem senhora. Explico: no Monza de uma amiga, viajamos em grupo para o Triângulo Mineiro e nos perdemos numa encruzilhada asfaltada, quando a divorciada anosgármica retirou da bolsa um Guia Quatro-Rodas. Imbecil que sempre fui, encantei-me com o fato de uma passageira levar na bolsa aquele guia.
Falávamos de BH e me perdi num casamento. Volto ao tema de nossa conversa. Clima admirável, quase tão bom quanto o de Vassouras no Vale do Paraíba. Em 1996 o trânsito era tolerável. Bares a montões, alguns restaurantes bons, mineiras bonitas refertas de amor para dar, posto que barulhentas numa roda de desquitadas. Mulheres refertas de amor para dar fazem a felicidade de um philosopho.
Em 16 anos de estada (estadia é coisa de navio surto em um porto) vi e soube de tanta coisa, mas tanta coisa, que um livro de memórias teria 10 mil páginas. A vida é muito complicada e tem coisas assaz divertidas, salvo quando um idiota se encanta por uma jovem senhora pelo só fato de transportar um Guia Quatro-Rodas. Vou parando por aqui. Sempre foram 477 palavras que não deram para contar um milionésimo das coisas que vi, vivi e soube em 16 aninhos.
18 a 24 de maio de 2015
Burocracia – No Rio, o consulado norte-americano
tem funcionários brasileiros garantindo o burocratismo que caracteriza um país
grande e bobo.
Bela senhora, não faz muito tempo, teve recusada por funcionário brasileiro a foto que levou ao consulado, sob o formidável argumento de que suas orelhas não apareciam no retrato.
Como não tem orelhas de abano, foi obrigada a recorrer a um profissional do Rio, que a fotografou com bolas de algodão presas com esparadrapo atrás dos pavilhões auriculares para satisfazer a exigência do imbecil que trabalha no consulado.
Bela senhora, não faz muito tempo, teve recusada por funcionário brasileiro a foto que levou ao consulado, sob o formidável argumento de que suas orelhas não apareciam no retrato.
Como não tem orelhas de abano, foi obrigada a recorrer a um profissional do Rio, que a fotografou com bolas de algodão presas com esparadrapo atrás dos pavilhões auriculares para satisfazer a exigência do imbecil que trabalha no consulado.
PEC da Bengala – Fiquei triste na tevê com o ministro
Celso de Mello, de bengala, descendo de um carro diante do Supremo Tribunal
Federal. Natural de Tatuí, SP, 69 anos, José Celso de Mello Filho é juiz do STF
desde 1989 e decano do tribunal desde 2007. Bengala, hoje, dá ideia de algum
tipo de deficiência física que obrigue a pessoa a recorrer ao adjutório para
andar.
Tristeza que logo se dissipou porque me lembrei de que em 1996, portanto há 19 anos, quando me mudei para Belo Horizonte, andei de bengala durante alguns meses. Por quê? Porque tinha extraído uma verruga plantar do pé direito e recorri à bengala, que fez um sucesso danado.
Logo nos primeiros dias, convidado para exposição de arte no centro da capital, só havia uma poltrona na imensa galeria. As curadoras fizeram questão de me instalar na tal poltrona antes da sessão de gentilezas: “O senhor aceita água? Um cafezinho? Um pedaço de bolo?”. Passei o final da tarde paparicado e poupado de ver as obras expostas, mas me lembro de uma pilha de jornais velhos, cerca de 60 centímetros de altura, presos por um espeto de ferro. Obra indescritível. Deve ser sido vendida por muito dinheiro: pilha de jornais velhos, papel amarelado, dobrados e furados por um espeto.
Houve tempo no Brasil em que a bengala e o chapéu eram inseparáveis dos homens sérios. Bengala seria hoje utilíssima para espantar menores infratores a bengaladas. E o chapéu, de mil e uma utilidades, também foi abandonado. Durante séculos usei chapéus de feltro. Informação curiosa: automóvel que me aceitava de chapéu ao volante era o Fusca. O Dodge Dart e o Galaxie, carros imensos, me obrigavam a dirigir “em cabelo”, isto é, sem chapéu: “Às portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas!” (Cesário Verde, 1855-1886).
Boné de aba virada para trás é coisa de... é coisa de... bem, deixa isso pra lá. Não posso dizer o que penso dos sujeitos que usam boné com a pala voltada para trás. Em BH tive brilhante especialista em informática, mestre na ciência da computação, bom sujeito, que não dispensava o boné virado.
Tristeza que logo se dissipou porque me lembrei de que em 1996, portanto há 19 anos, quando me mudei para Belo Horizonte, andei de bengala durante alguns meses. Por quê? Porque tinha extraído uma verruga plantar do pé direito e recorri à bengala, que fez um sucesso danado.
Logo nos primeiros dias, convidado para exposição de arte no centro da capital, só havia uma poltrona na imensa galeria. As curadoras fizeram questão de me instalar na tal poltrona antes da sessão de gentilezas: “O senhor aceita água? Um cafezinho? Um pedaço de bolo?”. Passei o final da tarde paparicado e poupado de ver as obras expostas, mas me lembro de uma pilha de jornais velhos, cerca de 60 centímetros de altura, presos por um espeto de ferro. Obra indescritível. Deve ser sido vendida por muito dinheiro: pilha de jornais velhos, papel amarelado, dobrados e furados por um espeto.
Houve tempo no Brasil em que a bengala e o chapéu eram inseparáveis dos homens sérios. Bengala seria hoje utilíssima para espantar menores infratores a bengaladas. E o chapéu, de mil e uma utilidades, também foi abandonado. Durante séculos usei chapéus de feltro. Informação curiosa: automóvel que me aceitava de chapéu ao volante era o Fusca. O Dodge Dart e o Galaxie, carros imensos, me obrigavam a dirigir “em cabelo”, isto é, sem chapéu: “Às portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas!” (Cesário Verde, 1855-1886).
Boné de aba virada para trás é coisa de... é coisa de... bem, deixa isso pra lá. Não posso dizer o que penso dos sujeitos que usam boné com a pala voltada para trás. Em BH tive brilhante especialista em informática, mestre na ciência da computação, bom sujeito, que não dispensava o boné virado.
Brasileiros – A mídia nhambiquara deu grande
importância ao fuzilamento, depois de arrastado processo na Justiça, de um
paranaense que entrou na Indonésia traficando seis quilos de cocaína escondidos
em pranchas de surfe. Descoberto, preso e condenado, foi fuzilado no dia 28 de
abril. Na defesa do seu traficante, o Brasil andou a pique de declarar guerra à
Indonésia. Meses antes, o mesmo país grande, bobo e corrupto se indignou
com o fuzilamento indonésio de outro traficante nascido aqui.
De acordo com o último censo, devemos somar 204 milhões de brasileiros. Não sei se acontece com os leitores de Marcia Lobo, mas o fuzilamento de um traficante patrício – ou de muitos deles – não me fala à alma. Vivo preocupado com os milhões que não traficam e trabalham duramente, em condições dificílimas, para ganhar pouco mais que nada.
Preocupante é a vida dos milhões que perdem horas nos transportes públicos, moram mal em regiões violentíssimas, pagam impostos e não têm escolas e hospitais decentes. Todo dia a mídia fala dos 220 mil mortos em quatro anos de guerra civil na Síria, menos que número de assassinados aqui no Brasil: 56 mil por ano ou 224 mil em quatro anos. Nada mais fácil e mais desonesto do que citar os problemas dos outros esquecendo os nossos, que são muitos e só têm piorado.
Nos terremotos do Nepal também houve imensa preocupação com os brasileiros que passeavam por lá, inquietação que não há com os brasileiros que moram em Duque de Caxias, Baixada Fluminense, município que a gente vê da estrada que liga Minas ao Rio.
O imbecil que lhes fala, num dia em que voltou de Cuiabá e encontrou o saudoso Opalão 79 com um pneu furado no estacionamento do Galeão, em vez de tomar o rumo da Zona Sul, à noite, para consertar o furo num borracheiro do centro da cidade, fez a besteira de procurar um borracheiro duque-caxiense.
Seria imprudente pegar a serra de Petrópolis, mão única, sem pneu sobressalente. Outro furo naquele trecho representaria uma noite inteira indo e vindo pelas estradas serranas para consertar os pneus.
Só quem já entrou em Duque de Caxias, numa noite de sábado, pode entender o “clima” local. Fortemente armados, grupos de assaltantes chegavam à borracharia para remendar os pneus de suas Kombis. E o beócio do Opalão, sentado num banquinho nos fundos da oficina imunda.
Já naquele tempo idoso e enferrujado, o Opalão não despertava a cobiça da bandidagem, mas seu dono parecia alemão e os germânicos não fazem o tipo duque-caxiense. Acabei perdendo hora e meia naquela idiotice noturna, que nada acrescenta à biografia de ninguém.
De acordo com o último censo, devemos somar 204 milhões de brasileiros. Não sei se acontece com os leitores de Marcia Lobo, mas o fuzilamento de um traficante patrício – ou de muitos deles – não me fala à alma. Vivo preocupado com os milhões que não traficam e trabalham duramente, em condições dificílimas, para ganhar pouco mais que nada.
Preocupante é a vida dos milhões que perdem horas nos transportes públicos, moram mal em regiões violentíssimas, pagam impostos e não têm escolas e hospitais decentes. Todo dia a mídia fala dos 220 mil mortos em quatro anos de guerra civil na Síria, menos que número de assassinados aqui no Brasil: 56 mil por ano ou 224 mil em quatro anos. Nada mais fácil e mais desonesto do que citar os problemas dos outros esquecendo os nossos, que são muitos e só têm piorado.
Nos terremotos do Nepal também houve imensa preocupação com os brasileiros que passeavam por lá, inquietação que não há com os brasileiros que moram em Duque de Caxias, Baixada Fluminense, município que a gente vê da estrada que liga Minas ao Rio.
O imbecil que lhes fala, num dia em que voltou de Cuiabá e encontrou o saudoso Opalão 79 com um pneu furado no estacionamento do Galeão, em vez de tomar o rumo da Zona Sul, à noite, para consertar o furo num borracheiro do centro da cidade, fez a besteira de procurar um borracheiro duque-caxiense.
Seria imprudente pegar a serra de Petrópolis, mão única, sem pneu sobressalente. Outro furo naquele trecho representaria uma noite inteira indo e vindo pelas estradas serranas para consertar os pneus.
Só quem já entrou em Duque de Caxias, numa noite de sábado, pode entender o “clima” local. Fortemente armados, grupos de assaltantes chegavam à borracharia para remendar os pneus de suas Kombis. E o beócio do Opalão, sentado num banquinho nos fundos da oficina imunda.
Já naquele tempo idoso e enferrujado, o Opalão não despertava a cobiça da bandidagem, mas seu dono parecia alemão e os germânicos não fazem o tipo duque-caxiense. Acabei perdendo hora e meia naquela idiotice noturna, que nada acrescenta à biografia de ninguém.
Cachorrada – Maria Luísa, de dois anos, é a
caçulinha do empresário Gaetano Lopes, dono de Olavo, um buldogue francês.
Desrespeito do empresário, porque Olavos só o carioca Olavo Brás Martins dos
Guimarães Bilac ou o mineiro Olavo Celso Romano, nascido no Morro do Ferro,
distrito de Oliveira, presidente da Academia Mineira de Letras.
Doze anos atrás alguém recomendou a compra de um buldogue que me fizesse companhia na residência belo-horizontina. Conselho maldoso porque não gosto de cachorros e logo descobri a intenção do conselheiro: no Google, entre as raças mais burras do planeta, o buldogue ocupa lugar de destaque. Entendi o recado e fiquei muito ofendido.
Olavo buldogue cravou os dentes em Maria Luísa, que passou por cirurgia de três horas levando 40 pontos nos lábios.
Doze anos atrás alguém recomendou a compra de um buldogue que me fizesse companhia na residência belo-horizontina. Conselho maldoso porque não gosto de cachorros e logo descobri a intenção do conselheiro: no Google, entre as raças mais burras do planeta, o buldogue ocupa lugar de destaque. Entendi o recado e fiquei muito ofendido.
Olavo buldogue cravou os dentes em Maria Luísa, que passou por cirurgia de três horas levando 40 pontos nos lábios.
Bloqueio – Mesmo aqueles que adoram escrever e
têm com a escrita uma relação de amor, meu caso, podem ter bloqueios que os
impeçam de comentar determinados assuntos. Estou assim há muitos dias, desde
que uma peça de concreto de 8 mil quilos, do metrô em construção no Rio,
atingiu um brasileiro de 87 anos que passava pela calçada. No resto do planeta
metrô é sistema de transporte urbano de massa realizado por trens elétricos que
circulam numa rede exclusiva total ou parcialmente subterrânea. Em Belo
Horizonte, capital das Minas Gerais, o metrô continua sendo um projeto; no Rio,
empilha peças de concreto que desabam sobre os transeuntes e em São Paulo
produz imensos buracos que engolem carros e caminhões matando pessoas.
