Quando Heráclito pescava em Éfeso,
o velho rio, sempre renovado,
lhe levava novos peixes,
seres esguios, bichos macios,
purificados à mesa pelo sal,
tornados proteína para o corpo,
tônico para a mente
e refrigério para a alma.
O rio sumia sem esperar o breu
e renascia antes de refletir o sol:
apenas corria para a frente,
deslizando para nada,
como uma serpente sem ninho
pra onde nunca voltar.
O pão posto à mesa desmanchado,
o tubérculo do triunfo apodrecido
e a dor da perda descomposta,
como antes a fome à mesa posta.
O rio de Heráclito flui em Éfeso,
assim como a cidade e seu nome.
Somos,
como ele foi,
os peixes dele:
sol na água,
sal da terra,
dor de fogo,
cor de céu.
o velho rio, sempre renovado,
lhe levava novos peixes,
seres esguios, bichos macios,
purificados à mesa pelo sal,
tornados proteína para o corpo,
tônico para a mente
e refrigério para a alma.
O rio sumia sem esperar o breu
e renascia antes de refletir o sol:
apenas corria para a frente,
deslizando para nada,
como uma serpente sem ninho
pra onde nunca voltar.
O pão posto à mesa desmanchado,
o tubérculo do triunfo apodrecido
e a dor da perda descomposta,
como antes a fome à mesa posta.
O rio de Heráclito flui em Éfeso,
assim como a cidade e seu nome.
Somos,
como ele foi,
os peixes dele:
sol na água,
sal da terra,
dor de fogo,
cor de céu.