Explico meu bloqueio: o idoso atingido é meu amigo há muitos anos. Agrícola de Souza Bethlem, pai, avô, bisavô, engenheiro, professor emérito da UFRJ. Boxeur amador, quando jovem adotou um negócio que deveria ser obrigatório nos quartos de cama de todos os homens honrados: pendurou do teto um saco de areia para esmurrar quando estivesse com raiva.
É o grande saco de couro cheio de areia, que existe em todas as academias de boxe. Nelas, para treinamento do boxeador profissional ou amador; no quarto, para descarregar as raivas que temos durante os dias.
Tetos modernos de gesso e cuspe, lajes projetadas para que os vizinhos ouçam os gritos do sexo praticado nos outros andares, tornam impossível a instalação de um saco de areia. Os gritos são indissociáveis do sexo caprichado. Se o leitor de Marcia Lobo reside numa casa ou num apartamento decente, de lajes antigas, o saco de areia é santo remédio. Mesmo afastado do boxe há séculos, juro que gostaria de instalar um saco de couro referto de areia para esmurrar sempre que vejo um petista na tevê. Referto é bom latim, muito mais chique do que cheio.
Explico meu bloqueio: o idoso atingido é meu amigo há muitos anos. Agrícola de Souza Bethlem, pai, avô, bisavô, engenheiro, professor emérito da UFRJ. Boxeur amador, quando jovem adotou um negócio que deveria ser obrigatório nos quartos de cama de todos os homens honrados: pendurou do teto um saco de areia para esmurrar quando estivesse com raiva.
É o grande saco de couro cheio de areia, que existe em todas as academias de boxe. Nelas, para treinamento do boxeador profissional ou amador; no quarto, para descarregar as raivas que temos durante os dias.
Tetos modernos de gesso e cuspe, lajes projetadas para que os vizinhos ouçam os gritos do sexo praticado nos outros andares, tornam impossível a instalação de um saco de areia. Os gritos são indissociáveis do sexo caprichado. Se o leitor de Marcia Lobo reside numa casa ou num apartamento decente, de lajes antigas, o saco de areia é santo remédio. Mesmo afastado do boxe há séculos, juro que gostaria de instalar um saco de couro referto de areia para esmurrar sempre que vejo um petista na tevê. Referto é bom latim, muito mais chique do que cheio.
É, bebé? – Alguns pacotes de charutos baianos
trazem como advertência contra os males do tabaco a foto de um homem nu olhando
para sua genitália. O conjunto dos órgãos genitais, especialmente os externos,
do latim genitalia, entrou
em nosso idioma por volta de 1584. É substantivo feminino que só se usa durante
o Carnaval.
Defronte do homem nu, cobrindo sua genitália, aparece mão de mulher, unhas bem cuidadas, com o polegar apontando para baixo. Lá em cima a advertência, em letras maiúsculas, outro substantivo feminino, puro latim, em nosso idioma desde 1543: IMPOTÊNCIA.
Embaixo da foto do homem nu você pode ler o seguinte: “O Ministério da Saúde Adverte. O uso deste produto diminui, dificulta ou impede a ereção”. Cabe a pergunta: É, bebé?
Viver faz mal à saúde e acaba diminuindo, dificultando ou impedindo as ereções. Que não fazem – seja dito de passagem – a menor falta para senhoras e senhoritas lésbicas, que abundam, bem como para as que sofrem de anosgarmia, que também abundam como abunda a pita, grande erva rosulada da família das agaváceas.
Há fumantes que sobrevivem operacionais. Tive um tio-avô, mineiro de Diamantina, fumante, família Caldeira Brant, que chegou aos 84 casado em segundas núpcias com uma professora de 46.
Nas feijoadas dos sábados em sua casa belo-horizontina, bebido e feijoado, o diamantinense recolhia ao quarto depois do almoço com a jovem professora, voltando à sala por volta das seis da tarde, olhos brilhantes, rosto avermelhado, feliz da vida.
Seu filho médico, muito mais velho que a madrasta, perguntou: “Me diz uma coisa: o pau de papai ainda fica duro?”. E a madrasta entusiasmada: “Um ferro!, menino, um ferro!”. Donde se conclui que a advertência do Ministério da Saúde tem exceções.
Defronte do homem nu, cobrindo sua genitália, aparece mão de mulher, unhas bem cuidadas, com o polegar apontando para baixo. Lá em cima a advertência, em letras maiúsculas, outro substantivo feminino, puro latim, em nosso idioma desde 1543: IMPOTÊNCIA.
Embaixo da foto do homem nu você pode ler o seguinte: “O Ministério da Saúde Adverte. O uso deste produto diminui, dificulta ou impede a ereção”. Cabe a pergunta: É, bebé?
Viver faz mal à saúde e acaba diminuindo, dificultando ou impedindo as ereções. Que não fazem – seja dito de passagem – a menor falta para senhoras e senhoritas lésbicas, que abundam, bem como para as que sofrem de anosgarmia, que também abundam como abunda a pita, grande erva rosulada da família das agaváceas.
Há fumantes que sobrevivem operacionais. Tive um tio-avô, mineiro de Diamantina, fumante, família Caldeira Brant, que chegou aos 84 casado em segundas núpcias com uma professora de 46.
Nas feijoadas dos sábados em sua casa belo-horizontina, bebido e feijoado, o diamantinense recolhia ao quarto depois do almoço com a jovem professora, voltando à sala por volta das seis da tarde, olhos brilhantes, rosto avermelhado, feliz da vida.
Seu filho médico, muito mais velho que a madrasta, perguntou: “Me diz uma coisa: o pau de papai ainda fica duro?”. E a madrasta entusiasmada: “Um ferro!, menino, um ferro!”. Donde se conclui que a advertência do Ministério da Saúde tem exceções.
De papel – Triste, vejo morrerem os jornais de
papel e me consola a certeza de que vou antes deles. Com o advento da tevê e da
tecnologia recente perdeu o sentido noticiar coisas que o leitor soube na
véspera, ao vivo e em cores.
Em rigor, a leitura do jornal de papel só se justifica se o veículo contar com analistas lúcidos para esmiuçar o noticiário com calma em slow journalism, e bons cronistas, que vejam o mundo pelas suas ópticas. Além de charges, palavras cruzadas, horóscopo, opinião, coluna social à Zózimo e outras seções que agradam a muitos leitores. As cartas dos leitores são ótimas e fáceis de editar, mas arranjam cada editor que vou te contar.
Certa vez, no jornal em que escrevia, recebi e-mail de uma jovem colega dizendo-se revisora das minhas matérias diárias, que não vinha recebendo. Passei a enviar as matérias também para a moça, que não conhecia pessoalmente. Ora, bolas, matérias assinadas por um sujeito idoso, se têm errores, como costumam ter, o problema é do autor, que já conta com um caminhão de leitores mandando e-mails para criticar as bobagens.
Quando conheci a moça promovida a outra editoria, constatei que é analfabeta e pretensiosa. Pois muito bem: indiquei ao jornal os textos de brasileira que mora nos EUA, escreve muitíssimo bem e produzia, a preços módicos, matérias interessantíssimas sobre novidades no mundo da ciência. Isso mesmo que deu para entender: furos internacionais. Sabe o leitor de Marcia Lobo qual foi a encarregada, pelo jornal, de aceitar ou não as novidades científicas? Se não sabia, fique sabendo: a tal pretensiosa analfabetíssima. Assim, fica meio difícil.
É duro constatar que muitos jornais perderam seus melhores cronistas, que morreram ou “custam caro”, e têm investido numa turminha que, com raríssimas exceções, é de lascar. Uma das últimas invenções de um grande jornal foi um filósofo (sic), que começou sua colaboração com uma “crônica” sobre os despossuídos do planeta, que, segundo informou, somam quatro bilhões de criaturas. Nem mais, nem menos: quatro bilhões. É mole?
Convenhamos em que não faz sentido derrubar árvores, ainda que de madeiras certificadas, produzir papel, gastar energia elétrica, mão de obra, tinta e combustíveis para distribuir jornais. Bobagem ainda maior é insistir nos suplementos infanto-juvenis sonhando atrair leitores jovens. É jogar dinheiro fora e muitos jornais insistem na tolice.
Conservar o leitorado adulto viciado em jornal de papel, meu caso, exige os tais cronistas e os analistas que escasseiam em nossa mídia. Acompanhei e acompanho de perto os estertores de diversos veículos, que assino há muitos anos. Em cada um deles posso ver as besteiras que vêm sendo feitas pela incompetência das respectivas chefias de redação. É triste e é a mais pura verdade.
Em rigor, a leitura do jornal de papel só se justifica se o veículo contar com analistas lúcidos para esmiuçar o noticiário com calma em slow journalism, e bons cronistas, que vejam o mundo pelas suas ópticas. Além de charges, palavras cruzadas, horóscopo, opinião, coluna social à Zózimo e outras seções que agradam a muitos leitores. As cartas dos leitores são ótimas e fáceis de editar, mas arranjam cada editor que vou te contar.
Certa vez, no jornal em que escrevia, recebi e-mail de uma jovem colega dizendo-se revisora das minhas matérias diárias, que não vinha recebendo. Passei a enviar as matérias também para a moça, que não conhecia pessoalmente. Ora, bolas, matérias assinadas por um sujeito idoso, se têm errores, como costumam ter, o problema é do autor, que já conta com um caminhão de leitores mandando e-mails para criticar as bobagens.
Quando conheci a moça promovida a outra editoria, constatei que é analfabeta e pretensiosa. Pois muito bem: indiquei ao jornal os textos de brasileira que mora nos EUA, escreve muitíssimo bem e produzia, a preços módicos, matérias interessantíssimas sobre novidades no mundo da ciência. Isso mesmo que deu para entender: furos internacionais. Sabe o leitor de Marcia Lobo qual foi a encarregada, pelo jornal, de aceitar ou não as novidades científicas? Se não sabia, fique sabendo: a tal pretensiosa analfabetíssima. Assim, fica meio difícil.
É duro constatar que muitos jornais perderam seus melhores cronistas, que morreram ou “custam caro”, e têm investido numa turminha que, com raríssimas exceções, é de lascar. Uma das últimas invenções de um grande jornal foi um filósofo (sic), que começou sua colaboração com uma “crônica” sobre os despossuídos do planeta, que, segundo informou, somam quatro bilhões de criaturas. Nem mais, nem menos: quatro bilhões. É mole?
Convenhamos em que não faz sentido derrubar árvores, ainda que de madeiras certificadas, produzir papel, gastar energia elétrica, mão de obra, tinta e combustíveis para distribuir jornais. Bobagem ainda maior é insistir nos suplementos infanto-juvenis sonhando atrair leitores jovens. É jogar dinheiro fora e muitos jornais insistem na tolice.
Conservar o leitorado adulto viciado em jornal de papel, meu caso, exige os tais cronistas e os analistas que escasseiam em nossa mídia. Acompanhei e acompanho de perto os estertores de diversos veículos, que assino há muitos anos. Em cada um deles posso ver as besteiras que vêm sendo feitas pela incompetência das respectivas chefias de redação. É triste e é a mais pura verdade.
Convergências – Muitas das novas moças do tempo das
tevês estudam ou estudaram meteorologia. Todas vivem falando das zonas de
convergências: do Atlântico Sul, intertropical, de umidade e outras. Brasília é
a zona de convergência da desonestidade.
Por falar em moça do tempo, aquela baiana bonita, Ticiana Villas Boas, de pernas finas e horrível sotaque soteropolitano, trocou a Band pelo SBT. Casada com o Sr. Joesley Batista, dono do Friboi, Ticiana usa helicóptero para se deslocar entre sua casa e o trabalho. Faz muito bem. Quando funciona, helicóptero é o único meio de transporte tolerável nos deslocamentos paulistanos.
Por falar em moça do tempo, aquela baiana bonita, Ticiana Villas Boas, de pernas finas e horrível sotaque soteropolitano, trocou a Band pelo SBT. Casada com o Sr. Joesley Batista, dono do Friboi, Ticiana usa helicóptero para se deslocar entre sua casa e o trabalho. Faz muito bem. Quando funciona, helicóptero é o único meio de transporte tolerável nos deslocamentos paulistanos.
Ruminanças –
“Brasileirão 2015:
tatuagem muita, futebol nenhum” (R. Manso Neto).
11 a 17 de maio de 2015
Maioridade – Assunto que vem ocupando a mídia brasileira e já
provocou idiota comentário da presidente incompetenta, a redução da maioridade
penal de 18 para 16 anos envolve aspectos que não têm sido destacados.
Um deles é o seguinte: neste país grande e bobo, presidente, senadores, deputados, governadores, prefeitos e vereadores são eleitos por brasileiros de 16 anos que podem votar, isto é, eleger a turminha citada aí atrás. Contudo, se o eleitor de 16 anos comete crime hediondo é inimputável, o crime é transformado em ato infracional e o eleitor não é preso, mas apreendido.
E o outro é: se o mesmíssimo eleitor comete o crime hoje e completa 18 anos amanhã, o delito continua sendo ato infracional. Não faz sentido, falta lógica: em 24 horas, de hoje para amanhã, transformar ato infracional em crime.
De outra parte, brasileiros de 30, 40 ou mais anos só cometem crimes quando têm consciência do ato criminoso. Maior de idade, Daniel de Oliveira Coutinho, o filho esquizofrênico que matou o cineasta Eduardo Coutinho, foi justamente absolvido e internado por três anos num hospício: é inimputável, porque portador de distúrbio esquizotímico.
Portanto, a imputabilidade penal só deve ter relação estreita com a noção, com o conhecimento do ato praticado, não com a idade de 12, 14, 16, 30 ou 40 anos.
Um deles é o seguinte: neste país grande e bobo, presidente, senadores, deputados, governadores, prefeitos e vereadores são eleitos por brasileiros de 16 anos que podem votar, isto é, eleger a turminha citada aí atrás. Contudo, se o eleitor de 16 anos comete crime hediondo é inimputável, o crime é transformado em ato infracional e o eleitor não é preso, mas apreendido.
E o outro é: se o mesmíssimo eleitor comete o crime hoje e completa 18 anos amanhã, o delito continua sendo ato infracional. Não faz sentido, falta lógica: em 24 horas, de hoje para amanhã, transformar ato infracional em crime.
De outra parte, brasileiros de 30, 40 ou mais anos só cometem crimes quando têm consciência do ato criminoso. Maior de idade, Daniel de Oliveira Coutinho, o filho esquizofrênico que matou o cineasta Eduardo Coutinho, foi justamente absolvido e internado por três anos num hospício: é inimputável, porque portador de distúrbio esquizotímico.
Portanto, a imputabilidade penal só deve ter relação estreita com a noção, com o conhecimento do ato praticado, não com a idade de 12, 14, 16, 30 ou 40 anos.
Futebolísticas – Satélites modernos, telas maiores, preços menores e
alta definição nos permitem assistir ao vivo e em cores às partidas de futebol
na Europa. Muitos e muitos times são melhores que o Flamengo, do autor destas
bem traçadas, e o Vasco de nossa companheira jornalista Marcia Lobo,
diretora-redatora-chefe desta folha virtual. Era assim que nos referíamos ao
Doutor Roberto, quando trabalhei no Globo:
nosso companheiro diretor-redator-chefe.
O esporte bretão envolve disputas de 90 minutos entre dois times, cada um com 11 jogadores. É natural e louvável que os atletas de cada equipe se estimem: companheiros de profissão e objetivos, eles e suas direções técnicas só têm a lucrar quando vitoriosos.
Durante as partidas, alguns atletas são substituídos por diversos motivos e voltam aos bancos para acompanhar os finais dos jogos. Até aí, com esta montoeira de obviedades futebolísticas, caprichei no nariz de cera para criticar nova providência das redes de tevê do mundo inteiro, sem exclusão das brasileiras, modismo execrável. Sempre que um jogador sai do prélio (!) e vai para o banco, em 99,5% dos casos cumprimenta o treinador, cada um dos membros da comissão técnica e todos os companheiros que lá estão, até porque seria difícil cumprimentar aqueles que não estão. E as tevês, todas elas, em vez de transmitir o jogo se concentram naquela troca de cumprimentos. Tem cabimento? Perder os lances para focalizar um profissional que cumprimenta seus colegas me parece uma burrice do tamanho de um bonde ou de um VLT, veículo leve sobre trilhos, como aquele projetado para o Rio, cujo trajeto ameaçava duas esculturas de Valtércio Caldas.
Admiradores da arte de Valtércio protestaram. Na rota do VLT, suas esculturas parecem dois bráulios finos e compridos, o que me faz supor que o fã daquela arte sonhe com algo espetado num lugar que proverbial pudicícia não me permite especificar.
Volto ao futebol para dizer que a transmissão pelas tevês dos cumprimentos idiotas só teria cabimento quando o atleta substituído saísse do campo furioso, sem cumprimentar o técnico e os colegas, expressando sua raiva com determinados gestos, como fez o senhor Neymar Jr. num dos últimos prélios (!) do Barcelona.
O esporte bretão envolve disputas de 90 minutos entre dois times, cada um com 11 jogadores. É natural e louvável que os atletas de cada equipe se estimem: companheiros de profissão e objetivos, eles e suas direções técnicas só têm a lucrar quando vitoriosos.
Durante as partidas, alguns atletas são substituídos por diversos motivos e voltam aos bancos para acompanhar os finais dos jogos. Até aí, com esta montoeira de obviedades futebolísticas, caprichei no nariz de cera para criticar nova providência das redes de tevê do mundo inteiro, sem exclusão das brasileiras, modismo execrável. Sempre que um jogador sai do prélio (!) e vai para o banco, em 99,5% dos casos cumprimenta o treinador, cada um dos membros da comissão técnica e todos os companheiros que lá estão, até porque seria difícil cumprimentar aqueles que não estão. E as tevês, todas elas, em vez de transmitir o jogo se concentram naquela troca de cumprimentos. Tem cabimento? Perder os lances para focalizar um profissional que cumprimenta seus colegas me parece uma burrice do tamanho de um bonde ou de um VLT, veículo leve sobre trilhos, como aquele projetado para o Rio, cujo trajeto ameaçava duas esculturas de Valtércio Caldas.
Admiradores da arte de Valtércio protestaram. Na rota do VLT, suas esculturas parecem dois bráulios finos e compridos, o que me faz supor que o fã daquela arte sonhe com algo espetado num lugar que proverbial pudicícia não me permite especificar.
Volto ao futebol para dizer que a transmissão pelas tevês dos cumprimentos idiotas só teria cabimento quando o atleta substituído saísse do campo furioso, sem cumprimentar o técnico e os colegas, expressando sua raiva com determinados gestos, como fez o senhor Neymar Jr. num dos últimos prélios (!) do Barcelona.
Tragédias – Mesmo quando não há vítimas, todo incêndio é uma
tragédia. Foi assim no Shopping Nova América, Bairro de Del Castilho, no Rio, a
dois passos da Linha Amarela, que o leitor deve ter visto numa de suas viagens
para tomar banhos de mar. Desde 1925 funcionava no local uma fábrica de
tecidos, desativada em 1991 e transformada no shopping inaugurado em 1995. Com
o incêndio ocorrido durante o Carnaval, foi destruído bom pedaço do centro
comercial que reúne lojas de produtos e serviços variados, além de
restaurantes, cinemas, teatros, boates etc. Muitas lojas têm seguros, mas o
leitor sabe como são os seguros no Brasil. Completei um ano de espera para
receber os R$ 17 mil que a maior seguradora brasileira me devia e acabei
recebendo 12 mil: não é empresa de seguros, é uma quadrilha.
Voltemos ao fogaréu que destruiu parte do shopping. Na dependência do apresentador de plantão na rede de tevê, o incêndio é uma dupla tragédia transmitida ao vivo e em cores. Boa voz, boa dicção, bem-vestido, quando obrigado a improvisar o rapaz se perde e apronta um besteirol indescritível na velocidade de um locutor de rádio transmitindo partida de futebol.
Se o incêndio está sendo filmado pelo helicóptero da tevê e há equipe da mesma rede trabalhando numa avenida próxima ao vivo e em cores, o apresentador de plantão deve ser instruído pela direção do canal para policiar sua fala de improviso, evitando o quadro de debilidade mental.
Voltemos ao fogaréu que destruiu parte do shopping. Na dependência do apresentador de plantão na rede de tevê, o incêndio é uma dupla tragédia transmitida ao vivo e em cores. Boa voz, boa dicção, bem-vestido, quando obrigado a improvisar o rapaz se perde e apronta um besteirol indescritível na velocidade de um locutor de rádio transmitindo partida de futebol.
Se o incêndio está sendo filmado pelo helicóptero da tevê e há equipe da mesma rede trabalhando numa avenida próxima ao vivo e em cores, o apresentador de plantão deve ser instruído pela direção do canal para policiar sua fala de improviso, evitando o quadro de debilidade mental.
Ab-rupto – Bacharel em economia pela Universidade Presbiteriana
Mackenzie, em jornalismo pela ECA, Escola de Comunicação e Artes da Universidade
de São Paulo, USP/SP, mestre em economia e finanças, Dony De Nuccio começou sua
trajetória profissional no Citibank e, noite dessas, deu um show no programa
Conta Corrente da GloboNews entrevistando Rolando Vanucci, conhecido como
Rolando Massinha, pequeno empresário do ramo de food truck, que prefere chamar de
comida sobre rodas.
Massinha falou das dificuldades do negócio, da limpeza diária do caminhão-cozinha, que não tem lugar para estocar alimentos, das compras e do preparo das refeições que serão acabadas no caminhão, do clima, dos pontos de vendas, dessas coisas todas.
Depois de Massinha explicar como e quando conseguiu vencer na atividade, De Nuccio fez a pergunta: “Sonhos?” e Massinha não vacilou: “Vender o negócio e fugir do Brasil”. Antes que pudesse explicar o óbvio, isto é, os motivos pelos quais pretende fugir desta choldra que tem hino, bandeira, constituição, STF e PT, a entrevista foi ab-ruptada, cortada de maneira súbita, latim abrúptus,a,um 'separado, quebrado, rasgado, interrompido, precipitado'.
Massinha falou das dificuldades do negócio, da limpeza diária do caminhão-cozinha, que não tem lugar para estocar alimentos, das compras e do preparo das refeições que serão acabadas no caminhão, do clima, dos pontos de vendas, dessas coisas todas.
Depois de Massinha explicar como e quando conseguiu vencer na atividade, De Nuccio fez a pergunta: “Sonhos?” e Massinha não vacilou: “Vender o negócio e fugir do Brasil”. Antes que pudesse explicar o óbvio, isto é, os motivos pelos quais pretende fugir desta choldra que tem hino, bandeira, constituição, STF e PT, a entrevista foi ab-ruptada, cortada de maneira súbita, latim abrúptus,a,um 'separado, quebrado, rasgado, interrompido, precipitado'.
Pautas – Pneu furado e copo quebrado não servem de assunto para
televisão. Você pega outro copo, seca ou manda secar o chão, recorre ao pneu
sobressalente até consertar o furado, compra pneu novo quando o furo não tem
conserto – e a vida continua.
Pautas televisivas exigem temas insolúveis e convidados inteligentes, que tudo explicam e tentam justificar, sem que encontrem uma solução. Por exemplo: a lei da palmada. Foi assim no ótimo programa do Alexandre Garcia com uma professora de psicologia da UNB e o promotor de uma destas varas de infância, adolescência ou direitos humanos, que não tive tempo de anotar.
Psicóloga e promotor condenam as palmadas, que também condeno, são articulados, falam da importância dos conselhos tutelares, mas o problema da educação dos filhos continua o mesmo. Nunca é demais lembrar que o menino Bernardo, de 11 anos, assassinado por parentes, “amigos” e familiares no Rio Grande do Sul, foi sozinho ao conselho tutelar de sua cidade e os conselheiros mandaram-no de volta para a casa do pai e da madrasta.
Anos atrás ouvi algo sobre as reprimendas dos adultos, que faz sentido: além da bronca ou da palmada, a criança sofre com a diferença da altura. Portanto, a primeira providência do adulto deve ser ficar na altura da criança, olhos nos olhos, para que a reprimenda surta efeito. Bater é condenável e desumano, mas a humanidade é desumana.
Problema adicional pode surgir no campo sexual. Velho amigo meu, mais de 1.90m, lutador de boxe, relacionou-se com uma professorinha, filha de um policial, que apanhava do pai de correão, nome que se dá em Minas ao cinto usado para prender as calças. Por via de consequência, a professora confessou ao namorado que precisava apanhar para chegar ao clímax.
Se dou um murro, pensou o boxeur, quebro minha mão e o queixo da professora. Naquela gravíssima emergência, consultou experiente cafetão, que recomendou: tapa na cara e soco na costela. Solução condenável porque na mulher não se bate nem com uma flor. E mais não digo nem pendurado, que o assunto é sério e insolúvel, talqualmente a problemática da educação infantil.
Pautas televisivas exigem temas insolúveis e convidados inteligentes, que tudo explicam e tentam justificar, sem que encontrem uma solução. Por exemplo: a lei da palmada. Foi assim no ótimo programa do Alexandre Garcia com uma professora de psicologia da UNB e o promotor de uma destas varas de infância, adolescência ou direitos humanos, que não tive tempo de anotar.
Psicóloga e promotor condenam as palmadas, que também condeno, são articulados, falam da importância dos conselhos tutelares, mas o problema da educação dos filhos continua o mesmo. Nunca é demais lembrar que o menino Bernardo, de 11 anos, assassinado por parentes, “amigos” e familiares no Rio Grande do Sul, foi sozinho ao conselho tutelar de sua cidade e os conselheiros mandaram-no de volta para a casa do pai e da madrasta.
Anos atrás ouvi algo sobre as reprimendas dos adultos, que faz sentido: além da bronca ou da palmada, a criança sofre com a diferença da altura. Portanto, a primeira providência do adulto deve ser ficar na altura da criança, olhos nos olhos, para que a reprimenda surta efeito. Bater é condenável e desumano, mas a humanidade é desumana.
Problema adicional pode surgir no campo sexual. Velho amigo meu, mais de 1.90m, lutador de boxe, relacionou-se com uma professorinha, filha de um policial, que apanhava do pai de correão, nome que se dá em Minas ao cinto usado para prender as calças. Por via de consequência, a professora confessou ao namorado que precisava apanhar para chegar ao clímax.
Se dou um murro, pensou o boxeur, quebro minha mão e o queixo da professora. Naquela gravíssima emergência, consultou experiente cafetão, que recomendou: tapa na cara e soco na costela. Solução condenável porque na mulher não se bate nem com uma flor. E mais não digo nem pendurado, que o assunto é sério e insolúvel, talqualmente a problemática da educação infantil.
De
cotio – Senhora que conheço há muitos anos vai
todo santo dia, isto é, de cotio, a cote, cotidianamente, ao templo da
Universal, que demora de sua casa 60 minutos de ônibus. As passagens custam
cerca de 500 reais por mês, a mãe é aposentada pelo Funrural e a filha trabalha
numa fazenda faturando em torno de dois mil reais. Doam ao pastor 10% do que
recebem e viram feras se alguém fala mal do pastor. Na fazenda têm os chamados
gêneros alimentícios, mas a senhora vive pedindo dinheiro a uma outra filha
para comprar o gás.
Assim como as duas, muitos milhões de brasileiros e brasileiras não se esquecem dos dízimos num fenômeno que não consigo entender e não creio que o leitor possa explicar. Fiz o primário num colégio católico, o Guy de Fontgalland, hoje Guido de Fontgalland, talvez homenageando o desastrado economista Guido Mantega.
Além das mensalidades, havia doações para as Missões, que os meus pais doavam com generosidade. Fui expulso no final do quarto ano, num episódio em que não delatei o colega que havia cortado com uma tesoura aquele pompom pendurado no fio, que enrolava a batina do professor, o padre Agostinho. O pompom circulou pela sala e estava sobre minha mesa, quando o padre deu pelo corte. Delações não fazem o meu gênero.
Os cursos de admissão, ginásio e científico já foram feitos num colégio laico montado por educadores mineiros. Excelentes professores, muitos deles judeus fugidos da Europa nazista.
Na faixa dos 12 anos perdi a religião que nunca tive. A partir dos 14 tornei-me ateu juramentado, daí a dificuldade que tenho para entender as religiões, todas elas, e os religiosos, que dizem somar 93% da população mundial.
Em verdade vos digo: religiosidade faz bem à saúde. Não fizesse e os religiosos não orçariam por 93% dos quase 8 bilhões de terráqueos. Vocês devem estar lembrados daquele ônibus escolar que mergulhou nas águas do Rio Paraíba do Sul, ali perto de Além Paraíba. Das 40 alunas salvou-se uma. Só os religiosos e os estatísticos têm explicação para a tragédia. O estatístico diz que houve 97,5% de mortes e o religioso tem a certeza de que a menina foi salva por Deus, o que implica atribuir ao ser supremo a morte horrível de 39 meninas.
Assim como as duas, muitos milhões de brasileiros e brasileiras não se esquecem dos dízimos num fenômeno que não consigo entender e não creio que o leitor possa explicar. Fiz o primário num colégio católico, o Guy de Fontgalland, hoje Guido de Fontgalland, talvez homenageando o desastrado economista Guido Mantega.
Além das mensalidades, havia doações para as Missões, que os meus pais doavam com generosidade. Fui expulso no final do quarto ano, num episódio em que não delatei o colega que havia cortado com uma tesoura aquele pompom pendurado no fio, que enrolava a batina do professor, o padre Agostinho. O pompom circulou pela sala e estava sobre minha mesa, quando o padre deu pelo corte. Delações não fazem o meu gênero.
Os cursos de admissão, ginásio e científico já foram feitos num colégio laico montado por educadores mineiros. Excelentes professores, muitos deles judeus fugidos da Europa nazista.
Na faixa dos 12 anos perdi a religião que nunca tive. A partir dos 14 tornei-me ateu juramentado, daí a dificuldade que tenho para entender as religiões, todas elas, e os religiosos, que dizem somar 93% da população mundial.
Em verdade vos digo: religiosidade faz bem à saúde. Não fizesse e os religiosos não orçariam por 93% dos quase 8 bilhões de terráqueos. Vocês devem estar lembrados daquele ônibus escolar que mergulhou nas águas do Rio Paraíba do Sul, ali perto de Além Paraíba. Das 40 alunas salvou-se uma. Só os religiosos e os estatísticos têm explicação para a tragédia. O estatístico diz que houve 97,5% de mortes e o religioso tem a certeza de que a menina foi salva por Deus, o que implica atribuir ao ser supremo a morte horrível de 39 meninas.
Senadora – Na flor dos seus 70 aninhos, a senadora Marta Suplicy foi
entrevistada por Pedro Dias Leite para a revista Veja. Filha de Luís Afonso
Smith de Vasconcelos e de Noêmia Fracalanza, Marta Teresa Smith de Vasconcelos,
que até hoje se assina Marta Suplicy, falou da fundação do PT, do chifre que
plantou na testa do santo Eduardo Matarazzo Suplicy, tão bobo que se deixou
fotografar no Senado com uma calcinha feminina, vermelha, sobre a calça azul do
terno, contou do inacreditável casamento com um picareta internacional, festa que
movimentou a República, e foi por aí até dizer dos seus despachos com a
presidente incompetenta: “Até eu começar o ‘Volta, Lula’ foi agradabilíssimo.
Ela é uma pessoa muito culta. Tem uma vasta cultura, é muito agradável para
conversar. Lê muito, entende muito de arte, de teatro, conhece profundamente
vários museus. Depois do ‘Volta, Lula’ ela passou a implicar com tudo”.
A “vasta cultura” da incompetenta foi descoberta pela mãe do Supla, Eduardo Smith de Vasconcelos Suplicy, e uma senhora capaz de criar o Supla não é a mais indicada para avaliar a cultura de ninguém. Ainda assim, se a vasta cultura fosse verdade não seria original. Em seu livro O Conde d’Abranhos, Eça de Queiroz tem o conselheiro Gama Torres, alta figura de relevo na história Constitucional, chefe de família que entendia, e muito bem, que a política não deve sorver fortunas, mas, pelo contrário, produzi-las.
Gama Torres, apesar de sua alta ilustração “a sua prudência, a sua reserva eram tais, que raras vezes se lhe tinha ouvido uma opinião nítida”.
Conservava suas ideias como um tesouro escondido. Eram para si, no silêncio do seu gabinete, mas se alguém entrava de repente, aferrolhava tudo à pressa no cofre do cérebro, e a sua larga testa não oferecia mais que uma fachada impenetrável e monumental.
Tudo que o Brasil conhece de Dilma Vana Rousseff é a reprodução perfeita e acabada do conselheiro Gama Torres: avareza intelectual. A mãe do Supla talvez se tenha confundido com uma vasta cultura de soja, impedida de alcançar os portos pelo estado miserável de nossas estradas federais.
A “vasta cultura” da incompetenta foi descoberta pela mãe do Supla, Eduardo Smith de Vasconcelos Suplicy, e uma senhora capaz de criar o Supla não é a mais indicada para avaliar a cultura de ninguém. Ainda assim, se a vasta cultura fosse verdade não seria original. Em seu livro O Conde d’Abranhos, Eça de Queiroz tem o conselheiro Gama Torres, alta figura de relevo na história Constitucional, chefe de família que entendia, e muito bem, que a política não deve sorver fortunas, mas, pelo contrário, produzi-las.
Gama Torres, apesar de sua alta ilustração “a sua prudência, a sua reserva eram tais, que raras vezes se lhe tinha ouvido uma opinião nítida”.
Conservava suas ideias como um tesouro escondido. Eram para si, no silêncio do seu gabinete, mas se alguém entrava de repente, aferrolhava tudo à pressa no cofre do cérebro, e a sua larga testa não oferecia mais que uma fachada impenetrável e monumental.
Tudo que o Brasil conhece de Dilma Vana Rousseff é a reprodução perfeita e acabada do conselheiro Gama Torres: avareza intelectual. A mãe do Supla talvez se tenha confundido com uma vasta cultura de soja, impedida de alcançar os portos pelo estado miserável de nossas estradas federais.
Satisfação – Pesquisa séria listou os naturais dos países sexualmente
mais satisfeitos. Suíça, Espanha e Itália ocupam os três primeiros lugares,
apesar do desemprego e da crise econômica na Itália e na Espanha. Em 4º lugar
temos um país grande e bobo vivendo crise econômica, PIB negativo e ladroeira
inimaginável. Donde se conclui que o tamanho do PIB não prejudica o entusiasmo
com que o bernardo vai às compras.
Outra surpresa surpreendente é a Grécia na quinta posição. Depois vem a Holanda, também chamada Países Baixos, e o sexo sempre envolveu os países baixos.
México e Índia em 7º e 8º lugares, o que explica o bilhão e trezentos milhões de indianos. Austrália em 9º lugar e Nigéria em 10º, por sinal o país mais povoado da África. Alemanha, surpresa!, em 11º com cerveja, chucrute e salsichão, e a China, justificando seu bilhão, trezentos e sessenta milhões de chineses, em 12º. É mil vezes, é um milhão de vezes melhor comer uma chinesa do que as iguarias expostas nos mercados chineses.
Outra surpresa surpreendente é a Grécia na quinta posição. Depois vem a Holanda, também chamada Países Baixos, e o sexo sempre envolveu os países baixos.
México e Índia em 7º e 8º lugares, o que explica o bilhão e trezentos milhões de indianos. Austrália em 9º lugar e Nigéria em 10º, por sinal o país mais povoado da África. Alemanha, surpresa!, em 11º com cerveja, chucrute e salsichão, e a China, justificando seu bilhão, trezentos e sessenta milhões de chineses, em 12º. É mil vezes, é um milhão de vezes melhor comer uma chinesa do que as iguarias expostas nos mercados chineses.
Ruminanças – “Se o Rio é a capital do Estado do Rio e a Baía de Guanabara vai
continuar poluída, por que não transferir para Angra as velas da Olimpíada
2016? O Rio e o mundo acompanham competições de vela pela televisão.” (R. Manso
Neto).
04 a 10 de maio de 2015
Direção – Cá entre nós, que ninguém nos oiça: um Lamborghini de quase três milhões de reais nas ruas do Rio, ou nas estradas brasileiras, é mais que ostentação, é burrice. Com todo o respeito, o Grupo X começou a desmoronar com a compra do veículo desportivo de luxo e de alto desempenho, fabricado pela Automobili Lamborghini S.p.A. no município Modena de Snt’Agata Bolognese. Fundada em maio de 1963 por Ferruccio Lamborghini, a empresa é presidida por Stephan Winkelmann e os interessados podem entrar em contato com a fábrica através do atendimento ao cliente: +39 051 959 7282.
Peço ao leitor que não veja despeito, inveja ou coisa parecida no parágrafo anterior, mas a simples constatação de que um Lamborghini, no Brasil atual, é burrice. Nos mais de 50 anos em que dirigi automóveis sempre tive o pé direito meio pesado: só respeitava os meus limites e os limites das estradas. Não recomendo, mas era o meu jeito de conduzir os veículos. Peguei muitos anos de estradas bem pavimentadas, radares nenhuns, fiscalização nenhuma.
Certa feita, num 31 de dezembro, voltando de Londrina para Juiz de Fora, Opala 6 cornetas, tanque de 120 litros, amortecedores especiais, fui parado numa estrada paulista: 150 km/h. O patrulheiro comentou: “O Opala está redondão”. Quando viu a placa juiz-forana, explicou: “Pode ficar tranquilo, que esta multa não vai chegar nunca”. Despedimo-nos com votos sinceros de feliz ano-novo e cheguei a casa antes do réveillon.
Vira-e-mexe os apresentadores das tevês informam que 60% dos acidentes em nossas estradas têm sido provocados por excesso de velocidade, mas omitem duas verdades: as estradas acabaram de acabar e o número de barbeiros dos vários sexos conhecidos, gente que tem CNH e não sabe dirigir, passa dos 90%.
Peço ao leitor que não veja despeito, inveja ou coisa parecida no parágrafo anterior, mas a simples constatação de que um Lamborghini, no Brasil atual, é burrice. Nos mais de 50 anos em que dirigi automóveis sempre tive o pé direito meio pesado: só respeitava os meus limites e os limites das estradas. Não recomendo, mas era o meu jeito de conduzir os veículos. Peguei muitos anos de estradas bem pavimentadas, radares nenhuns, fiscalização nenhuma.
Certa feita, num 31 de dezembro, voltando de Londrina para Juiz de Fora, Opala 6 cornetas, tanque de 120 litros, amortecedores especiais, fui parado numa estrada paulista: 150 km/h. O patrulheiro comentou: “O Opala está redondão”. Quando viu a placa juiz-forana, explicou: “Pode ficar tranquilo, que esta multa não vai chegar nunca”. Despedimo-nos com votos sinceros de feliz ano-novo e cheguei a casa antes do réveillon.
Vira-e-mexe os apresentadores das tevês informam que 60% dos acidentes em nossas estradas têm sido provocados por excesso de velocidade, mas omitem duas verdades: as estradas acabaram de acabar e o número de barbeiros dos vários sexos conhecidos, gente que tem CNH e não sabe dirigir, passa dos 90%.
Críticas – Não há nada, rigorosamente nada que Barack Hussein Obama faça e não seja criticado. Fumante foi criticado. Parou de fumar, inventou goma de mascar para esquecer o cigarro, foi criticado pelo chiclete mascado no funeral do rei saudita. Caiu na besteira de se deixar filmar fazendo uma selfie e quase foi escalpelado. Vale notar que era uma selfie “do bem” recomendando aos cidadãos que se inscrevessem no plano de saúde do governo. É claro, como também é lógico e evidente, que 95% dessas críticas embutem o preconceito racial muito comum nos EUA e noutros países das Américas. Numa excursão aos EUA ainda conheci os ônibus em que os brancos viajavam na frente e os negros nos assentos dos fundos. Havia plaquetas Colored only, que podiam ser deslocadas sobre os encostos dos bancos conforme houvesse mais pretos ou mais brancos no veículo. Uma de nossas colegas de excursão, mulata, não era atendida pelas garçonetes do sul dos EUA, o que obrigava os brancos a encomendar aquilo que a moça queria comer e beber.
Quando fomos visitar famosa universidade colored sulista, o diretor, crioulo elegantíssimo e famoso, se emocionou, quase chorou ao discursar elogiando a inexistência de preconceito racial entre os brasileiros. Isto porque a turma da excursão fraternizou cinicamente com os universitários coloreds aos beijos e abraços, fraternidade que não existia no Brasil daquele tempo. No dicionário do Dr. Bill Gates, colored hoje é offensive term.
Já que o assunto mistura as selfies com os Estados Unidos, não é demais lembrar que ainda outro dia, na Pensilvânia, o jovem Maxwell Marion Morton, mulato de 16 anos, matou a tiros o colega Ryan Mangan, 16, residente na mesma casa, e fez uma selfie ao lado do defunto. Claro que postou a foto nas redes sociais. Preso, vai encarar pena de morte ou prisão perpétua, dependendo das leis da Pensilvânia. Num país grande e bobo o assassino seria apreendido, passaria alguns meses entre jovens igualmente futurosos e logo voltaria ao seio da sociedade.
Quando fomos visitar famosa universidade colored sulista, o diretor, crioulo elegantíssimo e famoso, se emocionou, quase chorou ao discursar elogiando a inexistência de preconceito racial entre os brasileiros. Isto porque a turma da excursão fraternizou cinicamente com os universitários coloreds aos beijos e abraços, fraternidade que não existia no Brasil daquele tempo. No dicionário do Dr. Bill Gates, colored hoje é offensive term.
Já que o assunto mistura as selfies com os Estados Unidos, não é demais lembrar que ainda outro dia, na Pensilvânia, o jovem Maxwell Marion Morton, mulato de 16 anos, matou a tiros o colega Ryan Mangan, 16, residente na mesma casa, e fez uma selfie ao lado do defunto. Claro que postou a foto nas redes sociais. Preso, vai encarar pena de morte ou prisão perpétua, dependendo das leis da Pensilvânia. Num país grande e bobo o assassino seria apreendido, passaria alguns meses entre jovens igualmente futurosos e logo voltaria ao seio da sociedade.
Interação – O Google tem 483 mil entradas para “Vamos e convenhamos”, que esgotam o tema deste meu philosophar, motivo pelo qual peço licença para ir direto ao assunto: interação. É influência mútua de órgãos ou organismos inter-relacionados, como a do coração e dos pulmões. É comunicação entre pessoas que convivem, diálogo, trato, contato. As rubricas estatística e física tem acepções que não nos interessam, enquanto na rubrica sociologia é o conjunto das ações e relações entre os membros de um grupo ou entre grupos de uma comunidade. Acontece que desejo analisar outra interação: a dos comentaristas de futebol com os telespectadores do canal, mania que me parece das mais idiotas.
Se o sujeito chega a comentarista de futebol e vive disso é porque tem conhecimentos, aptidão e o respeito dos seus pares. Interessa ao etelespectador ouvir as opiniões dos comentaristas e não o que dizem os idiotas que interagem com eles. Como também não interessam ao telespectador as opiniões dos idiotas entrevistados nas ruas. Se o sujeito testemunhou um fato, uma trombada, um tiro, tudo bem. Mas perguntar por perguntar, para encher linguiça na matéria, ofende o telespectador.
A humanidade adora aparecer e opinar na tevê, sem que as opiniões interessem ao sujeito que comprou um televisor e paga pelos canais a cabo. A ESPN, que transmite partidas do bom futebol alemão e espanhol, tem a mania de interagir com o distinto público e inclui, nas mesas de debates, frases de assinantes que interagem com os comentaristas profissionais. No meu entendimento philosophico é uma burrice.
E agora lhes conto do meu interesse pelo “venhamos e convenhamos”, marca registrada de um idiota que circulava no Rio de antigamente. Só dizia idiotices. Sendo embora convinhável concordar com os idiotas para evitar discussões e perda de tempo, com o tal cavalheiro era meio difícil.
Se o sujeito chega a comentarista de futebol e vive disso é porque tem conhecimentos, aptidão e o respeito dos seus pares. Interessa ao etelespectador ouvir as opiniões dos comentaristas e não o que dizem os idiotas que interagem com eles. Como também não interessam ao telespectador as opiniões dos idiotas entrevistados nas ruas. Se o sujeito testemunhou um fato, uma trombada, um tiro, tudo bem. Mas perguntar por perguntar, para encher linguiça na matéria, ofende o telespectador.
A humanidade adora aparecer e opinar na tevê, sem que as opiniões interessem ao sujeito que comprou um televisor e paga pelos canais a cabo. A ESPN, que transmite partidas do bom futebol alemão e espanhol, tem a mania de interagir com o distinto público e inclui, nas mesas de debates, frases de assinantes que interagem com os comentaristas profissionais. No meu entendimento philosophico é uma burrice.
E agora lhes conto do meu interesse pelo “venhamos e convenhamos”, marca registrada de um idiota que circulava no Rio de antigamente. Só dizia idiotices. Sendo embora convinhável concordar com os idiotas para evitar discussões e perda de tempo, com o tal cavalheiro era meio difícil.
Festejo – Quinta-feira, dia útil, 11 horas da manhã. No bairro
vizinho aqui do tugúrio philosophico, um grupo de jovens correndo e atirando
pelas ruas. Atirando a esmo, armas e munição de verdade. O motorista do ônibus
entrou numa rua que não faz parte do seu trajeto e se desculpou com os
passageiros, que entenderam o desvio de rota. Nem se diga que os jovens
festejavam o jogo do Tupi, que só se realizaria dois dias depois num estádio
distante daquela rua. Festejariam o quê? Empréstimo do Fies para fazer faculdade
particular? A volta ao seio da bandidagem de um deles, apreendido horas antes?
O fato é que corriam e atiravam. Munição de verdade.
Comendas – “Procura o Silva, no segundo andar da Casa da Borracha, e
diz que é meu amigo” foi a orientação que recebi, na flor dos meus 18 aninhos,
de um deputado federal baiano diretor de um banco oficial no Rio.
Sabe o leitor para quê? Para comprar um consolador, pênis artificial que hoje se vende hoje em qualquer esquina e pela internet, não raras vezes motorizado, que deve ser um assombro dos mais assombrosos.
O deputado andava com o seu numa “valise de médico”, comum naquele tempo para transportar estetoscópio, termômetro, medidor de pressão arterial e medicamentos de urgência.
Visitando-o no banco, presenciei a entrada em seu gabinete de uma vedete muito famosa, falecida recentemente, que foi chegando e dizendo: “Parabéns! Tenho trinta anos de cama e está ardendo até agora”.
Explicação: o deputado se relacionara com a vedete na véspera, tendo a cautela antecipada de botar Vick Vaporub morno no escroto do pênis vendido pelo Silva. Não minto: assisti à cena. Esclareço que o parlamentar era de uma geração anterior à minha e até hoje não conheço o Silva.
O assunto vem à balha porque o baiano tinha mania de comendas e vivia repetindo: “Dizem que é fácil, mas vai comprar...”. No recente 21 de abril assistimos à deprimente distribuição de colares e medalhas em Ouro Preto, MG, com o invariável amedalhar de canalhas da pior espécie. Ficaram faltando o Marcola e o Fernandinho Beira-Mar para a cerimônia atingir a perfeição. Aposto que o neto do finado João Vaccari tem várias condecorações. Em Ouro Preto melhor fariam se, em vez de colares e grandes colares, distribuíssem falos artificiais abastecidos com Vick Vaporub morno, que têm a virtude de arder durante 24 horas.
Sabe o leitor para quê? Para comprar um consolador, pênis artificial que hoje se vende hoje em qualquer esquina e pela internet, não raras vezes motorizado, que deve ser um assombro dos mais assombrosos.
O deputado andava com o seu numa “valise de médico”, comum naquele tempo para transportar estetoscópio, termômetro, medidor de pressão arterial e medicamentos de urgência.
Visitando-o no banco, presenciei a entrada em seu gabinete de uma vedete muito famosa, falecida recentemente, que foi chegando e dizendo: “Parabéns! Tenho trinta anos de cama e está ardendo até agora”.
Explicação: o deputado se relacionara com a vedete na véspera, tendo a cautela antecipada de botar Vick Vaporub morno no escroto do pênis vendido pelo Silva. Não minto: assisti à cena. Esclareço que o parlamentar era de uma geração anterior à minha e até hoje não conheço o Silva.
O assunto vem à balha porque o baiano tinha mania de comendas e vivia repetindo: “Dizem que é fácil, mas vai comprar...”. No recente 21 de abril assistimos à deprimente distribuição de colares e medalhas em Ouro Preto, MG, com o invariável amedalhar de canalhas da pior espécie. Ficaram faltando o Marcola e o Fernandinho Beira-Mar para a cerimônia atingir a perfeição. Aposto que o neto do finado João Vaccari tem várias condecorações. Em Ouro Preto melhor fariam se, em vez de colares e grandes colares, distribuíssem falos artificiais abastecidos com Vick Vaporub morno, que têm a virtude de arder durante 24 horas.
Poleiro – Tem aquela história do jabuti que aparece num galho de
árvore. Se lá está foi porque alguém o botou. Os bocós usam o verbo colocar,
que entrou em nosso idioma no século XV, mas nos momentos mais altos da
nacionalidade e da cidadania está para nascer a mulher séria que diga “coloca!”
para o seu parceiro: a ordem é “bota!”.
Poleiro é poder e jabuti é cágado. Portanto, quando o cágado aparece no poder foi porque alguém o botou. E o cágado só faz besteiras, afunda o país, consegue a proeza de fazer o pior governo da história, sem falar da roubalheira sem cômpar no mundo civilizado. Pausa para dizer que cômpar, adjetivo de dois gêneros, é puro latim e pega bem à beça e à bessa.
Isto posto, considerando que o cágado adora o feminino e o tratamento presidenta, respeitemos o seu gosto concordando em que o seu desgoverno é uma cagada. Pobre país.
Poleiro é poder e jabuti é cágado. Portanto, quando o cágado aparece no poder foi porque alguém o botou. E o cágado só faz besteiras, afunda o país, consegue a proeza de fazer o pior governo da história, sem falar da roubalheira sem cômpar no mundo civilizado. Pausa para dizer que cômpar, adjetivo de dois gêneros, é puro latim e pega bem à beça e à bessa.
Isto posto, considerando que o cágado adora o feminino e o tratamento presidenta, respeitemos o seu gosto concordando em que o seu desgoverno é uma cagada. Pobre país.
27 de abril a 3 de maio de 2015
Democracias – O Iraque de Saddam, o Egito de Mubarak, a Líbia de Muammar Abu Minyar al-Gaddafi, a Pérsia de Mohammad Reza Pahlavi, a Síria, quando tiver a infelicidade de perder o médico Bashar al-Assad, a Guiné Equatorial, se perder o presidente Teodoro Obiang Nguema Mbasogo e muitos outros países, muitíssimos entre os 192 reconhecidos pela ONU, demonstram uma verdade: este negócio de democracia, estado democrático de direito, eleição, voto universal etc. é incompatível com inúmeras regiões do planeta.
“Na prática a teoria é outra” já dizia o jardineiro de Nelson Palma Travassos, verdade aproveitada como título de um livro de Joelmir Beting. De que adianta o voto universal se, em muitos países, os votos são trocados por comida e muitos eleitores, milhões, são estes que a gente conhece. Aí, os cavalheiros e as damas ficam orgulhosos de pertencer a um estado democrático de direito que tem os recordes mundiais de homicídios por 100 mil habitantes e o recorde internacional de roubalheira por 10 habitantes ou por 200 milhões, tanto faz.
Por falar em número de habitantes, a Guiné Equatorial é uma graça. Nas fontes que consultei e nos textos de gente seriíssima encontrei de 672 mil a 2 milhões e 300 mil. O palácio de Teodoro Obiang Nguema Mbasogo é bonito. Removam sua excelência, vejam o que vai acontecer nos 28.051 km2 e depois me contem.
E tem mais uma coisa: sem empreitadas e empreiteiras a República da Guiné Equatorial e a República Federativa do Brasil param na véspera. Nossas empreiteiras têm quadros técnicos da melhor supimpitude: engenheiros, arquitetos, projetistas, calculistas, mestres-de-obras, operários & cia. ilimitada. A solução leniente, de lenidade, suave, doce e mansa para a enrascada em que se envolveram é muito simples: novas empresas que aproveitem os quadros técnicos de excelentes profissionais, que não têm culpa em cartório e são indispensáveis para o bem de todos e felicidade geral das nações.
“Na prática a teoria é outra” já dizia o jardineiro de Nelson Palma Travassos, verdade aproveitada como título de um livro de Joelmir Beting. De que adianta o voto universal se, em muitos países, os votos são trocados por comida e muitos eleitores, milhões, são estes que a gente conhece. Aí, os cavalheiros e as damas ficam orgulhosos de pertencer a um estado democrático de direito que tem os recordes mundiais de homicídios por 100 mil habitantes e o recorde internacional de roubalheira por 10 habitantes ou por 200 milhões, tanto faz.
Por falar em número de habitantes, a Guiné Equatorial é uma graça. Nas fontes que consultei e nos textos de gente seriíssima encontrei de 672 mil a 2 milhões e 300 mil. O palácio de Teodoro Obiang Nguema Mbasogo é bonito. Removam sua excelência, vejam o que vai acontecer nos 28.051 km2 e depois me contem.
E tem mais uma coisa: sem empreitadas e empreiteiras a República da Guiné Equatorial e a República Federativa do Brasil param na véspera. Nossas empreiteiras têm quadros técnicos da melhor supimpitude: engenheiros, arquitetos, projetistas, calculistas, mestres-de-obras, operários & cia. ilimitada. A solução leniente, de lenidade, suave, doce e mansa para a enrascada em que se envolveram é muito simples: novas empresas que aproveitem os quadros técnicos de excelentes profissionais, que não têm culpa em cartório e são indispensáveis para o bem de todos e felicidade geral das nações.
Memórias – Numa só noite na tevê, Venezuela e Bibi Ferreira me fazem voltar muitos anos no tempo. Fui vizinho de Bibi num edifício do Rio. Abigail Izquierdo Ferreira já era uma celebridade, sem deixar de ser muito educada e simpática quando nos encontrávamos no elevador. Aí é que está: uma pessoa pode ficar célebre sem deixar de ser educada. A Venezuela me lembra uma festa em sua embaixada, no Rio, quando aprendi a usar smoking com mocassins pretos. Sapato de cromo alemão é chique, mas insuportável. Mocassins da velha Motex eram muito confortáveis.
Don Leonardo Altuve Carrillo, o embaixador, era sujeito civilizado, em tudo e por tudo diferente dos bolivarianos que se apossaram daquele país. Recebia seus convidados de mocassins negros, talvez para dar um toque informal de anfitrião, ideia que adotei com entusiasmo a partir de então. Ângela Maria lá estava cantando muitíssimo bem, era bonita e simpática. Ouso dizer que me olhou com algum interesse. E o champanha foi de primeiríssima qualidade.
Don Leonardo Altuve Carrillo, o embaixador, era sujeito civilizado, em tudo e por tudo diferente dos bolivarianos que se apossaram daquele país. Recebia seus convidados de mocassins negros, talvez para dar um toque informal de anfitrião, ideia que adotei com entusiasmo a partir de então. Ângela Maria lá estava cantando muitíssimo bem, era bonita e simpática. Ouso dizer que me olhou com algum interesse. E o champanha foi de primeiríssima qualidade.
Hidrômetros – O Brasil inteiro passou a discutir o hidrômetro, aparelho com que se mede o consumo de água nos imóveis. Parece que o ar em lugar da água aumenta a velocidade do sensor e ferra o dono da casa na hora da conta. Ar e água também aumentariam a velocidade da medição, como ouvi no rádio. A especialista no assunto, professora da UFMG, recomenda que os prédios novos tenham hidrômetros individuais por apartamento, visando a acabar com a injustiça de dividir por todos os condôminos, os econômicos e os gastadores de água, a conta do fim do mês.
Enquanto isso, como tenho parentes católicos, alguns até muito católicos, ando preocupado com o ar que passa pelas cordas vocais do papa Francisco, muito falante para o meu gosto. Uma de suas últimas verbalizações indispôs o México inteiro com o Vaticano ao constatar que teme “a mexicanização da violência na Argentina”. A não ser que esteja concorrendo com a incompetenta, a gerenta mestra em dizer asneiras, o sumo pontífice já passou a sentir o peso da idade e deve começar a gravar as falas para edição por sua assessoria. É claro que todo cidadão lúcido teme a mexicanização de seu país, mas um papa não pode dizer esta verdade. Até os mexicanos lúcidos – e os há – se pudessem cuidariam da desmexicanização dos Estados Unidos Mexicanos, república constitucional federal localizada na América do Norte, 122 milhões de habitantes em 2013 segundo o Banco Mundial, 1.958.202 km2, 52% mestiços, 19% indígenas, 6% brancos, 2% mulatos e 3% “outra raça” (fonte:Latinobarómetro).
O só fato de sabermos que os 2% mulatos não se incluem nos 52% mestiços mostra a complexidade dos problemas de um país que tem 82,7% de católicos romanos e o espanhol ou castelhano como idioma oficial, reconhecendo oficialmente 68 agrupamentos linguísticos indígenas, totalizando 364 variantes reconhecidas como línguas.
Enquanto isso, como tenho parentes católicos, alguns até muito católicos, ando preocupado com o ar que passa pelas cordas vocais do papa Francisco, muito falante para o meu gosto. Uma de suas últimas verbalizações indispôs o México inteiro com o Vaticano ao constatar que teme “a mexicanização da violência na Argentina”. A não ser que esteja concorrendo com a incompetenta, a gerenta mestra em dizer asneiras, o sumo pontífice já passou a sentir o peso da idade e deve começar a gravar as falas para edição por sua assessoria. É claro que todo cidadão lúcido teme a mexicanização de seu país, mas um papa não pode dizer esta verdade. Até os mexicanos lúcidos – e os há – se pudessem cuidariam da desmexicanização dos Estados Unidos Mexicanos, república constitucional federal localizada na América do Norte, 122 milhões de habitantes em 2013 segundo o Banco Mundial, 1.958.202 km2, 52% mestiços, 19% indígenas, 6% brancos, 2% mulatos e 3% “outra raça” (fonte:Latinobarómetro).
O só fato de sabermos que os 2% mulatos não se incluem nos 52% mestiços mostra a complexidade dos problemas de um país que tem 82,7% de católicos romanos e o espanhol ou castelhano como idioma oficial, reconhecendo oficialmente 68 agrupamentos linguísticos indígenas, totalizando 364 variantes reconhecidas como línguas.
Racismo – Em Londres, uma senhora branca foi impedida de alugar apartamento pelos moradores de um prédio sob o argumento de que ali só residem negros. Em Paris, torcedores do Chelsea impediram cavalheiro negro de embarcar num vagão do metrô informando que são racistas e não viajam com negros, mas torcem pelo time de Ramires, Willian, Drogba, Remy, Cuadrado e outros craques não-brancos. Três torcedores, identificados através dos vídeos transmitidos pela mídia, devem ser multados, podem pegar cadeia e talvez sejam impedidos de assistir aos jogos do seu time para sempre.
Além de crime, racismo tem aspectos biológicos e episódios divertidos. Entre os torcedores do Grêmio que chamaram de macaco o goleiro Aranha, que defendia a Santos, havia um gremista de pele muito mais escura que a do senhor Aranha. O fundamento biológico é o seguinte: experimente espalhar numa planície imensa 15 zebras, 15 girafas, 15 vacas, 15 fêmeas gnus, 15 éguas e mais 15 de outras 50 espécies de animais vegetarianos. Em pouquíssimo tempo os animais espalhados estarão reunidos em grupos das respectivas espécies: os animais procuram os iguais e evitam os diferentes. Excluí os carnívoros, que se alimentam dos outros.
Na espécie humana é relativamente comum a atração sexual pelas criaturas de peles diferentes, que os livros da Medicina Legal de antanho chamavam de “cromo-inversão sexual”. Cromo: grego khrôma,atos 'cor'. Fomos colonizados por europeus que adoravam “mandar o bernardo à compras” sempre que viam senhoras e senhoritas de peles escuras, no que obravam muito bem. Na frase, bernardo não é nome próprio: é sinônimo de pirilau em Portugal. É fácil adivinhar o que faz quando vai às compras.
Voltando ao futebol, nada mais divertido do que assistir aos jogos do campeonato francês. O número de atletas de cor é parecido com o dos campeonatos africanos. O campeonato inglês também é rico em melanina e os torcedores do Chelsea, filmados no metrô parisiense, não passam de imbecis trêbados.
Além de crime, racismo tem aspectos biológicos e episódios divertidos. Entre os torcedores do Grêmio que chamaram de macaco o goleiro Aranha, que defendia a Santos, havia um gremista de pele muito mais escura que a do senhor Aranha. O fundamento biológico é o seguinte: experimente espalhar numa planície imensa 15 zebras, 15 girafas, 15 vacas, 15 fêmeas gnus, 15 éguas e mais 15 de outras 50 espécies de animais vegetarianos. Em pouquíssimo tempo os animais espalhados estarão reunidos em grupos das respectivas espécies: os animais procuram os iguais e evitam os diferentes. Excluí os carnívoros, que se alimentam dos outros.
Na espécie humana é relativamente comum a atração sexual pelas criaturas de peles diferentes, que os livros da Medicina Legal de antanho chamavam de “cromo-inversão sexual”. Cromo: grego khrôma,atos 'cor'. Fomos colonizados por europeus que adoravam “mandar o bernardo à compras” sempre que viam senhoras e senhoritas de peles escuras, no que obravam muito bem. Na frase, bernardo não é nome próprio: é sinônimo de pirilau em Portugal. É fácil adivinhar o que faz quando vai às compras.
Voltando ao futebol, nada mais divertido do que assistir aos jogos do campeonato francês. O número de atletas de cor é parecido com o dos campeonatos africanos. O campeonato inglês também é rico em melanina e os torcedores do Chelsea, filmados no metrô parisiense, não passam de imbecis trêbados.
20 a 26 de abril de 2015
Fatos – Formado em Direito com mestrado em Economia e doutorado em Filosofia pela USP, onde é professor de Ciência Política, o paulistano Fernando Haddad, que foi ministro da Educação entre 2005 e 2012, estudou tanta coisa que ainda não teve tempo de aprender português.
Como prefeito de São Paulo, ao pedir ajuda ao Exército para combater a dengue, sua excelência disse no dia 16 de abril: “Oitenta por cento dos focosestá dentro das residências”. Pois é: oitenta por cento dos focos está e cem por cento dos estudantes estão ferrados, a partir do português de um cavalheiro que foi ministro da Educação durante seis anos, é petista, cristão ortodoxo e tem mulher bonita, a senhora Ana Estela Haddad.
Como prefeito de São Paulo, ao pedir ajuda ao Exército para combater a dengue, sua excelência disse no dia 16 de abril: “Oitenta por cento dos focosestá dentro das residências”. Pois é: oitenta por cento dos focos está e cem por cento dos estudantes estão ferrados, a partir do português de um cavalheiro que foi ministro da Educação durante seis anos, é petista, cristão ortodoxo e tem mulher bonita, a senhora Ana Estela Haddad.
Progresso – Entrevistado pela televisão em seu apartamento carioca, o editor José Olympio Pereira Filho (1902-1990), beirando os noventa, resumiu a situação: “A velhice é uma merda”. Realmente, além dos seus problemas, que são muitos, o velho acompanha o mundo que aí está e fica horrorizado com o que vê.
Limito-me ao noticiário televisivo matinal, pois acordo cedo. No dia em que escrevo, a moça do trânsito informava que uma viagem de ônibus de Campo Grande ao centro do Rio, trafegando pela faixa especial para coletivos, demorava 1h55min. Isso mesmo que deu para entender: quase duas horas, sem contar o tempo que o trabalhador levou de sua casa ao ponto do ônibus e do centro do Rio até ao seu local de trabalho.
Enquanto isso, o repórter do helicóptero filmava os engarrafamentos monstruosos em todas as vias de acesso à Cidade Maravilhosa. Do meu cantinho, café tomado, philosophei: isto contraria a natureza.
Morei e trabalhei no Rio até inteirar 30 anos. Trabalhava no centro do centro da cidade: esquina das avenidas Presidente Vargas com Rio Branco. Pois muito bem: nos dias em que não encontrava lugar para estacionar o carro no quarteirão do prédio em que trabalhava, ficava furioso de estacionar no quarteirão vizinho. No final da tarde o carro não tinha sido roubado. Não foi há mil anos, mas ainda outro dia, ou há 40 anos, como queiram.
Nesse tempo, convivi com o prefeito do Rio, engenheiro honesto, muito amigo de nossa família, que sustentava a impossibilidade de construir o metrô na cidade que administrava honestamente “pelas fundações dos prédios”. Respeitando sua memória e nossa amizade, não lhe digo o nome, mas o leitor de Marcia Lobo pode acreditar em mim.
Limito-me ao noticiário televisivo matinal, pois acordo cedo. No dia em que escrevo, a moça do trânsito informava que uma viagem de ônibus de Campo Grande ao centro do Rio, trafegando pela faixa especial para coletivos, demorava 1h55min. Isso mesmo que deu para entender: quase duas horas, sem contar o tempo que o trabalhador levou de sua casa ao ponto do ônibus e do centro do Rio até ao seu local de trabalho.
Enquanto isso, o repórter do helicóptero filmava os engarrafamentos monstruosos em todas as vias de acesso à Cidade Maravilhosa. Do meu cantinho, café tomado, philosophei: isto contraria a natureza.
Morei e trabalhei no Rio até inteirar 30 anos. Trabalhava no centro do centro da cidade: esquina das avenidas Presidente Vargas com Rio Branco. Pois muito bem: nos dias em que não encontrava lugar para estacionar o carro no quarteirão do prédio em que trabalhava, ficava furioso de estacionar no quarteirão vizinho. No final da tarde o carro não tinha sido roubado. Não foi há mil anos, mas ainda outro dia, ou há 40 anos, como queiram.
Nesse tempo, convivi com o prefeito do Rio, engenheiro honesto, muito amigo de nossa família, que sustentava a impossibilidade de construir o metrô na cidade que administrava honestamente “pelas fundações dos prédios”. Respeitando sua memória e nossa amizade, não lhe digo o nome, mas o leitor de Marcia Lobo pode acreditar em mim.
Aggiornamento – De brinco na orelha direita, Juca Ferreira, ministro da Cultura, depois de ter sido bento por um índio acreano da tribo ashininka, nomeou o Dr. Francisco Bosco presidente da Funarte, Fundação Nacional de Artes, que, como sabe o leitor, é o órgão responsável pelo desenvolvimento de políticas públicas de fomento às artes visuais, à música, ao teatro, à dança e ao circo.
Benzido pelo indígena e de brinco na orelha, o ministro obrou muito bem ao nomear para a Funarte um homem feliz, que foi batizado Francisco de Castro Mucci (Rio de Janeiro, 1976) e adotou o nome Francisco Bosco por ser filho do cantor, violonista e compositor mineiro João Bosco de Freitas Mucci (Ponte Nova, 1946). Bela demonstração de amor filial aproveitando a ensancha oportunosa para se beneficiar do nome e da fama do cantor, violonista e compositor.
Numa quadra em que o pessimismo assola este país, saudoso do tempo em que o governo operava num mar de lama, hoje transformado em mar de fez, ortoépia é, latim faex,cis (fezes), é reconfortante saber da existência de um homem feliz à frente do órgão responsável pelo desenvolvimento de políticas públicas de fomento às artes visuais, à música, ao teatro, à dança e ao circo.
Como aferir a felicidade de alguém? Ora, por suas próprias palavras. No texto em que se despediu do Globo, depois de cinco anos de colunas semanais, para assumir a presidência da Funarte, o Dr. Francisco de Castro Mucci, codinome Francisco Bosco, afirmou: “Daqui a três meses vão se completar cinco anos desde que estreei como colunista deste caderno, no bojo de sua reinvenção, concebida pela então editora Isabel De Luca. A reformulação teve um sentido de desprovincianização e aggiornamento de ideias. Foram chamadas figuras eminentes da cultura brasileira para as colunas da página 2”.
Existe maior exemplo de felicidade? O cavalheiro é chamado para fazer uma coluna semanal e diz que foi lembrado porque a editora do caderno convidou “figuras eminentes”. Palmas para ele.
Benzido pelo indígena e de brinco na orelha, o ministro obrou muito bem ao nomear para a Funarte um homem feliz, que foi batizado Francisco de Castro Mucci (Rio de Janeiro, 1976) e adotou o nome Francisco Bosco por ser filho do cantor, violonista e compositor mineiro João Bosco de Freitas Mucci (Ponte Nova, 1946). Bela demonstração de amor filial aproveitando a ensancha oportunosa para se beneficiar do nome e da fama do cantor, violonista e compositor.
Numa quadra em que o pessimismo assola este país, saudoso do tempo em que o governo operava num mar de lama, hoje transformado em mar de fez, ortoépia é, latim faex,cis (fezes), é reconfortante saber da existência de um homem feliz à frente do órgão responsável pelo desenvolvimento de políticas públicas de fomento às artes visuais, à música, ao teatro, à dança e ao circo.
Como aferir a felicidade de alguém? Ora, por suas próprias palavras. No texto em que se despediu do Globo, depois de cinco anos de colunas semanais, para assumir a presidência da Funarte, o Dr. Francisco de Castro Mucci, codinome Francisco Bosco, afirmou: “Daqui a três meses vão se completar cinco anos desde que estreei como colunista deste caderno, no bojo de sua reinvenção, concebida pela então editora Isabel De Luca. A reformulação teve um sentido de desprovincianização e aggiornamento de ideias. Foram chamadas figuras eminentes da cultura brasileira para as colunas da página 2”.
Existe maior exemplo de felicidade? O cavalheiro é chamado para fazer uma coluna semanal e diz que foi lembrado porque a editora do caderno convidou “figuras eminentes”. Palmas para ele.
Estelionato – Para que o leitor faça ideia do nível de esperteza que vai pela internet, transcrevo literalmente e-mail que recebi de alguém que se assina Maryalice Williams. Vamos ao texto e depois o leitor me dirá se existe alguém capaz de cair no golpe.
“Saudações Apostólica (sic) a vós da Sra. Maryalice Williams.
Com o devido respeito e humanidade eu escrevo para doar e entregar este fundo para você para orfanatos e viúvas / menos privilegiadas e propagar o evangelho de Deus (us $ 2,7 milhões) 2.700.000 dólares depositados em um banco na Costa do Marfim pela (sic) meu falecido marido. Eu, Sra. Maryalice Williams, 68 anos, sem um filho, casada com falecido Dr. Johnson Williams do Kuwait, que trabalhou com a empresa de petróleo (PETROCI) Costa do Marfim antes de morrer, no ano de 2010, após uma operação de artérias cardíacas, atualmente o meu médico disse que eu não vai (sic) durar por quatro meses devido ao câncer de cólon, para que são convidados a enviar suas informações completo (sic), tais como:
(1) O SEU NOME COMPLETO:
(2) O SEU NÚMERO DE TELEFONE E FAX:
(3) SEU ENDEREÇO RESIDENCIAL:
(4) SEXO:
(5) PAÍS:
(6) IDADE:
(7) OCUPAÇÃO:
(8) PASSAPORTE DE IDENTIFICAÇÃO:
lembre-me sempre em suas orações diárias. Obrigado (sic) e aguardando sua resposta rápida. Deus nos abençoe, Sra. Maryalice Williams”.
Os (sic) correm por conta do philosopho fascinado com a Sra. Maryalice casada com o falecido Dr. Johnson Williams do Kuwait. Melhor faria se fosse casada com ele vivo, mas a pergunta que lhe faço, caro e preclaro leitor de Marcia Lobo, é uma só: alguém cai neste golpe? Não é todo dia, mas nos últimos dois anos devo ter recebido quatro ou cinco e-mails do gênero. Presumo que muita gente responda e gostaria de saber como termina o golpe. O estelionatário deve pedir que o bobo deposite algum dinheiro numa determinada conta para pagar as despesas com a transferência dos milhões de dólares “depositados num banco da Costa do Marfim”.
“Saudações Apostólica (sic) a vós da Sra. Maryalice Williams.
Com o devido respeito e humanidade eu escrevo para doar e entregar este fundo para você para orfanatos e viúvas / menos privilegiadas e propagar o evangelho de Deus (us $ 2,7 milhões) 2.700.000 dólares depositados em um banco na Costa do Marfim pela (sic) meu falecido marido. Eu, Sra. Maryalice Williams, 68 anos, sem um filho, casada com falecido Dr. Johnson Williams do Kuwait, que trabalhou com a empresa de petróleo (PETROCI) Costa do Marfim antes de morrer, no ano de 2010, após uma operação de artérias cardíacas, atualmente o meu médico disse que eu não vai (sic) durar por quatro meses devido ao câncer de cólon, para que são convidados a enviar suas informações completo (sic), tais como:
(1) O SEU NOME COMPLETO:
(2) O SEU NÚMERO DE TELEFONE E FAX:
(3) SEU ENDEREÇO RESIDENCIAL:
(4) SEXO:
(5) PAÍS:
(6) IDADE:
(7) OCUPAÇÃO:
(8) PASSAPORTE DE IDENTIFICAÇÃO:
lembre-me sempre em suas orações diárias. Obrigado (sic) e aguardando sua resposta rápida. Deus nos abençoe, Sra. Maryalice Williams”.
Os (sic) correm por conta do philosopho fascinado com a Sra. Maryalice casada com o falecido Dr. Johnson Williams do Kuwait. Melhor faria se fosse casada com ele vivo, mas a pergunta que lhe faço, caro e preclaro leitor de Marcia Lobo, é uma só: alguém cai neste golpe? Não é todo dia, mas nos últimos dois anos devo ter recebido quatro ou cinco e-mails do gênero. Presumo que muita gente responda e gostaria de saber como termina o golpe. O estelionatário deve pedir que o bobo deposite algum dinheiro numa determinada conta para pagar as despesas com a transferência dos milhões de dólares “depositados num banco da Costa do Marfim”.
13 a 19 de abril de 2015
Verdades – Datado de 1683 em nosso idioma, inconsútil, adjetivo de dois gêneros, raramente é usado pela mídia, já porque muitos profissionais não o conhecem, já porque acham que o leitor comum não vai entender. Tenho a certeza de que os leitores de Marcia Lobo entendem, por isso pergunto: vocês conhecem algo mais inconsútil do que o governo da incompetenta?
Na acepção “que não tem costura” é óbvio que Kátia Abreu e Aldo Rebelo, que Helder Barbalho e... não consigo recordar os nomes dos imbecis, portanto Helder Barbalho e os seus colegas não têm costura. No sentido de “inteiriço, que é feito de uma só peça”, temos numa só peça 38 partes ruins, ressalvado o ministro Patrus Ananias de Souza, não pelo que pensa e representa, mas pelo fato de ser meu amigo e confrade na Academia Mineira de Letras.
O Ministério da Fazenda está nas mãos do risonho Joaquim Levy, que levou sua equipe da Bradesco Seguros. Alguém acredita na seguradora do Bradesco? No Brasil seguro é vigarice organizada, já dizia um revisor meu colega no Globo.
Inconsútil por derivação, em sentido figurado, “que não tem falhas, não tem fendas, não sofre interrupção”, realmente, as resoluções do ministério da incompetenta não sofre interrupção nas besteiras que pratica ele há mais de quatro anos. E assim, com esse “ele há”, que é português da melhor supimpitude, me despeço com pena de quem vive neste país grande e bobo.
Na acepção “que não tem costura” é óbvio que Kátia Abreu e Aldo Rebelo, que Helder Barbalho e... não consigo recordar os nomes dos imbecis, portanto Helder Barbalho e os seus colegas não têm costura. No sentido de “inteiriço, que é feito de uma só peça”, temos numa só peça 38 partes ruins, ressalvado o ministro Patrus Ananias de Souza, não pelo que pensa e representa, mas pelo fato de ser meu amigo e confrade na Academia Mineira de Letras.
O Ministério da Fazenda está nas mãos do risonho Joaquim Levy, que levou sua equipe da Bradesco Seguros. Alguém acredita na seguradora do Bradesco? No Brasil seguro é vigarice organizada, já dizia um revisor meu colega no Globo.
Inconsútil por derivação, em sentido figurado, “que não tem falhas, não tem fendas, não sofre interrupção”, realmente, as resoluções do ministério da incompetenta não sofre interrupção nas besteiras que pratica ele há mais de quatro anos. E assim, com esse “ele há”, que é português da melhor supimpitude, me despeço com pena de quem vive neste país grande e bobo.
Análise – São decorridas seis ou sete semanas, mas as maldades não têm prazo de validade. Em um quarto de página, o maior jornal do Rio fez injusta crítica ao político Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, presidente da Guiné Equatorial, pelo “crime” de doar R$ 10 milhões à escola de samba Beija-Flor e comprar um camarote na Marquês de Sapucaí para assistir aos desfiles acompanhado de parentes, amigos e membros do governo de seu país.
Teodoro Obiang Nguema Mbasogo é um amigo do Brasil, tanto assim que teria um tríplex na cidade de São Paulo avaliado em US$ 15 milhões e incluiu o português nas línguas oficiais da Guiné Equatorial, que eram a espanhola e a francesa. Nação com presumíveis 700 mil guineenses, guinéu-equatrorianos ou equato-guineenses, tem como lema Unidade, Paz e Justiça, e seu hino nacional recomenda “Caminhemos sobre a Trilha de Nossa Imensa Felicidade” em português, espanhol e francês.
Teodoro Obiang Nguema Mbasogo foi apontado pela Revista Forbes como o 8º dirigente mais rico do planeta, mas é preciso lembrar que a mesma publicação, há três anos, dizia que o mineiro Eike Batista era o 8º homem mais rico do mundo e o rapaz, hoje, anda de ônibus e foi privado de seu barquinho em Angra, prova de que a Forbes é meio apressada em suas avaliações.
Único país da África que tem como idioma oficial o castelhano (junto com o francês e o português), o povão equato-guineense prefere falar o fang e o pidgin. Na pequena Ilha do Ano Bom, o equato-guineense fala fá d’ambô, ou seja, Falar de Ano Bom, língua crioula baseada no português e muito parecida com a são-tomense falada nas ilhas vizinhas de São Tomé e Príncipe.
Ainda no capítulo das maldades da mídia carioca foi dito que a delegação do pequeno país fechou o aluguel dos dois últimos andares do Copacabana Palace durante o carnaval e que o playboy Teodorín Nguema Obiang Mangue, 44 anos, segundo vice-presidente e filho do presidente Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, anda ou já andou de cacho com uma conhecida estrela da Beija-Flor.
Por aí dá para perceber o nível dos comentários sobre o segundo vice-presidente de uma nação amiga. Caminhar sobre a “Trilha de Nossa Imensa Felicidade” inclui, decerto, encontrar à beira do caminho trilhado uma estrela da Beija-Flor. Atire a primeira pedra aquele que nunca sonhou com as morenas daquela escola? Por derradeiro, acabo de descobrir que beija-flor tem a seguinte sinonímia: binga, chupa-flor, chupa-mel, colibri, cuitelinho, cuitelo, guainumbi, guanambi, guanumbi, guinumbi e pica-flor.
Teodoro Obiang Nguema Mbasogo é um amigo do Brasil, tanto assim que teria um tríplex na cidade de São Paulo avaliado em US$ 15 milhões e incluiu o português nas línguas oficiais da Guiné Equatorial, que eram a espanhola e a francesa. Nação com presumíveis 700 mil guineenses, guinéu-equatrorianos ou equato-guineenses, tem como lema Unidade, Paz e Justiça, e seu hino nacional recomenda “Caminhemos sobre a Trilha de Nossa Imensa Felicidade” em português, espanhol e francês.
Teodoro Obiang Nguema Mbasogo foi apontado pela Revista Forbes como o 8º dirigente mais rico do planeta, mas é preciso lembrar que a mesma publicação, há três anos, dizia que o mineiro Eike Batista era o 8º homem mais rico do mundo e o rapaz, hoje, anda de ônibus e foi privado de seu barquinho em Angra, prova de que a Forbes é meio apressada em suas avaliações.
Único país da África que tem como idioma oficial o castelhano (junto com o francês e o português), o povão equato-guineense prefere falar o fang e o pidgin. Na pequena Ilha do Ano Bom, o equato-guineense fala fá d’ambô, ou seja, Falar de Ano Bom, língua crioula baseada no português e muito parecida com a são-tomense falada nas ilhas vizinhas de São Tomé e Príncipe.
Ainda no capítulo das maldades da mídia carioca foi dito que a delegação do pequeno país fechou o aluguel dos dois últimos andares do Copacabana Palace durante o carnaval e que o playboy Teodorín Nguema Obiang Mangue, 44 anos, segundo vice-presidente e filho do presidente Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, anda ou já andou de cacho com uma conhecida estrela da Beija-Flor.
Por aí dá para perceber o nível dos comentários sobre o segundo vice-presidente de uma nação amiga. Caminhar sobre a “Trilha de Nossa Imensa Felicidade” inclui, decerto, encontrar à beira do caminho trilhado uma estrela da Beija-Flor. Atire a primeira pedra aquele que nunca sonhou com as morenas daquela escola? Por derradeiro, acabo de descobrir que beija-flor tem a seguinte sinonímia: binga, chupa-flor, chupa-mel, colibri, cuitelinho, cuitelo, guainumbi, guanambi, guanumbi, guinumbi e pica-flor.
Delícia – A PM de Goiás deu para exorcizar os goianos que estão
aprontando. Cinco PMs foram filmados expulsando – “em nome do senhor
Jesus” – o demônio de um detido. O comando da corporação informou que já
identificou os soldados e prometeu tomar providências.
Providências de que tipo? Ora, senhores comandantes da PM goiana: deixem os rapazes em paz. Adjurar, afastar, afugentar, conjurar, eliciar, ensalmar, esconjurar, excomungar, exorcizar ou exorcismar é usar de exorcismo(s) para expulsar demônios ou espíritos malignos do corpo de (alguém).
É crime? Se fosse, as PMs brasileiras já teriam exorcismado meus ídolos, o bispo R. R. Soares, cunhado do piedoso Edir Macedo, e aquele outro, dissidente da igreja do Edir, que transpira muito e joga as toalhinhas, usadas para secar o seu suor, para os crentes que lutam por elas. E lutam porque sabem que uma toalhinha suada cura qualquer enfermidade.
Os crentes sustentam que a toalhinha suada cura almorreimas numa única passagem e a almorreima, sabemos todos, vem do latim tardio haemorrheuma, que significa fluxo de sangue ou hemorroida.
É muito de desejar que a polícia goiana e todas as demais PMs deste país grande e bobo parem de implicar com os seus exorcistas. A mídia brasileira é impiedosa com os policiais. Não só a mídia como os cidadãos e as cidadoas, que são os primeiros a ligar para a polícia pedindo socorro e os primeiros a criticar qualquer coisa que os policiais, ganhando mal e correndo risco de vida, façam na defesa da sociedade.
Providências de que tipo? Ora, senhores comandantes da PM goiana: deixem os rapazes em paz. Adjurar, afastar, afugentar, conjurar, eliciar, ensalmar, esconjurar, excomungar, exorcizar ou exorcismar é usar de exorcismo(s) para expulsar demônios ou espíritos malignos do corpo de (alguém).
É crime? Se fosse, as PMs brasileiras já teriam exorcismado meus ídolos, o bispo R. R. Soares, cunhado do piedoso Edir Macedo, e aquele outro, dissidente da igreja do Edir, que transpira muito e joga as toalhinhas, usadas para secar o seu suor, para os crentes que lutam por elas. E lutam porque sabem que uma toalhinha suada cura qualquer enfermidade.
Os crentes sustentam que a toalhinha suada cura almorreimas numa única passagem e a almorreima, sabemos todos, vem do latim tardio haemorrheuma, que significa fluxo de sangue ou hemorroida.
É muito de desejar que a polícia goiana e todas as demais PMs deste país grande e bobo parem de implicar com os seus exorcistas. A mídia brasileira é impiedosa com os policiais. Não só a mídia como os cidadãos e as cidadoas, que são os primeiros a ligar para a polícia pedindo socorro e os primeiros a criticar qualquer coisa que os policiais, ganhando mal e correndo risco de vida, façam na defesa da sociedade.
Paraíso – O paraíso existe e pode ser visto na matéria que dois
repórteres da GloboNews fizeram em Cuba, logo depois do
anúncio da reaproximação com os Estados Unidos. Todo cubano pode ter um coche, vehículo automóvil de tamaño
pequeño o mediano, destinado al transporte de personas y con capacidad no
superior a nueve plazas.
Em Cuba, um Hyunday custa 41 mil dólares e um médico ganha 70 dólares por mês. Por aí, seriam necessários 585 meses de salários integrais para comprar o coche, mas na GloboNewsficamos sabendo que todas as famílias cubanas têm parentes refugiados em outros países, que mandam os dólares para comprar os carros.
Não há violência em Cuba. Eventuais fuzilamentos e campos de trabalhos forçados são mimos do socialismo. As famílias têm cadernetas que permitem comprar, a preços módicos, o básico da alimentação: um pão por dia, um quilo de frango e meio litro de óleo por semana. A reportagem omitiu os charutos, itens básicos na vida dos homens sérios.
Dirigindo seu coche transformado em táxi, o médico passa a ganhar dois mil dólares por mês. É a felicidade suprema, se considerarmos que ofereceram a um amigo meu, que fazia turismo na praia de Varadero, jovens prostitutas “ainda sem tetas” por 50 dólares. Fora do paraíso, namorar meninas ainda sem tetas configura caso de pedofilia e costuma ser crime capitulado nos códigos penais.
Em Cuba, um Hyunday custa 41 mil dólares e um médico ganha 70 dólares por mês. Por aí, seriam necessários 585 meses de salários integrais para comprar o coche, mas na GloboNewsficamos sabendo que todas as famílias cubanas têm parentes refugiados em outros países, que mandam os dólares para comprar os carros.
Não há violência em Cuba. Eventuais fuzilamentos e campos de trabalhos forçados são mimos do socialismo. As famílias têm cadernetas que permitem comprar, a preços módicos, o básico da alimentação: um pão por dia, um quilo de frango e meio litro de óleo por semana. A reportagem omitiu os charutos, itens básicos na vida dos homens sérios.
Dirigindo seu coche transformado em táxi, o médico passa a ganhar dois mil dólares por mês. É a felicidade suprema, se considerarmos que ofereceram a um amigo meu, que fazia turismo na praia de Varadero, jovens prostitutas “ainda sem tetas” por 50 dólares. Fora do paraíso, namorar meninas ainda sem tetas configura caso de pedofilia e costuma ser crime capitulado nos códigos penais.